SamantaO café já tinha esfriado em sua xícara a muito tempo. Ela olhou para as pessoas que transitavam em frente ao café, pareciam tão ocupados com suas rotinas. O feriado se arrastava para Sam. Ela sempre os passou com ele, Alberto.Nos últimos três dias, ela focou na campanha da Silticom, trabalhando até dormir sobre o computador em casa. Gabriel foi muito compreensivo em entender que não poderia sair com ele até o fim de semana. Foi tão atencioso que ligou várias vezes para saber se ela estava precisando de alguma coisa, e também para confirmar a iniciação dela na Masmorra na próxima sexta.Ele também forneceu o contato de uma designer muito conceituada de artigos sensuais. Madame S. era conhecida por sua criatividade e bom gosto. Seu nome era Katrina, mas ela assinava seus modelos como Madame S. A designer ficou entusiasmada com a ideia de figurino que Sam propôs, e confirmou a entrega até a próxima quinta-feira.- Que cara é essa? – A voz de Amélia interrompeu seus pensamentos
Alberto O barulho da porta de sua sala se abrindo, sem um mísero anúncio o irritou. Mas ele não se importou em olhar para ver quem invadia o seu escritório. Permaneceu sentado na poltrona alta, escura, olhando para o tabuleiro à sua frente, pensando na próxima jogada.Xadrez era uma arte que ele apreciava muito. O jogo de estratégia e lógica o fascinou na mais tenra idade, e até hoje era algo que usava para organizar seus pensamentos quando eles estavam tumultuados, como agora.- Há quanto tempo está dormindo aqui? – a voz Ticiano o surpreendeu por um breve instante.O assistente de Ícaro, Ticiano Dutra, era seu amigo mais próximo. Eles tinham um passado difícil. Somente ele conhecia partes de sua história que nem mesmo seus irmãos conheciam.Ticiano entrou na vida dos Darius quando Alberto tinha somente quatorze anos. Através de Ícaro, o garoto rebelde da periferia que tinha feito uma escolha errada e foi deixado para morrer, teve uma nova chance na vida.Ele foi o primeiro garoto p
Ticiano olhou para ele por um breve instante acenando com a cabeça em um claro sinal de discordância. Mas não insistiu no assunto. - E então, que papo era aquele quando fui te buscar na boate, mais bêbado que um gambá. - Só bebi um pouco a mais. Os homens que você me arrumou são uns escrotos. Me fizeram ir até lá e depois chamaram umas sete putas para a cabine. - Ei, vá com calma. A equipe de segurança do Tiago é um recurso valiosíssimo. Eles nem mesmo estão no mercado. Teve sorte que eu conheço há muito tempo. Só assim para trabalharem para você; um cara sem nenhum humor, e que não participa das pegações deles. - Ele me chamou até lá para me entregar uma nova informação. Deixei claro que não queria nenhuma mulher na cabine. Mas quando cheguei, ele chamou uma tal de Carlinha e sua amiga Vivi e mais não sei quem. Elas acreditam quando ele fala que é o dono da boate, ficam loucas para agradar. - Ainda bem que ele não conta que a boate é sua. – Ticiano derrubou o peão de Alberto,
SamantaO final de semana se aproximava como uma tempestade incerta e inevitável, avassaladora e carregada de uma eletricidade que Samanta sentia pulsar sob sua pele. A ansiedade crescia a cada batida do relógio, a cada ensaio mental, a cada toque de tecido sobre sua pele. Ela ia se apresentar pela primeira vez na Masmorra como Pérola Negra, e mesmo que fosse um pseudônimo, uma fantasia, uma máscara… ela sabia que, no fundo, seria uma revelação íntima de si mesma. Uma metamorfose que aconteceria diante de diversas pessoas, cheias de expectativas e desejos. Na noite anterior, sonhou com a sua estreia, o salão escuro, os olhares atentos, os corpos silenciosos, esperando algo arrebatador. As mãos dos corpos que dividiam o palco com ela, tudo muito real. E então ela, envolvida pelo jogo de luzes tênues e vapor, exibindo a figura da mulher que se tornava sensual, livre e impenetrável. Mas o rosto que mais a inquietava em meio aos rostos desconhecidos, era o dele. Alberto. Ela sabia que
O relógio da parede parecia zombar dela. Os ponteiros avançavam com lentidão excruciante para a noite, enquanto Samanta sentia cada segundo reverberar sob a pele como uma corrente elétrica. Quando o ponteiro bateu às nove horas, ela respirou fundo, estava a poucas horas de nascer como uma nova mulher, em sua estreia na Masmorra Diè, como a Pérola Negra. Lentamente, começou a se maquiar. A base suave, contorno discreto, e, por fim, os olhos. Com um pincel fino, estendeu a sombra preta fosca por toda a área que ficaria exposta entre as fendas da máscara, garantia de mistério absoluto. Olhou seu reflexo, vendo ali a promessa de Pérola Negra, e permitiu-se um breve sorriso nos lábios marcados pelo vinho vibrante que contrastava com seus dentes brancos. Pensou em Alberto e em sua caneca de vaquinha: presente singelo que, paradoxalmente, lhe dera mais coragem do que qualquer joia luxuosa. Ela andava pela casa em silêncio, descalça, sentindo o chão frio sob os pés, o corpo envolto apenas
Ao atravessar o pesado portão de ferro forjado, o visitante é recebido por um hall de entrada forrado em paineis de madeira escura e iluminado por arandelas de cristal fumê, cujos feixes difusos criam arabescos de sombra nas paredes. O teto em abóbada, pintado em nuances de burgundy e preto, sustenta correntes de aço inoxidável que refletem a luz em pontinhos repentinos, lembrando gotas de mercúrio. O piso em tábuas longas de carvalho é polido até o brilho, o solado dos saltos e das botas ecoa suavemente, compasso ritmado que antecipa a batida de músicas deep house ao fundo.Sofás chesterfield em veludo escarlate alinham-se a pequenas mesas de apoio em mármore negro, cada uma adornada por cristais de sal rosa e velas fumegantes, criando nichos de cumplicidade e mistério.No ar paira um perfume amadeirado, com toques de patchouli e couro queimado, tão envolvente que se torna quase um convite ao abandono de inibições.Adiante, uma escadaria ampla, encarpetada de vermelho escuro, condu
A “arena de vidro” repousa como joia rara central da Masmorra Die. Uma cúpula de vidro temperado espelhado, erguidas sobre base giratória, envolve um palco redondo de acabamento em aço escovado, iluminado por uma fileira de spots que projetam faíscas de luz sobre a plateia seleta. À direita, portas discretas abrem para suítes privativas revestidas em couro capitonê. Gabriel disse que essas suítes de acesso direto a arena, pertenciam aos sócios majoritários, ou seja, os donos do clube. Ela viu que três delas tinham a mesma inicial. Um D. discreto em ferro escovado. Alberto era um dos donos do clube?Ela afastou o pensamento, observando a reentrância na parede equipada com um cavalete de madeira escura, uma cruz de São André em metal polido e uma infinidade de acessórios; floggers de couro, rédeas de cetim, palmatórias em madeira nobre e uma seleção de máscaras artísticas penduradas em ganchos iluminados por LEDs âmbar. Cordas, açoites, vibradores, e plugs de diversas aparências. Cor
Uma submissa seminua entra, engatinhando lentamente, seus olhos inocentes, a boca entreaberta, louca para se submeter. Pérola desce suavemente pelas correntes, montando em cima da submissa, segurando seus cabelos loiros e fartos em um ato atrevido de dominância.Ela provoca a garota, tocando seus seios, enquanto mantém a cabeça dela imobilizada fixa na plateia. Ela geme, ansiosa sob seu controle, louca por mais, entretanto, a sub não tem autorização para tocar sua dominatrix.Pérola faz a garota ficar de joelhos em submissão, com as pernas abertas, brincando com seu clitóris e com a ponta de seu scarpin envernizado. A garota geme mais alto. Nesse ponto, os sócios reagem abertamente à cena no palco, alguns já têm seus escravos entre suas pernas, outros estão beijando o corpo de seus submissos, enquanto babam na cena.Aberto observa tudo com a mesma postura; pernas cruzadas, olhar profundo, preso em Pérola, não na garota gemendo aos pés dela. O coração dispara, de excitação, desejo e