Uma conversa inevitável. A pedido de meu pai, aguardei o primeiro mês de luto passar. Não me apresentei ao Conselho e deixei tudo ao cuidado dele, porém, havia uma coisa que eu queria fazer, tinha que ser eu mesma e ninguém poderia me tirar essa satisfação. Caminhando nos corredores do castelo, em direção a sala onde seria a reunião que fora marcada em separado do Conselho e amparada por minha mãe, ouvia atentamente os conselhos de meu pai: — Não seja rude com ele, minha filha. Apesar de tudo, lhe devemos respeito por sua posição. — Olhei para meu pai e sorri, confirmando com um aceno que havia entendido seu conselho. — Anthony, nossa filha sabe o que fazer e concordo que é necessário. Ela não faltará com respeito, nós a educamos muito bem para isso! — a piscada que ela me direcionou aumentou meu sorriso, o transformando quase em uma gargalhada, porém me contive para não parecer insolente. — Quanto a isso tenho certeza, Felícia. Temo apenas que Vitória possa ouvir coisas um tanto
O tempo de sofrimento, angústia e saudades havia chegado ao fim. Com o fim da guerra, a morte de Gerald e o Bispo Dom Charles longe do reino, muitas coisas estavam voltando ao normal. Retornei ao meu posto de Rainha em uma cerimônia simples abençoada pelo Padre Gustav, que chegou ao reino logo após a partida de Dom Charles e agora vive conosco no reino. Ele tornou-se um fiel conselheiro religioso, desde o primeiro instante em que o vi, senti um forte carinho por aquele senhor quase sem cabelos, de estatura média e forte. Suas palavras pareciam flutuar no ambiente, ele pregava a palavra de Deus com uma doçura que nunca tive o prazer de presenciar. Preenchia o ambiente e nos trazia uma luz que irradiava a todos por onde passava, um ser iluminado. Celebrava nossos encontros religiosos e conquistou muitos fiéis nos vilarejos em suas andanças. Seria ele que abençoaria meu bebê e sentia uma felicidade imensa ao pensar nisto, confiaria sua educação religiosa a ele sem pestanejar. Enfim,
Passamos a falar sobre outros assuntos enquanto tomamos chá e o tempo passou voando. Quando percebi, relaxei tanto na poltrona de Serena que acabei dormindo, um sono bom que não tinha há muito tempo. Despertei sem muita noção de onde estava, até que avistei um par de olhos negros me observando do outro canto da sala. Ele veio até mim, e beijou-me segurando minhas mãos. — Enfim, acordastes, minha Rainha. — Aron sorriu com carinho. — Estava há muito me esperando? Poderia ter me acordado. — De maneira nenhuma. Fazia muito tempo que não a via descansar assim, de forma tão profunda. — Agradeço por velar meu sono e me esperar para voltarmos juntos aos nossos aposentos. — Estava esperando para irmos cear, você precisa se alimentar melhor, não comeu quase nada hoje. — Pedirei algo para comer em meus aposentos mesmo, se não se importar. Prefiro ficar descansando. — Como quiser. Precisa mesmo descansar. — Serena, muito obrigada pela bela tarde. Sua energia me renova, sempre — ela abraç
Para muitos pode parecer uma loucura dizer que o amor sempre vence, no entanto, a bem da verdade, não há outra definição. Novamente, o amor vencia e nós estávamos presenciando a fase mais pura daquele amor. Foram necessárias muitas perdas novamente para que aquilo fosse entendido. A relutância de muitos de nós à guerra, deixou aquele gosto amargo de indignação. Ela deu um jeito de se embrenhar pelas paredes do castelo e por todas as partes do reino. Veio arrasadora e mostrou aos que achavam que seria a única solução para resolver os conflitos, não ser a melhor solução. Devemos admitir que as perdas que uma guerra causa servem também de reflexão, e algumas vezes podem sim resolver alguns conflitos. No nosso caso, atual, ela serviu apenas para mostrar que os que pareciam mais fortes, não eram de verdade. A morte de Gerald causou grande comoção aos que não o conheciam tão bem e o viam como o fabuloso Rei que assumiu o trono por amor a sua Rainha e pelo bem de sua saúde e resguardo, p
Descobertas em Neveri (O Diário da Rainha) O tempo em Neveri, após toda aquela confusão, andava mais devagar. Desfrutávamos agora daquela calmaria que se fazia necessária para o nosso bem-estar. A paz nos trazia, mais uma vez, a bênção do amor. Aquele amor que via ali, enrolado em uma manta, aconchegado em seu leito. Tinha a visão das pessoas mais importantes da minha vida que agora estavam em segurança ao meu lado, e mesmo que viessem outras batalhas para nos testar, aquele amor superaria tudo. Os homens haviam ficado em Minsk e, apesar da saudade, estava bem, vivendo um momento de paz. Passar mais tempo com minha avó Olívia, também me trazia momentos de muita alegria. Ela me contava coisas sobre quando meu pai nasceu, de quando era menino e de sua fase mais crescido, adorava ouvir suas histórias muito bem contadas e cheias de sentimento. Me ajudava muito com Andrew, uma bisavó muito prestativa, assim como minha avó Bethany, que também se deslocou de Minsk para Neveri, apesar de
— Não consigo entender o porquê de minha bisavó deixar essa herança para mim e com essas exigências. Por que somente eu posso conhecer o conteúdo desses escritos? Por que ela não deixou esse presente para o meu pai? — Ela acreditava que, ao se tornar Rainha, você teria o poder e o discernimento necessário para agir da melhor forma após conhecer o conteúdo que está aqui dentro. — Ela segurou o livro com uma força maior e o levantou com cuidado, como se fosse algo sagrado, pelo menos para ela parecia ter mesmo muito valor. — Conheço todos os detalhes do que ela escreveu aqui, mesmo sem lê-lo. Rainha Eugênia contou-me diversas vezes, no final de sua vida. Ela não queria partir sem que alguém soubesse, porém, desejava que você, sua herdeira de sangue e futura Rainha, fosse a única a ler seus escritos que detalham melhor tudo o que ela me contou. — Estou curiosa pelo fato de haver tanto mistério envolvido nesses escritos, minha avó. No entanto, penso que, por ela ter pedido que eu tome a
Prólogo - O Diário da RainhaEugêniaSeu futuro era reinar. Ele seria o próximo na sucessão a governar o seu reino e já se preparava para isso. Sua linhagem de antecedentes vinha de Reis guerreiros e ele treinava desde muito pequeno para fazer jus a essa herança. Tinha a certeza, de que o seu reinado estaria entre os melhores, no entanto, era suspeita para falar sobre ele. O amava tanto que aquele sentimento se transformava em dor, todas as vezes que pensava na distância que nos separava. Nossos pais eram amigos, nossos reinos vizinhos e viviam em harmonia. Convivemos desde bem pequenos, porém ele nunca se interessou por mim, nem mesmo minha amizade lhe interessava. Para ele, eu era apenas a princesa que por ser alguns anos mais nova, não merecia sua atenção.Meu irmão, que era mais velho do que eu e praticamente da mesma idade que ele, era seu melhor amigo. Brincavam juntos quando meninos e agora treinavam com o mesmo tutor, o cavaleiro Rômulo, que era amigo de ambos os Reis. Eles er
PARTE IMe perdi no seu olhar, no seu sorriso, nos seus lábios;Me ganhei no seu toque, nos seus beijos, nas suas carícias;Mergulhei nas profundezas negras, no brilho escuro, fundo e ensurdecedor que o silêncio da falta de suas palavras causou em mim.Estar ao seu lado, lhe ver todos os dias e não poder ser suatrouxe-me a mais pura tristeza, e ao descobrir o seu amor revivo todas as vezes que posso estar junto a ti, sem amarras, sem pudores, sem nenhum outro pensamento que não seja você.Nada faz sentido sem a sua presença, sem o seu olhar que me perde e me ganha toda vez que estamos juntos.Não quero nada mais, a não ser estar entre suas palavras e seus pensamentos todos os dias... até o fim, até que não seja mais possível respirar.“...I can't describe your eyesEu não posso descrever os seus olhosBut they're as blue as the seaMas eles são tão azuis quanto o marYour heart, it beatsSeu coração, ele bateIn perfect time with meEm sincronia perfeita comigoBaby you know that