Depois que Richard saiu do meu quarto, caí sentada na cama, a mão na boca, sufocando minhas lágrimas. Ele ia cometer uma loucura. Como evitar isso? Deveria contar a alguém o que estava acontecendo? Sabia que Nicolas, meu marido, não entenderia a situação, e também sabia que Richard me odiaria se eu falasse algo para alguém. O que fazer? A angústia me apertava o peito.Limpei meu rosto, enxuguei as lágrimas e, decidida, fui até o quarto de Ângela. Na terceira batida, ela abriu a porta, me fitando surpresa.__"Oi, tia Amy, aconteceu alguma coisa?", perguntou ela, com a voz suave.__"Posso entrar?", perguntei, tentando manter a calma.Ela me deu passagem. Entrei e me sentei na ponta da cama; Ângela sentou-se ao meu lado. Fui direta.__"O que está havendo entre você e Richard?", perguntei, observando sua reação.Ela ficou vermelha, um rubor que se espalhou por suas bochechas._/"Nada, tia. Richard tem me apoiado...", respondeu ela, a voz baixa.__"Apenas isso?", insisti, percebendo
A raiva borbulhava dentro de mim. "Amy vai para a merda, deixe de intrometer na minha vida!", gritei, o ódio me consumindo. "Você vai para a merda, sua vaca irresponsável e egoísta!", rosnei, as palavras saindo como veneno.Chloe me acertou um tapa na cara. Devolvi o golpe, minhas unhas cravando-se em seus cabelos enquanto ela puxava os meus. Gritávamos, um turbilhão de fúria e acusações.A gritaria trouxe Nicolas e Aníbal correndo para nos separar. Richard, que chegava da rua, parou atônito, observando a cena. Nicolas me segurava firme, Aníbal controlava Chloe.__"O que deu em vocês duas?", Aníbal perguntou, a voz carregada de preocupação.__"Amy está me condenando por permitir que Angela se case!", expliquei, ofegante.__"Quanto a isso, Amy, acho que você não tem que se intrometer", Aníbal retrucou.__"A partir do momento em que estão morando conosco, o problema de uma se torna problema de todos, Aníbal. Deveria estar contente porque minha mulher se preocupa com sua filha", Nicolas
O hospital nos recebeu com sua atmosfera fria e impessoal, um contraste brutal com a tempestade emocional que carregávamos. A sala de espera, normalmente um espaço de silenciosa expectativa, parecia ecoar com a nossa dor. Cada tique-taque do relógio era um martelo golpeando nossos corações, amplificando a agonia da espera.Nicolas, ao meu lado, tentava manter a calma, mas suas mãos trêmulas denunciavam sua angústia. A culpa o corroía, assim como a mim. Tentávamos nos apoiar, mas o silêncio entre nós era pesado, carregado de um remorso profundo. A cada minuto que passava, a incerteza sobre o estado de Angela se tornava mais insuportável, a espera mais torturante. A cada suspiro, cada tosse, nossas expectativas se estilhaçavam, reconstruídas em um castelo de areia prestes a ruir.Richard, no entanto, não estava conosco. Sua ausência era uma presença opressora, um vazio que amplificava a angústia da situação. Ele havia se recusado a ir ao hospital, sua inconformidade se manifestand
Dias se passaram desde o incidente, e Angela finalmente estava em casa e recuperando bem.A tensão era palpável no ar. Nikolai chegou pouco depois, trazendo consigo uma caixa de bombons, um gesto que, para mim, soou irônico. Eu mesma a vi, mais cedo, despejar um bombom idêntico no lixo, o invólucro brilhante reluzindo sob a luz fraca da cozinha. O silêncio na casa era ensurdecedor, quebrado apenas pelo tique-taque insistente do relógio na sala. Ninguém se dirigia a palavra ao outro; a raiva e o ressentimento eram muros invisíveis, separando cada um de nós. Meu filho, em particular, me preocupava profundamente. Ele estava cada vez mais retraído, mergulhado em um silêncio fúnebre, e seus acessos de raiva eram mais frequentes e intensos. Observá-lo era como assistir a uma lenta implosão, e o desespero me sufocava. A cada dia que passava, a situação se tornava mais insuportável, e eu me sentia impotente diante daquela crescente espiral de destruição. A angústia me consumia, e eu me
Era Natal. A casa estava toda enfeitada, um exagero de luzes e enfeites que normalmente me irritariam, mas naquele dia, pareciam apenas contribuir para a atmosfera mágica que pairava no ar – uma atmosfera que, confesso, me deixava um tanto desconfortável. Nikolai teve alguns problemas e teve felizmente que retornar a Rússia, a sua ausência era perceptível, um vazio silencioso que, no entanto, era um alívio, não acho que suportaria dividir este momento com ele. Ver Angela ali, rodeada pela família, ter um momento com ela foi o meu melhor presente. Pela primeira vez desde aquele fatídico anuncio de casamento, vi Angela feliz, ela corria de um lado e de outro da casa , como uma criança, abrindo presentes, e comendo rabanada. A alegria dela, genuína e contagiante, era um farol em meio à tormenta que tínhamos vivido nos últimos tempos. Trocamos presentes, risos sinceros ecoando pela casa, um contraste delicioso com o silêncio tenso que normalmente reinava quando Nikolai estava por per
Nossos corpos se entrelaçaram, numa dança antiga e instintiva, guiada pelo ritmo lento e profundo de nossos corações. Cada toque, cada suspiro, cada gemido era uma nota numa sinfonia de prazer e entrega. O céu estrelado acima de nós parecia testemunhar nosso amor, a imensidão do universo espelhando a profundidade de nossos sentimentos. A noite era nossa, o tempo parou, existindo apenas aquele momento, aquela união perfeita de dois corpos e duas almas. A timidez inicial de Angela deu lugar a uma entrega completa, a um abandono total. Seus dedos se entrelaçavam aos meus, seus suspiros se misturavam aos meus, nossos corpos se movendo em uníssono, numa dança harmoniosa e apaixonada. Era uma experiência visceral, intensa, que transcendia o físico, atingindo a alma, conectando-nos numa profundidade que eu nunca havia imaginado. No silêncio da noite, apenas o som de nossos corpos e o sussurro do vento quebrando o silêncio, encontramos a mais pura expressão do nosso amor. Um amor proibido,
Mas a clandestinidade, por mais excitante que fosse, também trazia consigo uma dose constante de angústia. A cada encontro, a preocupação com a possibilidade de sermos descobertos pairava sobre nós como uma espada de Dâmocles. A cada sussurro, a cada toque, eu sentia a tensão crescente, a ameaça latente de sermos flagrados. Era um fio tênue que separava a paixão do desastre, um equilíbrio precário que exigia cautela e discrição a cada instante. Angela, apesar do medo, se entregava completamente a cada encontro. Seus olhos brilhavam com uma mistura de desejo e apreensão, seus suspiros eram uma mistura de prazer e nervosismo. Ela se agarrava a mim com uma força que demonstrava a intensidade dos seus sentimentos, mas também o seu medo. E eu, por minha vez, me sentia responsável por sua segurança, por sua felicidade, por proteger nosso segredo a todo custo. A cada noite, eu me perguntava até quando poderíamos manter aquele jogo perigoso. A clandestinidade era excitante, mas insustentáv
Eu sei que minha mãe, apesar de sua compreensão silenciosa, sempre prezou pela família e pela sua segurança acima de tudo. E ela sabe, como eu sei, que a nossa relação coloca a todos em perigo. A promessa de Angela a outro homem, a possibilidade de uma guerra entre as famílias, o risco de perdermos tudo… tudo isso está presente na mente dela, e eu vejo essa preocupação refletida em seus olhos. Ela já apoiou o nosso amor o quanto pôde, mas agora o risco é grande demais. Ela já fez o que pôde para proteger a todos. E eu não sei até quando o segredo estará salvo. O olhar dela é um aviso, um prenúncio de que o nosso refúgio está prestes a ruir. A cada encontro, a sombra do conhecimento da minha mãe paira sobre nós, adicionando uma nova camada de angústia aos nossos momentos de paixão. A nossa bolha de amor, antes um refúgio seguro, agora se tornou um espaço instável, ameaçado por um perigo que se aproxima silenciosamente, um perigo que pode destruir tudo o que temos. E o olhar da m