Kalil O vazio na cama me deixou vazio por dentro. Em cima da cama, havia um bilhete e antes que eu pegasse o mesmo para ler o que tinha escrito, o capanga do meu pai me ligava. “Acho melhor você ser rápido, se quiser sua noviça viva e intacta” Isso foi tudo que ele disse antes de desligar. Meu pai é um desgraçado sem coração, mesmo tendo uma filha à beira da morte. Em questão de minutos eu estava dirigindo até sua casa. — Bom dia, Sr. Ferrari, seu pai… — Bom dia é o caralho, onde tá o velho desgraçado? — Hanzel me olhou com medo e apontou para o escritório. Meti o pé na porta, sabendo que ele não abriria para mim, mas para minha surpresa, ele já não estava mais ali. Pelo menos, em sua casa tem algum útil: o arsenal que fica escondido atrás do seu closet. Estava abrindo a porta do quarto, tentando fazer o menor barulho possível, quando fui pego de surpresa por trás com Suzana me abraçando. — Finalmente você veio me visitar, irmão. — Seu abraço aconchegante e sem maldade me fez r
Luiza Não retruquei, muito menos relutei em dizer ou fazer alguma coisa. Tudo estava parecendo que estava indo tão bem e de repente tudo se tornou sombrio novamente. Will é nojento, sem escrúpulos e sem dúvidas, capaz de qualquer coisa com qualquer pessoa. Me sinto suja, descolada e sem ação. Kalil me levou para sua casa, me emprestou uma camisa e estava prestes a entrar no banheiro quando eu tomei sua atenção. — Obrigada por ter intervido hoje, mais uma vez, eu não sei o que seu pai ainda pretende me submeter. — Meu desânimo era grande, mas reconheço que se não fosse suas intervenções, eu já estaria sem rumo há muito tempo. — Por que saiu tão cedo? Senti sua falta quando passei a mão na cama e percebi que não estava mais ali. Tem algum motivo em específico para ter ido embora ou… — Eu pensei que seria melhor desse jeito. A gente nem deveria ter transado ontem, mas já que aconteceu, eu pensei que se eu fosse embora seria melhor. Sem sentimentos, sem mais problemas. — Mentira! O fa
Kalil Don estava procurando por algo em sua cozinha, algo que nos deixasse bêbados. Luiza não sei notícias, ela me evita ao máximo e eu entendo, é difícil estar no seu lugar. — Bela disse que não quer me ver nos próximos dias e eu não sei o que eu fiz. — As mulheres são complicadas, eu acho que nunca vou entender como pensam. — Luiza também não quer me vez, estamos na mesma situação. Tá fim de encher a cara hoje a noite? — Vamos nessa! Eu só preciso pensar em como eu vou fazer para descobrir o que eu fiz desta vez. Mas e você com a Luiza, o que pegou? — Meu pai fez merda, mas essa foi a última merda que ele fez, enfim… ele pegou Luiza e você já deve imaginar o restante, eu cheguei, ela estava toda amordaçada. Eu fui até aquele convento e tirei ela de lá só pra foder com a vida dela, Don. — Se eu pudesse voltar atrás, não teria aceito fazer isso. Me dói na alma, porque tenho uma irmã e jamais quero que aconteça algo semelhante com ela. — Se quiser eu chamo a Luiza e você chama a
Luiza Mal acordei e já estava sendo obrigada ouvir o que iria fazer ao decorrer do dia. O silêncio é divino, mas os olhares invejosos e julgadores das freiras me deixa nervosa e com vontade de retribuir os pensamentos intrusos. Madri ditava o que eu deveria fazer, mas eu só tinha cabeça para pensar em um dia após o outro. — Bom dia, Luiza. Vejo que acordou disposta hoje! — Madri discorre, me observando sentada a mesa, enquanto fazia meu desjejum. — Bom dia, Madri. Um pouco exausta pela note de ontem, mas sim, estou disposta. — Enfiei um pedaço de pão na boca, encharcado com pasta de amendoim, bebendo um copo de leite em seguida. — Ótimo! Preciso que vá comprar tecidos, amanhã haverá um casamento de última hora e preciso que nós auxilie com os afazeres. Ela faça de uma forma como se eu não fosse útil para nada. Eu vivo excluída pelo fato de não querer ter me tornado freia e ter entregue meu corpo a Cristo, mas eu estou farta de tantos segredos sobre mim mesma. A única recordaç
Kalil Pedras em meu caminho surgem a todo tempo, é incrível em como eu não consigo ficar tranquilo por um dia. Parei em frente a casa do meu pai e pensei antes de entrar, ele só me liga quando precisa de algo. — Problemas meu filho? — Perguntou ele, assim que me viu entrar. — Você não imagina o quanto! Como está Suzana? Soube o que o quadro dela bem piorando, porque não me disse nada? — Sua irmã está em um estado crítico, logo em breve poderá vê-la. Mas não é isso que me interesse agora e nem por isso que o chamei aqui. Meu filho, Jaz é uma peça chave para os nossos trabalhos, conhece muito bem coisas que não estão sob nossos alcances e por isso não pode descartar ele. Ele não tem culpa de os garotos são burros, mas com certeza ele vai dar um jeito em tudo isso. — Will, eu só estou aqui porque o seu capanga me ligou dizendo que era urgente, portanto, faça-me o favor de ser breve. Com meus problemas eu resolvo depois, não preciso das suas opiniões. — Tudo bem! Quero que voc
Kalil A igreja estava próxima, alguns metros andando e eu chegaria lá rápido. As pessoas me olhavam como se eu fosse algo estranho, cidade pequena! As crianças corriam para perto dos seus pais ao me verem, sem dúvidas esse pessoal ainda dão daqueles que acreditam que mulher viraria mula se casasse com o padre! Meu pai me ligava sem parar, mas eu estava na missão que ele me mandou. Havia muitas barracas com bugigangas penduradas e expostas para a venda. Todas elas ocupadas por moças ou pessoas ainda jovens. — Bom dia, Sra. Pode me dizer para que lado fica a igreja? — Perguntei a uma senhora que mais parecia uma cigana. — Para esquerda, lhe aconselho a escolher o lado que mais lhe traga amor, suas vestes e seu tom de voz, não diz nada. — Ela sorriu e foi embora. Continuei andando até chegar na pequena igreja, onde as freiras estavam brincando de ciranda com algumas crianças. — Com licença, vocês conhecem essa moça? — Mostrei a foto de Luíza e ela se entre olharam e responderam que
Luiza Will Ferrari! Então era esse o nome do homem que estava à minha procura? O peruano quarto mal tinha espaços para locomoção, não havia luz e o cheiro estava terrível. Eu queria dormir e acordar disso tudo, mas já não há mais voltas, as freiras não fizeram nada para impedir. Nunca me disseram nada sobre quem era minha mãe,e agora eu terei que descobrir isso sozinha. Eu já não tinha mais nada que me lembrasse dela, agora eu só tinha que lutar pela minha, mas ainda precisava saber como. A porta de ferro estava rangendo e em seguida a porta em que eu estava por dentro também foi aberta. — Tá tudo bem aí? — O mesmo homem que me trouxe perguntava enquanto me via caída no chão, no meio dos insetos e da sujeira em que estava o local. Respondi balançando a cabeça e apoiando as mãos nos joelhos para levantar, mas tive meu corpo arremessado contra a porta de metal por um chute em minha barriga, o que me fez gemer de dor e cuspir sangue. — Você até que aguenta muita coisa! Mas me conta
Luiza Acordei em uma sala cheia de luzes, mas não era um hospital ou algo do tipo e aquilo me deixou aflita, eu já não estava entendendo nada e nem mesmo o porquê do tal Ferrari me querer! — Vejo que acordou consciente! — A voz rouca se fez presente e quando olhei para o lado, ele estava lá, encostado na porta com os braços cruzados. Então eu vi que não havia mais ninguém ali dentro além de mim, era um quarto pequeno e todo branco, com duas luzes no teto e era isso que fazia o lugar ficar tão claro, mas era tão pequeno como um quarto de solteiro. — Eu não entendo… por que a senhora mentiu para mim todos esses anos? Como ela foi capaz? — Me perguntava lembrando da Madri e de todas as outras freiras. — Luiza seu nome, não é? — Assenti quando ele perguntou, mas ainda sem forças para levantar. Seus passos estavam ficando cada vez mais próximos, até que ele sentou ao meu lado e me olhou nos olhos, tirando meu cabelo do rosto e colocando atrás da orelha. — Me perdoe por isso. Eu não sab