Luiza Não retruquei, muito menos relutei em dizer ou fazer alguma coisa. Tudo estava parecendo que estava indo tão bem e de repente tudo se tornou sombrio novamente. Will é nojento, sem escrúpulos e sem dúvidas, capaz de qualquer coisa com qualquer pessoa. Me sinto suja, descolada e sem ação. Kalil me levou para sua casa, me emprestou uma camisa e estava prestes a entrar no banheiro quando eu tomei sua atenção. — Obrigada por ter intervido hoje, mais uma vez, eu não sei o que seu pai ainda pretende me submeter. — Meu desânimo era grande, mas reconheço que se não fosse suas intervenções, eu já estaria sem rumo há muito tempo. — Por que saiu tão cedo? Senti sua falta quando passei a mão na cama e percebi que não estava mais ali. Tem algum motivo em específico para ter ido embora ou… — Eu pensei que seria melhor desse jeito. A gente nem deveria ter transado ontem, mas já que aconteceu, eu pensei que se eu fosse embora seria melhor. Sem sentimentos, sem mais problemas. — Mentira! O fa
Kalil Don estava procurando por algo em sua cozinha, algo que nos deixasse bêbados. Luiza não sei notícias, ela me evita ao máximo e eu entendo, é difícil estar no seu lugar. — Bela disse que não quer me ver nos próximos dias e eu não sei o que eu fiz. — As mulheres são complicadas, eu acho que nunca vou entender como pensam. — Luiza também não quer me vez, estamos na mesma situação. Tá fim de encher a cara hoje a noite? — Vamos nessa! Eu só preciso pensar em como eu vou fazer para descobrir o que eu fiz desta vez. Mas e você com a Luiza, o que pegou? — Meu pai fez merda, mas essa foi a última merda que ele fez, enfim… ele pegou Luiza e você já deve imaginar o restante, eu cheguei, ela estava toda amordaçada. Eu fui até aquele convento e tirei ela de lá só pra foder com a vida dela, Don. — Se eu pudesse voltar atrás, não teria aceito fazer isso. Me dói na alma, porque tenho uma irmã e jamais quero que aconteça algo semelhante com ela. — Se quiser eu chamo a Luiza e você chama a
Luiza — Vamos sair hoje, daqui há… qual seu horário de saída mesmo? — Inacreditável, Don estava me perturbando até onde estou trabalhando, só me questionei “a mando de quem?”— Não vai dar. Vou dobrar o turno, preciso de grana e não posso gastar. — Mas você não vai gastar. A verdade é que eu preciso de umas dicas pra saber o que eu fiz, sua amiga tá me ignorando e eu nem sei o motivo. Isabella é difícil pra caramba. — Sim, ela era. — Isso não parece estranho? Eu e você saindo, como quem não quer nada? Você é tão perturbado quanto seu amigo. Isso soou tão ridículo, que eu o deixei falando sozinho e voltei ao meu trabalho. Faltava menos de uma hora para meu expediente acabar, mas seu Jorge me perguntou se eu queria trabalhar a noite também, até que ele encontrasse outra funcionária, pois a última pediu demissão. Então, mesmo que eu quisesse, seria impossível aceitar isso. — Eu quero uma cerveja e sua resposta. — Peguei a cerveja, abri a tampinha e deslizei a garrafa no balcão, até
LuizaO dia seguinte começou de forma agitada. Eu estava em meio a uma rotina cansativa e, para minha surpresa, recebi uma mensagem de Don.“Oi Luiza, eu sei que ontem foi um desastre e me sinto um idiota. Queria te convidar para jantar hoje, se você puder. Posso tentar compensar um pouco pelo que fiz.”A mensagem me fez revirar os olhos. A última coisa que eu queria era ter qualquer tipo de interação com Don, especialmente depois do que aconteceu. No entanto, algo na mensagem me fez refletir. Talvez a melhor forma de lidar com a situação fosse confrontá-lo diretamente.Decidi que responderia a mensagem e, ao mesmo tempo, tentaria resolver a situação com Isabella. Peguei meu celular e escrevi:“Don, eu já enviei um táxi para você ontem. Espero que tenha chegado em casa bem. Não sei se um jantar será suficiente para compensar a confusão de ontem, mas vou pensar no convite.”Em seguida, enviei uma mensagem para Isabella:“Oi Isabella, só para te avisar, o Don estava bêbado ontem e eu o
LuizaO pior estava por vir…Retornei ao meu local de trabalho e, antes de ir para trás do balcão, fui ao banheiro retocar o batom e arrumar meus cabelos. Me assustei quando a porta se abriu devagar, mesmo ali sendo um banheiro único e estando com a placa virada, além de ser dentro do bar, exclusivo para os funcionários.— Luiza? Podemos conversar?— Como você entrou aqui? Vocês estão querendo me prejudicar, é isso? — Prendi os cabelos em um rabo de cavalo, retoquei o batom nude e abri a porta, ignorando-o ali. Sua existência era inútil.— Me desculpe, mas será que podemos conversar? — Ele parecia estar tentando, mas a frustração em sua voz era palpável.— Não. Não podemos ter nenhum tipo de conversa, porque isso me incomoda.— Vai embora e não me prejudique, ou tenta não me prejudicar pelo menos. Dá um jeito de sair do mesmo jeito que entrou, ok?O deixei ali e fechei a porta, certificando-me de que ele não estava mais ali. Olhei rápido para trás e vi a porta aberta; ele já não estav
LuizaA noite já estava carregada com toda a confusão envolvendo Don e Kalil. Tudo o que eu queria era terminar o turno e ir para casa descansar. No entanto, o universo parecia ter outros planos.Eu estava limpando o balcão, quando o telefone vibrou em cima da madeira. Peguei o aparelho, achando que era mais uma mensagem irritante de Don ou Kalil, mas o nome no visor era de uma das freiras do convento onde fui criada. O coração disparou. Eu não tinha contato frequente com elas, então uma ligação inesperada a essa hora nunca era um bom sinal.— Alô?— Luiza… querida… — A voz do outro lado estava tremendo, e aquilo já me deu uma sensação terrível. — O convento… o convento pegou fogo.Fiquei paralisada por um momento, tentando processar as palavras. Convento? Fogo?— O quê? Como assim? O que aconteceu? As freiras… estão bem? — Eu perguntei, minha voz ficando mais alta a cada palavra, o desespero me dominando.— Nem todas… algumas não conseguiram sair a tempo. — A voz dela estava embargad
LuizaA dor e a raiva se misturavam em mim como um furacão devastador, me deixando incapaz de pensar com clareza. Eu queria gritar, destruir algo, mas me sentia paralisada. O impacto das palavras de Kalil ainda reverberava na minha mente, mas agora, a única coisa que eu conseguia focar era na imagem do convento em chamas e na perda irreparável de Madre Camila e das outras freiras. Meu coração estava despedaçado, e a ideia de que o pai de Kalil havia feito aquilo me enojava.Como ele poderia não saber? Como Kalil, com toda sua influência e contatos, poderia estar alheio ao que o próprio pai estava fazendo? As dúvidas e as perguntas se acumulavam, e a única certeza que eu tinha era de que eu precisava me afastar de tudo isso. Kalil, Will, todo o caos que essa família trouxe para minha vida... eu precisava de um tempo longe, para encontrar minha sanidade em meio à dor.Saí do bar sem olhar para trás, ignorando as vozes ao meu redor. Peguei o primeiro táxi que vi e dei a direção da pensão
LuizaO peso do luto parecia impossível de suportar. Cada movimento era uma luta, e cada pensamento era assombrado pelas imagens das freiras, especialmente de Madre Camila, alguém que eu considerava como uma mãe. A solidão parecia infinita, mas eu sabia que precisava continuar.Enquanto tentava juntar forças para me levantar da cama, ouvi batidas leves na porta. Por um momento, pensei em ignorá-las, mas a voz familiar de Isabella me chamou.— Luiza, sou eu. Posso entrar?Levantei-me devagar e destranquei a porta. Isabella entrou e, ao ver meu estado, sua expressão suavizou. Ela não disse nada no início, apenas se aproximou e me envolveu em um abraço apertado. Um abraço que eu nem sabia que precisava até aquele momento.— Eu sinto muito, Luiza — sussurrou ela, enquanto me abraçava mais forte. — Eu soube o que aconteceu no convento. Isso é horrível.— Eu não sei como lidar com isso, Bela. — Minha voz estava baixa e rouca, mas a presença dela ali me fez desmoronar de novo. As lágrimas vo