Faltando poucos dias para a viagem, Larissa me manda uma de suas habituais mensagens cheias de emojis.Borboleta: Bom dia! Pronto para mais um programa de casal?Diogo: Eu achei que já tivéssemos feito isso.Borboleta: Ainda não tiramos fotos, lembra? Precisamos de fotos para caso alguém nos questione. Só por precaução.Diogo: sou ótimo com montagens. Posso tentar algo.Borboleta: Bleh. Sem chance. Tem tempo para um encontro essa noite?Eu fico uns bons minutos encarando essa mensagem sem saber como responder. O que diabos tem essa mulher e por que eu sempre acabo concordando com suas maluquices sem sequer questionar?Estou mesmo tão desesperado a ponto de virar refém de Larissa Aurora ou eu realmente gosto de tudo o que ela faz comigo? De qualquer forma, mando uma mensagem de volta:Diogo: Depende do que você tem em mente.Borboleta: Você deveria confiar mais em mim. Somos um casal agora.Diogo: Estamos começando a fazer esse jogo por mensagens também?Borboleta: Não sei. Você quer?
Quando finalmente chego no local do bendito encontro, Larissa já está lá. Ela enfia as mãos nos bolsos dos seus shorts jeans e segue em minha direção. Eu tenho não encarar suas pernas nuas, mas ressalto mentalmente que elas são muito bonitas.Quando ela chega até mim, o sorriso é gigantesco.— Você não se atrasa nunca? — pergunto.Ela dá de ombros.— Por que eu me atrasaria?— Não sei. Eu pensei que fosse uma regra secreta entre garotas em encontros.Ela rola os olhos.— Essa foi a segunda coisa mais absurda que já ouvi essa semana. A primeira foi quando você me disse que não estava comendo direito — comenta. — Além do mais, por que eu me atrasaria em um encontro? Se eu estou gostando de um cara, eu não vejo a hora de vê-lo, certo? Não faz sentido fingir desinteresse.A sua maneira de pensar é interessante, me obrigo a admitir. Poucas pessoas teriam a mesma lógica que Larissa, embora seja a concepção mais simples de se ter.— Você tem um ponto — digo. — Mas então... o que vamos fazer?
ThaísÉ sexta-feira, o dia em que preciso arrumar minhas malas para viajar com Diogo no sábado, amanhã. Não tenho muito o que levar, então escolho o máximo de roupas que eu possa usar em uma casa de praia, além do vestido novo — e o único — que tenho para ir ao casamento. De qualquer forma, mando uma foto para Diogo mostrando minhas roupas, afinal, por mais que ele não tenha exatamente nada a ver com minha vestimenta, é a namorada dele que estou fingindo ser e quero estar apresentável no casamento de seu irmão.“Acha que isso é o suficiente?”Ele me responde de volta:“Talvez para usar como pano de chão. Onde está sua roupa para a cerimônia?”Isso me pega desprevenida porque o vestido que eu iria usar na festa foi justamente o da primeira foto que enviei a ele.“Eu te enviei a foto com o vestido que pretendo usar.” Digo, mandando a foto novamente.“Jogue-o fora.”Mas o que...“Você está me zoando ou o quê?”“Você não vai ao casamento do meu irmão como minha namorada usando isso.”“Não
Capítulo 1 DIOGO Minha cabeça vai explodir. Sinto como se houvesse algo martelando dentro dela e qualquer som emitido nesta sala de reunião está me deixando estressado. Há um vídeo de poucos segundos rolando no quadro branco onde está sendo refletido nosso último projeto, mas não prende minha atenção. A tela do meu celular se acende, e eu já sei quem é antes mesmo de olhar. Na tela de bloqueio, uma notificação de mensagem da minha mãe: “Me fale mais sobre ela”. Aperto a ponte do meu nariz, voltando a focar no comercial. A modelo está correndo em direção a uma cachoeira, cabelos brilhantes ao vento. A edição está boa, mas falta algo. Um pouco de personalidade, talvez? O celular se acende de novo. “Você não me disse seu nome ainda, mas vou descobrir. Me passe o contato dela se estiver sem tempo. Quero conhecê-la.” A modelo agora está deitada sobre a grama, parecendo encantada com o cheiro de qualquer coisa proveniente da natureza que ela esteja sentindo. Mas que porra é essa? “
Volto a olhar para minha secretária. A tão competente Viviane. Eu deveria lhe dar um aumento de salário. A mulher é uma santa, embora eu tenha desconfiança de que ela me odeie. Não me surpreenderia se encontrasse um boneco de magia parecido comigo em suas gavetas. — Viviane... — eu digo. — Não marque nada para a próxima semana depois desse projeto. Tenho uma viagem importante a fazer e ficarei por duas semanas fora. — Claro. — Ela está prestes a me virar, quando a chamo outra vez: — E Viviane? — Sim? — Suas férias começam no próximo fim de semana, certo? — Exatamente. — E você já tem planos? Ela me olha de maneira estranha. Por que não olharia? Estou realmente tão desesperado ao ponto de pedir este favor a minha secretária? Ela faz uma pausa, e talvez este seja um sinal dos céus para que eu não continue. Não sou esse tipo de homem. Nunca tive que pedir um favor desse tipo para alguém, muito menos a qualquer funcionário meu, no entanto posso confessar que estou meio que desesper
Capítulo 2LARISSA— Eu acho que não gostei dessa cor de esmalte. — Teodora Fonseca estende a mão com unhas pintadas de marrom-café e enruga o nariz pontudo. — Não combina comigo.— É o mesmo que usei na semana passada.— Deve ser por isso, então. Enjoei dele. Pinte de novo.Eu respiro fundo umas três vezes, tentando me controlar enquanto broto um sorriso em meu rosto e pego acetona e algodão.Aos 26 anos, eu me considero uma faz tudo muito competente. Sou manicure, cabeleireira, maquiadora e até depilo nas horas vagas. Minha mãe, a dona do salão em que trabalho, diz que eu deveria me aprimorar mais no meu trabalho, já que não tenho talento para mais nada além disso, mas ela não é exatamente a pessoa que você procura quando quer receber elogios, principalmente se for eu, então vamos apenas fingir que sua opinião não vale de nada. Atualmente, estou fazendo serviço em domicílio. Meus serviços são tão requisitados que as senhoras ricas de todos os lados do Rio de Janeiro fazem questão de
LARISSANo sábado, acordo cedo. Mesmo que eu tenha alguns trabalhos pela parte da tarde, tiro a manhã para lavar roupas e resolver as pendências, como pagar a conta de luz atrasada que minha mãe tanto fez questão que eu pagasse ao longo da semana.Perto do horário de almoço, vou até a casa de Vivi. Ela mora a alguns quarteirões de onde eu vivo. Sempre almocei em sua casa aos sábados, e como descobri que hoje o almoço vai ser lasanha não vou perder a oportunidade.Dou um abraço em Pedrinho, meu afilhado. Quando sigo em direção a cozinha, encontro minha amiga mexendo algum molho na panela.— Quer ajuda com isso? — pergunto, sentindo o cheiro delicioso de seu tempero.Ela balança a mão e descarta a ajuda.— Apenas sente-se aí e vamos conversar um pouco. Preciso de alguém pra desabafar.Ela está tomando cerveja direto de uma garrafa. Pego um copo e me sirvo enquanto me sento.— Seu ex-marido decidiu voltar?Ela rola os olhos.— Quem dera fosse o Paulo enchendo meu saco dessa vez.— O que
DIOGONa segunda feira, Gonçalo e toda a equipe de Design finalmente me apresenta um projeto decente, que eu logo preparo para ser enviado aos nossos clientes para análise. Não é muito depois das dez da manhã quando Viviane irrompe porta adentro do meu escritório, os olhos arregalados como pratos.— Desculpe — ela diz. — Houve um problema na estação de metrô. Todos os trens atrasaram. Eu estava sem sinal lá embaixo, então não consegui ligar nem mandar uma mensagem.— Tudo bem. Só tivemos uma reunião até agora — eu digo, analisando sua expressão de nervosismo, o rosto suado. Eu não vou dar uma bronca nela, digo a mim mesmo, recordando de que preciso da minha secretária e não poderei irritá-la se quiser receber sua ajuda. — Viviane, você conseguiu o que te pedi?Ela congela um sorriso vacilante, os ombros retos de tensão.— Sim, senhor, eu consegui — responde. A situação como um todo me faz ter vontade de rir. Eu riria se não estivesse tão nervoso quanto ela. Poderíamos muito bem estar