CAPÍTULO 2
30 ANOS DEPOIS
— Hahaha! Aí, pare, Henri, assim não.
— Sofie, estou indo embora, deixe-me despedir de você direito.
— Hahaha, oh! Você é tão... oh!
Emma passava com a carroça, gritando pelo filho.
Henri a ouviu.
— Até breve, Sofie.
O jovem saiu da mata sacudindo a roupa para tirar as folhagens.
— Henri, não vá.
O jovem loiro, de olhos azuis, tórax forte e braços musculosos, se pendurou na carroça, e a mãe olhou para ver de onde vinha. A jovem distante agora acenava.
— Estou com saudades da minha aldeia.
Henri se esticou atrás da carroça.
— Quando voltaremos, mãe?
Henri tinha o sorriso mais encantador que uma jovem poderia conhecer. Seu pai já havia falecido há muitos anos. A mãe olhou para o filho.
— Quando voltarmos, espero que escolha uma esposa para me ajudar em casa. Já chega de agarramentos escondidos.
— Não vou casar, nem pensar! Quero viver muitas aventuras.
— Um dia, você vai olhar para uma bela jovem e vai amá-la para o resto da sua vida.
Então, sorriu e ergueu-se para se despedir das pessoas que lhes acenavam. Por onde a carroça passava, as pessoas iam acenando para eles. A vila era muito animada, e Henri era um jovem muito querido.
Há alguns dias, eles chegaram à Aldeia Cristal, mas Emma não ficou feliz. O lugar estava destruído. Não parecia a aldeia animada e bela que ela conhecia. Sua tia havia pedido à sua mãe para levá-la, pois não tinha filhos, e foi por isso que passou muito tempo sem ver seu único irmão. Havia tristeza no olhar das pessoas. Henri ficou em pé, observando a grande destruição e miséria. O Reino de Tabatas era conhecido pela sua riqueza. O que estava acontecendo naquele lugar?
Jovens conversavam, e quando Henri as cumprimentou, todas se empolgaram. Senhoras ficavam coradas com o cumprimento dele. Ele assumiu o comando da carroça quando sua mãe começou a chorar. As crianças mal-vestidas corriam de um lado para o outro, brincando, e pararam para acenar para eles.
Homens desconfiados fechavam as portas, e outros fugiam da carroça.
— Há algo de errado aqui — disse Henri à mãe.
Assim que pararam em frente à casa, observaram que era a única que parecia estar em melhores condições. Emma bateu à porta, que se abriu em segundos.
— O que quer? — falou um jovem.
— Sou Emma, irmã de Joaquim. Ele está?
O jovem olhou para Henri.
— Entra, senhora. Ele anda meio doente.
Quando Emma viu o irmão sentado na cama, correu para abraçá-lo. Ele demorou a reconhecer, mas passou um bom tempo abraçando-a depois.
— Esse é meu filho Henri.
— Olá, meu tio.
— Mas que rapaz mais bem-apessoado. É bonito!
Do quarto vieram mais nove jovens, entre eles três meninas, que se aproximaram de Henri e o abraçaram ao saberem que ele era primo.
— Ha! Ha! Esse é Henri — falou o tio, gargalhando.
As meninas fizeram uma festa. Os meninos nada disseram.
— Trouxemos algumas guloseimas de Fridas, onde morávamos.
— Veio morar comigo? — perguntou Joaquim.
— Não, viemos visitar. Teremos que voltar. Henri entrará para a guarda real do rei Brendam.
— Vejo que é forte — falou com orgulho o tio.
Henri já estava acostumado com meninas o apertando, acariciando e se oferecendo. O rapaz as achou formosas, eram loiras como ele, apesar de o tio não ser; deviam ter puxado a mãe.
— Onde está Amélia? — perguntou Emma.
— Ela morreu há dois anos.
— Lamento.
Os filhos desanimaram.
— Emma, quero pedir que leve meus filhos com você para Fridas.
Ela olhou para eles.
— Não há trabalho em Cristal para eles. O pouco que há, eles o rejeitam — falou Joaquim.
— Por quê? — Henri perguntou.
— Pelo desprezo da rainha sem coração. Estamos sendo obrigados a dar tudo o que temos de valor. Ficamos apenas com a décima quinta parte do que conseguimos. Arcos é um estrangeiro que tem governado a aldeia.
— A rainha sem coração, quem é? — ficou curioso Henri.
— Anna. Ela se tornou a rainha sem coração. Dizem que é um monstro agora. Ela é como uma pedra. Falou Joaquim.
— Ela nunca vai perdoá-lo — disse Emma.
— O que fez a essa rainha? — perguntou Henri.
— Não me casei com ela. Agora, como punição, ela nos rejeita e nos deixa à mercê de bandidos como Arcos — respondeu Joaquim.
Henri cruzou os braços.
— Não há rei em Tabatas? — perguntou Henri.
— Ela nunca se casou — disse Joaquim.
— A rainha sem coração é noiva de Antunes de Fleur — falou o primo, que se apresentou como Fabrício. — Por anos, o conselho de Cronk espera pela união deles. A rainha sem coração é a mais forte deles. Eles vivem em guerra contra os navegantes do mar e contra aqueles que vêm do leste.
— Se ao menos a rainha nos tomasse novamente para o reino dela, seríamos protegidos — falou o que se apresentou como Mark.
— Bom, por que não se casa com a rainha sem coração, tio?
Os primos e Emma olharam para Joaquim. Ele os olhou surpreso.
— O que está dizendo, menino? — falou tímido.
— Tio, a rainha sem coração tem essa fama por sua causa. Ela o perdeu, por isso esse apelido, é o que acredito. Você é viúvo, por que então não se casa com ela? Deve amá-lo ainda. Seus filhos viveriam em uma corte e vocês teriam riquezas.
— Jamais poderei trair Amélia! — gritou Joaquim.
— Ela morreu, tio, e sei que gostaria que tivesse alguém para cuidar de você — falou Henri.
— Ela jamais voltaria para mim. Eu a tratei com frieza e desprezo. Mas, por meus filhos, eu me casaria sim. Para dar a eles uma vida de príncipes. — Joaquim olhou para os filhos que tanto amava.
Henri sorriu e começou a cantar.
Não há nada melhor do que ser um rei Com estalar de dedos, terá tudo que pedir Há refeições perfeitas para apreciar Há servos para servir
Vamos, vamos, seja rei! Vivas emoções e aventuras Você irá aonde os reis e rainhas vivem Poderá até mudar regras Então seja rei
Você pode ser um grande rei Basta querer Não há nada melhor que rei ser
Vamos, vamos, seja rei! Vivas emoções e aventuras Você irá aonde os reis e rainhas vivem Poderá até mudar regras Então seja rei
Os primos dançavam e cantavam com Henri.
O tio aplaudiu os filhos e o sobrinho, e com um belo sorriso, tossiu, chamando a atenção deles.
— Bom, eu vou falar com Anna. Se ela me quiser, me casarei por uma vida melhor para meus filhos.
— Deve se casar por amor, falou Emma.
— Farei o que for preciso para ajudar a aldeia e meus filhos. Amélia entenderia. Henri tem razão.
— Sim, tio, sorriu Henri. — Pense em tudo o que poderá fazer.
— Henri, seu tio não a ama. Essa mulher já sofreu muito. Seu tio se casará e nunca a tocará. Isso é ruim, reclamou Emma.
— Se ela me quiser, casarei e consumarei o casamento, sim. Preciso de dinheiro para meus filhos.
— O amor virá com o tempo, disse Henri.
— Henri, não é verdade. Amor é algo que você sente quando olha nos olhos de uma pessoa e depois nunca mais consegue olhar para outros da mesma maneira como olha para aquela que o fez amar.
Henri calou-se.
Henri subiu o pequeno monte e se sentou. Longe dali, estava localizado um castelo, por onde ele havia passado. Cruzou os braços e fechou os olhos. Levantou-se quando ouviu a voz da prima. Olhou para ela e sorriu. Ela era a mais bonita, mas não sentia falta disso naquele momento.
— Oi, primo, quer nadar na lagoa?
Henri pensou na bronca da mãe, pensou de novo, pegou a mão dela e correu em direção à lagoa. Ao entrar na água, ele a suspendeu pela cintura e ela abriu os braços.
Joaquim olhou para a lua e tocou o túmulo da esposa.
— Amélia, sabe que te amo, mas Henri tem razão. Eu preciso falar com Anna. Não sobreviveremos a mais cobranças de Arcos. Você enfrentou comigo e eles nos ajudaram. Mas agora, meu amor, eu tenho que me casar com Anna pelo bem de todos. As lágrimas desceram. Ele colocou o chapéu sobre o peito. Nunca será o mesmo que com você.
A prima ficava sorrindo para Henri, e Emma já imaginava o que estava acontecendo. O filho era realmente bonito, como o pai. Ela também se sentia assim em relação ao pai dele. As outras primas sentiam ciúmes.
Henri levantou-se, dizendo que procuraria algo para fazer na cidade. O tio olhou para os filhos, que se espreguiçavam — eram mais velhos que Henri — e sentiu vergonha.
— Emma, soube criar melhor ele do que eu os meus.
Emma olhou para as primas, que observavam Henri.
— Será? — Perguntou Emma.
— Não acha? — Perguntou Joaquim.
— Já está na hora de ele assumir um compromisso — Reclamou Emma. — Ele é muito namorador, mas não gosta de nenhuma das que ficam. Estou cansada de mulheres chorando em minha porta, por isso quero que ele case.
Joaquim se levantou da mesa.
Joaquim sorriu e começou a se levantar.
— Aonde vai, Joaquim? — Perguntou Emma.
— Falarei pessoalmente com Anna — Respondeu Joaquim.
Henri sorriu.
— Isso mesmo, tio, em breve será rei. Iremos todos comemorar nossa vida na corte.
— É claro, Henri. Venha, vamos. Eu o deixo na casa do Pedro, que sei que precisa de ajuda com umas caixas.
Henri viu o tio seguindo a estrada que levava ao castelo e sorriu.
Durante suas conversas, conquistou a atenção dos anciãos da aldeia. Eles defendiam que a rainha deveria protegê-los. Discutiram várias possibilidades, e então Henri teve uma ideia: escrever para o conselho, relatando que a rainha estava sendo negligente ao permitir que um estrangeiro invadisse suas terras. Os anciãos ficaram admirados com a iniciativa de Henri. Ele começou a escrever a carta para o conselho. Embora levasse dias para ser entregue, o filho do ex-padeiro disse que conhecia bem o caminho e que iria até lá o mais rápido possível.
Uma batida na porta fez os anciãos tremerem.
Henri foi até a porta e a abriu.
— Viemos buscar as mercadorias — avisou o homem barbado.
Henri rapidamente tirou a espada da bainha do homem e a apontou para sua garganta.
— Parta. Volte com seus homens. A partir de agora, as regras são nossas. O homem ficou assustado e se afastou.
Henri o conduziu até o cavalo com a espada ainda em direção à sua garganta. No entanto, dois outros homens surgiram e o ameaçaram. Mesmo assim, o homem barbudo, temendo por sua segurança, mandou os outros partirem.
Ao montar no cavalo, o homem ameaçou.
— Voltarei para me vingar.
Os aldeões comemoraram a pequena vitória.
A entrada do castelo era impressionante, e Joaquim demorou a observar como ela havia se tornado mais bonita do que a antiga entrada. Ele analisou tudo com cuidado e, em seguida, se aproximou dos portões. Respirou fundo diante deles.
— Quem é você? — perguntou o guardião do portão.
— Eu desejo falar com a Rainha Anna.
O homem gigante abaixou os olhos e o observou melhor.
— Vá embora!
Joaquim apertou o chapéu contra o peito, lembrando-se do sorriso de Anna sempre que ele chegava.
— Diga à Rainha Anna que Joaquim Cortez deseja falar com ela.
O gigante andou com dificuldade, indo para algum lugar que ele não sabia.
Um homem esquelético se aproximou do gigante guardião.
— Joaquim Cortez... — falou, olhando para o portão.
O homem esquelético correu para dentro do castelo.
Norman, o conselheiro, estava parado na porta da biblioteca quando o homem avisou da visita.
— Joaquim Cortez deseja falar com a rainha.
Anna fechou o livro e olhou na direção dos homens.
— Mande esse homem embora! — berrou ela.
O conselheiro se aproximou.
— Minha senhora, depois de todos esses anos, talvez ele tenha algo a lhe dizer.
Anna o encarou, seu semblante frio.
— O que ele teria a me dizer? — perguntou ela.
— Apenas o ouça, senhora. Há boatos de que a aldeia passa por problemas, então provavelmente ele veio se redimir e pedir ajuda.
— Por interesse, óbvio. — disse Anna.
— Você é quem sabe, majestade.
— Leve-o até o salão. — ordenou Anna.
— Sim, minha rainha.
Joaquim, ao ver o portão se abrir, sentiu uma onda de esperança de poder ajudar seus amigos da aldeia. Ele caminhou devagar, sendo conduzido pelo homem esquelético. Joaquim sorriu ao entrar no pátio, admirando a beleza do lugar. Mulheres lindas e homens bem-vestidos o observavam, mas ninguém o cumprimentava.
Joaquim passou constrangido, seus olhos se fixando no jardim — tão bonito. Lembrou-se de seus beijos com Anna naquele mesmo lugar.
Ele entrou no salão e viu Anna de costas.
— O que quer me falar, Joaquim, depois de todos esses anos? — disse Anna, virando-se para ele.
Os olhos de Joaquim brilharam. Anna estava deslumbrante. Sim, alguns fios de seu cabelo haviam embranquecido, mas seu rosto parecia suave como a seda. Seu corpo havia mudado, e o vestido elegante realçava suas curvas. Os fios loiros se misturavam com delicados cabelos brancos, presos em um coque elegante. A aparência juvenil já havia passado, mas agora ela exibia o rosto de uma bela mulher de idade.
— Anna, como está bonita!
Anna o encarou desconfiada.
Ela se lembrava de um Joaquim mais alto, ou seria que ela havia crescido? Anna caminhou até ficar à frente dele. Joaquim percebeu o olhar frio dela.
— Anna, estou aqui para lhe pedir em casamento novamente — Joaquim respirou fundo após falar.
— Quanta pretensão… vem aqui me pedir em casamento depois de todos esses anos. Oras, então sua Amélia se foi... Devo supor.
— Não sabia?
— Acha que perdi meus dias procurando saber da sua vida? — Ela perguntou.
— Ela já partiu — ele disse, entristecendo-se.
— O que espera de mim? — perguntou Anna.
— Anna, você não tem filhos, eu tenho dez filhos e um sobrinho. Se casar comigo, poderá escolher um deles para ser seu herdeiro. Prometo que serei um bom marido e que a farei feliz. Nem precisa me coroar rei.
Joaquim aproximou-se dela.
— Confesso que estou até mesmo tentado a beijá-la.
Anna começou a rir.
— Joaquim, não seja ridículo. Vá embora. Não me casarei com você jamais. Não passa de um traidor. Sei que quer meu dinheiro. — Anna assobiou e um guarda entrou. — Leve este senhor para fora do castelo.
— Não, Anna, por favor. Eu acabei de me apaixonar por você.
Anna revirou os olhos e lhe deu as costas.
CAPÍTULO TRÊSJoaquim encontrou Henri no caminho de casa e contou a ele sobre a rejeição da rainha, mas estava mais tranquilo por ela tê-lo recebido e deixado falar.— Eu disse que ela poderia fazer você ou meus filhos herdeiros, e com isso deixei claro que não precisaria ser coroado.— Tio, obrigado por se lembrar de mim, mas quando se casa com uma rainha, é certo que o rei é o marido. Eu também não gostaria de ser rei, pois o que quero é ser guerreiro.— Senti esperança de ser feliz de novo. Ela estava tão bonita para a idade dela, parecia até a jovem de 18 anos que conheci, apesar dos cabelos brancos. Na verdade, está mais encantadora agora. Quando jovem, não era bonita assim. Ela tinha um decote discreto, mas dava para ver que era bem farta.Henri cruzou os braços e sorriu.— Não se preocupe, tio, pois o senhor, na verdade, foi bem. Ela o atendeu. Para uma rainha que não tem coração, ela demonstrou ter algum. Na verdade, acho que muito em breve terá Anna para você. Vou ajudá-lo a c
CAPÍTULO QUATROAnna estava escrevendo quando foi anunciada uma visita. Ela ficou apreensiva – O que mais poderia ser? — Joaquim? — Perguntou.— Não, senhora. Trata-se de Henri, o conselheiro de Cristal. — Deixe-o entrar.Henri entrou no salão, admirando o ambiente, mas se perdeu nos pensamentos ao ver Anna. A elegante rainha caminhou em sua direção.— Seja breve. — Ela pediu.— Minha rainha, gostaria de pedir para fazer parte de sua guarda. — Pensei que fosse questionar o motivo de não ser mais o conselheiro de Cristal. — Não entendo por que me tirou do cargo de confiança, mas não era algo que eu realmente queria fazer. — Você é jovem demais, não tem experiência de vida para ser conselheiro. Porém, reconheço que atuou bem.Henri se irritou, mas tentou se controlar.— A majestade irá me aceitar em sua guarda? — Soube de sua coragem, não vejo razão para negar, mas não sou eu quem escolhe quem deve estar no exército ou na guarda do castelo.Anna olhou para a jovem parada ao lado.
CAPÍTULO CINCOAnna abriu os olhos e viu o tórax forte e os braços definidos que a envolviam. Ergueu a cabeça e viu o rosto jovem de Henri. Ela corou e começou a se afastar dele. Henri acordou com um belo sorriso.— Anna! Você está bem?A rainha sentou-se às pressas, evitando olhar para o peito nu de Henri.— Estou. Obrigada por ter cuidado de mim.Henri ficou a observando, e Anna evitou olhar para ele.— Já pode ir. Vá. — ordenou.Ele sorriu.— Anna, eu...Mas o que ele pretendia dizer foi interrompido pela porta que se abriu.Safira entrou com o médico.— Anna, que felicidade em vê-la melhor. Agora, você pode ir, Henri.Henri, mesmo com desagrado, levantou-se e começou a se vestir. Anna olhou para o jovem e sentiu a bochecha queimar. Ela nunca havia estado na cama com um homem, muito menos com um jovem que tinha idade para ser seu filho.— Posso examiná-la, rainha? — perguntou o médico.Henri saiu às pressas.À tarde, Safira gritava com Henri. Ela não dizia o porquê, apenas o repreen
CAPÍTULO SEISHenri, a cada dia, se aproximava mais da rainha Anna. Todos sabiam da intenção dela de torná-lo seu futuro herdeiro. Ela admirava nele algo inexplicável, uma qualidade incomparável. Anna estava estudando os decretos de Tabata sobre herdeiros. Ele passou a ter professores para ensiná-lo a ser um rei.Henri pensava em como resolver a situação em que vivia, quando a serva entrou.— Safira.— Sim, Leona. — Disse Safira.— Seu banho está pronto.— Tenham uma boa noite. — Falou Safira para Henri e Anna.Anna caminhou até a varanda e ficou olhando as estrelas.Ele a seguiu, parando atrás dela.— Há muitos anos não via o céu de Tabata tão lindo.Ela se arrepiou com o vento gelado. Ele tirou a capa e a cobriu.— Henri, você está se tornando um filho que nunca tive. Enche-me de orgulho.Henri olhou para o salão vazio. Não havia mais nada entre eles, aquele era o momento.— Anna. — Ele a abraçou por trás.— Henri…— Por favor, não posso aceitar isso. — Sussurrou ele no ouvido dela.
CAPÍTULO SETEEra tarde da noite, e Anna ainda procurava algo para ocupar sua mente. Havia cartas a serem escritas, que seriam enviadas para as vilas e aldeias do seu reino.Ela estava distraída e se assustou quando ouviu a voz do jovem.— Meu amor.Anna ficou surpresa, pois ninguém havia avisado sobre a presença dele no castelo.— Henri, como está seu tio?— Não vim aqui falar do meu tio, por mais egoísta que possa parecer.Anna levantou-se.— Eu não posso ficar com você. Você é jovem demais para mim, além de ser um plebeu.— Meu tio também é plebeu.— Há um decreto de meu irmão sobre seu tio. Na época, eu não seria rainha.— Você é rainha agora, então faça um decreto, se necessário, para permitir nossa união.Anna ficou olhando-o, constrangida. Como ela poderia se casar com um jovem da idade dele?— Pare, Henri. Seu tio está doente. Algo entre nós seria um desrespeito.Henri tocou o rosto de Anna e começou a cantar. O mundo vai ver O quanto eu amo você Não me importo com o que v
CAPÍTULO OITO— Anna.Henri a chamou quando ela passou por ele distraída. Apesar do vestido negro de luto, ele só via a beleza de sua rainha.— Eu a quero hoje. Já lhe dei tempo para o luto de meu tio. — Henri, ele era seu tio, faz só uma semana que ele se foi. — A morte dele não muda o fato de que a fiz minha mulher, então não vou dormir no outro quarto.Henri seguiu para sua aula de história. Anna colou a mão no rosto, sentindo-se frustrada por não conseguir controlar os impulsos de Henri. A cada dia que passava, o rapaz se tornava mais teimoso.Anna recebeu uma carta sobre a comemoração do conselho de Gronk.Ela não gostava de comemorações. Era cansativo, e toda vez ela precisava dançar para Antunes.Safira entrou com olhar distante. — Safira, mostre-me o futuro. — Sabe que não é correto ver, só em casos de vida ou morte. — Faça. Quero ver.A imagem foi se formando dentro da fumaça. Anna seguia pelo corredor, e ouvia o choro de uma criança. Ela abriu a porta e deu um belo
CAPÍTULO NOVEAnna seguiu até onde estava o conselho. Antunes estava diante do conselho e se virou para ela com olhar de desprezo. — Rainha Anna, está sendo acusada de traição a honra deste conselho. Falou o mestre. Os reis e rainhas dos sete reinos estavam ali a confrontando.— Não entendo a acusação.— Ter um amante Anna. É normal entre nós, mas quando já se consumiu o ato do casamento. Tua reputação sempre foi à melhor de todos. Mas nos enganou ardilosamente alegando adotar um herdeiro quando na verdade é teu amante. Falou o mestre.Anna manteve a posição de rainha. — Eu a vi nos braços de Henri, entregando-se a um jovem que poderia ser seu filho. Falou Antunes.— Minha a vida só pertence a mim e não tenho marido para ter que dar satisfação.— Saiba que jamais vamos aceitá-lo como rei, pois é jovem demais e todos nós somos velhos para aturar uma criança entre nós.— Ele será rei e por aclamação já é. O povo o reconheceu como. — Ele é rei porque a tomou como sua mulher, mas o re
CAPÍTULO DEZHenri partiu pela manhã e pretendia voltar no final da tarde do dia seguinte, como prometera a Anna. O problema é que seria exatamente no dia do casamento. Ele precisava tentar algo, e qualquer coisa era melhor do que não fazer nada. No percurso, um guarda informou que estavam sendo seguidos, e, à frente, 30 homens surgiram. Henri foi obrigado a fugir após a luta, e os guardas feridos o mandaram partir.Henri estava exausto e já era noite quando os homens, que pareciam ser de Antunes, ainda o seguiam. O jovem escalou a montanha e continuou correndo. Sabia que estava apenas a poucas horas de distância daqueles homens. Durante a manhã, acabou tombando de cansaço. Estava no topo da montanha. Olhou para a cratera e lá estava um dragão enorme. Henri começou a descer, pendurou-se em trepadeiras e se jogou em cima do dragão. Havia uma espada cravada em seu ventre.Ele tocou na espada.— Draco, sou amigo de Safira. Ela disse que é o único que pode me ajudar. O amor da minha vida