Seu calor

Como na noite anterior, esfriou, e o vento que vinha do mar me fazia estremecer. Não tinha roupa que abrandar o frio, eu me encolhida como uma bola não conseguia me aquecer, mas a exaustão sempre vencia. Eu sempre dormia pelo cansaço.

Eu tinha feito uma cama improvisada de palha e folhas, depois usava as cangas para forrar e outra para me cobrir e usava o colete como travesseiro.

Tentava uma área razoavelmente protegida, mas era impossível, imaginava um inseto ou um animal saindo de dentro da ilha.

Estava sonolenta com minha mente enevoada, mas eu o vi novamente, um animal grande como um lobo de olhos azulados gelo como cinza, sentado calmamente ao meu lado observando meu rosto e depois meu corpo.

Senti lambida em meu corpo, eram principalmente nos machucado.

Mesmo no estado que estava, bêbada, grogue ou drogados, eu diria todas as alternativas pois, não tinha reação nenhuma.  Claro que estava sonhando essa era a única e possível verdade.

Parei de tremer e bater o queixo no instante que,  um grande e quente corpo deitou-se ao meu lado. Relaxei meu corpo tenso pelo frio e mergulhei na profundeza do sono.

Sentindo quando aquela sensação de aconchego passou, meu amigo imaginário deveria ter ido embora. Ainda era noite quando abri uma linha de visão. Ele estava uns cinco metros me observando e calmamente foi embora.

Eu não estava sozinha totalmente,  um alívio me aqueceu.

Tinha um amigo de quatro patas naquele lugar também. Eu iria procura-lo e o levaria comigo pra onde eu fosse. Com esse pensamento voltei a dormir.

 

******

 

 Quando o sol nasceu majestoso no horizonte eu já estava acordada, sentada na areia, olhando para o céu.

Meu estômago roncava e minha boca não tinha saliva nenhuma. Estava processando a noite passada e meus passos do dia. Minha cabeça ainda doía bastante. Hematomas roxos cobriam parte do meu corpo, mas estava curando numa assombrosa rapidez.

Peguei um dos cocos do chão e esmaguei-o contra a pedra. Com meu café da manhã tomado. “eu realmente mataria por um café". Essa dor de cabeça com certeza devesse ao fato da abstinência de cafeína.   

Durante a hora seguinte, testei todo meu conhecimento para acender o fogo, depois de quase duas horas tive um vislumbre de uma chama,  pelo menos estava no caminho certo. Meus braços ficaram doendo.

Caminhei para o outro sentido da praia na esperança de alguma pista, mas só areia, mas. Mais areia e mar. Minha pele já muito sensível e vermelha me fez entrar na ilha caminhei por entre árvores amontoadas,  elas cresciam bem próximas.

Depois de um tempo, quero dizer horas. Eu avistei uma corrente de água, inaceitavelmente tinha uma na ilha. Era estreita, mas daria para beber. A água estava clara, com aparência agradável, sem cheiro e tinha um gosto salobra.

À felicidade me pegou por um instante,  mas logo apagou. Eu precisava voltar para casa. Queria minha vida de volta.

Marquei o local com uma indicação na praia para achar fácil a água.

Continuei por entre a vegetação, queria achar meu amigo noturno. Era apavorante e excitante.  E se ele ficasse feroz comigo acordada? Talvez achasse que fosse uma ameaça? Eu teria que pagar para ver.

Conforme explorava, meu coração batia muito rápido. Tive a sensação de ser vigiada algumas vezes,  mas não ouvia nada.

Cheguei até a clareira que tinha visto no dia anterior.  Olhei em volta e então o vi, foi só um pouquinho, mas sei que era ele.  Então chamei;

 — Lobinho. — Como se ele fosse atender esse nome — resmunguei. — Quais são as chances de ter um lobo, cachorro em uma ilha desabitada na Maldivas? — Isso é loucura, eu até falo sozinha aqui.

Sai do estupor com as gotas de chuva que caíram por um tempo. Consegui chegar até minha mala. Estava segura e bem fechada. Ela valeu cada centavo.

Aproveite o descanso merecido, deveria ser bem umas quatro da tarde, o sol estava leve e uma brisa começava. 

Eu já esperava ter meu amigo me aquecendo mais tarde.

Aproveite pra ler um livro que tinha trago para fazer-me companhia.

Queria esquecer que mais um dia tinha passado e não tinha sido encontrada.

Mas a emoção me dominou, eu estava ficando desesperada.

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