CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO TRÊS

Joaquim encontrou Henri no caminho de casa e contou a ele sobre a rejeição da rainha, mas estava mais tranquilo por ela tê-lo recebido e deixado falar.

— Eu disse que ela poderia fazer você ou meus filhos herdeiros, e com isso deixei claro que não precisaria ser coroado.

— Tio, obrigado por se lembrar de mim, mas quando se casa com uma rainha, é certo que o rei é o marido. Eu também não gostaria de ser rei, pois o que quero é ser guerreiro.

— Senti esperança de ser feliz de novo. Ela estava tão bonita para a idade dela, parecia até a jovem de 18 anos que conheci, apesar dos cabelos brancos. Na verdade, está mais encantadora agora. Quando jovem, não era bonita assim. Ela tinha um decote discreto, mas dava para ver que era bem farta.

Henri cruzou os braços e sorriu.

— Não se preocupe, tio, pois o senhor, na verdade, foi bem. Ela o atendeu. Para uma rainha que não tem coração, ela demonstrou ter algum. Na verdade, acho que muito em breve terá Anna para você. Vou ajudá-lo a conquistá-la.

— Menino, olha minha idade! Eu lá preciso de você para conquistar?!

Henri sorriu.

— Vamos, tio, você está enferrujado.

— Bom, ela acendeu dentro de mim algo que estava apagado. Vou lutar por ela. Serei o rei de Tabata.

Alguns dias depois, o jovem filho do ex-padeiro chegou às pressas. Ele entregou a carta do conselho para Henri, que a abriu com calma na frente do conselho da aldeia, formado por ele. Ele sorriu e começou a ler em voz alta:

Conselheiro Henri da aldeia Cristal,

 Estamos convocando a rainha de Tabata para se pronunciar pessoalmente diante de seu povo; assim, ela mesma lhes dirá o que fazer. Nada podemos fazer, além disso. Um mensageiro foi enviado à corte. Aguardem o pronunciamento de sua Rainha.

— Vão nos ajudar, Henri? — Perguntou o jovem, que demonstrou não ter lido o que havia lhe entregado.

— Não. Mas, ao convocá-la diante do povo, será nossa chance de convencê-la de que Cristal precisa ser protegida.

— A culpa disso é de seu tio! — Berrou um homem.

— Não se preocupe, meu tio... digamos que fez as pazes com a rainha.

Os anciões se olharam e confiaram na palavra de Henri.

Durante a tarde, os homens de Arcos vieram, como prometido, mas Henri havia se preparado com os homens da aldeia. Unidos, derrotaram os seis homens que fugiram.

Henri lutou contra o comandante deles e o derrotou.

Unidos, eles aguardavam a vinda da rainha. Sabiam que os homens de Arcos retornariam e que não teriam condições de se defender, já que seriam superados em número. Eram homens violentos e acostumados a lutar, enquanto eles eram apenas aldeões.

O mensageiro chegou e entregou a mensagem a Normam. Ele pediu que o mensageiro fosse descansar, pois, após ler o conteúdo, precisaria da resposta da rainha. Normam andou rapidamente e a encontrou conversando com a amiga. Ambas pararam de sorrir ao vê-lo se aproximando. Ele estendeu a mensagem, que era do conselho, e, curiosa, a rainha franziu a sobrancelha antes de abrir o pergaminho. Com calma, ela o leu, suspirou e controlou o impulso de gritar. Estava visivelmente estressada desde a vinda de Joaquim.

Ela leu novamente a mensagem:

"Amada rainha de Tabata, o conselho a convoca a pronunciar-se diante do povo, na aldeia de Cristal. Eles alegam estar sendo atormentados por Arcos, nosso inimigo. Sabemos de seus motivos, mas é imperativo que se pronuncie diante de seu povo."

Norman parou diante da rainha, que lia a mensagem mais uma vez. Em seguida, ele viu a mensagem se transformar em pedaços no chão.

— Prepare os homens, sou obrigada a ir a Cristal. Mande avisá-los que chegarei à tarde, antes do sol se pôr.

Henri pediu que o povo se comportasse diante da rainha. Afinal, ele soubera da recepção que fizeram quando ela esteve na aldeia, há 30 anos.

— Entendam que vencemos apenas seis, mas virão mais. Não temos armas nem treinamento para isso. Estamos lidando com um exército e somos apenas aldeões.

Joaquim apareceu, vestido com uma boa roupa.

— Muito bem, meu tio, é assim que se faz.

— Você tinha razão, e irei conquistá-la. Ela está tão bonita.

As pessoas estavam cansadas de esperar quando viram subir um pequeno grupo de guardas, com a rainha no meio.

Anna desceu do cavalo e seguiu até eles.

Henri estava sério até que a viu de perto. O sorriso dele se formou. Ele ficou fascinado. Ela era séria, e sua aparência era espetacular para uma mulher da idade dela. Não era jovem, mas para ele nenhuma jovem poderia superá-la. Sentiu o peito agitado, nervoso, e deu um passo à frente. Os fios brancos eram o que mostrava a marca do tempo nela, mas o seu rosto parecia sedoso. A armadura era elegante e sedutora. A coroa de pedras brilhava sob a luz do sol.

Joaquim foi em direção a ela. Quando ela se aproximou de Joaquim, o povo se afastou.

— É você, Joaquim, que vem falando por esta gente?

— Não. É meu sobrinho Henri — ele apontou.

Henri se aproximou dela, curvando-se. Ele a encarou, olhando-a nos olhos.

— O que significa esse olhar? — ela perguntou. — Desconheço a forma como me olha.

Joaquim o afastou.

— É admiração, minha rainha, pois ele é jovem e nunca conheceu ninguém da realeza antes.

— Não preciso que fale por mim, tio. Não sou um menino — zangou-se Henri. — Rainha, a aldeia está sofrendo. Não temos condição de vencê-los. O que aconteceu no passado deve ficar no passado. Hoje, deve começar uma nova vida para todos.

— Henri, vim pessoalmente dizer que não me interessa o que acontece aqui. Não tenho interesse nessas terras. Não têm valor para mim. Se quiserem se livrar deles, devem ir embora e procurar outro lugar que os acolha.

Ela lhe deu as costas e caminhou em direção ao cavalo.

Henri a pegou pelo pulso, e os guardas ameaçaram atacar.

— Solte-me — ordenou ela.

— Você pode até não ter um coração, como dizem, mas tem cérebro. Entenda que, se tomarem esta terra, logo irão atacar o castelo. Viverá com o inimigo como vizinho? Há crianças sofrendo.

Anna demorou-se nos olhos dele, até que desvencilhou o braço.

— Siga meu conselho: vá embora o mais breve possível.

Durante o percurso, algo incomodava Anna; um sentimento confuso a inquietava. Não sabia o que estava acontecendo. Ela respirou fundo. Ao entrar no castelo, uma jovem se aproximou dela.

— Safira, onde esteve?

— Fui ver Drago — respondeu Safira.

— Tem que tomar cuidado. Se ela descobrir, você sabe as consequências.

— Ela está fraca, Anna, não sei por quê. Seu coração a deixava forte, mas parece que não senti minha presença.

Anna e Safira olharam na direção da montanha.

— Joaquim queria que me casasse com ele. Disse que eu poderia escolher um de seus filhos ou seu sobrinho para ser meu herdeiro. Mas, talvez, a vinda dele tenha me causado algum efeito e prejudicado a bruxa.

Safira sorriu.

— O que sentiu, Anna?

— Sem o coração, digo que nada. Mas o sobrinho dele me intriga. O menino me olhou com uma admiração que ninguém jamais teve. Ele liderou os aldeões contra Arcos. Soube que lutou com o líder dos homens de Arcos. Ele parece ser valente e até me confrontou. Deve ser um orgulho para Joaquim.

— Adote-o, já que precisa de um herdeiro — sugeriu Safira.

Anna olhou para Safira, e ambas seguiram em direção à biblioteca.

Por um tempo, Anna leu livros e, em seguida, foi até a varanda.

— Eles não vão sobreviver — falou Anna.

— O amor é muito forte, Anna, e nos prende a um lugar — respondeu Safira.

Safira abriu os braços, e a magia formou imagens que mostraram o que aconteceria.

— Desde quando gosta de ver o futuro?

— Sinto que devo mostrar a você.

Havia fogo, crianças chorando, pessoas sendo mortas, idosos se arrastando. Em meio à confusão, Henri lutava, mesmo ferido, até cair onde Joaquim estava.

Anna olhou para Safira.

— Não vão sobreviver, nem as crianças. Teremos problemas depois.

Anna olhou para a direção da aldeia e assoviou.

O exército de Arcos estava ali, parado, aguardando as ordens. Arcos chegou montado em um garanhão e, com um gesto firme, ordenou que atacassem.

Henri percebeu a armadilha. Foram cercados e começaram a recuar.

— Fiquem juntos! — disse Henri.

Eles estavam encurralados na ribanceira da aldeia, enquanto os homens de Arcos riam.

Henri pegou a espada e deu o primeiro passo. Os homens com ele tomaram coragem.

De repente, um rugido ecoou no ar. O povo temeu, e os homens de Arcos começaram a recuar. Henri olhou para cima e viu um dragão pairando sobre suas cabeças. O dragão abaixou a cabeça, e o guerreiro andou até ficar à frente do povo, parando ao lado de Henri.

Anna tirou o elmo e abaixou a espada de Henri.

— Você não está pronto para isso. Afaste-se.

Henri sentiu o orgulho ser ferido, mas não se afastou.

Arcos mandou atacar. Anna puxou a espada da bainha, e um raio brilhante surgiu nela, como se a lâmina capturasse a luz do sol. Ela correu em direção aos inimigos.

— Anna! — Henri tentou correr, mas algo o segurou. O dragão bufou.

— Não seja tolo, ela é uma rainha. Veja.

Henri estava preso nas garras do dragão. Ele olhou na direção de Anna, que seguia derrubando um inimigo após o outro com sua espada. Os homens a cercaram, mas ela fincou a espada na terra e ficou esperando. Um por um, caíam diante de seus golpes.

Anna ergueu a espada quando Arcos desceu do cavalo e avançou em sua direção, com a espada reluzindo algo negro. No meio do caminho, ele cresceu e se transformou em um monstro.

Henri tentou se soltar.

— Pare, jovem — falou o dragão, com uma voz que ecoou forte.

Henri se assustou, mas a voz do dragão foi firme e imponente.

Anna desviou do golpe e derrubou Arcos com um só golpe nas costas. Ele começou a se desintegrar, virando pó e desaparecendo no ar.

Anna assoviou.

Lobos surgiram, com guerreiros montados.

— Peguem todos! — ordenou ela.

Os guerreiros correram na direção dos homens de Arcos que fugiam. O dragão soltou Henri, e o povo se ajoelhou diante da rainha de Tabata. Joaquim sentiu um grande orgulho de ver tão bela e forte mulher, que um dia o amou.

Henri se ajoelhou diante da rainha.

— Obrigado, majestade.

— Voltem para suas casas. Enviarei servos para ajudar na reconstrução da aldeia — disse Anna.

Ela seguiu em direção ao dragão, que abaixou a cabeça para que ela subisse. Tio e sobrinho admiravam a bela guerreira que partia.

A aldeia voltava a ter vida como antes. O povo cantava uma canção, e sua melodia se espalhou por todo o reino.

O exército de Arcos estava parado,

Aguardando ordens, o tempo era marcado.

Arcos, montado, com garanhão de aço,

Deu a ordem, o ataque, sem nenhum embaraço.

Henri viu a armadilha, seu olhar foi profundo,

Cercados na aldeia, recuaram, sem rumo no mundo.

"Fiquem juntos!" — Henri ordenou,

E os homens, corajosos, o seguiram, com fervor.

Risos ecoaram, zombando do povo,

Mas Henri, com espada, deu o primeiro passo.

O rugido cortou o ar, forte e profundo,

O povo temeu, mas a luta foi além do mundo.

O dragão surgiu, no céu a brilhar,

Aos olhos de Henri, uma visão a encantar.

Anna, com a espada, o sol refletido,

Corre para a luta, seu espírito destemido.

"Anna!" — Henri gritou, mas o dragão o prendeu,

Ele observava, enquanto a rainha se ergueu.

Com um raio de luz, a espada a brilhar,

Ela avançou, Arcos a desafiar.

Anna desvia, um golpe preciso,

Arcos cai, se transforma, um ser indeciso.

O monstro desaparece em pó, sumiu,

Anna assovia, e o povo viu.

Lobos surgem, guerreiros a montar,

"Pegue todos!" — a rainha a comandar.

O dragão solta Henri, o povo a adorar,

A rainha de Tabata, sem medo, a governar.

"Voltem para casa, reconstruir o lar,

Servos virão, para ajudar a prosperar."

Anna segue em frente, o dragão a aplaudir,

O povo celebra, começando a sorrir.

Tio e sobrinho, com orgulho a olhar,

A aldeia renasce, como o sol a brilhar.

A canção do povo, no vento a soar,

Por todo o reino, ela a ecoar.

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