SamantaAmélia finalmente chegou à lanchonete em que tinham marcado de se encontrar. Sam observou sua prima se aproximar, sem saber se aquilo realmente era uma boa ideia.Por uma infinidade de motivos, ela não revelou a sua prima quem era o namorado misterioso que manteve por mais de dois anos. E depois que Amélia e Ícaro se reencontraram e começaram a se envolver, tudo ficou mais complicado. Não queria estragar o relacionamento deles por causa da antipatia que Amélia nutria por seu namorado.Na verdade, se sentia culpada por permitir que ela pensasse que ele era um canalha em diversas ocasiões. Mas como dizer para sua prima que a dor que sentia era tão grande que ameaçava sufocá-la todos os momentos do seu dia.Não queria que Mel se sentisse culpada por todo esse sofrimento. E se contasse como se sentia, e o peso dos sentimentos da perda, sua prima não iria aguentar. Amélia se culparia por todas as suas desgraças, porque foi durante o seu resgate e fuga, que Sam perdeu tudo o que tin
Ela levantou os olhos cor de mel, marejados de lágrimas para Amélia. Queria pensar como ela, e abandonar esses sentimentos que apunhalavam o seu coração a cada respirar, mas Mel não poderia entender, ela sabia muito pouco sobre a história de Sam com Alberto.- Eu preciso te contar uma coisa... – Sam respirou fundo. – Você sempre pensou que ele era negligente comigo, principalmente quando eu ficava bêbada, mas a verdade é que isso nunca foi culpa dele. Na verdade, ele não gosta que eu beba.- Você está brincando com a minha cara, Sam? – Amélia indagou revoltada. – Todas as vezes que você saia com aquele embuste você chegava em casa trançando as pernas, isso é; quando chegava. Porque muitas vezes eu tive que te buscar em boates, restaurantes e até mesmo naquele prédio de alto padrão no Jardins. - Mel, não é assim... – Sam queria dizer a ela que Alberto nunca fez nada para deixá-la naquela situação, mas para explicar isso, teria que revelar a identidade dele.- Samanta, acorda! Você era
SamantaAlgumas semanas se passaram desde a última vez que ela esteve com Alberto. Ela ignorou as flores, os presentes e a saudade opressiva e debilitante. Tentou seguir sua vida sem ele, como se aquela página de sua vida marcada por suas lágrimas estivesse virada. Sam olhou para a única lembrança que tinha do sonho de uma família que ela tinha. Uma pulseirinha de bebê com um nome gravado. Ela pegou a peça em suas mãos, sentindo os olhos arderem de lágrimas.Guilherme foi o seu primeiro amor, e também foi o homem que ofereceu a ela tudo o que ela sempre sonhou; uma família. Mas depois daquele acidente, seu corpo ficou defeituoso e praticamente incapaz de gerar. Seu coração foi rasgado pela dor e pisoteado pelas palavras dele.Ela nunca pensou que seria capaz de amar de novo, não até conhecer Alberto Darius. O CEO da Acrópole era a personificação da beleza masculina, sensualidade e virilidade. Quando ele olhou para ela, não conseguia acreditar que tinha chamado sua atenção. Ele era i
Samantha parou na entrada luxuosa da Masmorra Die. Seus dedos trêmulos apertavam o volante do carro, e seus olhos marejados refletiam a dor cravada em seu peito. Jurou nunca mais voltar ali. Mas a promessa foi quebrada pela necessidade desesperada de ver com os próprios olhos o homem que amava traindo tudo o que construíram.Ela engoliu em seco, ajeitando a saia lápis cor creme que abraçava suas curvas de maneira impecável. A blusa laranja de alças finas parecia deslocada naquele ambiente, mas não importava. O que importava era o que estava prestes a enfrentar. Segurando firme a caixa preta em suas mãos, desceu do carro. Os saltos altos fazendo um clique firme no chão de pedra. A noite estava fria, mas o gelo que envolvia o seu coração era pior.A poucos metros de distância, através da janela ampla de vidro fumê, ela viu a cena que acabou com seus resquícios de esperança, fazendo cada pedaço de seu ser se despedaçar.Alberto Darius, o homem que durante dois anos foi seu tudo, estava
Sam limpou o rosto com o lenço de papel, precisava se recompor, os clientes da nova campanha não demorariam a chegar. A reunião seria longa, e logo em seguida haveria um coquetel no hotel Palazzo.Esticou as pernas compridas, o salto alto bege a deixava ainda mais alta. Jogou as ondas negras de seus cabelos para trás, os fios brilhantes de seu cintilavam sob a luz pálida do ambiente.Retocou a maquiagem, mirando seus olhos tristes no espelho. Nesse momento só queria ser abraçada, se sentir amparada por alguém que entendesse o que estava se passando. Abraçou o próprio corpo, se sentindo mais vazia e solitária do que nunca. Pegou o celular olhando para o contato de sua prima. Se ao menos pudesse contar tudo para Amélia, porque somente ela sabia o que Sam perdeu.Não... não era somente ela, havia outra pessoa com quem compartilhou sua culpa e sofrimento, e esse alguém era Alberto Darius. Ele sabia quão profunda era a sua dor.Sam se arrumou, reunindo suas coisas na pasta de couro, e a
Sam levou a taça de vinho branco aos lábios, desfrutando do gosto fermentado das vídimas. Levantou os olhos devagar para encontrar os do homem à sua frente. Gabriel Avelar foi persistente em suas investidas. Ele a convidou para jantar durante os quatro dias que se seguiram às apresentações durante o coquetel. Sam o recusou, porque depois de pesquisar o seu nome na internet, soube que ele também era um CEO importante de um grupo grande do segmento alimentício. Ele não aceitou suas recusas, e lotou a sala dela com flores e presentes com cartões esperançosos. Ao final desta quarta feira muito quente, ele apareceu no escritório de surpresa. Sam ficou desconcertada ao vê-lo encostado em um carro escuro luxuoso. Dessa vez o convite não pode ser recusado. E agora estavam em um restaurante francês jantando. O CEO da G&P se mostrava uma ótima companhia. Ele era simpático e charmoso, e até agora se saiu bem em manter sua atenção concentrada nele. - Como está a sua amiga metida a cu
Alberto Alberto observava a casa como quem encara um campo de batalha prestes a ser invadido. O ferro frio do portão sob suas mãos pouco se comparava ao gelo que atravessava seu peito. Ele não sabia ao certo por quanto tempo estava ali, mas o céu já escureceu por completo, e as sombras da rua pareciam conspirar com seus pensamentos mais sombrios. A mulher que ocupava seus pensamentos ousou sair novamente com outro homem. A fonte que tinha dentro da Cosmus, disse que o homem foi buscá-la pessoalmente na frente da agência; um claro sinal de proximidade. Não, ela não podia fazer isso. Não deixaria que agisse como se sua vida e seu destino, estivesse livre para ser ocupado por outra pessoa. Quando os faróis do carro cortaram a penumbra, ele apagou o cigarro lentamente, levantando os olhos na direção do motorista. Era ela. Samanta. A visão dela, mesmo à distância, ainda o excitava e provocava fúria por sua petulância, como no primeiro dia em que se conheceram. Mas agora hav
Samanta Ela fechou a porta assim que ele saiu, seu corpo foi cedendo contra a madeira envernizada, a visão turva pelas lágrimas. O chão frio não oferecia conforto para seu coração em pedaços. E seus braços finos, não eram capazes de aquecer seu corpo e trazer qualquer resquício de consolo. Sam olhou para o vazio à sua frente, sua vida estava desmoronando diante de seus olhos, e ela não conseguia se agarrar a nada, porque o centro de todo o seu mundo era o homem que saiu por aquela porta. Não haveria outra pessoa capaz ocupar o lugar desse homem. Ao sinal de qualquer resquício da presença de Alberto, nada mais importava. A presença de Gabriel foi completamente apagada no instante em que a figura do homem que ela amava se revelou recortado sob as sombras. Os olhos dela transbordaram. O peito apertado de saudades. - Por que... por que você foi fazer isso comigo?! POR QUÊ? – gritou, perguntando aos céus. Mas ela sabia que a resposta não viria. Um barulho baixo do lado de fora