Alberto Alberto observava a casa como quem encara um campo de batalha prestes a ser invadido. O ferro frio do portão sob suas mãos pouco se comparava ao gelo que atravessava seu peito. Ele não sabia ao certo por quanto tempo estava ali, mas o céu já escureceu por completo, e as sombras da rua pareciam conspirar com seus pensamentos mais sombrios. A mulher que ocupava seus pensamentos ousou sair novamente com outro homem. A fonte que tinha dentro da Cosmus, disse que o homem foi buscá-la pessoalmente na frente da agência; um claro sinal de proximidade. Não, ela não podia fazer isso. Não deixaria que agisse como se sua vida e seu destino, estivesse livre para ser ocupado por outra pessoa. Quando os faróis do carro cortaram a penumbra, ele apagou o cigarro lentamente, levantando os olhos na direção do motorista. Era ela. Samanta. A visão dela, mesmo à distância, ainda o excitava e provocava fúria por sua petulância, como no primeiro dia em que se conheceram. Mas agora hav
Samanta Ela fechou a porta assim que ele saiu, seu corpo foi cedendo contra a madeira envernizada, a visão turva pelas lágrimas. O chão frio não oferecia conforto para seu coração em pedaços. E seus braços finos, não eram capazes de aquecer seu corpo e trazer qualquer resquício de consolo. Sam olhou para o vazio à sua frente, sua vida estava desmoronando diante de seus olhos, e ela não conseguia se agarrar a nada, porque o centro de todo o seu mundo era o homem que saiu por aquela porta. Não haveria outra pessoa capaz ocupar o lugar desse homem. Ao sinal de qualquer resquício da presença de Alberto, nada mais importava. A presença de Gabriel foi completamente apagada no instante em que a figura do homem que ela amava se revelou recortado sob as sombras. Os olhos dela transbordaram. O peito apertado de saudades. - Por que... por que você foi fazer isso comigo?! POR QUÊ? – gritou, perguntando aos céus. Mas ela sabia que a resposta não viria. Um barulho baixo do lado de fora
Nas primeiras horas de um amanhecer cinza, enquanto a cidade ainda dormia sob o peso de segredos e ressacas, Samanta despertou diferente. Tudo parecia reverberar em seus ouvidos, mas agora era como se um sutil estalo tivesse mudado o compasso do seu coração. Alberto foi embora antes que ela despertasse, como sempre. A rotina regrada do CEO da Acrópole começava bem cedo. O frio dos lençois não era uma novidade, o vazio parecia zombar de suas fraquezas. O silêncio a envolveu como um manto amigável. Ela se levantou lentamente, quase como se cada movimento fosse um protesto silencioso contra o que já não podia mais suportar. Seu corpo dolorido pela horas constantes de prazer extasiante. Seus olhos marejaram, lágrimas quentes transbordaram, enquanto ela vestia o robe amarelo pálido. As marcas dessa paixão incontrolável estavam por toda parte, em cada centímetro de pele, e pela primeira vez ela se sentiu diminuída por isso. Sentada à beira da janela, com o olhar perdido entre o
Alberto A reunião com os investidores suíços parecia interminável. Alberto mantinha a máscara de seriedade diante de todos, mas seus olhos se voltavam para a tela do celular constantemente. Nenhuma ligação ou mensagem de Samanta. Ela ainda não viu o que ele escreveu para ela? Por que não ligou ou respondeu? Quando saiu da casa dela ainda de madrugada, tudo o que queria era voltar para cama e abraçar seu corpo quente, ouvindo seu respirar suave. Mas, a agenda de compromissos começou cedo, e nenhum deles era adiável. O cartier em seu pulso alcançava o ponteiro das nove horas, nesse momento ela já deveria estar no trabalho. Enviou flores e uma pulseira de diamantes, como uma lembrança de que ela era a mulher dele. A noite de prazer com Samanta ainda permeia seus pensamentos. Seus olhos cor de mel, molhados de lágrimas, seus gemidos, os gritos de prazer; se repetiam como um filme em sua mente. - O que acha Alberto? Vitório o chamou, perguntando sua opinião sobre o assunto di
Nada fazia sentido quando se tratava de Samanta. A coerência e as certezas desapareciam, não havia um terreno firme e sólido. Depois de tanto tempo, ela ainda era capaz de surpreender com suas atitudes. Essa inquietação era desconcertante. A espera por uma mísera mensagem, qualquer contato de sua mulher seria o bastante para aplacar esse desconforto que lhe tirava a concentração. Mas o dia transcorreu da mesma forma monótona e tediosa. Sufocando Alberto ao extremo do desespero por notícias de Samanta. Olhou para a tela do computador, um novo email piscou na tela. A secretaria havia acabado de encaminhar o contrato com a Cosmus, que ele estava esperando impacientemente. Abriu o contrato, verificando todas as cláusulas e as assinaturas dos envolvidos. Como ele havia previsto, o porco chauvinista do chefe dela havia entregue a campanha para outra publicitária. Mas isso seria resolvido em um instante. Pegou o telefone e ligou para sua secretária, através do telefone de sua
Samanta A rotina na agência estava mais tensa do que o normal, durante o dia todo. Sam não fazia ideia do que estava acontecendo, seu chefe estava gritando com todos que entravam em sua sala e aparentemente ele não estava feliz em descontar só nas mulheres. Sam conseguiu ficar longe das vistas dele o dia todo, mas antes de encerrar o expediente, o senhor Benevides adentrou sua sala, com o rosto tingido de vermelho, e fumaça saindo de seus ouvidos, tamanha sua raiva. - Então você ainda está aqui. – disse num tom de acusação. – Eu tenho que admitir que nunca pensei que era do tipo ambiciosa, Samanta. Mas parabéns, por manipular o senhor Darius para te dar a campanha da subsidiária dele. Sam olhou para ele, desconcertada. O que Alberto fez dessa vez? - Bem, você devia ter me comunicado que o seu envolvimento com Alberto Darius era profundo. Assim eu não teria feito papel de idiota para aquele homem arrogante e inflexível! - Eu não sei do que está falando, senhor Benevides.
O Rabanera era um restaurante que explorava as comidas típicas latinas. Entretanto, não era um lugar elitista; o que fez com que Sam se sentisse mais à vontade nesse ambiente sofisticado, porém descontraído. - Você está realmente maravilhosa hoje. – Gabriel elogiou, assim que o garçom desapareceu com seus pedidos. - Obrigado. – Sam bebericou o malbec de sua taça, desfrutando das notas cítricas e doces. – Me fale de você, Gabriel. Estou curiosa sobre esse homem ousado e interessante. - Oho..- ele sorriu, lhe endereçando uma piscadela. – Se falar comigo assim, vou acabar me apaixonando. – ele buscou a mão dela por sobre a mesa. – Sou um espírito livre e inquieto que nunca se prendeu a convenções. Jamais me casei, não tenho filhos, e a solidão me acompanha com a mesma intensidade com que busco o novo. Ele bebeu um gole de vinho, fazendo uma pausa. - Dizem que sou atrevido e espirituoso, envolto em um véu de mistério que encanta aqueles que se atrevem a se aproximar. – ele riu j
A noite transcorria como um encontro agradável e inesperadamente atraente. Sam estava focada em Gabriel, ignorando seu telefone, que havia tocado algumas vezes. Depois do jantar, ele a levou para um passeio, no jardim do lounge no terraço, com vista para a cidade. O lugar como luz aconchegante era bem intimista. Sam se apoiou no parapeito de vidro, observando o movimento intenso do trânsito e das pessoas na avenida lá embaixo. - E então, como você quer ser apresentada na Masmorra? – ele perguntou, próximo demais, às costas dela. Sam podia sentir a respiração dele em seu pescoço, e o calor de seu corpo enviando ondas por sua pele. Era estranho essa proximidade quase íntima com esse homem desconhecido, mas ela não queria desencorajá-lo agora. - Quero algo que não me prenda a ninguém. Uma posição onde eu possa me apresentar, e também escolher o que me agrada. - Isso é interessante. – as mãos dele seguravam sua cintura. Ela olhou para baixo, observando seus dedos apertaram as