Olhei para minha madrasta que chegava ao tribunal onde me dariam uma sentença. Eu tinha sido presa pela polícia por dirigir embriagada e, não contente com isso, dei um soco em um dos oficiais. O que fiz foi bastante ruim, mas, para ser sincera, não me arrependo.— Você poderia ter morrido, está louca? — ela me repreendeu.Desviei o olhar, consciente da gravidade do que fiz, mas não me importava. Eu já não tinha ninguém. Meu pai havia morrido há um mês e minha mãe no dia em que nasci. Então, nada mais importava.— Tiana, por favor, eu sei que você pode ter uma vida boa, só precisa me deixar te ajudar — ela me disse com uma voz suave.— Me deixa em paz, essa é minha vida e você só atrapalha — respondi com frieza.Mas, na verdade, eu a amava; ela tinha sido como uma mãe para mim, ou pelo menos tentou ser durante anos. Ela tinha um lugar especial no meu coração.O juiz leu a sentença. Por não ter antecedentes, fui condenada a oitenta horas de serviço comunitário. Ana, minha madrasta, pego
Me jogaram ao chão de pedra rústica, como se eu fosse um saco de lixo. Levantei-me imediatamente e olhei para os homens presentes; todos eram tão desagradáveis. Vestidos com peles de animais. Onde diabos eu estava? Eu não quero estar aqui.— A bruxa quer me enfeitiçar! — gritou um deles.Revirei os olhos e me virei para não vê-lo, mas alguém novamente colocou a espada no meu pescoço. Estavam todos loucos? E se iam me matar, que o fizessem de uma vez.— Se você se mover, corto sua garganta — disse um deles.A porta do salão se abriu e entrou um enorme lobo branco. O homem que estava me ameaçando com a espada se afastou imediatamente.— O que você está fazendo? Faça algo com essa coisa, ou ela vai nos matar — gritei para o estúpido viking.O lobo, à minha frente, começou a fazer movimentos estranhos, até que um homem apareceu. Olhei ao redor, talvez estivesse alucinando, definitivamente estava em coma pela queda e meu cérebro estava criando uma realidade alternativa. Nada disso podia se
Eu estava de bruços, amarrada a um tronco, esperando o momento iminente em que me incendiassem e morresse da pior maneira possível.— Bruxa! — disse uma das mulheres que estavam ajeitando os troncos e a palha para que o fogo ficasse mais intenso.— Eu vou te transformar em um porco e depois te devorar — eu disse.A mulher começou a gritar e várias pessoas se aproximaram.— Ela disse que vai me transformar em porco! — gritou.Eu revirei os olhos. Era tão estúpido que eles acreditassem que eu era uma bruxa. Uma bruxa? Isso é sério? Todas essas pessoas estão loucas.— Queimem-na ou ela vai nos transformar em porcos! — gritou alguém mais.Eu comecei a chorar; nunca pensei que morreria tão rápido na minha nova vida e de uma maneira tão horrível. O homem loiro e perigoso se aproximou de mim.— Agora você não parece tão corajosa — disse ele com uma voz grossa e rouca.Eu olhei para ele. O desgraçado segurava uma tocha acesa. Engoli em seco e olhei para o outro lado, mas foi pior; os olhares
Me jogaram no chão frio como se eu não fosse nada. Todos esses homens eram animais. O cara de cabelo preto, a quem eu odiava com toda minha alma, me olhou, quase de forma irônica.— Perdeu uma igual a mim? — perguntei, irritada.Ele parecia incomodado.— Não vou arruinar meus planos por sua causa, então me dê o que quero e te mandarei embora — ele disse friamente.Eu o olhei sem entender.— Pois se fode, porque não vou te dar nada — respondi, furiosa.Me levantei e o encarei. Ou pelo menos tentei, já que ele tinha quase dois metros de altura.— Não me irrite, e me dê o que quero — insistiu, sua voz carregada de ameaça.Cruzei os braços e ri. O que diabos ele queria? E se eu pudesse dar, faria de tudo para não o fazer.— Não vou te dar nada — repeti.Em um movimento rápido, ele agarrou meu queixo. Não apertou com força, mas senti a firmeza de sua mão. Engoli em seco ao sentir o calor da sua pele contra a minha. O olhei nos olhos, e algo dentro de mim começou a se agitar. Afastei sua mã
Os roncos do homem ao meu lado, que segurava com força a corda com a qual minhas mãos estavam atadas, não me deixaram dormir. O frio também contribuía para minha miséria. Nunca passei uma noite tão ruim.— Bom dia, bruxa — disse uma voz zombeteira.Olhei para o lado e lá estava ele, brilhante como uma manhã de verão. Seu cabelo longo, amarrado, acentuava sua virilidade.— Não me chamo bruxa — respondi com firmeza.O homem ao meu lado deu um ronco terrível. Dei um tapa nele e ele acordou imediatamente, me levantando no processo.— Quero tomar um banho — exigi.Ele se aproximou do outro homem e soltou a corda.— Vamos — disse ele com um sorriso sarcástico.Isso deve ser uma maldita piada de mau gosto.— Só me diga para onde ir — respondi, tentando manter a calma.Ele deu uma risada. Fechei os olhos por um momento, tentando me acalmar.— E me arriscar a você escapar? Demorou muito para te sequestrar, e não estou falando só de tempo; perdi homens por sua causa — me disse.— Então me leve
O caminho se estendia interminavelmente diante de nós, e o cansaço tomava conta de cada fibra do meu corpo. Eu ansiava por sentar, nem que fosse por um momento, e descansar minhas pernas exaustas.— Falta muito? — perguntei, tentando manter a compostura, para Eirik, que caminhava ao meu lado.— Sim, vamos parar quando o sol estiver prestes a se pôr — respondeu com indiferença.Respirei fundo e observei minhas mãos ainda atadas.— Solte-me, quero caminhar normalmente, não ficar tropeçando o tempo todo — exigi, tentando soar firme.Eirik parou bruscamente, obrigando-me a fazer o mesmo.— Você está amarrada pelas mãos, não pelos pés — respondeu, com um sorriso zombeteiro no rosto.A raiva fervia dentro de mim; eu queria me lançar sobre ele e bater naquela enorme cabeça sem cérebro.— Para onde estamos indo? — perguntei, tentando mudar de assunto e aliviar a tensão.— Para casa — disse ele, e um sorriso apareceu em seus lábios —. Você vai adorar, é linda. — me disse com um sorriso.— Está
Paramos e todos os homens ali começaram a desempacotar algumas coisas. Olhei para Eirik esperando algum sinal de preocupação com o meu bem-estar, mas ele me ignorou completamente. Neste momento, minhas mãos já não estavam amarradas. Na verdade, ele não se importava se eu saísse correndo; eu sabia que morreria se tentasse escapar.— Estou com fome — lhe disse com mau humor.Ele virou para me olhar e deu de ombros.— É você quem decide comer ou não o que lhe é oferecido — me disse, como se nada estivesse acontecendo.Me aproximei dele e passei minha mão pelo peito dele, olhando nos seus olhos e batendo as pestanas.— Estou com fome, Eirik, muita fome — repeti, tentando um tom mais sedutor.Ele sorriu de lado, e voltou a dar de ombros.— Ou você come o que é oferecido ou morre de fome — respondeu novamente, sem se mexer.Sentei e olhei para o lado. Era óbvio que, neste lugar, minhas exigências não seriam ouvidas, e se continuasse assim, morreria de inanição. Então, com toda a dor na alma
Eu não conseguia desviar o olhar de Eirik, o que eu havia sonhado ainda estava muito presente, foi tão estranho. Ele virou para me olhar e se aproximou de mim. Eu tentei me afastar, mas ele me segurou firmemente pelo braço.— Você está bem? — me perguntou.— Sim, só quero tomar um banho — menti.Ele assentiu com a cabeça e começou a me arrastar com ele. Eu resisti o máximo que pude, mas era inútil; Eirik era enorme e devia pesar três vezes mais do que eu.— Perto daqui há um riacho, acho que você vai gostar — me disse.Eu me deixei levar, mas sempre alerta. Se ele tentasse fazer algo comigo, eu me defenderia, não importava se morresse no processo. Chegamos ao riacho e ele me soltou.— Tome um banho rápido, hoje temos que ir para os barcos — me disse.Eu me virei para olhá-lo imediatamente.— Barcos? — perguntei.Ele assentiu com a cabeça.— Pensei que sua casa fosse aqui — lhe disse.Ele sorriu e negou com a cabeça.— Minha casa nunca será esta terra, embora eu espere governá-la — me