A noite estava fria, a lua cheia brilhava intensamente no céu escuro, lançando seu brilho prateado sobre a floresta densa. No topo de uma colina, de frente para o território da alcateia, Stefan Gimnofange observava o horizonte com olhar penetrante. Ao seu lado, Scott Gimnofange permanecia em silêncio, os braços cruzados, sua postura firme e imponente como sempre. Ambos haviam sido escolhidos pela Deusa da Lua, Arwen, um reconhecimento de sua força e dever como líderes da alcateia.
Dentro deles, os lobos falavam. — Algo está errado... a voz fria de Valinor, o lobo de Scott, ecoou em sua mente. — Há inquietação na alcateia. Ragnar, o lobo de Stefan, respondeu de forma igualmente séria. Scott virou-se levemente para o irmão mais velho. — O conselho está inquieto. Ouvi rumores de que houve um encontro entre um lobo e um vampiro. Mais uma tolice que precisaremos resolver antes que vire uma ameaça real." Stefan permaneceu imóvel, sua mandíbula travada. — Se houver traidores entre nós, serão punidos. Já deixamos claro que não aceitaremos fraqueza. Os dois irmãos sabiam que a ordem era clara: nenhum lobisomem poderia se envolver com vampiros. A história já havia mostrado as consequências dessa traição. O destino de Nicolau e Naty ainda servia como um lembrete cruel de que a união entre espécies era uma sentença de morte. O som de passos rápidos os fez virar. Rhys surgiu da floresta, sua expressão ainda carregava um traço brincalhão, mas sua postura indicava que a notícia era séria. — Lyra está em apuros. Stefan e Scott se entreolharam. O que foi dessa vez?, Scott perguntou, já irritado. — Ela desafiou as leis de novo. Foi vista com um vampiro. O silêncio que seguiu foi pesado. Ragnar rosnou dentro de Stefan, e Valinor fez o mesmo dentro de Scott. — Idiota. — Stefan murmurou, já começando a descer a colina. Scott suspirou, irritado. — Se ela continuar assim, não poderemos protegê-la do conselho. Rhys apenas sorriu de canto. — Ela nunca foi de seguir regras. Stefan e Scott sabiam que era hora de agir. Dessa vez, Lyra havia ido longe demais. Encontro Proibido A floresta estava silenciosa, exceto pelo som leve do vento balançando as folhas. A lua cheia iluminava o caminho estreito entre as árvores, criando sombras alongadas no chão. Lyra Grimfange caminhava com passos firmes, o coração acelerado, mas não de medo—e sim de excitação. Ela sabia que não deveria estar ali, sabia que quebrava uma das regras mais antigas dos lobos... mas não se importava. E então, ele apareceu. Encostado em uma árvore, Alastor a esperava, sua presença elegante e sombria contrastando com a selvageria do território lupino. Seus olhos escuros encontraram os de Lyra, um brilho intenso neles. — Você veio. — a voz de Alastor era baixa, carregada de algo que sempre fazia o coração dela acelerar. Lyra sorriu, aproximando-se. — E quando foi que eu deixei de vir? Ele ergueu uma sobrancelha, um meio sorriso brincando em seus lábios. — Talvez quando perceba que brincar com o perigo pode custar caro. Ela revirou os olhos. — Se for pra viver presa às regras do conselho, prefiro correr o risco. Alastor tocou o rosto dela suavemente, seus dedos gelados contrastando com o calor da pele dela. — Eu nunca deveria ter me aproximado de você, mas agora... não consigo mais ficar longe. Lyra abriu a boca para responder, mas o som seco de um galho se partindo fez seu corpo congelar. O cheiro que invadiu o ar era inconfundível. Stefan e Scott. Ela se afastou rápido, o olhar arregalado. Alastor já havia recuado para as sombras, sua postura alerta. Então, eles surgiram. Stefan apareceu primeiro, seu olhar frio como gelo, carregando o peso da liderança. Scott veio logo atrás, o rosto carregado de fúria contida. — Você realmente acha que pode se esconder de nós, Lyra? — a voz de Stefan cortou o silêncio como uma lâmina afiada. Scott não desviou o olhar de Alastor, seu corpo inteiro carregado de tensão. — Um vampiro... então é isso que você escolheu? Lyra engoliu em seco, mas não recuou. — Eu não escolhi nada! Isso simplesmente... aconteceu. Stefan bufou, sua mandíbula travando. — Nada simplesmente acontece, Lyra. Você está quebrando as leis. Você sabe o que isso significa. Alastor, até então silencioso, deu um passo à frente. — Se a questão é comigo, então lidem comigo. Mas deixem Lyra fora disso. Scott rosnou, os olhos brilhando com a raiva. Valinor rugiu dentro dele. — Você acha que tem o direito de ditar alguma coisa, sanguessuga? — Scott — Stefan o advertiu, sem tirar os olhos da irmã. — Lyra, você tem uma escolha. Ou você se afasta disso agora, ou enfrentará as consequências. O peito dela subia e descia rápido, o coração acelerado. Por que o amor dela tinha que ser um crime? Alastor olhou para Lyra, e naquele instante, ela soube que ele enfrentaria qualquer coisa por ela. Mas os irmãos dela jamais permitiriam isso. E ali, sob a luz da lua, uma escolha teria que ser feita. O Julgamento da Noite A tensão na floresta era sufocante. Stefan e Scott estavam prontos para agir, os olhos brilhando com fúria e domínio. Alastor não recuava, seu corpo rígido, preparado para proteger Lyra, mesmo sabendo que os lobos não aceitariam isso. Mas então, a atmosfera mudou. Um frio cortante percorreu a floresta, como se a própria noite prendesse a respiração. Um som leve, quase imperceptível, ecoou entre as árvores. Em seguida, três figuras emergiram das sombras, seus passos suaves, mas carregados de uma presença avassaladora. Os irmãos Valkyrie. Cygnus Valkyrie veio primeiro, alto, imponente, seus olhos afiados como lâminas. Eros Valkyrie caminhava ao lado dele, um sorriso quase debochado no rosto pálido. Zephyr Valkyrie, o mais silencioso dos três, apenas observava, seus olhos negros como a escuridão ao redor. Stefan e Scott imediatamente ficaram em posição defensiva. Eles sabiam quem eram aqueles vampiros. — A que ponto chegamos. — Cygnus falou, sua voz profunda e fria como a morte. — Lobos e vampiros, outra vez brincando com um destino proibido. Eros deu um passo à frente, analisando Lyra com desprezo. — Uma loba e um vampiro... a velha maldição se repete. Zephyr permaneceu imóvel, mas sua presença sozinha já bastava para pesar sobre todos. Lyra sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aqueles não eram vampiros comuns. Eles eram os mais antigos, os líderes cruéis que mantinham a ordem entre os de sua espécie. Antes que ela pudesse falar, mais um vampiro surgiu das sombras. Malachi. O irmão mais velho de Alastor não parecia surpreso—parecia desapontado. Seus olhos vermelhos brilharam na escuridão, e seu olhar encontrou o de Alastor com pura frieza. — Então é verdade. — a voz de Malachi cortou como uma lâmina. — Meu próprio irmão... desonrando o nome de nossa linhagem por uma loba. Alastor cerrou os punhos. — Isso não é desonra, Malachi. É escolha. — Não. — Malachi avançou lentamente, a noite dançando ao seu redor. — É uma sentença de morte. Stefan rosnou, sentindo a raiva crescer. — Pela primeira vez, concordo com um sanguessuga. Scott cruzou os braços, impaciente. — A questão aqui é simples. Essa aliança é proibida. Lyra sabia disso. E ele… — ele olhou para Alastor com puro desprezo — ... também." Malachi não desviou o olhar do irmão. — Se for preciso, eu mesmo terminarei isso. Cygnus sorriu levemente. — Pelo menos alguém aqui ainda respeita a lei. Eros passou os olhos entre Lyra e Alastor, seu tom carregado de diversão cruel. — Vamos ver o quanto os dois estão dispostos a pagar pelo erro que cometeram. Zephyr, até então calado, finalmente falou, sua voz fria como gelo. — A morte deles resolveria tudo. Lyra sentiu o coração disparar. Ela sabia que não havia mais saída fácil. Alastor olhou para ela, seu olhar carregado de determinação. — Eu não vou deixar que toquem em você. Stefan deu um passo à frente, os olhos brilhando em puro ódio. — Então você vai morrer tentando. A lua testemunhou aquele momento. A guerra estava prestes a começar.A floresta estava tomada pela tensão. Stefan e Scott estavam prontos para encerrar aquela vergonha. Os irmãos Valkyrie aguardavam, impacientes, enquanto Malachi olhava para Alastor com puro desprezo.Então, uma presença ainda mais imponente se fez sentir. O vento cortante pareceu congelar o ar, e até os lobisomens sentiram o peso da chegada dele.Oberon.O vampiro mais antigo e temido emergiu das sombras, sua postura impecável e seu olhar afiado como lâminas. Ele não veio negociar. Ele veio para encerrar aquilo.— Lobos, não estamos aqui para discussões inúteis. Vocês sabem o que deve ser feito.Stefan manteve a expressão fria, mas Scott sorriu de lado, já prevendo o desfecho.— Finalmente, um vampiro que entende as regras.Alastor sentiu o peito apertar. Oberon o olhava como se ele não passasse de um tolo ingênuo.— Você envergonhou nosso nome, Alastor. Mas não vou permitir que essa mancha continue a existir.Ele virou-se para Stefan e Scott, sua voz carregada de autoridade.— Levem
Mansão Grimfange – Sala PrincipalBran, Kaelen e Roric estavam sentados, os rostos impassíveis enquanto escutavam Stefan e Scott relataram o que havia acontecido. O silêncio na sala era quase sufocante. Lyra permanecia no sofá, com os olhos fixos no chão, as mãos trêmulas.Bran foi o primeiro a quebrar o silêncio, sua voz carregada de frieza.— Então foi isso… você se envolveu com um vampiro.Kaelen bufou, descrente.— Que estupidez, Lyra. Você tem noção do que fez?Roric, o mais jovem, mas não menos cruel, olhou diretamente para Stefan e Scott.— E vocês acham que o Conselho vai deixar isso passar? Não estamos falando de qualquer um. O Conselho da França já deve estar ciente.Stefan cruzou os braços, a expressão sombria.— Sabemos disso.Scott recostou-se na poltrona, o maxilar travado.— Ulrich, Vladimir e Gregor são implacáveis. Não há segundas chances para quem desafia as leis deles. Se descobrirem que Lyra quebrou essa regra, não hesitarão em vir atrás dela.Bran apertou os olhos
A sala da mansão Grimfange ainda estava tomada pelo peso das palavras da Deusa da Lua. O silêncio era denso, apenas o som da respiração acelerada de Lyra quebrava a quietude.Isadora olhou para a irmã mais nova, incrédula.— Você realmente ousou julgar a Deusa da Lua, Lyra? — Sua voz era um misto de choque e reprovação.Lyra desviou o olhar, sentindo o peso do julgamento de todos sobre ela.— Isso não é justo! — grunhiu, mas Isadora não recuou.— Você esqueceu que foi a Deusa da Lua quem uniu nossos pais? Se não fosse por ela, nós nem existiríamos!Rhys, que até então apenas observava, cruzou os braços e soltou um suspiro impaciente.— E você realmente achou que poderia ter um destino com um vampiro? Lyra, lobos e vampiros nunca foram feitos para ficarem juntos. A Deusa nunca permitiria algo assim.Kael balançou a cabeça, concordando com o irmão.— Você sabe muito bem disso, Lyra. Vampiros não têm destino com lobos. Nunca tiveram. Nunca terão.Stefan e Scott, os mais velhos, apenas ob
A noite já ia avançada quando Bran, Kaelen e Roric finalmente retornaram a Boreal, a região gelada do Norte onde sua alcateia governava. O vento frio cortava a pele, mas não os incomodava. Aquele era seu lar, e ali estavam no controle.Depois de passarem horas na casa dos amigos Stefan e Scott, os Alphas de Silverwood, os irmãos finalmente cruzaram as portas da grande mansão. Tiraram os casacos pesados e se jogaram no sofá da sala de estar, exaustos da longa noite.Bran e Roric trocaram olhares. Ambos sabiam que suas companheiras, Isadora e Lyra, ainda estavam em Silverwood. Só retornaram a Boreal depois da marcação, como mandava a tradição. A Deusa da Lua as havia destinado a eles, e dentro de cinco dias precisavam selar esse laço.O silêncio se instalou entre os três, até que Kaelen quebrou a tensão:— Lyra...Os irmãos o entenderam de imediato. O problema não era apenas a marcação. O coração de Lyra já pertencia a outro.— Alastor. — A voz de Roric saiu grave, quase um rosnado.— A
Quatro dias haviam se passado. Agora, restava apenas um até que Isadora e Lyra fossem marcadas por seus companheiros, Bran e Roric.No Norte, a noite estava fria como sempre, mas a tensão no ar era quase palpável. No centro do grande salão da mansão da alcateia, Bran e Roric estavam lado a lado, seus olhares firmes e cheios de autoridade. Kaelen, o terceiro irmão e também líder, permanecia à margem, observando em silêncio.A alcateia estava reunida, esperando por respostas. E então, Bran falou:— A Deusa da Lua nos concedeu nossas companheiras.O burburinho começou instantaneamente, mas Roric ergueu uma mão, impondo silêncio antes de continuar:— Elas são Isadora e Lyra, lobas do Sul, da alcatéia de Silverwood. Amanhã, serão marcadas e virão para o Norte.As reações foram imediatas. A maioria dos lobos apenas assentiu, aceitando a vontade da Deusa. Mas duas vozes femininas cortaram o ar com indignação.— Isso é um absurdo! — Jessica, uma loba de olhos afiados, esbravejou.— Nós estáva
Após dez horas de viagem, o carro finalmente atravessou os portões da mansão da alcateia Boreal. O frio cortante do Norte era bem diferente do clima mais ameno de Silverwood, e isso foi a primeira coisa que incomodou Stefan e Scott assim que desceram do veículo.— Mas que droga de frio é essa? — Scott resmungou, puxando o casaco mais para perto do corpo.— Como vocês conseguem viver aqui? — Stefan reclamou, esfregando as mãos.Bran, Roric e Kaelen, que já esperavam do lado de fora, trocaram olhares antes de soltarem uma risada baixa.— Isso aqui é nada. — Kaelen comentou com um sorriso de canto. — Esperem até chegar o inverno de verdade.Roric apenas balançou a cabeça, se divertindo com o desconforto dos Alphas do Sul.Mas enquanto os irmãos conversavam, um detalhe não passou despercebido.Lyra estava séria.Diferente da irmã, que desceu do carro sorrindo, Lyra mantinha a expressão fechada, visivelmente irritada. Seu olhar percorria a mansão e os lobos ao redor, mas não demonstrava c
Horas passaram, e as bebidas continuavam fluindo. O ambiente estava mais relaxado, as conversas mais soltas, mas nem todos estavam no mesmo clima. Lyra continuava bebendo seu coquetel, ignorando os olhares ao redor. Isadora, sentada ao seu lado, já estava incomodada. — Lyra, você não acha que já bebeu o suficiente? — Isadora perguntou, franzindo a testa. Stefan e Scott também olharam para a irmã. — Isa tem razão. — Stefan comentou. — Você nunca bebe tanto assim… Scott cruzou os braços. — Isso é algum tipo de protesto? Lyra bufou, revirando os olhos. — E se for? Isadora suspirou, frustrada. — Você está sendo infantil. Lyra encarou a irmã com irritação. — Infantil é vocês aceitarem essa loucura como se fosse algo normal. Enquanto isso, Roric observava tudo em silêncio, os olhos fixos em sua futura companheira. Ele se inclinou levemente para o lado, se aproximando de Kaelen e sussurrou com um tom carregado de certeza: — Eu vou domá-la. Kaelen arqueou uma so
Lyra respirava com dificuldade, os lábios ainda formigando pelo beijo intenso. Mas ela não podia ceder.Não queria ceder.Com o olhar firme, ela ergueu o queixo e declarou:— Nunca vou te amar, Roric.Os olhos dele se estreitaram.— É Alastor quem eu amo.O nome do vampiro saiu de seus lábios como um desafio, mas também como uma dor profunda.Roric ficou em silêncio por um instante. O frio da noite parecia ainda mais intenso quando seus olhos escureceram, sombrios e perigosos.A neve caía ao redor deles, mas o que fez Lyra estremecer não foi o clima… foi a presença dele.— Você acha que tem escolha, Lyra? — A voz dele veio baixa, carregada de um poder bruto que a fez prender a respiração.Antes que ela pudesse reagir, ele a puxou novamente contra si.Dessa vez, o beijo não era apenas intenso.Era domínio.Era um Alfa reivindicando sua companheira.Roric não pediu permissão. Tomou o que já era dele.Ele pressionou seu corpo contra o dela, fazendo-a sentir sua força, sua posse. Ele não