Após dez horas de viagem, o carro finalmente atravessou os portões da mansão da alcateia Boreal. O frio cortante do Norte era bem diferente do clima mais ameno de Silverwood, e isso foi a primeira coisa que incomodou Stefan e Scott assim que desceram do veículo.
— Mas que droga de frio é essa? — Scott resmungou, puxando o casaco mais para perto do corpo. — Como vocês conseguem viver aqui? — Stefan reclamou, esfregando as mãos. Bran, Roric e Kaelen, que já esperavam do lado de fora, trocaram olhares antes de soltarem uma risada baixa. — Isso aqui é nada. — Kaelen comentou com um sorriso de canto. — Esperem até chegar o inverno de verdade. Roric apenas balançou a cabeça, se divertindo com o desconforto dos Alphas do Sul. Mas enquanto os irmãos conversavam, um detalhe não passou despercebido. Lyra estava séria. Diferente da irmã, que desceu do carro sorrindo, Lyra mantinha a expressão fechada, visivelmente irritada. Seu olhar percorria a mansão e os lobos ao redor, mas não demonstrava curiosidade ou encanto… apenas insatisfação. Já Isadora, ao contrário, foi direto até Bran com um sorriso gentil. — Olá… — Sua voz era doce enquanto ela o cumprimentava. Bran retribuiu o sorriso e segurou sua mão com firmeza, sentindo o toque quente e carinhoso da companheira. Isadora era afetuosa, e isso era algo que ele já apreciava nela. Enquanto isso, Lyra continuava imóvel ao lado de Scott, seu olhar carregado de resistência. Ela não queria estar ali. E todos podiam ver isso. O vento gelado cortava o ar enquanto todos estavam do lado de fora da mansão. O frio do Norte era intenso, mas para os lobos de Boreal, aquilo não era nada incomum. Roric, sem hesitar, se aproximou de Lyra. Ela percebeu antes mesmo de ele tocá-la, mas não recuou a tempo. Os dedos dele envolveram sua mão, aquecendo-a com seu toque firme. Todos estavam olhando. Lyra respirou fundo, sentindo o peso da situação. Seu corpo parecia reconhecer a conexão que a Deusa da Lua lhe impôs, mas sua mente se recusava a aceitar. Antes que ela pudesse reagir, Stefan e Scott interromperam o momento, resmungando alto. — Vocês não têm uma lareira aí dentro, não? — Scott reclamou, esfregando as mãos. — Sério, como vocês conseguem viver aqui? — Stefan reforçou, visivelmente desconfortável. Bran, Roric e Kaelen riram. — Vocês também são lobos, não são? — Kaelen zombou. — Nem era para sentirem frio. — É, cadê o instinto selvagem de vocês? — Roric provocou, ainda segurando a mão de Lyra. Stefan revirou os olhos, cruzando os braços. — O instinto selvagem tá ótimo, o que não tá ótimo é essa temperatura congelante! Scott bufou, concordando. — Silverwood pode ser frio às vezes, mas isso aqui parece o inferno congelado. Os Alphas do Norte apenas riram mais. Para eles, aquilo não era frio. Aquilo era apenas o Norte. Assim que entraram na mansão, um contraste surpreendente tomou conta do ambiente. Do lado de fora, o frio cortante dominava, mas lá dentro, o calor aconchegante tornava o lugar muito mais acolhedor. Os olhos de Stefan e Scott brilharam de alívio. — Agora sim! — Scott exclamou, esfregando as mãos. — Isso é bem melhor! Stefan suspirou pesadamente, se permitindo relaxar. — Eu já estava pensando em dar meia-volta e voltar pra Silverwood… Bran, Roric e Kaelen riram da reclamação. — Então quer dizer que os grandes Alphas do Sul não aguentam um friozinho? — Kaelen provocou, cruzando os braços. Scott revirou os olhos. — Um friozinho? Isso lá fora não era “um friozinho”, Kaelen. Isso era um teste de sobrevivência. Bran riu, balançando a cabeça. — Vocês precisam aprender a lidar com o Norte. Stefan se jogou no sofá mais próximo, finalmente confortável. — Não, o que eu preciso é ficar perto dessa lareira pelo resto do dia. Scott concordou com um aceno exagerado. Enquanto isso, Lyra e Isadora apenas observavam a interação dos irmãos. Isadora parecia à vontade, apreciando a beleza da mansão. Já Lyra… apenas queria que o tempo passasse rápido. Afinal, amanhã seria a marcação. E isso era a única coisa em sua mente. A mansão era elegante e imponente, mas seu interior era quente e aconchegante. Enquanto Stefan e Scott ainda aproveitavam o alívio do calor, uma das empregadas se aproximou discretamente. — Precisam de algo, senhores? — Namaria perguntou com respeito, suas mãos unidas na frente do avental. Stefan e Scott trocaram um olhar antes de Stefan responder, já com um sorriso animado. — Tem algo forte para beber? Scott assentiu, concordando. — Algo que esquente por dentro tanto quanto essa lareira. Namaria fez um leve aceno de cabeça e se virou para as companheiras dos Alphas Bran e Roric, recém-chegadas. — E vocês, senhoritas? Isadora sorriu gentilmente. — Só um suco, por favor. Não bebo. Antes que Namaria pudesse anotar, a voz firme de Lyra cortou o ar. — Quero algo bem forte. O comentário fez Isadora se virar para a irmã, surpresa. — Lyra, sério? Você acabou de chegar… Lyra cruzou os braços, seu olhar desafiador. — O que foi? Preciso de algo para suportar tudo isso. Roric observava a interação com atenção. Seus olhos fixaram em Lyra, analisando cada detalhe da sua expressão. Ela estava resistindo. E isso só o fazia querer domá-la ainda mais. Nanaria voltou rapidamente com as bebidas. Ela entregou um copo de uísque para Scott e Stefan, serviu o suco para Isadora e entregou um coquetel forte para Lyra. Bran, Roric e Kaelen também pegaram suas bebidas, e a conversa logo ficou mais descontraída. Foi então que Kaelen decidiu provocar. Ele tomou um gole e, com um sorriso travesso, olhou para os Alphas do Sul. — Sabe… do jeito que as coisas vão, acho que vocês dois vão acabar sendo Alphas velhos e solteirões. Bran e Roric riram na hora. — Verdade! — Roric concordou, se divertindo. — A Deusa da Lua parece estar demorando para dar companheiras para vocês… será que vocês fizeram algo errado? Scott revirou os olhos e tomou um gole do uísque. — Ou talvez a Deusa esteja nos poupando… diferente de vocês. Stefan riu, apoiando um braço no encosto do sofá. — Exatamente. Olhem só para vocês… agora estão presos, sem volta. Bran balançou a cabeça, ainda rindo. — Se isso for estar "preso", então não me importo. Roric lançou um olhar para Lyra, que bebia seu coquetel sem nem tentar esconder o incômodo. — Nem todos aqui pensam assim… — murmurou, sem desviar os olhos dela. O clima ficou mais carregado por um segundo, mas Kaelen logo quebrou a tensão com mais uma piada, e todos continuaram bebendo e rindo. A noite ainda estava apenas começando.Horas passaram, e as bebidas continuavam fluindo. O ambiente estava mais relaxado, as conversas mais soltas, mas nem todos estavam no mesmo clima. Lyra continuava bebendo seu coquetel, ignorando os olhares ao redor. Isadora, sentada ao seu lado, já estava incomodada. — Lyra, você não acha que já bebeu o suficiente? — Isadora perguntou, franzindo a testa. Stefan e Scott também olharam para a irmã. — Isa tem razão. — Stefan comentou. — Você nunca bebe tanto assim… Scott cruzou os braços. — Isso é algum tipo de protesto? Lyra bufou, revirando os olhos. — E se for? Isadora suspirou, frustrada. — Você está sendo infantil. Lyra encarou a irmã com irritação. — Infantil é vocês aceitarem essa loucura como se fosse algo normal. Enquanto isso, Roric observava tudo em silêncio, os olhos fixos em sua futura companheira. Ele se inclinou levemente para o lado, se aproximando de Kaelen e sussurrou com um tom carregado de certeza: — Eu vou domá-la. Kaelen arqueou uma so
Lyra respirava com dificuldade, os lábios ainda formigando pelo beijo intenso. Mas ela não podia ceder.Não queria ceder.Com o olhar firme, ela ergueu o queixo e declarou:— Nunca vou te amar, Roric.Os olhos dele se estreitaram.— É Alastor quem eu amo.O nome do vampiro saiu de seus lábios como um desafio, mas também como uma dor profunda.Roric ficou em silêncio por um instante. O frio da noite parecia ainda mais intenso quando seus olhos escureceram, sombrios e perigosos.A neve caía ao redor deles, mas o que fez Lyra estremecer não foi o clima… foi a presença dele.— Você acha que tem escolha, Lyra? — A voz dele veio baixa, carregada de um poder bruto que a fez prender a respiração.Antes que ela pudesse reagir, ele a puxou novamente contra si.Dessa vez, o beijo não era apenas intenso.Era domínio.Era um Alfa reivindicando sua companheira.Roric não pediu permissão. Tomou o que já era dele.Ele pressionou seu corpo contra o dela, fazendo-a sentir sua força, sua posse. Ele não
O sol mal havia surgido no horizonte, e no Norte, a rotina dos Alphas já começava. Bran, Roric e Kaelen acordaram cedo, como de costume. Após tomarem banho e se vestirem, desceram para a grande sala de jantar da mansão, onde um café reforçado os aguardava. Enquanto os três se sentavam à mesa, o cheiro de café forte e pão quente preenchia o ambiente. Os únicos ainda dormindo eram Stefan, Scott e as meninas. Roric pegou sua xícara de café, levou aos lábios e lançou um olhar despreocupado para os irmãos antes de soltar a bomba: — Lyra tentou fugir ontem à noite. Bran e Kaelen pararam de comer instantaneamente. Bran arqueou uma sobrancelha, largando o garfo no prato. — O quê? Kaelen, que já sorria de canto, parecia se divertir com a notícia. — Eu sabia que ela ia tentar alguma coisa. — Ele riu, pegando um pedaço de pão. — E o que você fez? Roric deu um gole no café antes de responder, a expressão calma e segura. — Eu a impedi. Bran cruzou os braços, observando o i
Enquanto os Alphas do Norte e do Sul tomavam café e trocavam provocações, uma voz animada ecoou pela mansão.Isadora descia as escadas cantarolando, esquecendo completamente que não estava mais em casa.Quando chegou ao final da escada e viu todos os olhos voltados para ela na mesa, ficou paralisada.Seus olhos encontraram Bran primeiro, e ela ficou tímida na hora, baixando um pouco o olhar antes de sorrir para ele.— Bom dia… — disse, sua voz mais suave agora.Bran sorriu de volta, sentindo o coração acelerar ao vê-la assim tão natural.Mas antes que pudesse responder, Stefan arqueou a sobrancelha e perguntou brincando:— Eita, pelo jeito alguém acordou feliz hoje.Scott riu, mas logo resmungou:— E mais importante… você não está sentindo frio?!Isadora olhou para os irmãos e balançou a cabeça.— Não, o frio tá bem fraquinho.Scott arregalou os olhos.— Fraquinho?! — Ele apontou para a lareira. — A gente tá quase DENTRO do fogo e ainda tá congelando!Kaelen riu alto.— Talvez seja p
Lyra ficou parada por um instante, sentindo o olhar intenso de Roric sobre ela.Mas em vez de responder à provocação, manteve a expressão neutra e repetiu, firme:— Com licença.Roric sorriu de canto, mas não disse nada.Depois de alguns segundos de tensão, ele deu um pequeno passo para o lado, abrindo caminho.Lyra passou rapidamente, sem olhar para trás, sentindo seu coração bater mais forte do que queria admitir.Lá fora, o clima era completamente diferente.Isadora olhava ao redor, os olhos brilhando de encantamento.O território do Norte era vasto, coberto por neve reluzente e árvores imponentes.— Uau! Isso é tão lindo! — Ela exclamou, animada.Ela girou no próprio eixo, admirando a paisagem gelada, os flocos de neve caindo suavemente.Sem perceber, seus olhos encontraram os de Bran.E de repente, toda aquela animação virou timidez.Ela desviou o olhar rapidamente, as bochechas corando levemente.Bran, que observava tudo com um pequeno sorriso, achou aquilo adorável.Stefan e S
A lua cheia brilhava forte no céu, iluminando a mansão com um brilho prateado.Era a noite da marcação.No quarto, Lyra observava Isadora se arrumando com um misto de inquietação e descrença.— Você parece feliz… — Lyra murmurou, cruzando os braços.Isadora sorriu suavemente, ajeitando os cabelos.— A Deusa da Lua nos uniu por um motivo. Eu aceito meu destino, Lyra.Mas Lyra apertou os punhos, sentindo o coração apertado.Ela não queria isso.Não queria pertencer a Roric.Seu pensamento voava até Alastor, mas sua loba, Isis, rugia dentro dela, ansiosa, impaciente.Do outro lado da mansão, Bran e Roric estavam se preparando.Os irmãos ajeitavam suas roupas, os olhos brilhando com a certeza do que aconteceria naquela noite.Seus lobos rugiam dentro deles, sedentos para reivindicar suas companheiras.Kaelen riu, encostado na parede.— Vocês estão parecendo dois predadores famintos.Bran ajustou a gola da roupa, rindo baixo.— É exatamente isso que somos.Roric não sorriu.Ele pensava em
A noite estava clara, com a lua cheia brilhando intensa no céu.A floresta estava iluminada por uma enorme fogueira, lançando sombras dançantes sobre as árvores.Toda a matilha estava reunida ali, lobos e lobas observando com olhos atentos e cheios de expectativa.No centro, havia um lugar elevado onde Bran e Roric se posicionavam, visíveis para todos.Do outro lado, Stefan e Scott observavam em silêncio, seus rostos sérios e fechados.Bran ergueu as mãos, chamando a atenção da matilha.— Hoje é um dia especial. — Sua voz ecoou forte e firme.Roric cruzou os braços, com o olhar intenso, percorrendo os presentes antes de continuar.— Hoje, a Deusa da Lua abençoa essa noite com a união de suas escolhidas a nós.Gritos e uivos ecoaram pela multidão, lobos vibrando com o momento.Mas enquanto todos celebravam, Lyra permanecia em silêncio, com os olhos fixos no chão, sentindo o peso daquela noite sobre ela.Ao seu lado, Isadora estava ansiosa, suas mãos tremendo levemente, mas um pequeno
Gael e Garcia puxaram Alastor para frente, forçando-o a se ajoelhar diante de todos. O vampiro se debatia, os olhos brilhando em desafio, mas as correntes encantadas que o prendiam o impediam de usar sua força sobrenatural.Roric cruzou os braços, seu olhar sombrio pousando sobre Alastor com puro desprezo.— Você realmente achou que poderia roubá-la? — Roric perguntou, sua voz carregada de ameaça.Alastor soltou uma risada sarcástica, ignorando a tensão ao redor.— Eu não preciso roubá-la. — Ele ergueu o rosto, encarando Lyra. — Ela já é minha. No coração, na alma… e logo será no corpo também.O silêncio caiu como uma lâmina afiada sobre a matilha.Os punhos de Roric se fecharam com tanta força que seus ossos estalaram. Em um movimento rápido, ele agarrou Alastor pelo colarinho, erguendo-o com brutalidade.— Você tem coragem de falar isso na frente de todos? — Ele rosnou, seu lobo rugindo dentro dele, exigindo sangue.Lyra estremeceu. Ela sentia o coração acelerar, o medo e a culpa s