♥ Capítulo 2♥

Yara Blake.

13:00 — Empresa. — Eldoria.

Sexta-Feira.

Entro no prédio e, imediatamente, sou envolvida pela grandiosidade do lugar. O hall é vasto, com pisos de mármore brilhante que parecem nunca ter sido pisados. Lustres enormes pendem do teto, espalhando uma luz suave que reflete em todas as superfícies, dando ao ambiente uma sensação de requinte absoluto. As paredes são decoradas com obras de arte modernas, e tudo ao meu redor exala luxo e sofisticação, algo que nunca tinha visto antes.

Sinto-me desconfortável. Olho para a minha roupa simples, que, embora esteja limpa e bem arrumada, parece deslocada em meio a tanto luxo. Respiro fundo, tentando afastar o nervosismo que começa a me consumir. Não posso deixar que isso me afete agora. Preciso manter o foco.

Caminho até a recepção, onde uma mulher elegante está sentada atrás de um balcão de vidro. Ela sorri de forma profissional ao me ver se aproximar.

— Bom dia. Em que posso ajudá-la? — pergunta, com a voz suave e educada.

— Bom dia. — respondo, tentando parecer mais confiante do que realmente estou. — Eu... eu vim para uma entrevista. Meu nome é Yara Blake. — digo, tentando manter a voz firme.

A recepcionista digita meu nome no computador e, após alguns segundos, concorda com um leve aceno de cabeça.

— Ah, claro, senhora Blake. Aqui está o seu crachá de visitante. — ela diz, entregando-me um pequeno cartão com uma fita que coloco em volta do pescoço. — A entrevista será no vigésimo andar. Pode seguir para o elevador à sua direita.

Agradeço novamente, sentindo um misto de alívio e ansiedade, e sigo na direção indicada. Ao entrar no elevador, aperto o botão para o vigésimo andar e respiro fundo, tentando acalmar meu coração que parece querer saltar do peito. O elevador começa a subir, e a sensação de nervosismo só aumenta.

Quando as portas se abrem no vigésimo andar, deparo-me com um salão elegante e moderno, onde várias mulheres estão sentadas ou em pé, todas vestidas com roupas luxuosas e estilosas. Elas conversam entre si, parecendo completamente à vontade, enquanto eu me sinto ainda mais deslocada com minha roupa simples.

Meu estômago se revira de ansiedade. Sinto que todos os olhos estão voltados para mim, embora ninguém pareça realmente prestar atenção. Respiro fundo novamente, preciso me concentrar e fazer o meu melhor.

Vejo um sofá com um espaço vazio e, com muito receio, caminho até ele. Sento-me lentamente, tentando não chamar atenção, mas logo percebo alguns olhares curiosos em minha direção. Mulheres elegantes, com suas roupas caras e maquiagem impecável, me observam. Algumas sussurram entre si e riem baixinho, claramente me julgando por minha simplicidade.

Abaixo a cabeça, sentindo-me completamente deslocada e fora de lugar. Cada risada, cada olhar, faz com que eu me sinta ainda menor. Mas preciso ser firme, lembrar do motivo pelo qual estou aqui. Esta oportunidade pode ser minha chance de me libertar, ao menos um pouco, da prisão em que meu marido transformou minha vida.

Fecho os olhos por um instante e respiro fundo. Não importa o que essas mulheres pensam de mim. Preciso agarrar essa chance, custe o que custar.

Enquanto espero, tento ignorar as risadas e os olhares que ainda sinto sobre mim, quando a porta da sala de entrevistas se abre. Uma mulher sai de lá, com o rosto pálido e os olhos marejados, parecendo prestes a chorar. Ela passa por mim rapidamente, e logo em seguida, uma mulher elegante, que deduzo ser a secretária, aparece na porta.

Ela olha ao redor, examinando todas as candidatas com um olhar crítico. Quando seus olhos param nos meus, sinto meu coração disparar.

— Você é a próxima, venha. — diz, com uma voz firme, mas sem hostilidade.

Levanto-me rapidamente, sentindo os olhares de raiva e inveja das outras mulheres sobre mim. Tento ignorá-los e sigo a secretária até a sala de entrevistas. Ao chegar à porta, ela para e a abre para mim, fazendo um gesto para que eu entre.

— Boa sorte. — ela diz, com um leve sorriso, antes de me deixar sozinha.

Respiro fundo e dou um passo à frente, pronta para enfrentar o que vier.

Assim que entro na sala, sinto minhas pernas tremerem ao avistar os três homens sentados à mesa. Eles não são apenas elegantes, mas incrivelmente lindos. Meu coração dispara, e a insegurança que sentia antes agora parece uma avalanche prestes a me esmagar.

— Seja bem-vinda. Sente-se. — diz um dos homens, com uma voz firme, mas acolhedora.

Respiro fundo e, com todo o esforço que consigo reunir, caminho até a cadeira que está de frente para eles. Ao me sentar, mantenho minhas mãos no colo, tentando esconder o nervosismo.

O homem que falou comigo, sentado no centro, se inclina levemente para a frente.

— Meu nome é Magnus. — ele se apresenta, com um leve sorriso nos lábios. — Esses são meus irmãos, Kael e Damien. Eles estarão presentes durante a entrevista.

Magnus é imponente, com cabelos negros bem penteados e olhos castanhos intensos que parecem observar cada detalhe. Sua expressão é séria, mas há algo de caloroso em seu olhar, como se ele fosse capaz de ler minha mente.

Kael, sentado à direita de Magnus, tem uma postura mais relaxada. Seus cabelos são um pouco mais compridos, caindo de maneira despreocupada sobre a testa. Seus olhos castanhos têm um brilho travesso, como se estivesse se divertindo com a situação, mas há também uma seriedade subjacente que me faz querer não subestimá-lo.

Damien, à esquerda, é o mais silencioso dos três. Seus traços são marcantes, com uma mandíbula forte e olhos penetrantes. Ele mantém uma postura rígida, quase fria, mas é impossível não notar o charme natural que emana dele.

Sinto-me pequena diante deles, mas sei que preciso manter a compostura. Tento controlar minha respiração, enquanto aguardo o início da entrevista, esperando que meus nervos não me traiam.

Magnus olha diretamente para mim e, após um breve silêncio, começa a entrevista.

— Qual é o seu nome e quantos anos você tem?

Sinto meu coração acelerar, mas tento manter a calma.

— M-Meu nome é Yara Blake — digo, gaguejando levemente. — E eu tenho vinte e dois anos.

Magnus anota algo em um caderno à sua frente, enquanto seus irmãos continuam a me observar de maneira intensa. A sala fica em silêncio por um momento, o que só aumenta meu desconforto. Passo a mão na perna várias vezes, um hábito que tenho quando estou nervosa. Finalmente, Magnus pergunta:

— Por que você se interessou por esta vaga? Sabe que essa vaga é para ser a nossa cozinheira ou faxineira.

Sinto minha garganta secar, mas tento me concentrar. Sei que essa é uma oportunidade importante, e preciso dar uma resposta convincente.

— Bem, eu... — começo, hesitando um pouco, mas logo encontro minha voz. — Eu sempre gostei de cozinhar e de manter as coisas em ordem. Desde pequena, aprendi a valorizar essas tarefas, e sempre fui muito dedicada em casa. Quando vi essa vaga, senti que era uma oportunidade de aplicar essas habilidades em um ambiente diferente, mais desafiador.

Percebo que os três continuam a me observar, e meu desconforto aumenta. Seus olhares são tão intensos que parece que estão tentando ver algo em mim que eu mesma não consigo enxergar. Damien cruza os braços, ainda me analisando, enquanto Kael mantém seu olhar fixo, como se estivesse esperando por algo mais.

Passo a mão na perna novamente, tentando me acalmar, mas o gesto não ajuda muito. Sei que preciso parecer confiante, mesmo que por dentro eu esteja uma bagunça de nervos. Essa é uma oportunidade que não posso deixar escapar, e preciso me lembrar disso a cada segundo.

Kael, que até então se mantinha em silêncio, descruza os braços e olha diretamente nos meus olhos.

— Você é solteira? — Seu tom é firme e direto.

A pergunta me pega de surpresa, e por um momento, sinto meu estômago revirar. Mordo os lábios, hesitando antes de responder.

— Não. — digo, minha voz saindo mais baixa do que gostaria. — Sou casada.

Os três irmãos trocam olhares, e algo muda no ar. Um brilho diferente passa pelos olhos de Magnus e Kael, enquanto Damien, que me olha e esboça um leve sorriso, que o deixa ainda mais bonito. Por um instante, meus pensamentos se perdem admirando aquele sorriso, mas logo me repreendo mentalmente. Esse não é o momento para distrações.

Magnus toma a palavra novamente, com um tom que não deixa espaço para dúvidas:

— Sabe que, se for aceita, terá que morar na mansão. Você poderá voltar para casa na sexta à noite e retornar no domingo à noite.

Engulo em seco ao ouvir essa condição. A ideia de morar fora, mesmo que apenas durante a semana, parece impossível, considerando como Ronan é controlador. Sei que ele nunca permitiria isso sem uma boa briga. Mesmo assim, respiro fundo e concordo com um leve aceno.

— Entendo. — respondo, tentando manter a calma.

Damien, que até agora havia se mantido mais distante, inclina-se um pouco para frente, ainda com aquele sorriso enigmático nos lábios.

— Seu marido não vai se importar com a sua ausência?

A pergunta é feita com um tom quase desinteressado, mas sinto o peso dela. Minhas mãos começam a suar, e passo a mão na perna de novo, tentando esconder meu nervosismo.

— Ele vai... — começo, mas me corrijo rapidamente. — Vai se importar, claro. Mas vou conversar com ele. Se for uma boa oportunidade, tenho certeza de que ele vai entender.

Mesmo enquanto digo essas palavras, sei que elas soam mais como uma esperança vaga do que como uma certeza. Por dentro, sinto uma mistura de medo e determinação, sabendo que essa decisão pode mudar tudo na minha vida, para o bem ou para o mal.

Kael, ainda com o olhar fixo em mim, faz a próxima pergunta, o que me deixa ainda mais desconfortável:

— Você tem filhos?

Sinto meu rosto esquentar instantaneamente. A simples ideia de ter filhos já seria surreal para mim, considerando que nunca fui tocada. A pergunta me atinge de uma forma estranha, quase como se estivesse invadindo um território desconhecido e íntimo. Respiro fundo, tentando manter a compostura antes de responder.

— Não, eu... não tenho filhos.

Assim que as palavras saem, percebo como o olhar dos três homens se intensifica. Magnus, Kael e Damien me observam de uma maneira que nunca experimentei antes. É como se estivessem analisando cada detalhe, cada expressão, e isso faz meu desconforto aumentar ainda mais.

Essa é a primeira vez que tenho homens me olhando tão intensamente, e é uma sensação avassaladora. A situação toda me deixa profundamente constrangida, e mal consigo manter contato visual. Meu coração dispara, e as mãos começam a suar. Tento não demonstrar o quanto estou nervosa, mas a intensidade daqueles olhares é algo que nunca imaginei que enfrentaria.

Magnus se endireita na cadeira.

— Amélia, venha aqui. — Ele a chama com uma voz firme e autoritária.

Amélia entra no escritório e se aproxima, mantendo uma postura profissional. Ela o cumprimenta.

— Sim, meu senhor?

Magnus olha para mim e dá um pequeno sorriso. Seu olhar é intenso e enigmático.

— Já temos a nossa empregada. — diz ele, com um tom que demonstra decisão. — Dispense as outras, a entrevista terminou.

Amélia responde prontamente.

— Sim, meu senhor.

Magnus continua me observando e diz:

— Vá com a Amélia. Ela explicará as coisas para você e dará o endereço da nossa casa. Queremos que você venha no domingo à noite.

— Sim, senhor. — concordo rapidamente, tentando manter a compostura.

Enquanto digo "senhor", noto que o brilho intenso nos olhos dos três homens parece ter mudado de forma sutil, o que me deixa um pouco mexida. É uma reação que não consigo compreender completamente, mas que me faz sentir uma mistura de nervosismo e curiosidade. Seguindo a orientação, vou com Amélia, ansiosa para descobrir mais sobre o que me espera.

Quando estou prestes a sair da sala, olho para trás. Os três ainda me observam com aquele olhar estranho, mas ao mesmo tempo diferente, que mexe comigo. É um olhar que mistura intensidade e algo mais, um mistério que me intriga e me deixa ainda mais nervosa.

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