LuizaDe volta a minha vida sem graça e simples. Acordei antes do Kalil, deixei um bilhete escrito ao lado da cama, recolhi minhas coisas e fui embora. A noite foi uma loucura, mas uma noite maravilhosa. Estava atrasada para o trabalho, era meu segundo dia e eu queria causar uma boa impressão. "Bom dia, Sr. Jones, eu tive um imprevisto, mas chego em menos de meia hora. Me desculpe." Isso me deixava mal, eu posso colocar tudo a perder por causa dessa paixão absurda. O telefone parecia ter ficado mudo, mas era só ele pensando o que iria dizer. Minhas mãos estavam frias e tudo indicava que eu seria demitida, com muita razão."Você consegue vir na parte da tarde? Assim pode ficar para o fechamento. Tudo bem?" Isso era incrível, o fechamento sempre é legal e eu ganho muitas gorjetas. "Você é ótima. Obrigada por quebrar esse galho, não sabia o que fazer, agora que Dasha pediu demissão." "É uma pena mesmo, mas eu estarei aí no horário certo. Obrigada pela compreensão, eu agradeço de coraç
Kalil O vazio na cama me deixou vazio por dentro. Em cima da cama, havia um bilhete e antes que eu pegasse o mesmo para ler o que tinha escrito, o capanga do meu pai me ligava. “Acho melhor você ser rápido, se quiser sua noviça viva e intacta” Isso foi tudo que ele disse antes de desligar. Meu pai é um desgraçado sem coração, mesmo tendo uma filha à beira da morte. Em questão de minutos eu estava dirigindo até sua casa. — Bom dia, Sr. Ferrari, seu pai… — Bom dia é o caralho, onde tá o velho desgraçado? — Hanzel me olhou com medo e apontou para o escritório. Meti o pé na porta, sabendo que ele não abriria para mim, mas para minha surpresa, ele já não estava mais ali. Pelo menos, em sua casa tem algum útil: o arsenal que fica escondido atrás do seu closet. Estava abrindo a porta do quarto, tentando fazer o menor barulho possível, quando fui pego de surpresa por trás com Suzana me abraçando. — Finalmente você veio me visitar, irmão. — Seu abraço aconchegante e sem maldade me fez r
Luiza Não retruquei, muito menos relutei em dizer ou fazer alguma coisa. Tudo estava parecendo que estava indo tão bem e de repente tudo se tornou sombrio novamente. Will é nojento, sem escrúpulos e sem dúvidas, capaz de qualquer coisa com qualquer pessoa. Me sinto suja, descolada e sem ação. Kalil me levou para sua casa, me emprestou uma camisa e estava prestes a entrar no banheiro quando eu tomei sua atenção. — Obrigada por ter intervido hoje, mais uma vez, eu não sei o que seu pai ainda pretende me submeter. — Meu desânimo era grande, mas reconheço que se não fosse suas intervenções, eu já estaria sem rumo há muito tempo. — Por que saiu tão cedo? Senti sua falta quando passei a mão na cama e percebi que não estava mais ali. Tem algum motivo em específico para ter ido embora ou… — Eu pensei que seria melhor desse jeito. A gente nem deveria ter transado ontem, mas já que aconteceu, eu pensei que se eu fosse embora seria melhor. Sem sentimentos, sem mais problemas. — Mentira! O fa
Kalil Don estava procurando por algo em sua cozinha, algo que nos deixasse bêbados. Luiza não sei notícias, ela me evita ao máximo e eu entendo, é difícil estar no seu lugar. — Bela disse que não quer me ver nos próximos dias e eu não sei o que eu fiz. — As mulheres são complicadas, eu acho que nunca vou entender como pensam. — Luiza também não quer me vez, estamos na mesma situação. Tá fim de encher a cara hoje a noite? — Vamos nessa! Eu só preciso pensar em como eu vou fazer para descobrir o que eu fiz desta vez. Mas e você com a Luiza, o que pegou? — Meu pai fez merda, mas essa foi a última merda que ele fez, enfim… ele pegou Luiza e você já deve imaginar o restante, eu cheguei, ela estava toda amordaçada. Eu fui até aquele convento e tirei ela de lá só pra foder com a vida dela, Don. — Se eu pudesse voltar atrás, não teria aceito fazer isso. Me dói na alma, porque tenho uma irmã e jamais quero que aconteça algo semelhante com ela. — Se quiser eu chamo a Luiza e você chama a
Luiza — Vamos sair hoje, daqui há… qual seu horário de saída mesmo? — Inacreditável, Don estava me perturbando até onde estou trabalhando, só me questionei “a mando de quem?”— Não vai dar. Vou dobrar o turno, preciso de grana e não posso gastar. — Mas você não vai gastar. A verdade é que eu preciso de umas dicas pra saber o que eu fiz, sua amiga tá me ignorando e eu nem sei o motivo. Isabella é difícil pra caramba. — Sim, ela era. — Isso não parece estranho? Eu e você saindo, como quem não quer nada? Você é tão perturbado quanto seu amigo. Isso soou tão ridículo, que eu o deixei falando sozinho e voltei ao meu trabalho. Faltava menos de uma hora para meu expediente acabar, mas seu Jorge me perguntou se eu queria trabalhar a noite também, até que ele encontrasse outra funcionária, pois a última pediu demissão. Então, mesmo que eu quisesse, seria impossível aceitar isso. — Eu quero uma cerveja e sua resposta. — Peguei a cerveja, abri a tampinha e deslizei a garrafa no balcão, até
LuizaO dia seguinte começou de forma agitada. Eu estava em meio a uma rotina cansativa e, para minha surpresa, recebi uma mensagem de Don.“Oi Luiza, eu sei que ontem foi um desastre e me sinto um idiota. Queria te convidar para jantar hoje, se você puder. Posso tentar compensar um pouco pelo que fiz.”A mensagem me fez revirar os olhos. A última coisa que eu queria era ter qualquer tipo de interação com Don, especialmente depois do que aconteceu. No entanto, algo na mensagem me fez refletir. Talvez a melhor forma de lidar com a situação fosse confrontá-lo diretamente.Decidi que responderia a mensagem e, ao mesmo tempo, tentaria resolver a situação com Isabella. Peguei meu celular e escrevi:“Don, eu já enviei um táxi para você ontem. Espero que tenha chegado em casa bem. Não sei se um jantar será suficiente para compensar a confusão de ontem, mas vou pensar no convite.”Em seguida, enviei uma mensagem para Isabella:“Oi Isabella, só para te avisar, o Don estava bêbado ontem e eu o
LuizaO pior estava por vir…Retornei ao meu local de trabalho e, antes de ir para trás do balcão, fui ao banheiro retocar o batom e arrumar meus cabelos. Me assustei quando a porta se abriu devagar, mesmo ali sendo um banheiro único e estando com a placa virada, além de ser dentro do bar, exclusivo para os funcionários.— Luiza? Podemos conversar?— Como você entrou aqui? Vocês estão querendo me prejudicar, é isso? — Prendi os cabelos em um rabo de cavalo, retoquei o batom nude e abri a porta, ignorando-o ali. Sua existência era inútil.— Me desculpe, mas será que podemos conversar? — Ele parecia estar tentando, mas a frustração em sua voz era palpável.— Não. Não podemos ter nenhum tipo de conversa, porque isso me incomoda.— Vai embora e não me prejudique, ou tenta não me prejudicar pelo menos. Dá um jeito de sair do mesmo jeito que entrou, ok?O deixei ali e fechei a porta, certificando-me de que ele não estava mais ali. Olhei rápido para trás e vi a porta aberta; ele já não estav
LuizaA noite já estava carregada com toda a confusão envolvendo Don e Kalil. Tudo o que eu queria era terminar o turno e ir para casa descansar. No entanto, o universo parecia ter outros planos.Eu estava limpando o balcão, quando o telefone vibrou em cima da madeira. Peguei o aparelho, achando que era mais uma mensagem irritante de Don ou Kalil, mas o nome no visor era de uma das freiras do convento onde fui criada. O coração disparou. Eu não tinha contato frequente com elas, então uma ligação inesperada a essa hora nunca era um bom sinal.— Alô?— Luiza… querida… — A voz do outro lado estava tremendo, e aquilo já me deu uma sensação terrível. — O convento… o convento pegou fogo.Fiquei paralisada por um momento, tentando processar as palavras. Convento? Fogo?— O quê? Como assim? O que aconteceu? As freiras… estão bem? — Eu perguntei, minha voz ficando mais alta a cada palavra, o desespero me dominando.— Nem todas… algumas não conseguiram sair a tempo. — A voz dela estava embargad