O choro de Isabella ecoava no carro como uma canção partida. Envolta na jaqueta de Luca, seus ombros tremiam silenciosamente. Não havia mais gritos. Apenas aquele vazio, como se o corpo dela ainda estivesse preso ao galpão enquanto a mente se perdia num labirinto de terror.Luca, ao volante, olhava pelo retrovisor com preocupação contida. Nunca o vira assim. Nem quando enterraram homens vivos. Nem quando executaram traidores. Mas agora... aquela menina, destruída por dentro, o fazia desejar que Vittorio deixasse algo para ele acabar.Isabella agarrou a gola do casaco, como se fosse a única ancora contra o mar de lembranças que a puxava para o fundo. A voz do Demônio ainda sussurrava nos cantos da sua mente. O toque. As ameaças. A humilhação.Ela não sabia onde Vittorio estava. Mas esperava, com todo o sangue ainda quente, que ele estivesse destruindo o mundo por ela.A morte daquele Demônio não iria trazer nada de bom para sua vida, mas saber que ele não seria mais um risco real, lhê d
O vapor ainda subia da pele de Isabella quando ela envolveu o corpo com o robe branco. Seus cabelos úmidos colavam-se ao rosto, e seus olhos ardiam — não só pelo calor do banho, mas pelas lembranças que ferviam em sua mente.Ela poderia ter chamado uma das empregadas. Poderia ter pedido algo para beber, ou simplesmente batido a campainha e esperado que alguém viesse servi-la. Mas não quis.Precisava caminhar. Sentir o chão sob os pés. Dominar cada passo da própria vontade.Voltar para a realidade, voltar ao normal. Normal?! Meu Deus sua vida podia ser tudo menos normal, des de que se aproximara de Vittorio sua vida tinha sido tudo menos normal. De uma menina que trabalhava em algum escritório qualquer, à assistente de Mafioso, virando sua noiva sem muita escolha, apresentada a Famiglia da Mafia e não podemos esquecer um quase triângulo amoroso, (alguém que nunca foi desejada por ninguém agora tinha dois homens dispostos a brigar por ela), acusada de infidelidade, sequestrada, molestada
A noite ainda envolvia a cidade quando Vittorio estacionou o carro na entrada da mansão. As luzes externas lançavam sombras sobre seu rosto endurecido, os olhos sombrios refletindo tudo o que havia acontecido naquela noite. A resposta que buscava finalmente fora arrancada dos lábios do Demônio, e agora, cada célula do seu corpo queimava com um único propósito: proteger Isabella.Ele deveria ter voltado com ela, mas não podia. Não até garantir que nenhum outro traidor permanecia à espreita, aguardando uma nova oportunidade. E agora que sabia o nome... que soubesse, ele mesmo lidaria com isso. Mas primeiro, precisava vê-la.Vittorio desceu do carro, batendo a porta com firmeza. Luca, que o aguardava do lado de fora, soltou um suspiro discreto ao ver o chefe se aproximar.— Ela está lá dentro — informou. — Não quis companhia. Está trancada no quarto desde que voltou.Vittorio assentiu, os punhos ainda cerrados.— Algo suspeito? — perguntou, a voz baixa, mas carregada de perigo.Luca hesit
O silêncio entre eles era pesado. Vittorio sentia o corpo de Isabella estremecer contra o seu, mas sabia que não era apenas pelo cansaço. Havia algo mais. Algo que ela se recusava a dizer.Ele recuou um pouco, mantendo as mãos nos ombros dela, forçando-a a encará-lo.— Isabella — sua voz era baixa, mas afiada como uma lâmina. — Eu preciso que me diga a verdade.Ela desviou o olhar. Seu peito subia e descia rápido demais, como se estivesse sendo sufocada pelas próprias lembranças.Vittorio apertou levemente seus ombros.— Eles te tocaram?Isabella engoliu em seco, sentindo o chão se abrir sob seus pés. Seu instinto era mentir. Fingir que nada aconteceu, que tudo estava bem. Mas não estava. E ela sabia que ele não acreditaria em palavras vazias.— Não foi… — sua voz falhou, e ela fechou os olhos por um momento, tentando reunir forças. — Ele tentou, mas não conseguiu.Vittorio congelou.Sua respiração ficou pesada. Seus olhos se estreitaram, o maxilar travou. O sangue rugia em suas veias
O calor da banheira relaxava os músculos de Isabella, mas seu peito ainda subia e descia de maneira acelerada. A tensão no ar era palpável. Vittorio se sentou primeiro, puxando-a para si, acomodando-a entre suas pernas fortes. Suas mãos deslizaram lentamente pela lateral do corpo dela, dedos quentes contra a pele fria.— Você está tremendo — ele murmurou contra sua nuca, roçando os lábios ali, enviando um arrepio por sua espinha.— Eu sei — ela sussurrou, fechando os olhos.Os dedos de Vittorio traçaram um caminho preguiçoso pela curva de sua cintura, subindo devagar até seus seios. Ele hesitou. Não queria ultrapassar limites, não queria que ela sentisse que precisava provar algo.Mas Isabella segurou suas mãos e as colocou sobre seu corpo, guiando-o.— Eu quero — sua voz era um fio de desejo e decisão.O controle se esvaía de Vittorio como areia por entre os dedos. Ele beliscou levemente os mamilos dela, sentindo Isabella arfar, seu corpo se arqueando contra o dele. O membro dele late
A luz da manhã filtrava-se suavemente pelas cortinas, tingindo o quarto com tons dourados. Isabella piscou devagar, ajustando-se à claridade. Seu corpo ainda estava quente, envolto pelo calor da noite passada, mas sua mente já pesava com a realidade que a aguardava.Ela virou a cabeça lentamente e encontrou Vittorio ao seu lado, dormindo profundamente. Pela primeira vez, ele parecia vulnerável, a expressão relaxada, os traços severos suavizados pelo sono. Isabella ficou observando-o por um momento, permitindo-se sentir algo que não sabia nomear. Segurança. Desejo. Medo.O que aconteceu entre eles na banheira ainda queimava em sua pele, mas a sensação se misturava ao peso das verdades que precisavam ser ditas. O casamento estava próximo. A prima notte seria exigida. E, além disso, havia a conspiração.Seu peito apertou. Ela precisava contar a ele.Com cuidado, ela deslizou para fora da cama, vestindo um robe leve antes de caminhar até a janela. A cidade se estendia à sua frente, mas a s
A mansão estava silenciosa, mas a tensão no escritório de Vittorio era sufocante. As cortinas pesadas bloqueavam a luz da manhã, deixando o ambiente mergulhado em sombras. Sobre a mesa de mogno, papéis espalhados e um copo de uísque intocado ao lado de um revólver carregado diziam muito sobre o estado de espírito de Vittorio Moretti.Luca estava de pé, os braços cruzados, observando o chefe com cautela. Ele conhecia aquele olhar. Vittorio estava no limite, e quando ele ficava assim, sangue era derramado.— Precisamos agir rápido — Luca disse, quebrando o silêncio. — Se há empregados envolvidos, eles sabem que Isabella ouviu. Vão tentar silenciá-la antes que a gente os pegue.Vittorio passou a mão pelo queixo, os olhos fixos em um ponto distante.— E é exatamente isso que eu quero que tentem. Quero que se sintam seguros o bastante para dar um passo em falso. Assim, vamos esmagá-los.Luca assentiu, compreendendo o plano. Eles não podiam simplesmente sair interrogando os empregados. Isso
A noite em Nápoles era quente, pesada, como se o próprio ar conspirasse para esconder segredos. As ruas estreitas e sinuosas do bairro antigo eram iluminadas apenas por faróis fracos, que lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra. Era ali, no coração da cidade, que o poder verdadeiro se escondia, longe dos holofotes e das manchetes. A máfia não precisava de luz para governar; ela prosperava nas trevas.Vittorio Moretti, conhecido como Il Fantasma — O Fantasma —, era um homem que personificava o silêncio mortal das sombras. Alto, de olhos frios como o aço e uma presença que paralisava até os homens mais corajosos, ele era o chefe indiscutível da família Moretti. Sua reputação era lendária: implacável, calculista e, acima de tudo, perigoso. Mas havia uma regra que ele nunca quebrava: nunca se envolver emocionalmente. Até agora.Do outro lado da cidade, em um apartamento minúsculo e decadente, Isabella Rossi lutava contra o desespero. Aos 24 anos, ela já havia perdido a esperança d