O ambiente estava ficando cada vez mais frio, o ar denso e gelado se cravava na minha pele, fazendo meu corpo inteiro tremer. Apesar do frio, eu não tirava os olhos de Gytha. Sua aparência piorava a cada segundo que passava, como se estivesse desmoronando diante de mim, mas ainda assim, seu olhar era desafiador. Ao meu redor, as criaturas que nos cercavam permaneciam imóveis, como suspensas no ar. Tudo parecia tão irreal, tão distorcido.— Eu vou conseguir o que quero, e você não poderá evitar — disse Gytha, enquanto seu corpo se desfazia lentamente.De repente, um estrondo sacudiu a sala, fazendo o chão tremer sob meus pés. O grito de Eirik atravessou o ar. Desesperado, sua voz ressoou por todo o lugar, preenchendo-o com uma mistura de pânico e fúria. Em um instante, as criaturas que nos cercavam desapareceram, como se nunca tivessem estado lá, como se fossem apenas uma ilusão.A porta de metal se abriu com um estrondo, e Eirik entrou correndo, seu rosto pálido, parecia tão preocupad
Cavalhamos por quase um dia inteiro, até que finalmente chegamos a uma fortaleza. Eirik me ajudou a descer do cavalo, e com passos trêmulos, mas decididos, segui Graham para dentro do local. Dentro da fortaleza, vi muitas mulheres e crianças, mas o que realmente chamou minha atenção foram meus dois pequenos, Kieran e Viggo, que estavam brincando felizes ao longe.Meu coração batia tão intensamente que parecia que ia sair do meu peito. Com lágrimas mornas caindo pelas minhas bochechas, me aproximei deles lentamente, cada passo me preenchendo com uma mistura de alívio e alegria. Finalmente, cheguei onde estavam.— Kieran, Viggo — os chamei com a voz cansada, mas cheia de emoção.Ambos se viraram para me olhar e, ao me reconhecerem, saltaram para cima e correram em minha direção. Abracei-os com os braços abertos e, ao sentir seus pequenos corpos me abraçando, a felicidade transbordou. Chorei ao finalmente tê-los comigo, sem medo de que algo ruim pudesse acontecer com eles.Eirik se aprox
Semanas depois.Graham e Eirik se encarregaram daqueles soldados que ainda seguiam Gytha. Não os mataram, mas os forçaram a se confinar em uma pequena região da Inglaterra, onde estarão sob vigilância rígida. Cada um de seus movimentos seria observado, sem possibilidade de fuga. Os homens encarregados da vigilância eram excelentes soldados, por isso seria muito difícil que algum deles conseguisse escapar, e se alguém tentasse, todos seriam massacrados.As mulheres e crianças que haviam sido sequestradas por ordem de Gytha e que ainda não haviam se transformado nessas coisas, finalmente foram libertadas. Pouco a pouco, o caos que ela havia semeado começava a se extinguir, como brasas que se apagam lentamente. No entanto, Eirik ainda se culpava pelo que havia acontecido, e talvez nunca deixe de se culpar. Ele teria que aprender a viver com esse peso sobre seus ombros.Eirik e alguns dos soldados já estavam empacotando suas coisas para iniciar o retorno. Aqueles que permaneceriam no loca
O momento de partir chegou. As crianças e eu nos despedimos de todos, deixando para trás tudo o que nos fez mal, mas que, ao mesmo tempo, nos tornou mais fortes.Já no barco, olhei para o lugar pela última vez. Não sentia nenhum apego por aquelas terras, pois tinham sido testemunhas de muitas mortes, sangue e horrores.—Em que você está pensando? —perguntou Eirik atrás de mim, sua voz suave, mas curiosa.Me virei lentamente e olhei nos olhos dele.—Que não vou sentir falta desse lugar —respondi com um sorriso leve.Eirik se aproximou de mim, segurou minha cintura com firmeza e me atraiu para perto dele. Seu calor sempre me reconfortava, mesmo nos momentos mais difíceis.—Não posso dizer o mesmo —sussurrou com um tom sério. —Eu não te falei, mas todo ano preciso voltar e me reunir com os outros líderes. Precisamos garantir que nada de ruim aconteça novamente.Meus olhos se estreitaram por um momento. Odiava a ideia de que ele retornasse a esse lugar amaldiçoado, mas sabia que esse era
Me levantei com a sensação de que hoje era o dia. Meu coração batia com força, me sentia tão emocionada por finalmente conhecer minha filha. Esse momento eu havia imaginado muitas noites. Olhei para Eirik, que dormia tranquilamente ao meu lado, e o apertei um pouco para que ele acordasse, enquanto um sorriso suave surgia em meu rosto. Ele se levantou rapidamente da cama, ainda meio sonolento, mas alerta.—O que aconteceu? —perguntou, alerta.—Ela vai nascer —lhe disse com um sorriso que eu não conseguia esconder. Me sentia maravilhada com o que aconteceria naquele dia.Eirik assentiu com a cabeça. Ele parecia desorientado, e eu sabia que ainda não havia processado completamente o que eu havia dito. Pouco a pouco, seus olhos se abriram mais, até que ele me olhou com preocupação.—Já? —perguntou.Assenti com a cabeça enquanto sorria.—Me leve até o lago mais próximo —lhe pedi, enquanto acariciava minha barriga, sentindo os pequenos movimentos de nossa filha. Sabia que seria um lugar esp
As crianças amaram a pequena Helene desde o primeiro momento. Ela era perfeita, um bebê grande e saudável. Kieran e Viggo estavam em pé ao lado do berço, observando-a com fascínio e espanto. Os olhos de ambos brilhavam com curiosidade.Viggo, que sempre tinha uma expressão tranquila e serena, virou-se para mim e sorriu. Ele se parecia tanto com o pai, mas seus olhos transmitiam uma paz que só ele tinha. Era uma criança muito doce.— Posso segurá-la? — perguntou ele com sua voz suave, quase como se temesse perturbar o sono da irmã.Antes que eu pudesse responder, Kieran correu até mim, balançando a cabeça com força.— Mãe, não, ela ainda é muito pequena — disse ele, com uma preocupação que me fez sorrir. Apesar de sua pouca idade, Kieran já mostrava um instinto protetor.Aproximei-me do berço, peguei a pequena Helene com delicadeza e me sentei na cama com ela nos braços, convidando os dois a se aproximarem. Ambos se aproximaram lentamente, com olhos cheios de expectativa.— Vocês têm qu
Eu odiava as sessões de fotos ao ar livre, especialmente quando eram feitas em florestas. Os mosquitos e outros insetos eram repugnantes, e me faziam sentir desconfortável. Minha assistente e eu íamos em direção ao local em seu carro, pois o meu havia quebrado há alguns dias.— Depois disso, quero tirar uma folga — falei para minha assistente. Ela apenas assentiu com a cabeça, sem comentar nada.Como modelo bastante famosa, todas as marcas queriam me ter como imagem de seus produtos, e eu adorava isso. Eu nasci para ser o centro das atenções, mas isso não significava que eu gostava de ambientes como aquele.Olhei pela janela e vi como nos afastávamos cada vez mais da cidade. Agora só se viam árvores e mais árvores.— O lugar é muito longe? — perguntei, com uma nota de impaciência na voz.Ela me olhou e, embora não tenha dito nada, eu pude notar o quanto estava irritada. Eu adorava irritá-la.— São só alguns metros. Já estão todos prontos, só faltamos nós — ela me disse, com um tom que
Olhei para minha madrasta que chegava ao tribunal onde me dariam uma sentença. Eu tinha sido presa pela polícia por dirigir embriagada e, não contente com isso, dei um soco em um dos oficiais. O que fiz foi bastante ruim, mas, para ser sincera, não me arrependo.— Você poderia ter morrido, está louca? — ela me repreendeu.Desviei o olhar, consciente da gravidade do que fiz, mas não me importava. Eu já não tinha ninguém. Meu pai havia morrido há um mês e minha mãe no dia em que nasci. Então, nada mais importava.— Tiana, por favor, eu sei que você pode ter uma vida boa, só precisa me deixar te ajudar — ela me disse com uma voz suave.— Me deixa em paz, essa é minha vida e você só atrapalha — respondi com frieza.Mas, na verdade, eu a amava; ela tinha sido como uma mãe para mim, ou pelo menos tentou ser durante anos. Ela tinha um lugar especial no meu coração.O juiz leu a sentença. Por não ter antecedentes, fui condenada a oitenta horas de serviço comunitário. Ana, minha madrasta, pego