Capítulo 3 Acerto de contas

Estava na hora de acertar as contas Ícaro.

Alberto dirigia como um louco, o motor do carro rugindo como sua própria fúria. O sangue pulsava em suas têmporas, a respiração acelerada e o gosto metálico da raiva na boca. Não havia tempo para pensar, para ponderar. Ícaro, o seu irmão precisava pagar pelo que fez.

Ele subiu sem avisar, marchando como um predador para o apartamento de Vitório, seu irmão mais velho. A governanta sequer teve tempo de anunciá-lo antes que ele arrombasse a porta do escritório com um estrondo.

Vitório e Ícaro se voltaram abruptamente, interrompendo a análise dos novos projetos para Dallas. O queixo de Ícaro sequer teve tempo de registrar a surpresa antes de receber o primeiro soco. O estalo seco do impacto ecoou pela sala, seguido de um grunhido de dor.

Ícaro cambaleou, mas reagiu rápido. Com um golpe certeiro no estômago, fez Alberto dobrar o corpo para frente. Mas a fúria de Alberto era descomunal. Ele se lançou sobre o irmão, socando-lhe o rosto, costelas, ombros, qualquer parte do corpo que estivesse ao alcance. Ícaro revidava com força equivalente, seus punhos acertando com violência o maxilar e o abdômen de Alberto.

Vitório levantou-se num rompante, tentando intervir, mas foi empurrado para o lado quando os irmãos derrubaram uma cadeira no calor da luta. O escritório se transformou em um campo de batalha.

— Que porrah está acontecendo?! — Vitório berrou, agarrando Ícaro pelo ombro, mas este se desvencilhou com brutalidade.

— Eu vou te matar, seu desgraçado! — Alberto rugiu, cuspindo sangue. — Você destruiu tudo!

— Assume as suas merdas, Alberto! — Ícaro retrucou, limpando o canto da boca ensanguentada.

— Você queria esconder sua vida dupla da Samanta? Que você tem uma submissa? Que é um dos donos da Masmorra? Acha mesmo que isso ia durar pra sempre?

— Você não sabe de nada, seu idiota! — Alberto avançou outra vez, mas Vitório se meteu entre eles, segurando os dois pelos colarinhos com força. — Nunca mais se meta na porra da minha vida!

— Se você não fosse um covarde de merda, teria resolvido isso antes! — Ícaro cuspiu, tentando se soltar. — Eu fiz o que deveria ter sido feito!

Alberto rosnou como um animal, e Vitório teve que usar toda sua força para segurá-lo. Mas o que veio a seguir congelou o ar na sala.

— Não conte mais comigo para essa merda de clube. — Alberto cuspiu, ajeitando a camisa rasgada. — A partir de agora, vai ter que comparecer a todas as reuniões e apresentações de sócios como todos nós. Vamos ver como vai explicar isso para a sua mulher.

Um sorriso sarcástico se formou nos lábios ensanguentados de Ícaro.

— A diferença entre nós é que Amélia sabe exatamente quem eu sou. Não escondo nada dela. — Ele estreitou os olhos. — Mas, já que isso virou um problema, eu tô fora. Acabou. Estou saindo da sociedade.

O impacto daquelas palavras atingiu Vitório como um soco no estômago. Ele largou os dois irmãos e encarou Ícaro como se estivesse vendo um fantasma.

— Você enlouqueceu?! — Vitório rugiu. — A Masmorra depende de você! A maior parte dos investidores é ligada a você! Se sair, isso pode significar o fim do clube!

— Problema de vocês — Ícaro disse, erguendo as mãos. — Meu assistente vai providenciar a papelada. A Masmorra é de vocês daqui para frente.

— Você não pode fazer isso! — Vitório avançou um passo, sua paciência no limite. — Essa decisão pode nos arruinar! E os investidores? E os acordos?

— Se virem — Ícaro rebateu, cruzando os braços. — Alberto teve sorte de eu não ter contado para a Samanta tudo o que ele faz lá dentro.

Alberto cerrou os punhos, os olhos faiscando de ódio. Mas algo na postura rígida de Ícaro e na expressão de pura determinação de Vitório fez sua fúria vacilar por um breve segundo.

Vitório suspirou fundo, passando as mãos pelo rosto. O ar no escritório estava denso, pesado. Uma escolha errada poderia colocar tudo a perder.

— E se eu não deixar você sair? — Vitório disse por fim, sua voz baixa, ameaçadora.

Ícaro apenas sorriu, enigmático.

Alberto apertou a maçaneta da porta com força.

— Envie os papéis. E reze para a Samanta voltar atrás… porque se ela não voltar, você vai pagar por isso.

Os motivos que o levou a ocultar certas partes de sua vida para Samanta, não dizia respeito a mais ninguém.

O que importava era a sua convicção.

O clube luxuoso e exclusivo de BDSM que foi criado pelos irmãos Darius, a Masmorra Diè, era um lugar onde a sexualidade e o prazer eram explorados sem julgamentos ou tabus. Lá, sócios abastados se refestelavam com noites inesquecíveis de sessões incríveis e viciantes.

Mestres e escravos, Dominadores, submissas, Dominatriz e seus lacaios. Tudo era válido nas noites lascivas de luxuria.

A Masmorra não era só um lugar onde os irmãos gostavam de se satisfazer, também era um negócio. Um negócio muito lucrativo que precisava de uma administração firme que garantisse luxo, qualidade e o mais importante, discrição.

Ele fechou os olhos por um instante, assim que fechou a porta atrás de si. A Masmorra estava prestes a ruir. Mas a pergunta era; quem daria o golpe final?

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