Um silêncio pesado se instalou entre nós, o ar carregado de uma tensão palpável. A confissão de Richard ecoava na quietude da cozinha, a sua simplicidade contrastando com a complexidade do que ela representava. A imagem de Angela, jovem e vulnerável, surgiu na minha mente, sobreposta à expressão determinada do meu filho.__"Eu sei, Richard," murmurei finalmente, a voz rouca pela emoção contida. "Eu sei que você gosta dela. Mas... isso não muda nada. O casamento vai acontecer." A minha voz tremia levemente, a resignação pesando como um fardo insuportável.Ele assentiu, os olhos fixos nos meus, uma compreensão silenciosa passando entre nós. Não havia necessidade de palavras adicionais; a dor compartilhada era um elo invisível que nos unia naquela situação desesperadora. A iminência do casamento de Angela, o acordo com a máfia, a impotência diante da força de Aníbal e da tradição familiar – tudo isso pairava sobre nós como uma ameaça sombria e implacável.___"Eu sei, mãe," ele repe
Aquele jardim… Lembro-me dele como se fosse ontem, a sombra daquela velha árvore, o cheiro das flores murchas, o peso da tristeza pairando no ar como uma névoa densa. Mas o que realmente me assombra, o que me persegue até hoje, é a conversa que tive com a minha mãe naquele dia. A confissão do meu amor por Angela, a sua resposta… tudo ainda ecoa dentro de mim, um eco doloroso, constante. Aquele casamento… a ideia dele me enche de uma revolta que me consome por dentro. Não é apenas a união forçada de Angela com aquele homem, Nikolai… é a sensação de impotência, de ver a mulher que eu amo sendo arrancada de mim, sendo entregue a um destino que eu sei que a destruirá. É a sensação de que não posso fazer nada para impedi-lo, de que sou apenas um espectador passivo dessa tragédia. A dor… é uma dor que não tem nome, uma dor que me corroi por dentro, que me esmaga, que me deixa sem ar. É a dor de um amor proibido, de um amor que não pode ser, de um amor que está condenado à destruição. É a
Ela me olhava, os olhos cheios de uma mistura de medo e algo mais… desejo? Eu não conseguia mais conter meus sentimentos. Segurei seu rosto em minhas mãos, meus dedos acariciando sua pele macia. O meu toque foi leve, hesitante, respeitando a sua inexperiência, a sua fragilidade. Ela fechou os olhos, um leve suspiro escapando de seus lábios._“Eu te amo, Angela,” eu sussurrei, meus lábios próximos aos dela. Ela abriu os olhos, seus pupilas dilatadas, refletindo a minha emoção. Havia um misto de medo e desejo no seu olhar, uma confusão que eu queria dissipar com o meu amor.___ Rich, você não pode amar somos primos ___ ninguém manda no coração Angela, eu te amo e pronto. Além do mais não somos primos de sangue só de consideração, seu avô adotou meu pai, ele é sua mãe não são irmãos de verdade,___ Sei disso rich mas... Segurei seu rosto entre minhas mãos e ela não não se afastou.Nossos lábios se encontraram num beijo lento, hesitante, que logo se tornou profundo e apaixonado. M
O silêncio que se seguiu era tenso, carregado de uma eletricidade que ainda zumbia entre nós. Angela, ainda próxima, mas não mais enlaçada, pegara o notebook, abrindo-o em algum site qualquer. Eu a imitava, fingindo concentração em uma página sem sentido. Estávamos sentados lado a lado na cama, mas uma distância cuidadosa nos separava, um espaço respeitoso que refletia a fragilidade do momento, a delicadeza do que havíamos compartilhado. Então, a batida na porta, seca e autoritária, rompeu a nossa bolha.“__Angela, querida, estou entrando!” A voz de Chloe, a mãe de Angela, cortou o ar.O meu coração disparou. Angela respirou fundo, fechando o notebook com um clique rápido. Quando Chloe entrou, seus olhos, penetrantes e observadores, pousaram sobre nós dois. A expressão dela era indecifrável, uma máscara de polidez que mal disfarçava a sua perspicácia.__“Richard, o que faz aqui?”, ela perguntou, a voz calma, mas com uma inflexão que sugeria uma suspeita latente.Meu cérebro traba
Precisava ver Angela, sentir sua pele próxima de mim, então tranquei a porta do meu quarto , saltei a janela e escalei a janela do quarto dela torcendo para não ser visto.O coração ainda batia acelerado enquanto eu me acomodava ao lado de Ângela. O quarto dela estava envolto em uma penumbra suave, e a atmosfera parecia carregar uma mistura de tensão e conforto. Quando ela se deitou ao meu lado, uma onda de calma me envolveu, mesmo com todas as preocupações que pairavam em minha mente. Notando seu desconforto lhe disse:__"Não se preocupe, só vim dormir do seu lado," disse, tentando tranquilizá-la. A verdade era que eu precisava dela ali, perto de mim, como um porto seguro em meio à tempestade de sentimentos que me assaltava.Ângela se acomodou, e, num impulso que não consegui conter, me curvei sobre ela e beijei seus lábios mais uma vez. Era um gesto simples, mas cheio de significados que eu não sabia se conseguiria expressar em palavras.__ "Você é tão doce, Ângela..." murmurei, o
Depois que Richard saiu do meu quarto, caí sentada na cama, a mão na boca, sufocando minhas lágrimas. Ele ia cometer uma loucura. Como evitar isso? Deveria contar a alguém o que estava acontecendo? Sabia que Nicolas, meu marido, não entenderia a situação, e também sabia que Richard me odiaria se eu falasse algo para alguém. O que fazer? A angústia me apertava o peito.Limpei meu rosto, enxuguei as lágrimas e, decidida, fui até o quarto de Ângela. Na terceira batida, ela abriu a porta, me fitando surpresa.__"Oi, tia Amy, aconteceu alguma coisa?", perguntou ela, com a voz suave.__"Posso entrar?", perguntei, tentando manter a calma.Ela me deu passagem. Entrei e me sentei na ponta da cama; Ângela sentou-se ao meu lado. Fui direta.__"O que está havendo entre você e Richard?", perguntei, observando sua reação.Ela ficou vermelha, um rubor que se espalhou por suas bochechas._/"Nada, tia. Richard tem me apoiado...", respondeu ela, a voz baixa.__"Apenas isso?", insisti, percebendo
A raiva borbulhava dentro de mim. "Amy vai para a merda, deixe de intrometer na minha vida!", gritei, o ódio me consumindo. "Você vai para a merda, sua vaca irresponsável e egoísta!", rosnei, as palavras saindo como veneno.Chloe me acertou um tapa na cara. Devolvi o golpe, minhas unhas cravando-se em seus cabelos enquanto ela puxava os meus. Gritávamos, um turbilhão de fúria e acusações.A gritaria trouxe Nicolas e Aníbal correndo para nos separar. Richard, que chegava da rua, parou atônito, observando a cena. Nicolas me segurava firme, Aníbal controlava Chloe.__"O que deu em vocês duas?", Aníbal perguntou, a voz carregada de preocupação.__"Amy está me condenando por permitir que Angela se case!", expliquei, ofegante.__"Quanto a isso, Amy, acho que você não tem que se intrometer", Aníbal retrucou.__"A partir do momento em que estão morando conosco, o problema de uma se torna problema de todos, Aníbal. Deveria estar contente porque minha mulher se preocupa com sua filha", Nicolas
O hospital nos recebeu com sua atmosfera fria e impessoal, um contraste brutal com a tempestade emocional que carregávamos. A sala de espera, normalmente um espaço de silenciosa expectativa, parecia ecoar com a nossa dor. Cada tique-taque do relógio era um martelo golpeando nossos corações, amplificando a agonia da espera.Nicolas, ao meu lado, tentava manter a calma, mas suas mãos trêmulas denunciavam sua angústia. A culpa o corroía, assim como a mim. Tentávamos nos apoiar, mas o silêncio entre nós era pesado, carregado de um remorso profundo. A cada minuto que passava, a incerteza sobre o estado de Angela se tornava mais insuportável, a espera mais torturante. A cada suspiro, cada tosse, nossas expectativas se estilhaçavam, reconstruídas em um castelo de areia prestes a ruir.Richard, no entanto, não estava conosco. Sua ausência era uma presença opressora, um vazio que amplificava a angústia da situação. Ele havia se recusado a ir ao hospital, sua inconformidade se manifestand