Parte 6...
Isabela
Achei isso estranho. Eu não fiz nada de errado. Ou será que o carinha que eu fui rude está com eles? Fiquei um pouco desconfiada.
Eu não gosto de ficar desconfiada. Isso estraga toda a diversão.
— Aqui, experimenta esse - Mariane me entregou um copo.
— O que é isso? - eu ergui o copo colorido.
— Bebe, você vai gostar - ela puxou a bebida dela com o canudo — Esse é um tropical breeze. É bem fresco.
Eu dei uma cheirada na bebida. Por nome eu não conheço. Aliás, nomes são uma coisa complicada para mim. Eu sempre esqueço os nomes de filmes, de comidas e em ruas então, é ainda pior. Sou péssima em dar a direção de um lugar para alguém só com o nome da rua.
Senti um cheiro gostoso de abacaxi e maracujá e acho que de manga também. Experimentei um golinho devagar e foi uma explosão de sabor em minha boca. Senti o gostinho de limão também. Era uma delícia.
Mas achei um pouco forte. Apesar das frutas, senti que tem vodka na mistura.
— E aí, gostou?
— Hum, hum... - confirmei com a cabeça e tomei outro gole — Mas tem vodka, né?
— Tem sim, mas não tem problema, não vai te deixar bêbada.
Bem, talvez ela tivesse razão se eu tivesse parado em apenas uma dose, mas depois de um tempinho, eu já tinha bebido cinco.
Para mim que não tenho costume de beber e ainda sou magrela e pequena, acho que o efeito da bebida bateu logo e forte em mim.
Eu já estava sentindo um pouco de tontura e cheguei a soluçar duas vezes. Acho isso ridículo. Eu não acho legal a pessoa ficar bêbada, seja homem ou mulher.
— Sabe o que? eu estou com vontade de fazer xixi agora - ela riu — Onde fica o banheiro?
— É por ali - ela apontou — Vamos, eu te acompanho.
Devolvi o copo para o bar e fomos até o banheiro feminino, que por incrível que pareça, não tinha uma fila como lá fora e eu estou apertada.
— Mariane! - ouvimos alguém chamar. Era o amigo dela — Espera um pouco - ele veio até nós — Podemos falar rapidinho? - ele olhou pra mim.
— Fica aí, amiga. Eu já volto.
Entrei no banheiro e a deixei lá fora conversando com o amigo. Talvez estejam acertando de dar uns pegas mais tarde.
Fiz o que tinha que fazer e antes de sair dei uma olhada no meu reflexo no espelho. Por causa da bebida eu estava com mais cor do que o meu natural branco cor de cêra que me faz parecer uma defunta às vezes.
Não estava com minha bolsa, então não tinha um batom para retocar e o meu já tinha sumido. Nem mesmo um retoque nos olhos eu podia fazer. Merda!
Suspirei e ajeitei o cabelo e a roupa. Saí do banheiro e não vi a Mariane. Com certeza ela estava em algum lugar por ali se pegando com o carinha. Dei de ombros e decidi voltar para a mesa. A essa altura seria um milagre que Angelique já não estivesse pendurada na boca de alguém.
E foi nesse momento que fiz uma bobagem.
Eu deveria ter voltado pelo mesmo caminho em que vim, mas achei que seria melhor ir pelo segundo piso, onde estavam as mesas. Tinha muita gente dançando por cada espaço que sobrasse e comecei a me bater em um e outro.
Depois de levar outro pisão bem no dedinho, eu achei que poderia usar a escada que leva ao terceiro piso, onde ficam os camarotes e passar por todo ele até a outra escada que me deixaria bem perto de nossa mesa.
Isso foi o que eu pensei, mas não foi bem assim. Eu subi a escada e até cheguei a dar alguns passos, mas logo me vi cercada por um bando de gorilas.
Fiz uma careta. Eles usavam todos a mesma roupa escura, parecendo um grupo escolar. Até a postura deles era idêntica.
Com a liberdade que a bebida me deu, eu comecei a rir.
— Com licença, dá pra sair da frente?
Eu coloquei a mão no braço de um deles, querendo que me desse passagem, mas o homem nem se moveu.
— Desculpe, mas você não pode passar por aqui - ele disse de modo sério, me encarando.
— E por que não? - eu ergui a cabeça, cambaleando um pouco — Eu tenho direito de passar por onde eu quiser. Eu paguei para entrar! - eu falei alto contando uma mentira descarada, mas ele não sabe que eu entrei de favor.
— Você não tem a pulseira da área VIP. Não pode ficar aqui - ele insistiu.
— Eu não quero ficar - falei mais alto, dando outra balançada — Eu quero passar!
— Não pode!
— Posso sim! - eu ergui o queixo me sentindo valente. Mas isso foi só por causa da bebida. Em minha função normal de juízo, eu teria corrido dele na hora.
— Tudo bem, Túlio - ouvi uma voz forte e inclinei o corpo, olhando atrás do gigante na minha frente — Deixe que ela passe.
Eu apertei os olhos. O homem estava sentado em um dos sofás, com um copo na mão e na mesa tinha um cinzeiro com um charuto aceso.
Eu acho que conheço essa cara. Não sei de onde, mas acho que sim. Ele estava perto da penumbra. A iluminação era bem suave e não dava para ver bem. Ou talvez fossem meus olhos que estavam ardendo.
— Você ouviu, Túlio? - eu cruzei os braços de forma ousada — Sai da frente que eu quero passar - dei um sorriso bobo.
Eu juro que minha intenção era só a de passar por todo o caminho e descer na escada do outro lado. Só que meus pés pareciam ter esquecido disso.
Eu senti uma leve tontura e quando dei o primeiro passo fui direto ao chão e quase caí de cara. Foi vergonhoso. Me apoiei nas mãos e senti meus joelhos doerem da pancada. Foi quase tão ridículo quanto Anastasia Steele, em 50 Tons de Cinza, quando ela se destabaca na frente de Christian Grey.
Tudo bem que o ator que fez o personagem é um gato, está entre os cinco homens mais bonitos de minha lista e que se eu tivesse oportunidade um dia, iria me jogar em cima e deixar ele fazer o que quisesse comigo.
Aí eu tinha que ser ridícula como ela. Dar de cara com um homem rico indo ao chão como se minhas pernas fossem de geleia.
Não. Na verdade foi mais ridículo porque foi comigo. Meu cabelo caiu sobre meu rosto e eu apertei os lábios. Pensei se deveria correr dali sem olhar para os lados e ver se ele estava rindo.
O problema é que do jeito que eu estou balançando de um lado para outro, talvez eu acabe me matando na escada, quando cair e quebrar o pescoço. Aí vou ser uma vítima igual na novela onde a Nazaré Tedesco derrubava todo mundo da escada para fazer suas maldades.
Só que no caso, eu mesma vou me matar por correr alcoolizada.
Senti mãos me ajudando a levantar e pensei que fosse o gorila que me barrou, mas engoli em seco ao ver que era o homem que mandou me deixar passar.
Porra! E como ele é bonito. E alto. E sexy. Puta que pariu! Pisquei várias vezes. Ele é atraente. Muito atraente. Ele sorriu.
— Você está bem?
Porra! Que voz é essa?
— Sim... - respondi baixinho.
Fiquei olhando fixo para seu rosto. Ele tem uma cicatriz no lado direito, perto da orelha, subindo pela bochecha.
Esse cabelo e essa barba baixinha. Inclinei a cabeça de lado. Ele não me é estranho. Então ele virou o rosto para falar com o segurança e eu reconheci o perfil de mais cedo.
— Eu conheço você - eu falei franzindo a testa — É o bonitão lá do café!
Eu falei isso alto? Acho que falei sim pela cara de espanto que ele fez.
Parte 7...IsabelaMeu Deus! Alguém tem que segurar minha língua. Acabei de me dedurar dizendo que o vi antes e ainda o chamei de bonitão. Que ridícula!Ele sorri e eu observo seus dentes brancos, a boca grande, o nariz aquilino, olhos pretos como se fossem duas jaboticabas.Ai, me deu saudade de comer jaboticabas. No sítio de um primo meu tem muitas árvores e eu gostava de subir nos galhos e comer a jaboticaba lá mesmo.E porque diabos eu estou pensando em comer jaboticaba com um homem desse parado na minha frente?Ele é bem alto. Ou eu que sou muito baixa. Tenho que erguer o rosto para falar com ele. Suas mãos estão em meus braços. Ele me ajudou a levantar e ainda me segura. E eu gosto disso.Caralho! Eu percebo que alguma coisa se apertou dentro de mim. Passei o olhar nele todo e me veio logo a pergunta. Será que ele tem o pau grande?Balancei a cabeça para espantar o pensamento safado e dei uma risadinha. Solucei e levei a mão à boca, ainda rindo. Misericórdia!— E você é a garçon
Parte 8...IsabelaDepois de fazer minha rotina no banheiro voltei para a cama e peguei meu notebook para enviar uma mensagem para meus pais.Por internet é a forma mais rápida e barata de fazer isso. Como somos nós três que dividimos a conta, não fica pesado pra mim.Eu gosto de enviar mensagens para minha família, assim eles não ficam preocupados comigo. Não é sempre. Às vezes eu passo até duas semanas sem dar notícias, mas eles sabem que esse é meu tempo máximo sumida.Depois tomei um café da manhã leve, só uma fruta com yogurte. Depois de ontem estou com uma dor de cabeça chata. Acho que deve ser a tal de ressaca. Sinto um gosto estranho no fundo da garganta.Ainda sonolenta separei minhas roupas e coloquei na máquina de lavar da área de serviço, amanhã eu passo ferro em tudo. Aproveitei e fui para o quartinho - barra - escritório. Abri minha conta no banco e apoiei a mão no queixo, desanimada com os números que aparecem na tela.Eu preciso muito encontrar um modo de conseguir gran
Parte 9...IsabelaEu gosto de trabalhar aqui no restaurante, mas dia de sábado é sempre cheio. É um dia que as pessoas conseguem uma folga para aproveitar e a rua tranquila começa a encher de gente fazendo suas compras nas galerias.E claro, depois elas procuram um lugar para comer ou beber algo diferente. E aqui tem uma boa reputação e sempre temos muitos clientes.Eu só não esperava encontrar com ele de novo. O cliente bonitão. Acho que meu coração parou um instante. Ele me encarava.Depois meu coração volta a bater, só que mais acelerado. Ele está usando uma camisa cinza grafite, enrolada nos punhos, deixando ver suas tatuagens.
Parte 10...Isabela— Ai... Porque o homem é muito gato - eu esfreguei a testa com os dedos.— Como é? - ele gargalhou — Você é doida, querida?Eu fiz que mais ou menos com a mão.— Ontem eu o vi no lá no café... À noite ele estava na mesma boate que eu e hoje... - bati uma mão sobre a outra — Ele aparece aqui.— Bom, o café e o restaurante são dos mesmos donos... - ele gesticulou — Já a boate eu não sei dizer... Coincidência?Eu franzi a testa. É, pode ser.— Mas ele j&
Parte 11...IsabelaNa outra noite eu não prestei atenção em como essa parte VIP é chique. Minha cabeça estava fora de mim e passei tão rápido que não notei como essa área é bonitaAgora meu pulso tem uma pulseira que sinaliza que eu sou VIP. Acho isso uma frescura, já que todo mundo está ouvindo a mesma música e usando os mesmos serviços, mas, quem sou para brigar contra o sistema capitalista que separa todo mundo por classes.— Fala sério - Angelique fala ao meu ouvido — Nós estamos arrasando hoje - ela se mexe de acordo com a música que toca — Eu estou me sentindo maravilhosa.— E está mesmo - eu respondo — Esse
Parte 12...Isabela— Sente-se aqui ao meu lado - ele indica com a mão o sofá grande e confortável, espera que eu sente e faz o mesmo, quase colando o corpo ao meu — Assim é bem melhor, não acha?Eu não acho nada. Qualquer coisa eu corro por cima da mesa mesmo.— Não está curiosa? - eu o olho franzindo a testa — Meu nome?— Ah.. É... Você não me disse.— Você não pareceu querer saber - ele corre um dedo em meu rosto, tirando o cabelo da frente — Aliás, você fugiu de mim.— Eu... Eu não fugi. Estava trabalhando - me
Parte 1...IsabelaPorra! Sério? Eu vou passar a noite xingando toda vez que ele fizer algo assim. Pelo amor de Deus, o que está acontecendo comigo?Ele começa a se movimentar, me levando junto. Estamos grudados, ele me segura firme com a mão em minhas costas.— É uma velha mania - respondo.— Eu gosto, mas isso me dá vontade de provar esse lábio - ele toca meu lábio com os dedos — Macio... - ele aperta entre os dedos.Eu respiro fundo. Dou uma risadinha nervosa e olho a boca dele também.— Se quiser pode provar - ele diz.Eu ergo o olhar. Seus olhos são muito escuros, mas parecem entregar uma mistura de intensidade e ternura ao mesmo tempo. Não consigo compreender bem.Parece que tem algo especial acontecendo aqui. Não sei se estou certa. Ou então é só comigo mesma. E agora? O que eu digo?Antes que meu cérebro conseguisse destravar e formular alguma palavra, ele desceu a cabeça e pressionou os lábios contra os meus. Foi só isso, um selinho demorado. O suficiente para que eu sentisse
Parte 2...Isabela* Isabela *Tive que parar o beijo apesar de estar amando essa boca quente, ousada, exigente. Um alarme soou dentro de minha cabeça quando a mão dele invadiu meu vestido e seu dedo passou por baixo do elástico de minha calcinha.O homem é rápido. Meu coração até bate mais forte, minha respiração ficou ofegante pelo susto de perceber sua intenção, aqui, no meio da boate com tanta gente de um lado para outro.Bom, se ele não se importa com platéia, eu sim. Nunca fui muito dada a mostrar cenas íntimas em público. Segurei sua mão.— Acho que... É melhor sentar - respirei fundo e engoli em seco.Nem esperei por ele e já procurei um lugar mais no canto, com iluminação fraca. Sei que meu rosto está corado porque sinto calor por todo corpo e a boate aqui tem um excelente ar-condicionado. Eu é que fiquei com vergonha.Ele exita um instante e depois vem sentar ao meu lado. Cruzo as pernas porque sinto que estou mais animada do que deveria. Limpo a garganta para recuperar a vo