Parte 1...Yago Demetriou era um total estranho na vida de Nathaly. Ela nunca teve uma aproximação com o tio antes e agora não estava gostando nem um pouco. Só mesmo a necessidade e o desespero a faziam entrar em contato com ele e sem sua mãe saber.O homem era rude até no modo de olhar pra ela, o que a deixava desconfortável, mas para quem já tinha passado por tantas coisas difíceis na vida, esta era apenas mais uma. É claro que sabia que procurar pelo tio distante seria um desafio, mas não imaginou que fosse um tão grande.— Está querendo que eu me case em troca de dinheiro?Ela estava abismada com a proposta que acabara de ouvir vinda de Yago, como se isso fosse algo bem simples de se fazer.— Isso mesmo - ele sorriu cinicamente.— Mas... Mas com Kostas Megalo? Logo com ele? - franziu a testa, surpresa com a ideia.— Exatamente - soprou a fumaça do cigarro.Yago continuou com seu olhar calmo e frio. Apenas sorriu de lado enquanto a observava nervosa. E parecia se divertir com iss
Parte 2...— Então, se está informado sobre tudo, sabe bem o que eu quero - seguiu adiante com um nó na garganta — Minha mãe precisa muito de um tratamento e cada dia que passa o tempo fica mais curto para ela.Ele deu um sorriso nojento que a deixou em alerta, soprando aquele cigarro horroroso que a sufocava.Nem mesmo as belezas de Athenas a acalmaram quando pisou em solo grego no aeroporto. A capital de um país tão maravilhoso, cheio de história e cultura seria o destino perfeito para férias, mas ela não estava ali para isso. A herança da era clássica era evidente em muitos pontos da cidade, com monumentos e obras de arte que contavam a gloriosa história do império grego. Se estivesse ali a passeio poderia percorrer suas ruas e visitar seus museus, o Paternon e a Acrópole tão famosos em todo o mundo. Athenas foi uma das principais cidade-estado na Grécia antiga e qualquer estudante de artes ou história adoraria ficar ali um longo tempo. A cidade tinha um grande apelo emocional.
Parte 3...Segurando a vontade de chorar ela pensou na diferença entre eles. O tio tinha tanta riqueza e ela era relegada a viver em grande dificuldade junto com a mãe e tudo isso poderia ser diferente se ele tivesse pelo menos um pouco de compaixão. Desde a entrada suntuosa com um enorme portão de ferro trabalhado até ali, a propriedade era cheia de coisas caras que mostravam riqueza. Enquanto isso ela morava com a mãe em um local minúsculo em uma área péssima da cidade, porque não tinham condições de se mudar para outro lugar. Por vezes sonhou em sair de lá, mas não tinha condições financeiras para tanto. Nunca havia saído de Vale Real, o que dirá fazer uma viagem internacional. Esta tinha sido a primeira vez que entrara em um avião.— Estou bem sendo uma garota e não quero rios de dinheiro, quero apenas o suficiente para ajudar minha mãe - disse com coragem.— Cale-se! - gritou — Não seja petulante menina, você precisa de mim. Aquela imbecil da sua mãe não a criou da forma certa
Parte 4...Ela engoliu a vontade de mandá-lo à merda. Claro que não teria roupas chiques e caras, não tinha como, mas tão pouco era uma mendiga. Conseguia se virar e comprar roupas dentro de seu orçamento que lhe serviam muito bem.— Ele vai pensar primeiro na parte financeira de nosso acordo e vai levar em consideração que você servirá apenas como um depósito de esperma que lhe dará o herdeiro de que precisa.Ela ficou vermelha ao ouvir o que disse. O homem tinha a capacidade enorme de ser um grosso a cada palavra que dizia. Que modo horrível de se expressar. — E depois que achar que pode ficar grávida, ele só tem que esperar a criança nascer e poderá se separar de você - gargalhou — É o que ele vai achar, mas não será assim.Ela olhou para a pasta ao seu lado com os papéis sobre sua vida e entendeu o quanto ele era moralmente perverso. Esperar anos para se vingar e usar um momento tão difícil como o que ela atravessava apenas por seu prazer.— Vai me dar o dinheiro se eu aceitar fa
Parte 5...— Vai abrir mão da empresa - deu uma risada triste e raivosa ao mesmo tempo, andando devagar pela varanda — Da nossa empresa, é claro. Se não fosse por Yago nós nunca teríamos perdido o que já era nosso de direito. Ele trapaceou meu pai e o enganou, tirando o que deveria ser seu desde seu nascimento.— Meio estranho isso... O que ele quer em troca disso?O pai parou em frente a ele e colocou a mão em seu ombro.— Que você se case com a sobrinha dele.— Como é que é? - gargalhou sem acreditar — Ele é louco? Acha que vivemos em que século? - gargalhou de novo.— Louco ele deve ser com certeza - Kratus torceu a boca, concordando — Mas é isso o que ele quer para devolver a empresa diretamente para você.— Meu Deus - balançou a cabeça rindo._ Não é para rir filho, é sério - disse sem traço de humor.— Pai, sabe que não penso em me casar ainda e a candidata jamais seria alguém daquela família nojenta. Imagine só, que absurdo.— Não é bem assim... Você já passou da hora de se cas
Parte 6...— Não pode ser cínico assim, filho. Serão os filhos dela também. Acha que vai querer se casar para ter herdeiros com alguma doença estranha? - balançou a cabeça.— Sei lá - mexeu os ombros — Tudo é possível com essa família. E não quero uma esposa, menos ainda sendo escolhida por aquele golpista ladrão.Chegou até a dar uma risadinha pensando que a sobrinha deveria ser muito feia ou ter um problema mental para que o tio precisasse lhe comprar um marido. Qual mulher hoje em dia aceitaria tal coisa? Ainda mais com o feminismo em alta.— Primeiro conheça a moça, deve ser uma ótima pessoa - ele riu — Falo sério, filho!— O senhor confia demais papai.— E você é desconfiado demais.— Pai, ela deve ter algum problema. Pense bem - meneou a cabeça fazendo careta — Se fosse uma pessoa normal nós saberíamos alguma coisa, por menor que fosse - balançou a cabeça — No mínimo deve ser entediante ou ter personalidade de um porco-espinho. Nunca soube nada de uma sobrinha dele na mídia.— E
Parte 1... Quatro dias depois...“Ganhe pra viver, viva com carinho. E de preferência, sem ter contas a pagar.Olhe pra você, não pro seu vizinho, que o tempo passa, não vai nunca te esperar.Tá bom, mas é bom não esquecer, que a vida não livra a de ninguém.Nosso futuro ninguém vê. E o presente é o que se tem.O amor e a paixão entram nesse jogo. A paixão é fogo, muito fácil de apagar.O verdadeiro amor cresce diferente. Cotidianamente, a gente tem que cultivar.A vida não é sempre o que se espera. Pobre de quem não se considera um aprendiz.Cada um é um, tudo vale nada, se até o fim da estrada, não se chega a ser feliz.”********** ********** Nathaly relia essas palavras desde que pegou uma revista no aeroporto, antes de embarcar, que falava sobre situações diferentes da vida e tinha algumas dicas, diretas e poemas sobre diversas situações. Mas nenhuma das dicas ali estava servindo para ela agora.Ela estava com os ouvidos doendo de tanto ouvir as reclamações do tio sobre ela nã
Parte 2...Ambos tinham culpa de tudo o que havia acontecido em sua vida. De todas as dores que passara até ali. Da perda de seu pai amado, do sofrimento de sua mãe e de sua impossibilidade de ser mãe também. De certa forma seu tio tinha razão, seria uma justiça.Ela teria que esconder que sua mãe continuava viva. Assim que ele fizesse o depósito em sua conta o valor seria repassado diretamente ao hospital, onde pagaria a dívida que já tinha e durante os outros meses pagaria sempre na data certa, mantendo o tratamento de sua mãe e sua cirurgia seria feita. Só precisaria manter a farsa do casamento enquanto sua mãe estivesse ainda em tratamento, depois poderia sumir da vida deles. Fugiria. Voltaria para o Brasil e daria um jeito de sumir com sua mãe.Daria adeus às preocupações financeiras e à pobreza. Seguiria com o casamento durante o tempo necessário e depois que acabasse a parte difícil do tratamento de sua mãe, ficaria mais um pouco com ele até fazer uma poupança que fosse sufici