SamantaAlgumas semanas se passaram desde a última vez que ela esteve com Alberto. Ela ignorou as flores, os presentes e a saudade opressiva e debilitante. Tentou seguir sua vida sem ele, como se aquela página de sua vida marcada por suas lágrimas estivesse virada. Sam olhou para a única lembrança que tinha do sonho de uma família que ela tinha. Uma pulseirinha de bebê com um nome gravado. Ela pegou a peça em suas mãos, sentindo os olhos arderem de lágrimas.Guilherme foi o seu primeiro amor, e também foi o homem que ofereceu a ela tudo o que ela sempre sonhou; uma família. Mas depois daquele acidente, seu corpo ficou defeituoso e praticamente incapaz de gerar. Seu coração foi rasgado pela dor e pisoteado pelas palavras dele.Ela nunca pensou que seria capaz de amar de novo, não até conhecer Alberto Darius. O CEO da Acrópole era a personificação da beleza masculina, sensualidade e virilidade. Quando ele olhou para ela, não conseguia acreditar que tinha chamado sua atenção. Ele era i
Samantha parou na entrada luxuosa da Masmorra Die. Seus dedos trêmulos apertavam o volante do carro, e seus olhos marejados refletiam a dor cravada em seu peito. Jurou nunca mais voltar ali. Mas a promessa foi quebrada pela necessidade desesperada de ver com os próprios olhos o homem que amava traindo tudo o que construíram.Ela engoliu em seco, ajeitando a saia lápis cor creme que abraçava suas curvas de maneira impecável. A blusa laranja de alças finas parecia deslocada naquele ambiente, mas não importava. O que importava era o que estava prestes a enfrentar. Segurando firme a caixa preta em suas mãos, desceu do carro. Os saltos altos fazendo um clique firme no chão de pedra. A noite estava fria, mas o gelo que envolvia o seu coração era pior.A poucos metros de distância, através da janela ampla de vidro fumê, ela viu a cena que acabou com seus resquícios de esperança, fazendo cada pedaço de seu ser se despedaçar.Alberto Darius, o homem que durante dois anos foi seu tudo, estava
Sam limpou o rosto com o lenço de papel, precisava se recompor, os clientes da nova campanha não demorariam a chegar. A reunião seria longa, e logo em seguida haveria um coquetel no hotel Palazzo.Esticou as pernas compridas, o salto alto bege a deixava ainda mais alta. Jogou as ondas negras de seus cabelos para trás, os fios brilhantes de seu cintilavam sob a luz pálida do ambiente.Retocou a maquiagem, mirando seus olhos tristes no espelho. Nesse momento só queria ser abraçada, se sentir amparada por alguém que entendesse o que estava se passando. Abraçou o próprio corpo, se sentindo mais vazia e solitária do que nunca. Pegou o celular olhando para o contato de sua prima. Se ao menos pudesse contar tudo para Amélia, porque somente ela sabia o que Sam perdeu.Não... não era somente ela, havia outra pessoa com quem compartilhou sua culpa e sofrimento, e esse alguém era Alberto Darius. Ele sabia quão profunda era a sua dor.Sam se arrumou, reunindo suas coisas na pasta de couro, e a
Sam levou a taça de vinho branco aos lábios, desfrutando do gosto fermentado das vídimas. Levantou os olhos devagar para encontrar os do homem à sua frente. Gabriel Avelar foi persistente em suas investidas. Ele a convidou para jantar durante os quatro dias que se seguiram às apresentações durante o coquetel. Sam o recusou, porque depois de pesquisar o seu nome na internet, soube que ele também era um CEO importante de um grupo grande do segmento alimentício.Ele não aceitou suas recusas, e lotou a sala dela com flores e presentes com cartões esperançosos. Ao final desta quarta feira muito quente, ele apareceu no escritório de surpresa. Sam ficou desconcertada ao vê-lo encostado em um carro escuro luxuoso.Dessa vez o convite não pode ser recusado. E agora estavam em um restaurante francês jantando.O CEO da G&P se mostrava uma ótima companhia. Ele era simpático e charmoso, e até agora se saiu bem em manter sua atenção concentrada nele.- Como está a sua amiga metida a cupido? – ele
AlbertoAlberto observava a casa como quem encara um campo de batalha prestes a ser invadido. O ferro frio do portão sob suas mãos pouco se comparava ao gelo que atravessava seu peito. Ele não sabia ao certo por quanto tempo estava ali, mas o céu já escureceu por completo, e as sombras da rua pareciam conspirar com seus pensamentos mais sombrios.A mulher que ocupava seus pensamentos ousou sair novamente com outro homem. A fonte que tinha dentro da Cosmus, disse que o homem foi buscá-la pessoalmente na frente da agência; um claro sinal de proximidade.Não, ela não podia fazer isso. Não deixaria que agisse como se sua vida e seu destino, estivesse livre para ser ocupado por outra pessoa.Quando os faróis do carro cortaram a penumbra, ele apagou o cigarro lentamente, levantando os olhos na direção do motorista. Era ela.Samanta. A visão dela, mesmo à distância, ainda o excitava e provocava fúria por sua petulância, como no primeiro dia em que se conheceram. Mas agora havia algo difer
SamantaEla fechou a porta assim que ele saiu, seu corpo foi cedendo contra a madeira envernizada, a visão turva pelas lágrimas. O chão frio não oferecia conforto para seu coração em pedaços. E seus braços finos, não eram capazes de aquecer seu corpo e trazer qualquer resquício de consolo.Sam olhou para o vazio à sua frente, sua vida estava desmoronando diante de seus olhos, e ela não conseguia se agarrar a nada, porque o centro de todo o seu mundo era o homem que saiu por aquela porta. Não haveria outra pessoa capaz ocupar o lugar desse homem. Ao sinal de qualquer resquício da presença de Alberto, nada mais importava. A presença de Gabriel foi completamente apagada no instante em que a figura do homem que ela amava se revelou recortado sob as sombras. Os olhos dela transbordaram. O peito apertado de saudades.- Por que... por que você foi fazer isso comigo?! POR QUÊ? – gritou, perguntando aos céus. Mas ela sabia que a resposta não viria.Um barulho baixo do lado de fora confirmou
Nas primeiras horas de um amanhecer cinza, enquanto a cidade ainda dormia sob o peso de segredos e ressacas, Samanta despertou diferente. Tudo parecia reverberar em seus ouvidos, mas agora era como se um sutil estalo tivesse mudado o compasso do seu coração. Alberto foi embora antes que ela despertasse, como sempre. A rotina regrada do CEO da Acrópole começava bem cedo. O frio dos lençois não era uma novidade, o vazio parecia zombar de suas fraquezas. O silêncio a envolveu como um manto amigável.Ela se levantou lentamente, quase como se cada movimento fosse um protesto silencioso contra o que já não podia mais suportar. Seu corpo dolorido pela horas constantes de prazer extasiante.Seus olhos marejaram, lágrimas quentes transbordaram, enquanto ela vestia o robe amarelo pálido. As marcas dessa paixão incontrolável estavam por toda parte, em cada centímetro de pele, e pela primeira vez ela se sentiu diminuída por isso.Sentada à beira da janela, com o olhar perdido entre o cinza do
AlbertoA reunião com os investidores suíços parecia interminável. Alberto mantinha a máscara de seriedade diante de todos, mas seus olhos se voltavam para a tela do celular constantemente.Nenhuma ligação ou mensagem de Samanta. Ela ainda não viu o que ele escreveu para ela? Por que não ligou ou respondeu?Quando saiu da casa dela ainda de madrugada, tudo o que queria era voltar para cama e abraçar seu corpo quente, ouvindo seu respirar suave. Mas, a agenda de compromissos começou cedo, e nenhum deles era adiável.O cartier em seu pulso alcançava o ponteiro das nove horas, nesse momento ela já deveria estar no trabalho. Enviou flores e uma pulseira de diamantes, como uma lembrança de que ela era a mulher dele.A noite de prazer com Samanta ainda permeia seus pensamentos. Seus olhos cor de mel, molhados de lágrimas, seus gemidos, os gritos de prazer; se repetiam como um filme em sua mente.- O que acha Alberto? Vitório o chamou, perguntando sua opinião sobre o assunto discutid