Parte 182...IsabelaAo pousarmos em Genebra, fomos recebidas por Adrian, que nos aguardava no aeroporto com um sorriso caloroso.— Bem-vindas a Genebra, senhoras - disse ele, enquanto abria a porta do carro para a gente. — Como foi o voo?— Tranquilo - respondeu Angelique, enquanto eu olhava ao redor, tentando absorver o novo ambiente. — E onde estão Mariane e Túlio? - ela perguntou ansiosa — Quero dizer, Lúcia e Artur?Andrei sorriu, vendo a ansiedade no rosto dela. Mas ele já sabe como ela é.— Eles estão esperando por vocês no chalé. Eu quis vir buscar vocês pessoalmente para que pudessem ter uma chegada tranquila. Vai ser um pouco diferente do que vocês estão acostumadas, mas acho que vão gostar.— Só de rever minha amiga depois de tanto tempo, já vai valer a pena a viagem - eu afirmei.O carro deslizou pelas ruas tranquilas de Genebra até chegarem ao chalé, uma construção aconchegante cercada por montanhas. A paisagem era muito bonita, mas minha ansiedade está grande e depois e
Parte 183...IsabelaDe Volta a Roma...Depois de um final de semana cheio de emoções e novas memórias, nós finalmente retornamos a Roma. O reencontro havia sido revigorante, e agora, de volta à rotina, eu me sinto mais em paz com tudo o que havia acontecido.Quando cheguei em casa em Roma, Marco esperava com os gêmeos, que corriam pelo gramado, rindo e gritando. Eu observei a cena por um momento antes de caminhar até meu marido, que estava sentado em uma cadeira no jardim, observando as crianças, distraído.— Eles estão crescendo tão rápido - eu comentei, enquanto me sentava ao lado dele.Ele a olhou, sorrindo e se esticou para me dar um beijo.— Que bom que você voltou, amore. Como foi lá com as meninas?Eu contei como foi o encontro, tudo que conversamos, o que planejamos e também como me senti feliz por essa chance de rever Mari.— Isso é muito bom, muito bom mesmo... - ele olhou para as crianças de novo — E sim, parece que foi ontem que estavam aprendendo a andar. Agora, estão c
Parte 1...IsabelaTem certas situações em minha vida que eu chego a pensar que cuspi na cruz de Jesus. Ou então, eu sou muito maluca.Só pode ser! Ao longe eu escuto um som que se repete e aos poucos, vou tomando consciência de que o som está ao meu lado. Forço meus olhos a se abrirem e de imediato pisco várias vezes com a claridade e sinto meus olhos ardendo.E não é só isso. Minha garganta dói até para engolir a saliva. Tem alguma coisa errada comigo. Sinto todo meu corpo doer e minha cabeça está pesada, como se tivesse uma tonelada pressionando meu cérebro.Eu puxo o ar fundo e sinto uma dor pulsante e penetrante em meu abdômen. Me sinto confusa. Não entendo essa dor.Quando minha visão finalmente clareia, a primeira coisa que vejo é uma mão sobre minha barriga. E estou com bandagens. Por que estou com bandagens? E por que essa mão está me segurando?Eu conheço essa mão morena, esses dedos compridos. Conheço essas tatuagens. Engulo em seco e minha garganta dói de novo. Meu coraç
Parte 2...IsabelaEu até travei a respiração um instante e levei o olhar para as mesas ao lado, para dar a entender que não estava observando-o.— Ele está encarando você - Angelique disse atrás de mim, baixinho.— Eu sei - abri mais os olhos ao me virar.— Que homem é esse? - ela se abanou com o bloquinho de pedidos.— Ele ainda está olhando para cá?Ela disfarça mexendo na caixa registradora e olha para o salão cheio de mesas ocupadas. Abaixa a cabeça e faz um sinal de positivo, escondendo a mão atrás da caixa alta.Não sei porque, mas meu coração está batendo mais rápido.** ** *** Marco *Eu não estou com muito humor hoje. Na verdade, tem alguns dias que ando aborrecido. Alguns problemas chatos estão tirando minha paciência, que já não é muita.— O que mais encontrou, Marcello?Decidi aproveitar e parar na cafeteria para tomar um bom capuccino antes de seguir para o escritório. Marcello está comigo, é meu braço direito.Trastevere é uma área histórica e encantadora de Roma. É um
Parte 3...IsabelaDepois que o bonitão sexy se foi, continuei servindo as mesas até meu horário de saída. Angelique também iria sair no mesmo horário que eu. Vamos juntas para a faculdade de artes. Não é muito longe daqui.Fomos conversando sobre a faculdade enquanto esperávamos pelo ônibus, que por sinal é uma loucura aqui em Roma.São tantas rotas que cobrem a cidade, incluindo áreas de turistas e pontos periféricos, que é fácil se locomover. No geral nós esperamos coisa de vinte minutos por um ônibus, mas durante a noite fica complicado porque eles param de rodar e cada empresa tem seu horário.A loucura maior fica por parte das pessoas que usam o transporte público. É gente demais nesse sobe e desce e vez ou outra rola uma mão boba de algum descarado ou de algum “scippatore”, que são ladrões de carteiras ou bolsas e que têem a mão leve.— Pelo amor de Deus, vê se não demora muito na aula - Angelique me diz, segurando no apoio do ônibus.— Eu não vou demorar, vou sair na hora em q
Parte 4...Isabela— Meu Deus! - eu dei risada quando fui arrastada para fora pelo grupo agitado que saía do pavilhão — Gente, socorro! - dei risada alta.Senti uma mão me puxando. Mariane ria, com o rosto vermelho de dançar sem parar, se balançando com as músicas agitadas e lentas de Tiziano. Foram quase três horas de uma apresentação maravilhosa. Esse vai ficar na memória.— Desse jeito você vai ser empurrada de volta para o Brasil - ela disse alto e rindo — Está muito magra, Isa!Eu sei que sou magra, mas isso não me incomoda. Meu peso sempre foi abaixo do que seria ideal para minha altura.Eu não sou muito alta, tenho só um metro e sessenta, o que me deixa bem abaixo das duas. Em especial com relação a Angelique que é uma francesa alta e comprida.Eu já tentei engordar para ter um pouco mais de carne e não parecer que sou tão mais nova do que minha idade, mas o máximo que consegui foi aumentar dois quilos.Eu nunca tive problema com meu peso, mas parece que as pessoas têem. É bem
Parte 5...IsabelaNós entramos na boate e foi um choque. O lugar era muito pomposo. A atmosfera era vibrante e sofisticada. A decoração era elegante com uma iluminação que misturava cores suaves e quentes que criavam um ambiente acolhedor e glamoroso.— Vamos - ele nos chamou — Eu separei uma mesa ali perto do bar para vocês.A música mudou e ficou uma batida mais forte e agitada. Já tinha muita gente dançando na pista lá embaixo e também em outros pontos em volta. Onde nós ficamos dava para ver legal o que rolava lá embaixo.— Daqui a pouco eu trago umas bebidas para vocês - ele deu um beijo em Mariane e saiu.— Vem cá, esse aí é só amigo mesmo? - Angelique perguntou.— É... Mais ou menos - ela deu uma risada — A gente dá uns beijos de vez em quando. Mas nada sério - ela fez um gesto engraçado — Eu fico com quem eu quero e ele também. Se der, a gente fica junto.— Hum, moderna ela - eu disse rindo.— Você também deveria ser - ela gira o dedo no meu rosto — Já está ficando velha pra
Parte 6...IsabelaAchei isso estranho. Eu não fiz nada de errado. Ou será que o carinha que eu fui rude está com eles? Fiquei um pouco desconfiada.Eu não gosto de ficar desconfiada. Isso estraga toda a diversão.— Aqui, experimenta esse - Mariane me entregou um copo.— O que é isso? - eu ergui o copo colorido.— Bebe, você vai gostar - ela puxou a bebida dela com o canudo — Esse é um tropical breeze. É bem fresco.Eu dei uma cheirada na bebida. Por nome eu não conheço. Aliás, nomes são uma coisa complicada para mim. Eu sempre esqueço os nomes de filmes, de comidas e em ruas então, é ainda pior. Sou péssima em dar a direção de um lugar para alguém só com o nome da rua.Senti um cheiro gostoso de abacaxi e maracujá e acho que de manga também. Experimentei um golinho devagar e foi uma explosão de sabor em minha boca. Senti o gostinho de limão também. Era uma delícia.Mas achei um pouco forte. Apesar das frutas, senti que tem vodka na mistura.— E aí, gostou?— Hum, hum... - confirmei c