Os dias seguintes foram complicados. Eu me esforçava para não transparecer para Angela o meu desespero, o turbilhão de emoções que me assolava. A cada instante, a possibilidade de sermos descobertos me assombrava, me sufocando. Angela, por sua vez, tentava fingir que estava bem, mas eu via o medo em seus olhos, a tensão em seus ombros, a fragilidade em seus gestos. Ela se esforçava para manter a calma, para me dar força, mas eu sabia que ela estava tão assustada quanto eu. Então, Nikolai apareceu. Acompanhado de seu subchefe. Foi um momento de tensão insuportável. O ar ficou pesado, carregado de um medo que transcendia as palavras. Eu sentia meu corpo enrijecer, meus músculos se contraindo, minha respiração se tornando superficial. O medo de ser descoberto, de que nossa verdade viesse à tona, me paralisava. Mas havia algo mais além do medo: uma raiva bruta, primitiva, que me consumia por dentro. Ver Nikolai ali, perto de Angela, me enchia de uma fúria incontrolável. Sua mão sobre o
A imagem do meu pai, impassível e imponente, continuava a me assombrar. Sua ausência, sua impossibilidade de me oferecer apoio, amplificava minha sensação de solidão e fragilidade. Eu me sentia dividido entre a necessidade de compartilhar meu fardo e o medo de sua reação. Ele sempre fora um homem de ações firmes, de decisões inabaláveis, e a ideia de sua desaprovação me paralisava.Angela percebeu minha angústia. Em meio ao caos, ao medo constante de sermos descobertos, ela se tornou meu porto seguro, meu refúgio. Sem palavras, ela me abraçava, me confortava, me dava força. Seu amor, incondicional e inabalável, era o meu único consolo, a minha única esperança em meio àquela tempestade.— Preciso falar com alguém, Angela — confessei uma noite, a voz embargada pela emoção. — Preciso de ajuda.— Eu estou aqui, Richard — ela respondeu, sua voz suave e carinhosa. — Sempre estarei.Mas mesmo o seu apoio não era suficiente. A necessidade de um aliado, de alguém que pudesse me ajudar a
— Desconfiava que eles estivessem se encontrando, mas não pensei que tivesse chegado tão longe… — ela respondeu, sua voz quase inaudível.Ele me soltou, mas seu olhar continuou furioso, agora fixo em minha mãe.— Por que não me avisou antes, Amy? Teria mandado esse moleque para longe, teria impedido que essa loucura acontecesse… — ele a acusou, sua voz carregada de reprovação.— Eu… — ela tentou se defender, mas as palavras falharam.— Você também é culpada, Amy — ele a condenou, sua voz implacável.— Ela não tem culpa de nada, sou um homem, pai. Foi minha decisão — eu disse, defendendo minha mãe.___ E minha também tio, eu ano Richard — E por isso se entregou a ele? — meu pai perguntou a Angela, sua voz fria e implacável. — Você não tem ideia do preço que isso vai te custar!Pronto, Angela caiu no choro novamente.— Guarde suas lágrimas, você tem muito que chorar… — meu pai disse, sua voz dura e sem compaixão.— Não fale assim com ela, pai… — eu protestei, meu coração apertado ao ve
As palavras dele eram como facadas, e eu sentia a raiva crescendo dentro de mim. Cada insulto que ele lançava era um golpe, e não estava disposto a ficar em silêncio.— Você não sabe do que está falando, Aníbal! — eu gritei, a frustração transbordando. — Não sou um moleque! Eu amo a Angela, e isso é o que importa!— Amor? — ele riu, um som ácido e sarcástico. — Você acha que isso é amor? Você acabou de colocar uma marca na vida dela e na sua! Você acha que isso vai terminar bem?— Você não tem ideia do que estamos passando! — Angela gritou, suas palavras cheias de emoção. — Não é sua vida, não é sua decisão!Aníbal se virou para ela, o desprezo claro em seu olhar. — Você realmente acha que isso vai acabar bem? Eu sou o primeiro a ser morto por causa desse trato desfeito. E você, Richard, será o próximo.O ar ficou pesado com suas palavras, e eu percebi que ele estava falando sério. A ameaça pairava sobre nós como uma nuvem escura, e o medo começou a se infiltrar na minha determinação.
Com isso, Chloe se virou e saiu da sala, as portas se fechando com um estrondo que ressoou como um eco de sua dor. O que antes era uma discussão já tensa agora se tornara uma cena de desespero e traição. Angela desabou em prantos, as lágrimas escorrendo pelo rosto, a dor e a culpa tomando conta dela. Eu me aproximei, tentando confortá-la, mas me sentia impotente diante da situação. O que havia começado como um amor proibido agora se transformara em uma tempestade de emoções, atingindo todos ao nosso redor. — Angela, eu sinto muito — eu disse, tentando segurar suas mãos, mas ela se afastou, perdida em sua dor. — Isso não era o que eu queria. __Ninguém esperava que as coisas chegassem a esse ponto. — Eu não queria causar isso — ela respondeu, a voz entrecortada pelas lágrimas. — Eu só queria ser feliz. O peso da culpa a consumia, e eu sabia que as palavras de Chloe haviam atingido um ponto sensível. A raiva e a frustração não eram apenas direcionadas a mim, mas a todos nós. Era
O ar estava denso, pesado como um cobertor molhado. O silêncio na mansão era ensurdecedor, quebrado apenas pelo tique-taque incessante do relógio na sala de jantar – um relógio que parecia zombar da nossa imobilidade, cada segundo uma eternidade. Eu podia sentir o cheiro de medo, impregnado nas paredes, misturado com o aroma enjoativo de flores murchas que adornavam os vasos. A mansão, antes um símbolo de opulência, agora era uma prisão dourada.Anibal e Chloe estavam trancados em seus quartos, duas ilhas de silêncio em meio ao turbilhão de angústia. Eles não falavam, apenas observavam, esperando. Esperando o quê? Eu também não sabia. Talvez a morte. Talvez a salvação.Angela, chorava baixinho, soluços abafados que rasgavam o silêncio. Meu filho, Richard, tentava acalmá-la, repetindo frases vazias, sem sentido, como um mantra desesperado: __"Vai ficar tudo bem, Angela. Vai ficar tudo bem." Mas eu sabia que não estava bem. Nada estava bem.Encontrei Nicolas em seu escritório, falando
Fitei firme Richard, meu filho. Ele estava abatido, a sombra dos últimos dias cravada em seu rosto. O peso da situação era palpável, pairando entre nós como uma névoa tóxica. “Sente-se, filho”, pedi, minha voz mais suave do que eu pretendia. Ele obedeceu, as mãos grandes e calejadas repousando pesadamente sobre os joelhos. ___“Então, filho, o que queria?” A pergunta saiu rouca, carregada de uma apreensão que eu tentava esconder. __“Primeiramente, me desculpar, pai. Sei que sou o culpado por toda essa desgraça.” A confissão saiu em um sussurro, quase inaudível. __“Se culpar não vai mudar nada, Richard. Temos que procurar consertar o estrago.” A verdade era que uma parte de mim já havia se conformado com a possibilidade de não haver conserto. _“E se não tiver mais jeito, pai?” A pergunta, carregada de desespero, me atingiu como um soco no estômago. __“Para tudo tem jeito, filho. Acredite.” Minhas palavras soaram mais como um mantra para mim mesmo do que uma promessa a ele. Ri
A fumaça esbranquiçada do meu Narguilé, preenche o meu quarto, enquanto observo com deleite as chamas dançando insinuantes e sedutoras, elas parecem me chamar para dançar uma dança perigosa, letal. Passo alguns minutos dominado pelo leve torpor e na minha mente conturbada, lembranças difusas do passado. Recordo de coisas das quais gostaria de esquecer, a imagem vívida e detestável de Alicia, presente neste momento.Ela era a mulher que infelizmente me trouxe ao mundo, apenas isto porque a mesma nunca desempenhou papel de mãe ela uma viciada em drogas e se prostituir para pagar seu vício, ela me odiava e fazia questão de demonstrar isto diariamente me queimando com o seu cigarro. O cheiro forte de maconha me causando náuseas, me afogando diversas vezes na banheira durante o banho, também me lembro de um dos seus inúmeros amantes me espancando no meu quarto, enquanto ela transava com outro no quarto ao lado.Só aos sete anos que me livrei desse inferno, quando o conselho tutelar me tiro