Ao lado dele, estava uma mulher loira, com uma beleza inegável e um sorriso que Isabella não sabia como interpretar. Sophia. Ela a reconheceu imediatamente. A mesma mulher que tivera um confronto com ela no jantar anterior. Seus olhos se cruzaram por um breve momento, e o sorriso de Sophia foi afiado, quase provocativo, como se ela soubesse algo que Isabella não sabia. Como se soubesse que estava ganhando a partida.A irmã de Vittorio estava sentada ao lado de Sophia, uma mulher jovem, de traços delicados, mas um olhar que parecia carregar mais sabedoria do que sua idade sugeriria. Ela levantou os olhos de seu prato e observou Isabella com um sorriso discreto, com olhos acolhedores que ela não esperava.Vittorio, por outro lado, não parecia se importar em suavizar o ambiente. Ele fez um gesto curto com a cabeça, como um convite para Isabella se sentar. Ela obedeceu, tentando não mostrar a ansiedade que a consumia por dentro. Luca permaneceu em pé, ao fundo, observando tudo com uma at
Após o café da manhã, a brisa fresca da manhã se fez presente quando todos se deslocaram para o jardim. O ambiente, elegante e imponente, estava repleto de flores que se moviam suavemente ao ritmo do vento, criando um cenário perfeito para um encontro aparentemente pacífico, mas repleto de tensão por baixo da superfície.Sophia caminhava ao lado de Vittorio, seu passo calculado e sorriso provocador nunca deixando de transparecer o interesse que ela ainda nutria por ele. Ela parecia estar completamente à vontade, conversando com ele em tom baixo, com olhares carregados de intenções não ditas. Isabella sentiu o desconforto crescer dentro de si enquanto observava. As palavras de Vittorio durante o café da manhã ainda ressoavam em sua mente, mas ela não podia negar que o comportamento de Sophia, flertando descaradamente com ele, a incomodava profundamente.Lorenzo, sempre observador, fez questão de se aproximar de Isabella, seu olhar malicioso nunca a deixando em paz. Ele se posicionou ao
A tarde avançava preguiçosa enquanto Isabella cruzava o velho portão de ferro, pintado de branco e já descascado pelo tempo. A casa dos avós era um retrato da infância, intacta, suspensa num lugar onde o tempo andava mais devagar.Sua avó, já a esperava na porta com um sorriso cheio de rugas e saudade. Os olhos marejados denunciavam a emoção contida.— Minha menina... você veio mesmo! — sussurrou, envolvendo Isabella num abraço apertado, com cheiro de lavanda e pão doce.— Claro que vim, vó. Não poderia ficar longe por muito tempo...Entraram na casa. O senhor Carmine, avô de Isabella, cochilava na poltrona, o rádio ligado baixinho com alguma sinfonia antiga. A mesa da cozinha estava posta com um café recém-coado e fatias grossas de pão com queijo derretido — o lanche que a avó sempre preparava quando ela aparecia de surpresa.Sentaram-se lado a lado.— Então, me conte... o que aconteceu? Eu imaginei que você iria falar com o Don Vittorio, mas não imaginei que as coisas tomariam esse
O céu da manhã em Sant’Agata de' Goti era de um azul tão profundo que parecia pintado à mão. A cidadezinha, com seus vinhedos ondulantes e vielas silenciosas, contrastava drasticamente com a vida que Isabella havia conhecido nos últimos dias. Mas ali, envolta por aquele silêncio quase sagrado, havia algo mais: a tensão invisível entre ela e Vittorio.O carro preto deslizou pelas curvas da estrada rural até parar diante de uma propriedade de pedra antiga, reformada para abrigar reuniões discretas com aliados poderosos — e, agora, o noivo e sua futura esposa.— Vai ficar conosco por três dias — ele anunciou ao motorista, com um aceno. — E certifique-se de que o perímetro esteja limpo. Nada pode dar errado aqui.Isabella desceu do carro e respirou fundo. O ar era mais puro, carregado com o aroma de uvas maduras e terra molhada. Mas havia algo mais ali — algo denso. Uma vibração no ar. Talvez fosse o fato de que ela e Vittorio estariam sob o mesmo teto, dividindo o mesmo quarto. Talvez fo
O mundo voltou em pedaços.Isabella acordou com a garganta seca, a cabeça latejando e o gosto amargo do desespero na boca. Tudo era escuridão. O chão era frio, úmido, e sob seu corpo um concreto áspero arranhava a pele de seus joelhos. Seus braços estavam amarrados para trás, e uma dor aguda corria pelas articulações.Tentou se mover, mas o menor gesto fez as amarras apertarem ainda mais seus pulsos.Um zumbido ecoava em seus ouvidos. O coração batia forte demais, como se quisesse explodir pelas costelas. Ela tentou se lembrar — o jardim, o cheiro de lavanda, o céu alaranjado, depois o pano encharcado, o cheiro químico invadindo seus sentidos...E então: o escuro.Ela prendeu a respiração ao ouvir passos se aproximando. O som de botas pesadas sobre concreto. Um estalo metálico, como uma tranca sendo destravada, e depois a luz — fraca, amarelada, cortando a penumbra como uma lâmina.— Finalmente acordada — disse uma voz masculina, rouca e cheia de escárnio.Isabella piscou várias vezes
O cheiro de mofo e ferrugem invadia suas narinas como lâminas. A luz da única lâmpada pendurada no teto tremia levemente, lançando sombras tortas sobre as paredes descascadas. Isabella estava amarrada a uma cadeira, os pulsos presos por cordas ásperas que já haviam aberto pequenos cortes em sua pele.O homem loiro, aquele dos olhos frios, ajustava a câmera com calma. Havia outros dois ao fundo. Um mascarado, o mesmo que a tocara antes, e outro, mais distante, encostado na parede com um cigarro aceso entre os dedos.— Luz, câmera... gritos — disse o loiro, com um sorriso nojento.Isabella não respondeu. Seus olhos estavam fixos no chão, os cabelos bagunçados cobrindo parte do rosto. Mas por dentro, ela tremia. De medo, de impotência... e de raiva. Uma parte dela queria implorar. A outra queria morder a garganta deles.— Olhe para a câmera — ordenou o loiro, levantando o queixo dela com brutalidade.Ela não obedeceu.A primeira bofetada veio com força suficiente para fazer sua cabeça gi
A dor já não era uma sensação passageira. Tornou-se um estado de ser. O gosto do sangue misturado ao medo era um lembrete cruel do tempo que Isabella passava ali, naquele cativeiro imundo, sob o olhar predador de homens sem alma.Ela não sabia quantas horas haviam se passado desde que aquela lâmina havia tocado sua pele, desde que seu vestido fora rasgado como um aviso. Sua cabeça pêndia para frente, os pulsos ardiam nas amarras, mas seu espírito ainda resistia. Isabella não choraria. Não daria a eles o prazer de vê-la se despedaçar.O homem loiro de olhos frios, que ela já começava a chamar de Demônio, inclinou-se para ela, observando-a como se fosse um experimento inacabado.— Interessante... Achei que a boneca já teria quebrado — ele murmurou, puxando-a pelo cabelo para que seus olhos se encontrassem. — Mas você ainda tem fogo nos olhos. Isso vai tornar tudo ainda melhor.—Quem sabe eu não aproveito desse seu fogo pra me aquecer tenho me sentido tão sozinho.—Ele falou em voz mais b
A dor já não era uma sensação passageira. Tornou-se um estado de ser. O gosto do sangue misturado ao medo era um lembrete cruel do tempo que Isabella passava ali, naquele cativeiro imundo, sob o olhar predador de homens sem alma.Ela não sabia quantas horas haviam se passado desde que aquela lâmina havia tocado sua pele, desde que seu vestido fora rasgado como um aviso. Sua cabeça pêndia para frente, os pulsos ardiam nas amarras, mas seu espírito ainda resistia. Isabella não choraria. Não daria a eles o prazer de vê-la se despedaçar.O homem loiro de olhos frios, que ela já começava a chamar de Demônio, inclinou-se para ela, observando-a como se fosse um experimento inacabado.— Interessante... Achei que a boneca já teria quebrado — ele murmurou, puxando-a pelo cabelo para que seus olhos se encontrassem. — Mas você ainda tem fogo nos olhos. Isso vai tornar tudo ainda melhor.—Quem sabe eu não aproveito desse seu fogo pra me aquecer tenho me sentido tão sozinho.—Ele falou em voz mais b