O silêncio naquela sala era mais do que a ausência de som; era uma entidade palpável, carregada de uma tensão tão espessa que quase se podia cortar com uma faca. Angela estava sentada ao lado de Nikolai, a distância entre eles gritando mais alto do que qualquer palavra. Seu vestido rosa, que antes me parecera um símbolo de inocência juvenil, agora parecia um véu frágil, quase transparente diante da brutalidade implícita na postura de Nikolai. Seus olhos, antes brilhantes, estavam opacos, obscurecidos por uma névoa de medo que me atingiu como um soco no estômago. Aquele medo não era apenas por ele; era pelo futuro que se desenhava à sua frente, um futuro que eu sentia na minha própria pele, frio e ameaçador.Nikolai, com um sorriso que não alcançava seus olhos frios e cinzentos, tentou minimizar a situação com uma frase aparentemente inofensiva: ___"Por que tanto medo, doce Angela? Eu não mordo." Mas a suavidade na sua voz era uma máscara, uma fina camada de açúcar sobre um núcleo
O silêncio após a saída de Nicolas era um ser vivo, frio e opressivo, esmagando-nos sob seu peso. Richard e eu permanecíamos sentados, imóveis, petrificados pelo horror da situação. A imagem de Angela, vulnerável e amedrontada, era um pesadelo recorrente, um espectro que dançava na penumbra da sala. Cada tique-taque do relógio antigo na parede soava como um martelo golpeando nossos corações, marcando o tempo que se esvaía, o tempo que nos restava para agir.Richard quebrou o silêncio, a voz um fio tênue, quase inaudível. ___“Mãe… o que fazemos agora?” A pergunta pairou no ar, carregada de desespero, sem eco, sem resposta. Não havia solução fácil, nenhuma saída simples para o labirinto mortal em que estávamos presos. Estávamos enredados numa teia de alianças e compromissos, numa teia de poder e influência tão intrincada que parecia impossível de desvendar. A decisão de Aníbal era um selo indelével, a entrega de sua filha a um homem que conhecíamos ser um predador, um homem cuj
Um silêncio pesado se instalou entre nós, o ar carregado de uma tensão palpável. A confissão de Richard ecoava na quietude da cozinha, a sua simplicidade contrastando com a complexidade do que ela representava. A imagem de Angela, jovem e vulnerável, surgiu na minha mente, sobreposta à expressão determinada do meu filho.__"Eu sei, Richard," murmurei finalmente, a voz rouca pela emoção contida. "Eu sei que você gosta dela. Mas... isso não muda nada. O casamento vai acontecer." A minha voz tremia levemente, a resignação pesando como um fardo insuportável.Ele assentiu, os olhos fixos nos meus, uma compreensão silenciosa passando entre nós. Não havia necessidade de palavras adicionais; a dor compartilhada era um elo invisível que nos unia naquela situação desesperadora. A iminência do casamento de Angela, o acordo com a máfia, a impotência diante da força de Aníbal e da tradição familiar – tudo isso pairava sobre nós como uma ameaça sombria e implacável.___"Eu sei, mãe," ele repe
Aquele jardim… Lembro-me dele como se fosse ontem, a sombra daquela velha árvore, o cheiro das flores murchas, o peso da tristeza pairando no ar como uma névoa densa. Mas o que realmente me assombra, o que me persegue até hoje, é a conversa que tive com a minha mãe naquele dia. A confissão do meu amor por Angela, a sua resposta… tudo ainda ecoa dentro de mim, um eco doloroso, constante. Aquele casamento… a ideia dele me enche de uma revolta que me consome por dentro. Não é apenas a união forçada de Angela com aquele homem, Nikolai… é a sensação de impotência, de ver a mulher que eu amo sendo arrancada de mim, sendo entregue a um destino que eu sei que a destruirá. É a sensação de que não posso fazer nada para impedi-lo, de que sou apenas um espectador passivo dessa tragédia. A dor… é uma dor que não tem nome, uma dor que me corroi por dentro, que me esmaga, que me deixa sem ar. É a dor de um amor proibido, de um amor que não pode ser, de um amor que está condenado à destruição. É a
Ela me olhava, os olhos cheios de uma mistura de medo e algo mais… desejo? Eu não conseguia mais conter meus sentimentos. Segurei seu rosto em minhas mãos, meus dedos acariciando sua pele macia. O meu toque foi leve, hesitante, respeitando a sua inexperiência, a sua fragilidade. Ela fechou os olhos, um leve suspiro escapando de seus lábios._“Eu te amo, Angela,” eu sussurrei, meus lábios próximos aos dela. Ela abriu os olhos, seus pupilas dilatadas, refletindo a minha emoção. Havia um misto de medo e desejo no seu olhar, uma confusão que eu queria dissipar com o meu amor.___ Rich, você não pode amar somos primos ___ ninguém manda no coração Angela, eu te amo e pronto. Além do mais não somos primos de sangue só de consideração, seu avô adotou meu pai, ele é sua mãe não são irmãos de verdade,___ Sei disso rich mas... Segurei seu rosto entre minhas mãos e ela não não se afastou.Nossos lábios se encontraram num beijo lento, hesitante, que logo se tornou profundo e apaixonado. M
O silêncio que se seguiu era tenso, carregado de uma eletricidade que ainda zumbia entre nós. Angela, ainda próxima, mas não mais enlaçada, pegara o notebook, abrindo-o em algum site qualquer. Eu a imitava, fingindo concentração em uma página sem sentido. Estávamos sentados lado a lado na cama, mas uma distância cuidadosa nos separava, um espaço respeitoso que refletia a fragilidade do momento, a delicadeza do que havíamos compartilhado. Então, a batida na porta, seca e autoritária, rompeu a nossa bolha.“__Angela, querida, estou entrando!” A voz de Chloe, a mãe de Angela, cortou o ar.O meu coração disparou. Angela respirou fundo, fechando o notebook com um clique rápido. Quando Chloe entrou, seus olhos, penetrantes e observadores, pousaram sobre nós dois. A expressão dela era indecifrável, uma máscara de polidez que mal disfarçava a sua perspicácia.__“Richard, o que faz aqui?”, ela perguntou, a voz calma, mas com uma inflexão que sugeria uma suspeita latente.Meu cérebro traba
Precisava ver Angela, sentir sua pele próxima de mim, então tranquei a porta do meu quarto , saltei a janela e escalei a janela do quarto dela torcendo para não ser visto.O coração ainda batia acelerado enquanto eu me acomodava ao lado de Ângela. O quarto dela estava envolto em uma penumbra suave, e a atmosfera parecia carregar uma mistura de tensão e conforto. Quando ela se deitou ao meu lado, uma onda de calma me envolveu, mesmo com todas as preocupações que pairavam em minha mente. Notando seu desconforto lhe disse:__"Não se preocupe, só vim dormir do seu lado," disse, tentando tranquilizá-la. A verdade era que eu precisava dela ali, perto de mim, como um porto seguro em meio à tempestade de sentimentos que me assaltava.Ângela se acomodou, e, num impulso que não consegui conter, me curvei sobre ela e beijei seus lábios mais uma vez. Era um gesto simples, mas cheio de significados que eu não sabia se conseguiria expressar em palavras.__ "Você é tão doce, Ângela..." murmurei, o
Depois que Richard saiu do meu quarto, caí sentada na cama, a mão na boca, sufocando minhas lágrimas. Ele ia cometer uma loucura. Como evitar isso? Deveria contar a alguém o que estava acontecendo? Sabia que Nicolas, meu marido, não entenderia a situação, e também sabia que Richard me odiaria se eu falasse algo para alguém. O que fazer? A angústia me apertava o peito.Limpei meu rosto, enxuguei as lágrimas e, decidida, fui até o quarto de Ângela. Na terceira batida, ela abriu a porta, me fitando surpresa.__"Oi, tia Amy, aconteceu alguma coisa?", perguntou ela, com a voz suave.__"Posso entrar?", perguntei, tentando manter a calma.Ela me deu passagem. Entrei e me sentei na ponta da cama; Ângela sentou-se ao meu lado. Fui direta.__"O que está havendo entre você e Richard?", perguntei, observando sua reação.Ela ficou vermelha, um rubor que se espalhou por suas bochechas._/"Nada, tia. Richard tem me apoiado...", respondeu ela, a voz baixa.__"Apenas isso?", insisti, percebendo