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A Melodia dos Alpes
A Melodia dos Alpes
Por: Daiane
O Despertar de Sophie

Sophie acordou com o sol lançando seus primeiros raios através da janela, iluminando seu quarto com tons dourados. Ela se espreguiçou, sentindo o peso da rotina sobre seus ombros. Paris, tão encantadora para visitantes, já não tinha o mesmo brilho para ela. Era hora de buscar novos ares, de desaparecer por um tempo.

Enquanto se levantava, o telefone tocou. Ela olhou para o visor e viu o nome de Joseph piscando. Suspirando, ela recusou a ligação e desligou o telefone. Joseph ainda insistia em manter contato, em convidá-la para sair como amigos, mas ela sabia que não poderia voltar a cair nessa armadilha.

Enquanto tomava seu café da manhã, Sophie pensava em como sua vida havia chegado a esse ponto. Seu casamento com Joseph esfriou rapidamente após a suspeita de traição, e ela se viu sozinha, sem nada para preencher o vazio que sentia. Ela nunca quis ser aquela mulher que perdoa sempre, apenas para se decepcionar novamente.

Decidida a mudar sua vida, Sophie terminou seu café e pegou papel e caneta. Era hora de buscar inspiração, um novo livro precisava ser lançado. No auge dos seus 32 anos, ela era uma renomada escritora de romances, e a editora e os leitores estavam sempre pressionando por uma nova obra.

Ela solta tudo na mesa, anda por toda casa, toma um café, anda mais um pouco, nada de inspiração, nem nas suas músicas de sempre, nem em seus livros, a cidade lá fora é o desejo de consumo de muitos, mas para ela é somente sua cidade onde cresceu e casou, viveu tanto tempo a mesma rotina e os mesmos dramas.

Quem sabe agora mudar?

-"E se eu fizesse a viagem para os Alpes franceses que eu sempre quis?" - pensou.

-"Joseph nunca me deu esse presente, mas eu posso me dar, está decidido! Umas boas férias, montanhas, neve e silêncio!"

Sophie liga para seu agente de viagens e acerta tudo, precisa também alugar uma casa, pode ser antiga, desde que segura, com lareira e uma janela com vista para os Alpes.

Após comprar a passagem para sua viagem de férias, Sophie aguardou ansiosamente por cinco longos dias. Cada hora parecia uma eternidade, mas finalmente chegou o dia tão esperado. Com suas malas prontas e o coração cheio de expectativas, ela partiu para o aeroporto, dizendo adeus a Paris.

Enquanto o táxi a levava pelas ruas conhecidas da cidade, Sophie olhava pela janela, despedindo-se mentalmente dos lugares que tanto conhecia. Ela sentia uma mistura de emoções dentro de si - a tristeza de deixar para trás uma parte de sua vida e a empolgação pelo desconhecido que a aguardava em Chamonix.

No aeroporto, enquanto aguardava seu voo, Sophie observava as pessoas ao seu redor. Famílias reunidas, casais apaixonados, viajantes solitários como ela. Cada um com sua história, cada um com seus sonhos. Ela se perguntava o que o destino reservava para ela.

Finalmente, chegou a hora de embarcar. Sophie pegou sua bolsa, ajustou seu cachecol e caminhou em direção ao portão de embarque. Ela sabia que essa viagem seria mais do que apenas umas férias. Seria uma jornada de autodescoberta, uma chance de recomeçar.

Com um último olhar para trás, Sophie embarcou no avião. Paris estava agora no passado. Chamonix a aguardava, cheia de promessas e possibilidades. Até breve, Paris. Até breve, rotina. Sophie estava pronta para o novo, o desconhecido com certeza poderia lhe trazer a tão perdida inspiração para seu novo romance. Enquanto o avião decolava, ela escrevia em seu pequeno bloco de notas as sensações que estava sentindo e toda expectativa que tinha com essa viagem.

-"Sempre imaginei que o dia que fosse para algum lugar assim seria com Joseph, com um ou dois filhos, mas agora já não é hora de lamentar e continuar sentindo essa mágoa. Acho que a perda do meu bebê antes de nascer e a traição que sofri mostraram que meu destino não era com ele, além de ser alguém sempre previsível, ele nunca foi admirador do meu trabalho de escritora, queria apenas uma esposa para o lar e para a sociedade.

Toda essa tentativa de reconquistar, de ter o meu perdão, não passa de peso na consciência, de não saber perder quem sabe para outro homem no futuro, é só insegurança porque sua amante também era uma mulher casada que não queria nenhum futuro com ele.

Agora é bater a poeira! Os Alpes que me guardem - pensou."

Sophie pensava isso e se sentia confiante enquanto se acomodava mais na poltrona para olhar pela janela do avião.

Sophie casou-se aos 18 anos, cheia de sonhos e esperanças, apaixonada por Joseph, que parecia ser o príncipe encantado de sua vida. Ele era um rapaz bom e trabalhador, e no início, tudo parecia perfeito. No entanto, conforme o tempo passava, as nuvens começaram a escurecer o céu azul de seu casamento.

Joseph nunca valorizou os projetos de Sophie, principalmente sua paixão pela escrita, especialmente romances. Para ele, a imagem da esposa de um advogado não combinava com a escrita de romances. Sophie sentia-se sufocada, como se sua voz e sua criatividade fossem constantemente podadas.

Enquanto Joseph desencorajava suas aspirações literárias, ele próprio buscava romances fora do casamento. Sophie sabia, mesmo sem evidências concretas, que ele tinha uma secretária, uma colega de trabalho e talvez muitas outras mulheres em sua vida. A traição de Joseph era como uma sombra pairando sobre seu casamento, corroendo aos poucos a confiança e o amor que um dia sentira por ele.

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