Eu esfreguei os olhos que as lágrimas teimaram em descer por meu rosto já inchado de tanto chorar. Com o rosto nas mãos, quieta, esperando que um milagre acontecesse e eu me livrasse desse pesadelo. Mas eu sabia que nada seria tão fácil assim. Mais uma manhã se iniciava e eu já me desesperava sem saber o que fazer com aquela certeza de que não teria meu filho comigo caso vivesse em meu mundo. Nada de datas comemorativas com meus pais ou primeiro dia de aula, primeiro dentinhos, risadas com Jasm ou brincadeiras com meu gatinho. O problema não dava trégua e eu rezava ardentemente para que algo de bom ocorresse, que alguma solução aparecesse. Tentei me acalmar. Tudo ali dependia de mim e eu não podia me entregar à exaustão. Precisava pensar e encontrar uma saída. O meu prazo se esgotava rapidamente. Faziam quatro meses que eu tinha voltado para casa. Fingindo voltar a minha vida, meu apartamento, com minha rotina. Assim que cheguei fui ver meus pais e não tive coragem de dize
Brenda foi despertada por um barulho. Percebeu que ou havia desmaiado ou caído no sono. Amon ou melhor Anúbis a carregava para seu quarto. Ela respirou o seu cheiro maravilhoso e seu calor a envolveu em seu redor, tão firmes eram seus braços. Ele rosnou suavemente. — Você não pode ficar sozinha, e nem aqui nesse mundo. Seu corpo e minha descendência precisam de cuidados e você aqui escondida de todos não ajuda muito. Tentei ficar afastado, mas meu filho chamou por mim agora. Brenda o olhava atônita ainda acolhida em seu colo. — Eu…— foi interrompida com a chegada de um senhor bem baixinho e grisalho. — Sim, você o conhece. — o senhor apenas assentiu com a cabeça. Colocando uma maleta em couro no chão, olhou para Anúbis em um semblante apreensivo. — Estamos prontos. — seu olhar mudou para Brenda que imediatamente mudou o semblante. Seu rosto de repente ficou pálido, e ela engasgou. Os braços de Anúbis se afrouxaram e ele depositou ela sobre a cama. Brenda tentou segurar-se
Um grito de recém-nascido ecoou pelo ar.Aron não conseguia acreditar no que ouvia, um grito estridente vindo dos braços de Thorne o deus da cura, quase caiu de alívio pelo som maravilhoso que ouviu.Um dos sacerdote se inclinou para pegar o cordão umbilical e cortá-lo.O bebê chorou e se mexeu no colo do cuidador. Ele realmente parecia saudável e de tamanho normal, ou até um pouco maior. Aron olhava embasbacado para seu filho com uma humana nos braços de Thorne, que aceitava outra toalha de um dos sacerdote para enxugar o bebê, que parou de chorar, mas continuou a se mexer e chutar com suas pernas gordinhas.Thorne e Aron se olharam e ambos abriu um grande sorriso cúmplice um para o outro enquanto enrolava o bebê em um lençol, segurando-o de pé.– Ele parece bem. – Thorne riu, abrindo um sorriso enorme. — Muito saudável também. Sua cor é perfeita, ele respira como um campeão, tem dez dedos nos pés e nas mãos e é forte.O cuidador seguiu para Aron com seu filho no colo, que hesitou e
A árvore de Natal brilhava no canto da grande sala. As crianças tinham decidido tudo sobre esse Natal: local, decoração e presentes. Grandes bolas brilhavam penduradas de todos os ramos, lembrando uma árvore frutífera. Brenda procurava com olhar seu primogênito, agora com quatro anos, brincando com sua mãe. Ela mostrava a Nosh como amarrar uma fita em um ramo. Essa era a visão que ela sempre quis, a família. E agora tinha. No entanto, algo estava faltando. Aron não estaria ali, sua mãe, de todas na sala, a pegou olhando e sorriu. — Eu ainda não posso acreditar que tenho um neto lindo assim. — Fica bajulando que sua outra filha lhe mata. Quando Noah pegou o arco e correu para porta da sala para mostrar a alguém que chegava, Brenda o viu. Aron encontrou o pequeno no meio do caminho e seguiu para ela. — Eu não queria ficar mais dias sem você, você sabe. Também não queria ficar longe desse garotão aqui. — Sim. — Concordou com lágrimas a derramar. — Olha papai, a árv
Atravessando a multidão, ao mesmo tempo que puxando a mala levemente pesada com rodinhas, penso se todos em Boston tinham decidido voar hoje. Quando finalmente cheguei ao guichê da US Airways, o atendente do check-in gentilmente fez seu trabalho, etiquetou minha bagagem e me entregou o cartão de embarque. — Obrigado, Srta. Back. Já fiz seu check-in para Male. Tenha uma boa viagem. Enfiei meu cartão de embarque na bolsa e virei para me despedir de minha irmã e cunhado. — Obrigada por me trazer. — Eu acompanho você, Brenda. — Não precisa — falei, balançando a cabeça.— Tudo bem então, mas liga se precisar de ajuda. — disse minha irmã, fingindo cara de brava. — Calma, será somente quinze dias — afirmei.Com um novo beijo na bochecha ela foi embora.Já no portão, fiz minha última conferida nos documentos e segui para o embarque. Segui pelo corredor estreito até meu assento na primeira classe. Preferi ficar na janela, e então afivelei meu cinto de segurança ao lado de uma Sra. Simpáti
— Espero que não se importem se eu terminar meu jantar. Sou Brenda Back — apresentei-me sorrindo e estendendo a mão para cumprimentá-lo. — E é claro que não me importo. O avião estava sujo, mas serviria o propósito. Afivelei o cinto de segurança e fiquei olhando pela janela. O piloto terminou o jantar, pediu autorização e seguiu para longe do píer, ganhou velocidade e levantamos voo. Tentei cochilar, mas a luz do sol entrando pela janela e meu relógio biológico confuso não permitiram que eu relaxasse. Sem conseguir descansar, desafivelei meu cinto de segurança e fui perguntar a Joel quanto tempo demoraria até que pousássemos. — Mais ou menos quanta minutos. O céu estava limpo.— Ele fez um gesto na direção da cadeira do copiloto.— Pode se sentar aí se quiser. Eu me sentei e afivelei o cinto de segurança. Admirei a vista estonteante. O céu, sem nuvens e com o início do entardecer. Embaixo, o oceano Índico, em verde e azul. Um barulho estridente apita no painel, rapidamente Sr
Despeitei quase me afogando, não conseguia respirar sem engasgar. Sentia imersa pela água do mar, batia violentamente à minha volta, subindo pelo meu nariz, ouvido e agora dentro dos meus olhos.Logo as memórias voltaram como flash e me peguei chorando, sangrando e gritando. Tentei me segurar em algo que estava atrás de mim me mantendo quase fora da água. Um pedaço do avião e o colete não me deixaram afundar totalmente. Senti minha mão tocar algo e consegui me virar e subir mais sobre a prancha improvisada. As ondas estavam tão altas que fiquei com medo de me afogar de vez, fora se aparecer tubarão ou água viva, arraias; então Levantei meu rosto.— Ai, meu Deus. Falei pra mim mesma. Fechei meus olhos em prece e comecei a sentir todos Os movimentos e sons ao meu redor, o pânico era grande, mas não ia adiantar de nada agora. A correnteza começou me levar, uma lua minguante no céu tirava um pouco da penumbra. Senti minha mala e agarrei-a com desespero saindo um pouco de cima da super
Uma luz cegante me acordou, assim como um ardor em toda minha pele, sentia-me queimando, como se chamas estivessem sobre minha face. Tensa e dolorida, eu só conseguia enxergar por uma linha dos meus dos olhos.Eu me sentei com muito custo, tirei o colete salva-vidas e depois olhei para a praia que tinha conseguido nadar. Minha têmpora latejava dolorosamente, meu rosto estava inchado no lado direito devido o ferimento e havia cortes em minha testa, braços, perna, mãos e barriga. Eu estava imóvel. Contabilizava as minhas chances. Eram poucas, mas era tudo que eu tinha. A minha pele estava muito quente, me avisando que a fadiga não era só cansaço, fome e início de desidratação, também era infecção pelos cortes e hematomas. Eu estava viva, repeti isso para mim algumas vezes. Prometi a mim mesma, que faria minha lista de desejos quando fosse resgatada e não viveria tão reclusa. Iria comer e compra tudo que quisesse. Iria ter até um filho independente. PARA! Minha mente sóbria lembro