A REBELDE PRISIONEIRA DO CRUEL ALFA
A REBELDE PRISIONEIRA DO CRUEL ALFA
Por: Aragones
1

Olhei para minha madrasta que chegava ao tribunal onde me dariam uma sentença. Eu tinha sido presa pela polícia por dirigir embriagada e, não contente com isso, dei um soco em um dos oficiais. O que fiz foi bastante ruim, mas, para ser sincera, não me arrependo.

— Você poderia ter morrido, está louca? — ela me repreendeu.

Desviei o olhar, consciente da gravidade do que fiz, mas não me importava. Eu já não tinha ninguém. Meu pai havia morrido há um mês e minha mãe no dia em que nasci. Então, nada mais importava.

— Tiana, por favor, eu sei que você pode ter uma vida boa, só precisa me deixar te ajudar — ela me disse com uma voz suave.

— Me deixa em paz, essa é minha vida e você só atrapalha — respondi com frieza.

Mas, na verdade, eu a amava; ela tinha sido como uma mãe para mim, ou pelo menos tentou ser durante anos. Ela tinha um lugar especial no meu coração.

O juiz leu a sentença. Por não ter antecedentes, fui condenada a oitenta horas de serviço comunitário. Ana, minha madrasta, pegou minha mão e eu a olhei.

— Deixa eu te ajudar, Tiana. Sei que podemos superar isso — ela me disse com ternura.

Respirei fundo e comecei a chorar. Me sentia mal por tudo o que tinha acontecido e sabia que tinha sido horrível com ela. Ela não merecia minha ingratidão.

— Fique tranquila, querida. Vamos sair dessa juntas — ela me consolou.

Saímos do tribunal, e o motorista já estava nos esperando. Ambas entramos no carro. Flora me consolou durante todo o caminho de volta para casa. Eu não a olhava porque, se o fizesse, sabia que iria chorar novamente.

— Amanhã, assim que chegar da universidade, você se troca e vai para o abrigo. Você vai ficar sob os cuidados das freiras e fazer tudo o que elas pedirem. Sei que, se elas falarem bem de você, podem até reduzir as horas que te foram impostas — ela disse com calma na voz.

Eu a olhei e ela me sorriu.

— Você não sente falta dele? — perguntei.

Ela assentiu com a cabeça, e uma lágrima rolou por sua bochecha.

— Com toda a alma, mas sei que ele não gostaria de nos ver assim. Por favor, querida, me deixe te ajudar. Prometi ao seu pai que sempre estaria ao seu lado — pediu com a voz quebrada.

Desviei o olhar bruscamente. Eu também sentia falta dele. Sempre que pensava nele, um grande nó se formava em minha garganta, mas chorar não adiantava de nada. Ele nunca voltaria.

— Você está bem? — ela perguntou.

Assenti com a cabeça.

— Estou bem. Não se preocupe, não vou dirigir bêbada de novo — respondi.

Flora pegou uma mecha do meu cabelo.

— Tiana, você é tão linda e tão parecida com seu pai, teimosa, mas com um grande coração — ela disse.

Eu a olhei e sorri um pouco.

— Obrigada por me aguentar — eu disse com um sorriso.

Ela me abraçou com muita força e eu retribuí o abraço. Talvez a única solução para mim seja mudar de vida. Espero conseguir.


No dia seguinte, cheguei ao abrigo por volta das duas da tarde. Uma das freiras me explicou um pouco o que eu tinha que fazer, ou melhor, me disse em qual lugar eu precisava limpar. Literalmente, meu trabalho era ser a escrava das freiras. Era uma droga.

Comecei a trabalhar, queria fazer tudo rápido para ir para casa o quanto antes. Estava muito calor e minhas mãos doíam de tanto varrer o pátio.

— Quer uma ajuda? — perguntou um garoto, se aproximando.

Olhei para ele e neguei imediatamente. Se alguém o visse me ajudando, eu poderia me meter em grandes problemas.

— Não. Eu consigo sozinha, obrigada — respondi e sorri.

— Está calor, deixa eu te ajudar — ele insistiu.

Tentou pegar a vassoura da minha mão, mas não deixei.

— Eu já disse que não — falei com um pouco de mau humor.

— Mulheres como você acham que são melhores só por terem dinheiro, mas aqui está você limpando a minha sujeira — ele disse com um sorriso.

Me virei e fui para outro lugar, porque, se continuasse na frente dele, ia acabar dizendo algumas coisas, e a verdade é que eu não queria terminar na prisão por causa de alguém como ele. Continuei caminhando até que cheguei ao segundo andar do lugar. Aqui não havia ninguém, e o melhor de tudo é que estava mais fresco. Olhei por cima da grade da varanda e respirei fundo.

— Que menina bonita — disse uma voz sinistra atrás de mim.

Meu coração parou por um momento, e me virei rapidamente; uma senhora, de aparência descuidada e com dentes estragados, me sorria.

— Seu cabelo é muito bonito — ela disse, se aproximando de mim.

Dei alguns passos para trás, e a mulher parou.

— Está com medo de mim? — ela perguntou enquanto tocava um estranho amuleto que tinha no pescoço.

— Não, mas sendo sincera, você é um pouco estranha. E aparecer assim, de repente, só te faz parecer ainda mais estranha — eu disse.

Ela continuou se aproximando de mim, e eu continuei recuando até minhas costas baterem na grade da varanda.

— É ruim julgar as pessoas pela aparência — ela disse.

Eu dei de ombros, o que ela dissesse não me importava nem um pouco.

— Não estou te julgando, simplesmente estou dizendo o que vejo. Mas desculpe se te incomodei, parece que as pessoas daqui são bastante suscetíveis — respondi. E, imediatamente, me arrependi de ter falado. Será que eu nunca cansava de arrumar problemas?

Ela tirou o amuleto que tinha no pescoço e o ofereceu para mim. Neguei com a cabeça imediatamente.

— Você deveria aceitá-lo, este amuleto vai te trazer boa sorte, e estou te dando de presente. Ele vai te dar aquilo que você tanto deseja — ela disse.

Eu peguei com cuidado e coloquei no meu bolso. Pois o que eu desejo é não estar mais aqui.

— Obrigada — eu disse.

Ela sorriu, me mostrando seus dentes horríveis e podres. Me afastei da varanda e desci, não queria continuar falando com aquela mulher estranha. Enquanto caminhava, tropecei no idiota de antes.

— Agora está se escondendo para não fazer o trabalho daqui? — ele perguntou.

Eu revirei os olhos, esse cara era realmente um idiota.

— Para de me incomodar — eu disse.

Eu tirei o horrível amuleto do bolso e o ofereci para ele.

— De onde tirou isso? — ele perguntou.

— Da velha louca lá de cima — respondi.

Ele franziu o cenho e começou a rir.

— Aqui não tem nenhuma velha louca, acho que você encontrou a bruxa. Dizem que ela morreu aqui e vem buscar alguém para levar para o além — ele disse.

Eu o olhei com raiva. Já era grande demais para acreditar nessas histórias.

— Vai se ferrar — eu disse.

Ele começou a rir.

— É verdade. Dizem que queimaram várias bruxas aqui, e a alma daquela velha ficou vagando pelo lugar. Agora ela busca vingança — ele disse.

Engoli em seco e olhei para o outro lado, até ver a velha conversando com uma das freiras. Olhei para ele e lhe dei um soco.

— Você é um idiota! — gritei.

Ele começou a rir mais ainda. Eu me afastei dele e fui até onde a velha e a freira estavam.

— Não posso ficar com seu amuleto, e a verdade é que não vou usá-lo — eu disse.

A velha me olhou com raiva.

— Presentes não se devolvem. E muito menos um como o que eu te dei — ela disse.

Revirei os olhos e devolvi o amuleto. Me virei e subi de novo para o segundo andar, me aproximei da grade da varanda. Estava cansada e entediada, só queria ir para casa.

— Você não quer mais viver esta vida, e isso, minha menina, o amuleto pode te dar. Só deseje com mais força — disse a voz sinistra.

Eu me virei e a vi. Ela estava ali, sorrindo, com o amuleto na mão, me oferecendo.

— Fique longe de mim, não sei do que está falando, por favor, não se aproxime mais — avisei.

Ela começou a rir, e de repente correu em minha direção. Seu empurrão foi tão forte que eu quase voei da varanda. Olhei para o céu azul, os raios do sol cegaram meus olhos. E naquele momento percebi que iria morrer.

...

Meus pulmões se encheram de água. Abri os olhos de repente, lutando para me orientar em meio à escuridão líquida. Com todas as minhas forças, nadei em direção à superfície, emergindo com um suspiro angustiado. A brisa gelada da praia batia no meu rosto quando finalmente alcancei a margem, mas o frio penetrante atravessava meus ossos, anestesiando meus dedos entorpecidos.

"Este é o inferno?", me perguntei, confusa, enquanto me deixava cair exausta sobre a areia gelada. Fechei os olhos com força, tentando entender o que estava acontecendo. Se estou morta, por que não estou no céu? E se este é o céu, por que é tão horrível?

— Bruxa — rosnou alguém por perto.

Senti um calafrio percorrer minha espinha instantaneamente. Ao abrir os olhos, me deparei com a figura de um homem enorme e grotesco, com uma aparência que lembrava os vikings das séries de TV, mas este não tinha nada de bonito. Seu olhar era feroz como o de uma besta selvagem. A ponta de sua espada ameaçava perfurar a pele do meu pescoço.

— Então estou no inferno? — perguntei com medo, minha voz mal sendo um sussurro.

O homem afastou a espada, mas seu movimento foi rápido e ameaçador. Com um gesto brusco, arrancou algo do meu pescoço, e o horrível colar pendia em sua mão, uma visão macabra que congelou meu sangue. Isso era culpa dela.

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