Bennett
Tem sido assim desde que a expulsei da minha vida. Voltar para casa e encontrar a sua quietude me deixa frustrado, inquieto e irritado. Eu não havia percebido, mas já estava acostumado com a vida que eles davam para a minha casa. Toda a alegria e agitação do Alex, o som das suas risadas e as nossas brincadeiras. As conversas profundas com a Júlia e o seu calor sempre me acompanhando.
— Precisa de ajuda, Senhor? — Meu motorista indaga quando não consigo abrir a porta da casa. — Deixe-me ajudá-lo, Senhor Bennett? — Ele tira a chave da minha mão e a leva para a fechadura, abrindo a porta para mim. Entretanto, ao adentrar o hall, escuto o som ambiente espalhando uma melodia suave e o meu coração dispara em vida.
Júlia, ela voltou para mim! Penso e apresso os meus passos.
— Júlia! — A chamo ansioso, entrando na ampla
Júlia— Oh meu Deus, Júlia como você está linda! — Melissa vibra ao entrar no meu quarto e sorrio para ela através do reflexo do espelho de corpo inteiro.— Gostou?— Se eu gostei? Definitivamente os homens desse evento vão babá em cima de você.— Não seja exagerada! — resmungo, admirando o tomara que caia em paetê em tom de massala profundo. O decote assimétrico me faz sentir um tanto ousa, enquanto uma fenda lateral adiciona um charme sedutor a dama diante do espelho, mas sem comprometer a sua classe e profissionalismo.— Exagerada? — Ela retruca, atraindo o meu olhar outra vez. — Acredite, Júlia Ricci, você vai arrastar dezenas de corações dos homens de negócios e ainda vai atrai-los para a nossa empresa. E acredite, eu não me admiro. Com essa sua silhueta até eu me apaixonaria por você. Esse detalhe de uma manga longa e um braço completamente nu vai deixar alguns deles malucos.— Não fale bobagens, Melissa! — retruco e me afasto do espelho para pegar a minha bolsa. — Estou indo pa
JúliaNem eu. Resmungo mentalmente. Apesar de saber muito bem que ele é o dono superior desse universo. E não sei se é impressão minha, mas seu olhar parece abrandar um pouco, enquanto ele analisa o meu rosto e por um ínfimo instante penso que é ele. O meu David Bennett amante e carinhoso. Aquele que me ensinou a amar outra vez e esse pensamento faz o meu coração destroçado bater mais forte, quase saindo pela minha boca. Entretanto, eu sei que esse homem não existe realmente. Que esse David não passa de uma criação da minha mente e do meu coração.— Eu não esperava vê-lo aqui — confesso.— Júlia, será que podemos conversar? — Bennett pede estranhamente cauteloso, dando dois pequenos passos na minha direção. Penso em recuar, mostrar-lhe que não quero que se aproxime, mas os
Júlia— Falei com eles sobre você, Melissa Jones e eles querem conhecer o seu trabalho como decoradora de interiores. — A mulher abre um sorriso largo demais.— Ain! — Melissa vibra e me abraça outra vez.— Ora vamos, deixe-me comer! — resmungo quando ela permanece nos meus braços. — Nossa, eu estou faminta!— Por favor, Senhorita Ricci, não queremos matar nosso novo membro da família de fome. — Ela cantarola, puxando uma cadeira para mim. — Aliás, você tem uma consulta com uma obstetra marcada para daqui a duas horas. — Mel avisa, ocupando o seu lugar.— Eu posso ir também? — Alex interpele de boca cheia.— É claro que pode, Senhor homenzinho da casa — retruco, beijando a sua bochecha.— Yes! Mamãe, será que já consegue ver s
BennettMomentos antes do evento…Derramo o resquício do líquido cor de âmbar dentro do meu copo e com um suspiro frustrado, entorno a bebida de uma só vez na minha boca. E após deixar uma nota de cem em cima da mesa, saio do bar um tanto cambaleante direto para o meu carro, mas dessa vez decido não ir para casa.— Para o Residence River, Mateo — ordeno, me jogando de qualquer jeito no banco traseiro.— Já está tarde, Senhor Bennet. Não é melhor irmos para casa?— Para que? — resmungo, sentindo a minha voz arrastada. — Ela está fria e vazia sem eles lá. — Com um suspiro alto o meu motorista liga o motor do carro e à medida que ele corre pelo asfalto, penso em mil maneiras de pedir para ela voltar para casa.Eu te perdoou se você voltar!Perdoa-la de que, seu babaca insensível? Minha consciência rosna irritada.Volte para casa e eu prometo não ser tão babaca?Que droga, Bennett, você já está sendo um babaca antes mesmo de pedir-lhe para voltar!Bufo alto e contrariado. E quando percebo
Bennett— Que absurdo, você me deixou sozinha lá fora com aqueles fotógrafos idiotas! — Minha sócia resmunga discretamente, porém, irritada assim que me alcança dentro do salão. Contudo, ao invés de lhe responder entorno a bebida e vou ao encontro de Robert Stell, um magnata do meio de comunicações. — Vê se não exagera, David!— Por que você não vai atrás do próximo da lista? — sugiro um tanto rabugento. — Assim acabamos rápido com essa droga toda. — Ela bufa em resposta e assim que me aproximo de Robert, Monique enlaça o seu braço no meu e sorrir amplamente para o empresário. Sem qualquer pompa, me livro do seu agarre e inicio uma conversa com o CEO, que percebe o constrangimento da mulher ao meu lado. — Robert Still, a quanto tempo?— David Benett! — Logo apertamos as mãos.Falar sobre projetos e construções é o meu universo, e me faz esquecer desses últimos dias dentro da prisão que eu mesmo me coloquei. Contudo, no meio da roda de amigos e de homens poderosos, percebo uma silhueta
— Bom dia a todos! — falo usando o meu melhor profissional para um pequeno grupo de jovens reunidos ao redor de uma sala retangular não muito grande, que comporta seis cadeiras. — Meu nome é Júlia Ricci e essa é a Melissa Jones, minha sócia. Vocês estão aqui para fazer um teste de seleção, pois infelizmente não poderei contratar todos. Mas, para ser justa entregarei uma simulação de um projeto de médio porte e espero que vocês escrevam nos bloquinhos algumas ideias que surgirem em suas cabeças. E após escolhermos as quatro melhores ideias, entregarei para os semifinalistas algumas cartolinas em branco. A ideia é escolher entre os três melhores croquis. Portanto, caprichem. A Melissa fará uma análise desses desenhos e eu anunciarei os dois vencedores. Tudo bem?Após explicar os detalhes de cada etapa de classificação para a escolha dos melhores estudantes de arquitetura e decoração, deixo o pequeno grupo concentrado em seus trabalhos e vou para a minha sala que fica bem no hall de entr
Júlia— Ah pelo amor de Deus, é tão difícil assim de entender?! — Melissa resmunga fula da vida, se metendo na conversa. — Ela pediu para você ir embora daqui homem! Então por que você não põe o seu rabinho entre as pernas e sai logo daqui?! — A baixinha enfrenta o seu olhar altivo e nitidamente alterado. Entretanto, Bennett se dar por vencido, engolindo toda a sua altivez e engole em seco. Os seus olhos imediatamente buscam os meus, porém, o fito com indiferença. Em silêncio, Bennett ergue o buque de flores e o coloca em cima da minha mesa.— Meus parabéns pelo escritório! — Ele diz seco. — Eu sempre acreditei que você chegaria longe e você só está me provando que eu estava certo. — Tenho vontade de rebater, mas permaneço calada. — Espero que elas alegrem o seu dia, Júlia. — D
BennettCovarde! Covarde! Isso que você é, um grande covarde!Resmungo puto comigo mesmo, dando alguns passos duros para dentro da BD e ao alcançar a minha sala, Anne tenta falar algo, mas a interrompo brutalmente.— Não passe nenhuma ligação para mim e não deixe ninguém entrar na minha sala! — ordeno tão irritado, que ela chega a se encolher. — Eu não quero ser incomodado, Anne! Entendeu?! — A mulher meneia a cabeça um tanto nervosa e eu entro no meu escritório, batendo a porta com mais força do que o necessário.Por que não contou para ela? Questiono com mais raiva dessa maldita covardia. Por que não disse de uma vez que a amava?— Porra! — berro, batendo com força na cadeira executiva que começa a girar sem parar.E o Alex? Meu Deus, o olhar que