LuizaO pior estava por vir…Retornei ao meu local de trabalho e, antes de ir para trás do balcão, fui ao banheiro retocar o batom e arrumar meus cabelos. Me assustei quando a porta se abriu devagar, mesmo ali sendo um banheiro único e estando com a placa virada, além de ser dentro do bar, exclusivo para os funcionários.— Luiza? Podemos conversar?— Como você entrou aqui? Vocês estão querendo me prejudicar, é isso? — Prendi os cabelos em um rabo de cavalo, retoquei o batom nude e abri a porta, ignorando-o ali. Sua existência era inútil.— Me desculpe, mas será que podemos conversar? — Ele parecia estar tentando, mas a frustração em sua voz era palpável.— Não. Não podemos ter nenhum tipo de conversa, porque isso me incomoda.— Vai embora e não me prejudique, ou tenta não me prejudicar pelo menos. Dá um jeito de sair do mesmo jeito que entrou, ok?O deixei ali e fechei a porta, certificando-me de que ele não estava mais ali. Olhei rápido para trás e vi a porta aberta; ele já não estav
LuizaA noite já estava carregada com toda a confusão envolvendo Don e Kalil. Tudo o que eu queria era terminar o turno e ir para casa descansar. No entanto, o universo parecia ter outros planos.Eu estava limpando o balcão, quando o telefone vibrou em cima da madeira. Peguei o aparelho, achando que era mais uma mensagem irritante de Don ou Kalil, mas o nome no visor era de uma das freiras do convento onde fui criada. O coração disparou. Eu não tinha contato frequente com elas, então uma ligação inesperada a essa hora nunca era um bom sinal.— Alô?— Luiza… querida… — A voz do outro lado estava tremendo, e aquilo já me deu uma sensação terrível. — O convento… o convento pegou fogo.Fiquei paralisada por um momento, tentando processar as palavras. Convento? Fogo?— O quê? Como assim? O que aconteceu? As freiras… estão bem? — Eu perguntei, minha voz ficando mais alta a cada palavra, o desespero me dominando.— Nem todas… algumas não conseguiram sair a tempo. — A voz dela estava embargad
LuizaA dor e a raiva se misturavam em mim como um furacão devastador, me deixando incapaz de pensar com clareza. Eu queria gritar, destruir algo, mas me sentia paralisada. O impacto das palavras de Kalil ainda reverberava na minha mente, mas agora, a única coisa que eu conseguia focar era na imagem do convento em chamas e na perda irreparável de Madre Camila e das outras freiras. Meu coração estava despedaçado, e a ideia de que o pai de Kalil havia feito aquilo me enojava.Como ele poderia não saber? Como Kalil, com toda sua influência e contatos, poderia estar alheio ao que o próprio pai estava fazendo? As dúvidas e as perguntas se acumulavam, e a única certeza que eu tinha era de que eu precisava me afastar de tudo isso. Kalil, Will, todo o caos que essa família trouxe para minha vida... eu precisava de um tempo longe, para encontrar minha sanidade em meio à dor.Saí do bar sem olhar para trás, ignorando as vozes ao meu redor. Peguei o primeiro táxi que vi e dei a direção da pensão
LuizaO peso do luto parecia impossível de suportar. Cada movimento era uma luta, e cada pensamento era assombrado pelas imagens das freiras, especialmente de Madre Camila, alguém que eu considerava como uma mãe. A solidão parecia infinita, mas eu sabia que precisava continuar.Enquanto tentava juntar forças para me levantar da cama, ouvi batidas leves na porta. Por um momento, pensei em ignorá-las, mas a voz familiar de Isabella me chamou.— Luiza, sou eu. Posso entrar?Levantei-me devagar e destranquei a porta. Isabella entrou e, ao ver meu estado, sua expressão suavizou. Ela não disse nada no início, apenas se aproximou e me envolveu em um abraço apertado. Um abraço que eu nem sabia que precisava até aquele momento.— Eu sinto muito, Luiza — sussurrou ela, enquanto me abraçava mais forte. — Eu soube o que aconteceu no convento. Isso é horrível.— Eu não sei como lidar com isso, Bela. — Minha voz estava baixa e rouca, mas a presença dela ali me fez desmoronar de novo. As lágrimas vo
KalilOs dias foram se arrastando, e, sem perceber, comecei a ceder cada vez mais à presença constante de Helena. Ela estava sempre por perto, oferecendo conforto nos momentos em que eu me sentia fraco, perdido pela ausência de Luiza. A saudade de Luiza era insuportável, mas Helena sabia exatamente como preencher os vazios, ao menos temporariamente.Eu me convenci de que precisava de uma distração, algo que me afastasse da dor e das lembranças que Luiza havia deixado. Helena era bela, gentil, e havia uma história entre nós que, mesmo fragmentada, ainda existia em algum canto da minha mente. A cada dia que passava, eu me afundava mais nessa nostalgia. Esqueci, por um momento, o que deveria ser minha prioridade: deter meu pai, proteger Suzana e, de alguma forma, reconquistar Luiza.As mensagens e chamadas que Luiza havia ignorado se tornaram uma lembrança distante, como se tivessem sido apagadas por Helena. Ela me puxava para uma rotina que me fazia sentir confortável, embora algo dentr
KalilA mensagem de Luiza ainda ecoava em minha mente, como uma ferida aberta que não conseguia cicatrizar. Ela tinha partido, seguindo seu próprio caminho, enquanto eu ficava aqui, preso na confusão de sentimentos e no plano que estava traçando para derrubar Will. Sabia que precisava focar, que o confronto com meu pai estava próximo, mas a ausência de Luiza me deixava mais vulnerável do que eu gostaria de admitir.E foi nesse momento de fraqueza que ela apareceu. Meu passado, minha primeira namorada, Helena.Eu não a via há anos. Quando éramos mais jovens, eu pensei que Helena seria a mulher com quem passaria o resto da vida. Ela era meu primeiro amor, aquela que, por um breve momento, me fez acreditar que o mundo era menos sombrio. Mas a vida nos separou, e o que tínhamos desmoronou como areia escorrendo entre os dedos. Agora, ela estava de volta, mais deslumbrante do que eu me lembrava.Helena entrou no meu escritório como se nunca tivesse partido, com a mesma confiança que sempre
LuizaOs dias seguintes à minha chegada à Itália foram um misto de esperança e preocupação. Eu estava determinada a ajudar as freiras a reerguerem suas vidas, mas as dificuldades eram maiores do que eu imaginava. Elas estavam sem abrigo, sem recursos e, embora a fé as mantivesse de pé, sabíamos que precisávamos de uma solução urgente.Sentada no pequeno pátio improvisado onde as freiras estavam temporariamente abrigadas, tentei pensar em maneiras de arrecadar fundos, contatar instituições ou encontrar ajuda. Mas tudo parecia um desafio enorme. Eu sabia que não poderia fazer isso sozinha.Foi então que o inesperado aconteceu. Enquanto andava pelas ruas estreitas e antigas da pequena cidade italiana, pensando no que poderia fazer a seguir, ouvi uma voz familiar chamar meu nome.— Luiza?Virei-me e, por um momento, fiquei paralisada. O rosto à minha frente era de alguém que eu não via há anos, mas que reconheceria em qualquer lugar. Giovanni, um amigo de infância, alguém que compartilhou
KalilOs dias foram se arrastando, e, sem perceber, comecei a ceder cada vez mais à presença constante de Helena. Ela estava sempre por perto, oferecendo conforto nos momentos em que eu me sentia fraco, perdido pela ausência de Luiza. A saudade de Luiza era insuportável, mas Helena sabia exatamente como preencher os vazios, ao menos temporariamente.Eu me convenci de que precisava de uma distração, algo que me afastasse da dor e das lembranças que Luiza havia deixado. Helena era bela, gentil, e havia uma história entre nós que, mesmo fragmentada, ainda existia em algum canto da minha mente. A cada dia que passava, eu me afundava mais nessa nostalgia. Esqueci, por um momento, o que deveria ser minha prioridade: deter meu pai, proteger Suzana e, de alguma forma, reconquistar Luiza.As mensagens e chamadas que Luiza havia ignorado se tornaram uma lembrança distante, como se tivessem sido apagadas por Helena. Ela me puxava para uma rotina que me fazia sentir confortável, embora algo dentr