JúliaAlguns dias depois…— Oh amiga, não aguento mais ver você assim! — Melissa lamenta, entrando no meu quarto sem eu esperar e imediatamente seco as minhas lágrimas, soltando um sopro alto pela boca.— Eu estou bem, Mel — digo apenas para tranquilizá-la, mas sei de que ela não está convencida disso.— Não, você não está nada bem. Pensa que eu não vejo? Você fica escondida dentro desse quarto e chorando pelos cantos. Você precisa sair dessa, Júlia senão por você, faça pelo Alex. — Minha amiga me aconselha e me abraça, e eu engulo uma nova onda de choro.— E falando nele, como ele está? — Procuro saber.— O Alex não é bobo, Júlia. Ele sabe que você está sofrendo por causa daquele homem. Ele sente a sua falta. — Puxo a respiração. — Estávamos conversando sobre a escola. — A olho com curiosidade.— Escola? — Mel abre um sorriso doce.— Alex quer voltar para a escola, Júlia e eu acho que já está na hora. Isso fará bem para ele. Você sabe, sair de casa, conhecer novas crianças, brincar…
JúliaNo dia seguinte…— Como podem ver, essa casa tem divisórias independentes do térreo e do primeiro andar como me pediu. — Charles, um jovem e experiente corretor fala à medida que abre as enormes portas de madeira e vidros transparentes, e logo uma comprida e ampla sala acoplada a uma cozinha igualmente grande entra no meu campo de visão.— Uau! — Melissa sibila abismada, enquanto seus olhos deslumbrados percorrem todo o espaço. E afoito, Alex corre por todos os cômodos.— Aqui embaixo vocês podem contar com uma ampla e bem iluminada sala de visitas e uma cozinha igualmente ampla e iluminada. E ainda uma sala de jantar bem espaçosa, além de dois quartos grandes para empregados. — Charles abre as portas, revelando quartos com janelões que vão do chão ao teto, permitindo que a visão de um lindo jardim encha
Bennett… Posso te pedir uma coisa? … Peça-me o que quiser, Júlia Ricci.… Eu sei que não posso tocar em suas cicatrizes.… Não, você não pode.… Então, deixe-me ao menos beijá-las. … Por que você faria isso?… Você me pediu para confiar em você, Bennett. … Agora sou eu que te peço, confie em mim?O som suave da sua voz preenche os meus ouvidos na calada da noite, enquanto o meu olhar está fixado em sua cama vazia e arrumada. E em cima dela tem o último vestido vermelho que ela usou estendido. E bem em cima dele tem um colar de pérolas, e um par de saltos altos do seu lado. A imagem de Júlia dentro desse vestido se desenha com perfeição dentro da minha cabeça e um n
Bennett— Desculpe, eu não entendi! Você pode repetir a sua resposta um pouco mais alto? — Seu rosto cora violentamente. Portanto, Bia respira fundo antes de repetir.— Eu não recebi nenhum, Senhor Bennett.— Entendi — ralho, enquanto a observo apertar fortemente a xícara em suas mãos. — E quantos projetos importantes delegou aqui nessa empresa, Senhorita? — Ela engole em seco agora.— Nenhum, Senhor Bennett. — Chego um pouco mais perto dela e olho dentro dos seus olhos.— Talvez se você calasse essa sua boca ferina e se dedicasse mais ao seu trabalho. Talvez, conseguisse fazer algo mais importante pela B.D, Senhorita. Vocês concordam comigo, meninas? — inquiro olhando uma a uma e elas abanam as suas cabeças um tanto constrangidas. E você, Bia, acha que estou certo? — Ela balbucia outra vez.— Me d
JúliaJúlia— Nossa, está tudo muito lindo, Júlia! — Melissa, minha melhor amiga de infância diz, abrindo um sorriso para linda e colorida decoração de um aniversário infantil.Sorrio também.— Você acha que ele vai gostar? — pergunto, sentindo-me ansiosa pela chegada de Alex.E pensar que nem tudo era simples e feliz assim na minha vida. Lembro-me do dia que me apaixonei à primeira vista pelo jovem e lindo Adrian, e pensei que esse seria o começo para uma felicidade plena e sem fim. E eu sei que teria sido exatamente assim se não fosse um maldito acidente que o tirou precocemente de mim. Depois, em meio a dor da sua perda, descobri que Adrian havia deixado um presente valioso para mim. Eu estava arrasada, mas estava grávida também. Perdida em uma linha temporal entre a felicidade de esperar um bebê e a tristeza de perder meu grande amor. Então descobri que pelo meu filho eu teria que sobreviver a essa tempestade. Por um tempo me vi sozinha e desesperada, mas tive que me recompor. Por
Júlia— Táxi! Táxi! — Chamo com um tom elevado na voz, correndo feito uma maluca porque estou em cima do horário como sempre. — Obrigada por esperar! — falo, acomodando-me no banco traseiro do carro e logo que ele entra em movimento fito a fachada do hospital, que deixo para trás com o meu coração partido.Arquitetura sempre foi o meu grande sonho e trabalhar para uma empresa de grande porte, que pode fortalecer o meu nome nesse mercado é uma conquista. No entanto, todos esses sonhos ficaram estagnados no instante que conversei com o cardiologista que me disse que o meu filho tem seus dias contados caso ele não faça um transplante de coração com urgência. Portanto, tenho trabalhado feito uma louca desde então. Horas extras por cima de horas extras para aumentar a minha renda e assim poder juntar um valor exorbitante para salvar a vida do único amor da minha vida. Com tanto trabalho tenho poucas horas de descanso e essas, eu dedico para o meu filho, passando noites e noites no hospital
Júlia— Como foi hoje? — Procuro saber.— Ele está bem cansado e dormiu praticamente o dia todo. — Solto um suspiro de lamento e me aproximo da cama para deixar um beijo calmo nos seus cabelos.— Eu já vou indo. — Melissa avisa, ajeitando a sua bolsa no seu ombro.— Está bem. E, obrigada por ficar com ele de novo!— Você sabe que eu faço com amor, não é? Não precisa me agradecer, querida. A final, é para isso que serve as amigas e além disso, eu sou a madrinha do Alex.Sorrio e após a sua saída, fico um tempo do lado do meu filho.— Mamãe? — Sua voz fraca faz um nó sufocar a minha garganta.— Oi, filhote! — Ponho um pouco de empolgação na minha voz, enquanto o abraço deitado na cama.— Você demorou!— Eu sei. É que a mamãe tinha uma reunião, mas… — Abro um sorriso largo e pego a minha bolsa. — Eu trouxe algo para a sua coleção. — Meu garoto abre um sorriso espontâneo, porém, fraco e ainda, os seus olhos se enchem de expectativas quando tiro uma pequena embalagem, estendendo-a para ele
JúliaEu acredito que um design orgânico para uma estrutura tão sofisticada ficaria legal. Penso, enquanto deslizo o mouse pelo desenho 4D. Hum, um balaústre daria mais dinamismo e elegância para as varandas também. Determino, arrastando uma linha para fechar melhor o desenho.… Soube de um doador compatível que está a caminho desse hospital. Meu trabalho é interrompido por um pensamento e eu respiro fundo.… É uma cirurgia muito cara e o plano de saúde do Alex não cobre.Cinquenta mil. Onde vou arrumar tanto dinheiro?— Júlia, você já terminou os croquis que te pedi?— Ah… o que? — Desperto atordoada.— O que há de errado com você? — Bia pergunta, me analisando com mais atenção.— Não é nada. — Meio a cabeça.— Eu preciso dos croquis, Júlia.— Ah claro. Eles já estão prontos. — Levanto-me e vou até a outra mesa para pegar o que me pediu.— Você está bem calada hoje. Tem certeza de que está tudo bem?— Eu tenho. Obrigada por perguntar! — Ela pega o que precisa e vai para a sua mesa.