Abri os olhos lentamente, e a dor latejante na minha cabeça me fez gemer baixo. Minha visão estava turva, mas, com esforço, comecei a distinguir sombras e movimentos. Percebi que estava sendo carregada nos ombros de alguém, sem saber para onde me levavam.Me mexi levemente, tentando chamar a atenção do homem que me carregava, mas ele continuou andando como se nada tivesse acontecido. Fechei os olhos, tentando me acalmar. Precisava pensar em um plano para sair daquela situação. Agora que estava de volta, a única coisa que eu queria era retornar para Eirik.“Thora”, pensei desesperada, chamando-a. Ela era a única que podia me ajudar e me orientar naquele momento, mas meu chamado ecoou no vazio, sem resposta.A atmosfera ao meu redor estava carregada de uma energia densa e desconhecida, e o pior era que eu não conseguia mais sentir as outras presenças como antes. Era como se estivesse presa em um lugar de escuridão e confusão.De repente, o homem parou abruptamente e me jogou no chão com
Tentei me afastar, mas seu aperto no meu cabelo ficou muito mais forte, quase arrancando meu couro cabeludo. A dor me obrigou a ficar imóvel; se me movesse, terminaria sem cabelo.—Quem é você? Pense bem na sua resposta, ou vou arrancar sua pele em tiras —Eirik sussurrou com uma voz baixa.Engoli em seco. Eirik sempre fora intimidador, mas agora, enquanto me encarava, parecia assustador demais. Suas pupilas estavam tão dilatadas que seus olhos azuis pareciam quase negros.—Tiana me enviou. Sei que você não acredita, mas juro que é verdade —disse a ele.Seu aperto afrouxou um pouco, mas seu olhar continuava duro.—Tiana morreu há muito tempo. Duvido que ela tenha te enviado —ele respondeu. Pude notar a dor em suas palavras, e isso partiu meu coração. Eu não sabia nada do que ele tinha passado durante todo esse tempo, nem do que sofreu por me perder.Seu aperto voltou a se intensificar, a dor se transformou em um grito abafado em minha garganta.—Pergunte-me o que quiser sobre ela, e eu
Saí da casa, e lá estava Hakon, esperando por mim com a testa franzida e uma expressão de desgosto. Aproximai-me dele e dei-lhe alguns tapas no ombro, tentando aliviar a tensão.— Sei que você quer ela de volta, mas não pode deixar essa mulher aqui. É um perigo, seria estúpido deixá-la — disse ele com voz firme.Assenti com a cabeça, embora minha mente estivesse um caos. Minha razão gritava para matá-la, que ela era uma ameaça que poderia nos destruir, mas algo mais profundo, algo mais selvagem, me impedia. O meu lobo não me deixava agir.— E se ela estiver dizendo a verdade? — perguntei.Hakon me olhou ainda mais severamente. Eu podia ver a preocupação em seus olhos; ele também entendia o que estava em jogo. Tínhamos muito a perder. Mas eu não conseguia afastar a possibilidade de que talvez fosse ela, e que voltou para estar comigo e com nosso filho.— Que é Tiana ou que foi enviada por ela? — perguntou ele, com dureza que me deixou sem palavras. Suas palavras foram um golpe direto n
Beijei sua boca suave com delicadeza, saboreando cada canto dela. Tiana tinha gosto de glória; seu aroma me embriagava e me deixava tonto. A tentação de arrancar sua roupa e jogá-la na cama era quase irresistível; desejava devorar cada parte de seu corpo. Minhas mãos percorriam sua pele com ânsia, explorando cada curva e superfície, tentando capturar tudo o que havia estado ausente por tanto tempo.Desatei as mãos de Tiana e, assim que o fiz, ela me abraçou com uma desesperança que me fez tremer. Suas mãos se enredaram no meu pescoço, e seus olhos azuis brilhavam com um amor que eu havia esperado por tanto tempo. Todo o meu corpo gritava por tê-la de volta; havia passado tempo demais sem ela.Apesar do meu desejo, uma parte de mim ainda estava cautelosa. No entanto, eu sabia que meu lobo não me enganaria; ele a reconhecia e desejava reivindicar aquele corpo como seu.— Quero ver as crianças — pediu ela, sua voz carregada de desejo e anseio.Retirei os braços de Tiana do meu pescoço e
Acordei com o coração descontrolado, sentindo uma energia densa e pesada que impregnava o quarto. Era como se uma sombra escura tivesse se infiltrado em cada canto, absorvendo todo o calor. Meu corpo inteiro estava tenso, e os pelos do meu pescoço se arrepiaram, pressagiando que algo terrível estava prestes a acontecer.— É incrível que você tenha voltado — sussurrou uma voz profunda, quase inumana, das sombras.Meus olhos percorreram o quarto freneticamente até que minha visão se fixou em um canto escuro. Lá estava ela, Gytha, emergindo das sombras. Seus olhos verdes brilhavam com uma intensidade inquietante, e sua expressão era de ódio puro.— Sou muito mais poderosa do que você pensa — disse-lhe com firmeza; já não sentia medo. O medo que antes me paralisava agora tinha desaparecido.Levantei-me da cama, caminhando lentamente em direção a ela, mas parei no meio do caminho. Sua energia era tão pesada que parecia formar uma barreira invisível, impedindo-me de avançar mais. A observei
Saí do quarto com as crianças, segurando suas mãos enquanto caminhávamos pelo corredor. De repente, Hakon me interceptou. Olhou fixamente para mim e depois dirigiu seu olhar para os pequenos.— Eirik está cego, mas eu vou te vigiar — disse com um tom sério.Assenti com a cabeça e sorri, tentando demonstrar calma.— Sei que você não gostava de mim no passado, e imagino que agora me odeie ainda mais. Mas de uma coisa você pode ter certeza: nunca faria mal aos filhos. Eles são meus filhos, e eu os amo tanto quanto Eirik — respondi com firmeza.Precisava deixar claras minhas intenções, e esta era a oportunidade perfeita.— Não me importa o que você diga. Se algo acontecer com os filhos ou com Eirik, eu mesmo te matarei — me advertiu com dureza.— Sei disso, mas não se preocupe, eles estão em boas mãos — respondi, tentando tranquilizá-lo.Hakon sorriu para as crianças antes de sair. Eu também sorri para eles; não queria que pensassem que estávamos discutindo ou algo assim.— Vamos brincar
A noite chegou e, com ela, uma calma que me envolvia. Estava exausta; as crianças, cheias de energia, não me deixaram descansar o dia todo. Enquanto a escuridão se assentava no quarto, a porta se abriu lentamente. Mesmo antes de Eirik cruzar o limiar, já sentia sua presença, aquela energia familiar que ele sempre trazia consigo. O silêncio entre nós falava mais do que qualquer palavra.Meus filhos dormiam no quarto onde ele costumava descansar, e eu estava sozinha, só para ele, para ser tudo o que ele precisasse. Sua figura se aproximou lentamente, seus olhos brilhando com um desejo que refletia o meu.— Sinto sua falta — sussurrou, sua voz acariciando minha alma. Seus passos, medidos e silenciosos, encurtavam a distância entre nós, e seus olhos, cheios de desejo e desespero, procuravam os meus.— Estou aqui para você — respondi em voz baixa. Meu corpo o precisava com urgência; era incrível como sentia falta de sua pele. Embora para mim não tivesse passado tanto tempo sem ele, meu cor
Na manhã seguinte, acordei sozinha, com o corpo dolorido e coberto por uma sutil lembrança da noite anterior. Um sorriso se desenhou nos meus lábios ao relembrar tudo o que fizera naquela noite. Levantei-me lentamente, notando uma pequena mesa de madeira com frutas frescas e uma banheira cheia de água cristalina. Quando haviam trazido tudo isso? Estava tão cansada que não percebi, mas ainda bem que ele trouxera tudo, pois estava com muita fome e também queria tomar um banho; sentia meu corpo pegajoso.Me aproximei da banheira, e assim que coloquei um pé nela, a água se tornou completamente negra, como se absorvesse a própria luz. Respirei fundo e sorri. O medo já não tinha mais lugar dentro de mim. Sem hesitar, entrei na banheira e me sentei. Senti centenas de mãos frias percorrendo cada canto do meu corpo, antes que, com um único puxão, me arrastassem para o fundo, para a escuridão.Encontrei-me naquele lugar sombrio. Caminhei até a chama que agora ardia com violência. Quando fiquei