JúliaAbrir os meus olhos e perceber que estou em um quarto diferente me fez perceber que a noite passada não foi um sonho. O meu chefe esteve realmente em minha casa tarde da noite e trouxe a mim e o meu filho para o calor aconchegante da sua mansão luxuosa. O que é estranho, visto que o Sr. de Ferro não é de fazer caridades e menos ainda favores para os menos favorecidos como eu. Mas não posso reclamar. Ele realmente salvou o Alex de uma noite fria e estressante, e eu nunca poderei agradecê-lo o suficiente por isso.E falando em Alex. Salto imediatamente para fora da cama, ponho um sobretudo de seda e vou para o quarto ao lado. Contudo, paro surpresa quando encontro uma mulher que eu não conheço lá dentro.— Quem é você? — questiono, passando pela porta no mesmo instante.— Ah, bom dia! Meu nome é Milena, eu sou a enfermeira que o Senhor Bennett contratou para cuidar do Alex. — Abro a boca para falar, mas ela continua. — Você deve ser a Júlia, certo?— Ah, sim.— É um prazer, Júlia!
JúliaAlguns momentos depois…— Bom dia, Senhorita Ricci! — Uma mulher usando uniforme fala assim que desço as escadas da mansão.— Ah, bom dia! E o Senhor Bennett? — Procuro saber, enquanto os meus olhos percorrem curiosos pela imensa e luxuosa sala de estar.— Ah, o Senhor Bennett teve que fazer uma viagem de emergência durante a madrugada. Mas ele deixou ordens para fazer o que a Senhorita e o Senhor Alex precisarem.Senhor Alex, uau!— Entendi. E, o Senhor Bennett disse quando volta?— Não, Senhorita. Geralmente o Senhor Bennett não nos fala nada sobre sua agenda e horários. Essa informação é somente para a Senhorita. A propósito, o café da manhã já está servido. É por aqui. — A jovem Senhora aponta uma direção e caminha na minha frente, guiando-me para uma sala ampla e bem iluminada por suas enormes portas de vidros transparentes que vão do teto ao chão. Uma sala de jantar com vista para um vasto e lindo jardim. Penso quando fito a enorme mesa retangular de doze cadeiras, farta d
Júlia …Um clarão tomou conta do meu quarto, seguido de um som estrondoso que me fez sentar imediatamente na cama. Assustada, olhei para a janela e vi a violência com que as grossas gotas de chuva crepitavam contra o vidro transparente da janela do meu quarto. Adrian! Pensei quando não o encontrei do meu lado na cama e apavorada, olhei no mesmo instante para o relógio digital sobre o criado mudo.Duas da madrugada.— Droga, cadê você, Adrian? Ralhei, saltando para fora da cama e um arrepio de frio percorreu a minha coluna no mesmo instante. Preocupada, peguei o meu celular e liguei para ele. Uma sequência de ligações que roubaram a minha paz e que trouxe o medo e a insegurança. Contudo, ele não atendeu nenhuma das minhas ligações. Em algum momento a campainha começou a tocar, fazendo-me correr ansiosa para fora do cômodo e com o meu coração em festa, destilando uma gota de alívio para a minha alma, abri a porta cheia de esperança. Mas uma confusão me acometeu quando encontrei alguns
JúliaAs horas se avançam, mas eu não consigo mais dormir. A chuva finalmente parou e o céu já apresenta alguns raios claros, avisando que o dia logo chegará. Olho para a saída do cômodo. Para a porta de madeira que nos separa e me sinto tentada a ir até lá saber se ele está bem.Respiro fundo.— Não é da sua conta, Júlia — digo para mim mesma, já que ele deixou bem claro que me quer distante. Lembrar dos seus sons volta a me inquietar e eu dou alguns passos apressados na direção da porta fechada, parando bruscamente a centímetros dela. — Não é da sua conta! — repito mais firme agora e me forço a voltar para a cama.***Na manhã seguinte…— Bom dia, Senhorita Ricci!— Bom dia, Lucy! E o Senhor Bennet? — Procuro saber.— Ah, ele já saiu, Senhorita. — Arqueio as sobrancelhas. — Parece que tem alguns negócios para pôr em dia. — Lucy justifica o seu chefe.Ele está fugindo de mim. Penso. Provavelmente ele não quer me encarar depois do que houve na noite passada. E parece inacreditável, ma
Bennett— Que porra está acontecendo com você, David?! — Abravanel rosna irritado, entrando repentino na minha sala. — Pode me dizer que bicho te mordeu, droga?!— Se está se referindo a irresponsabilidade do seu arquiteto, eu fiz mais do que certo em demiti-lo. A Bennett Designer não pode arcar com os erros de amadores, Senhor Abravanel! — rebato igualmente irritado, porém, sem tirar os meus olhos da tela do computador.— Que droga, David! Não dá para assumir as obras do Palace, quando estou sobrecarregado com a supervisão da Vitton, os detalhes do Parque Nacional e ainda, os croquis dos novos projetos.— Se o problema todo for esse, deixe a Vitton comigo. — Escuto o som do seu riso sarcástico em resposta a minha sugestão.— Você e a Júlia trabalhando juntos nesse projeto? — Ele rebate com desdém. — Sabe que isso não vai dar certo, não é?Paro o que estou fazendo para encará-lo duramente.— E por que não daria certo? — grunho mantendo o meu autocontrole.— Porque você não a suporta,
Bennett— Sério? — inquiro com fingida surpresa.— Sério. E ela é bem grande. — Ele reforça o tamanho da sua cicatriz.— E, eu posso vê-la?Não é um pedido estranho. A verdade, é que talvez. Eu disse talvez, se eu vir a sua cicatriz me faça pensar que as minhas marcas sejam inferiores e quem sabe mude algo dentro de mim.— É claro. — Alex parece se orgulhar da sua marca pois prontamente ele ergue a sua camisa para revelar-me uma cicatriz em linha reta que vai da altura do seu peito até uma parte uma ínfima parte do seu abdômen. — A minha mãe me disse que ela está aqui para me lembrar a vida.— Ela te disse isso? — Em resposta Alex faz um sim com a cabeça.— Eu tenho um coração novo, sabia? E ele bate muito forte.— Você é
Júlia— Sonhe com os anjos, filho! — sibilo baixinho, saindo da sua cama e do seu quarto logo em seguida, fechando a porta com cuidado.Dentro do corredor, olho as horas no meu relógio de pulso e penso que dá tempo trabalhar um pouco nos croquis da Vitton antes do meu descanso merecido. E enquanto caminho para o andar inferior percebo a quietude dessa casa, que só não está completamente silenciosa devido o barulho da chuva que está caindo lá fora. Contudo, assim que adentro do escritório da mansão Bennett paro extasiada com a linda imagem de um temporal brincando com o vento, enquanto molha o belo jardim adormecido.Mãos à obra, Júlia. Digo em pensamentos, deixando de lado essa visão relaxante e espalho alguns lápis coloridos e grafites que me ajudarão a desenvolver as linhas e texturas de que preciso para dar vida as minhas ideias. Passo horas decidindo entre ruas, paisagens e jardins. Paredes, divisórias, portas e janelas. Em algum momento os meus olhos começam a protestar e decido
JúliaMe desculpe, mas eu não posso! Não posso ficar aqui com você. Penso e afasto o seu braço com cuidado para sair da sua cama e do seu quarto logo em seguida.… Eu me cansei de você!… Eu vou destrui-la, assim como você me destruiu!As suas palavras cheias de ódio preenchem a minha mente à medida que a água morna do chuveiro molha o meu corpo. Lembranças de momentos de terror e de pânico me faz puxar mais uma respiração consternada.… Está doendo!… Pare, mamãe!O ar me falta e decido encerrar o meu banho.— Por que uma mãe faria algo tão perverso contra o seu próprio filho? — Me pergunto e volto a puxar a respiração. Contudo, paro diante de um espelho na bancada de mármore do banheiro e fito as marcas dos seus dedos ao redor do meu pesco&c