Quatro dias haviam se passado. Agora, restava apenas um até que Isadora e Lyra fossem marcadas por seus companheiros, Bran e Roric.
No Norte, a noite estava fria como sempre, mas a tensão no ar era quase palpável. No centro do grande salão da mansão da alcateia, Bran e Roric estavam lado a lado, seus olhares firmes e cheios de autoridade. Kaelen, o terceiro irmão e também líder, permanecia à margem, observando em silêncio. A alcateia estava reunida, esperando por respostas. E então, Bran falou: — A Deusa da Lua nos concedeu nossas companheiras. O burburinho começou instantaneamente, mas Roric ergueu uma mão, impondo silêncio antes de continuar: — Elas são Isadora e Lyra, lobas do Sul, da alcatéia de Silverwood. Amanhã, serão marcadas e virão para o Norte. As reações foram imediatas. A maioria dos lobos apenas assentiu, aceitando a vontade da Deusa. Mas duas vozes femininas cortaram o ar com indignação. — Isso é um absurdo! — Jessica, uma loba de olhos afiados, esbravejou. — Nós estávamos aqui o tempo todo! — Natália reforçou, os braços cruzados e a expressão carregada de frustração. — E vocês escolhem lobas do Sul? Bran lançou-lhes um olhar severo. — Nós não escolhemos. A Deusa da Lua escolheu. — Então talvez ela tenha se enganado! — Jessica retrucou, os olhos brilhando de raiva. Um rosnado profundo ecoou no salão, e foi Roric quem o soltou, seus olhos já dourados pela irritação. — Cuidado com o que diz, Jessica. Você está questionando a própria Deusa? Um silêncio pesado caiu sobre a alcatéia. Questionar a escolha da Deusa era quase uma blasfêmia. Natália desviou o olhar, mordendo o lábio, mas Jessica ainda estava furiosa. Kaelen, que até então apenas observava, finalmente se pronunciou: — A Deusa dá, e a Deusa tira. — Sua voz foi calma, mas havia uma ameaça subentendida ali. — Vocês fariam bem em aceitar isso. Jessica e Natália trocaram olhares, mas sabiam que não havia mais nada a ser dito. A decisão já estava tomada. Amanhã, Isadora e Lyra seriam marcadas. E nada mudaria esse destino. — Maldita hora que vocês foram para Silverwood! — Jessica rosnou, a frustração transbordando. — Se não tivessem ido visitar aqueles Alphas, a Deusa nunca teria dado aquelas duas como companheiras de vocês! A tensão na sala aumentou. Todos os outros lobos permaneciam em silêncio, já aceitando o destino de seus líderes, mas Jessica e Natália não. Jessica deu um passo à frente, os punhos cerrados. — Era eu e Natália que devíamos ser suas companheiras, Bran e Roric! O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor. Roric franziu o cenho, seus olhos dourados brilhando em advertência. — Cuidado com suas palavras, Jessica. — Por quê? Porque estou dizendo a verdade?! — ela gritou, a voz carregada de ressentimento. Bran estreitou os olhos, sua paciência se esgotando. — Se você continuar questionando a vontade da Deusa, vai acabar desafiando algo que não pode vencer. Jessica abriu a boca para responder, mas sentiu o peso da ameaça nas palavras de Bran. Mesmo assim, sua raiva não diminuía. A raiva ainda queimava nelas, mas sabiam que estavam ficando sem opções. Amanhã, Isadora e Lyra seriam marcadas. E, querendo ou não, esse destino já estava selado. A tensão ainda pairava no ar, mas Bran, Roric e Kaelen não davam mais atenção às reclamações de Jessica e Natália. A decisão já estava tomada, e nada mudaria isso. Sem dizer mais nada, os três Alphas deram meia-volta e saíram do centro do salão, deixando o peso da revelação para trás. Caminharam até a ampla sala de estar da mansão e se jogaram no sofá, exaustos daquela discussão. Roric foi o primeiro a falar, passando as mãos pelo rosto. — Eu já esperava que Jessica e Natália não aceitassem. Mas questionar a escolha da Deusa… isso foi longe demais. Bran suspirou, recostando-se no encosto do sofá. — Elas sempre quiseram ser nossas companheiras. Isso não é novidade. Mas o destino já foi traçado, e não cabe a nós mudá-lo. Kaelen, que até então permanecia em silêncio, cruzou os braços e soltou um riso seco. — O que me preocupa não são as reclamações delas… e sim o que elas podem fazer com essa raiva. Os irmãos se entreolharam. Sabiam que Jessica e Natália não eram do tipo que aceitavam perder sem lutar. — Elas não podem fazer nada. — Roric afirmou, mas seu olhar ainda carregava um resquício de dúvida. Bran olhou para a lareira acesa à sua frente, pensativo. — Vamos torcer para que você esteja certo. O silêncio tomou conta da sala por alguns instantes. Amanhã, Isadora e Lyra seriam marcadas. E, de uma forma ou de outra, a alcateia teria que aceitar isso. O silêncio tomou conta da sala enquanto os irmãos permaneciam sentados no sofá, cada um imerso em seus próprios pensamentos. A tensão da noite anterior ainda pairava no ar, mas nada mudaria o fato de que hoje era o dia. Bran respirou fundo, fechando os olhos por um momento. — Chegou a hora. — Ele disse, sua voz firme, mas carregada de peso. Roric recostou-se no sofá, observando a chama dançante na lareira. — Hoje, Isadora e Lyra serão marcadas. Kaelen, que até então apenas escutava, cruzou os braços e encarou os irmãos. — A questão agora não é se vai acontecer… e sim como elas vão reagir. Bran e Roric trocaram um olhar silencioso. Isadora aceitaria o destino sem resistência, isso era certo. Mas Lyra… Lyra era um problema. Roric apertou os punhos. Ele sabia que sua futura companheira não queria essa marcação. Mas isso não mudava nada. A Deusa da Lua já havia decidido. — Não importa como ela se sinta. — Roric disse, sua voz carregada de determinação. — Ela vai ser marcada hoje. Kaelen apenas observou o irmão, percebendo a faísca de teimosia e domínio em suas palavras. — E se ela se recusar? — Kaelen perguntou, arqueando uma sobrancelha. Bran respondeu antes que Roric pudesse falar: — Ela sabe as consequências. O silêncio voltou a tomar conta da sala. Hoje foi o dia. Hoje, Isadora e Lyra seriam marcadas. E não havia volta.Após dez horas de viagem, o carro finalmente atravessou os portões da mansão da alcateia Boreal. O frio cortante do Norte era bem diferente do clima mais ameno de Silverwood, e isso foi a primeira coisa que incomodou Stefan e Scott assim que desceram do veículo.— Mas que droga de frio é essa? — Scott resmungou, puxando o casaco mais para perto do corpo.— Como vocês conseguem viver aqui? — Stefan reclamou, esfregando as mãos.Bran, Roric e Kaelen, que já esperavam do lado de fora, trocaram olhares antes de soltarem uma risada baixa.— Isso aqui é nada. — Kaelen comentou com um sorriso de canto. — Esperem até chegar o inverno de verdade.Roric apenas balançou a cabeça, se divertindo com o desconforto dos Alphas do Sul.Mas enquanto os irmãos conversavam, um detalhe não passou despercebido.Lyra estava séria.Diferente da irmã, que desceu do carro sorrindo, Lyra mantinha a expressão fechada, visivelmente irritada. Seu olhar percorria a mansão e os lobos ao redor, mas não demonstrava c
Horas passaram, e as bebidas continuavam fluindo. O ambiente estava mais relaxado, as conversas mais soltas, mas nem todos estavam no mesmo clima. Lyra continuava bebendo seu coquetel, ignorando os olhares ao redor. Isadora, sentada ao seu lado, já estava incomodada. — Lyra, você não acha que já bebeu o suficiente? — Isadora perguntou, franzindo a testa. Stefan e Scott também olharam para a irmã. — Isa tem razão. — Stefan comentou. — Você nunca bebe tanto assim… Scott cruzou os braços. — Isso é algum tipo de protesto? Lyra bufou, revirando os olhos. — E se for? Isadora suspirou, frustrada. — Você está sendo infantil. Lyra encarou a irmã com irritação. — Infantil é vocês aceitarem essa loucura como se fosse algo normal. Enquanto isso, Roric observava tudo em silêncio, os olhos fixos em sua futura companheira. Ele se inclinou levemente para o lado, se aproximando de Kaelen e sussurrou com um tom carregado de certeza: — Eu vou domá-la. Kaelen arqueou uma so
Lyra respirava com dificuldade, os lábios ainda formigando pelo beijo intenso. Mas ela não podia ceder.Não queria ceder.Com o olhar firme, ela ergueu o queixo e declarou:— Nunca vou te amar, Roric.Os olhos dele se estreitaram.— É Alastor quem eu amo.O nome do vampiro saiu de seus lábios como um desafio, mas também como uma dor profunda.Roric ficou em silêncio por um instante. O frio da noite parecia ainda mais intenso quando seus olhos escureceram, sombrios e perigosos.A neve caía ao redor deles, mas o que fez Lyra estremecer não foi o clima… foi a presença dele.— Você acha que tem escolha, Lyra? — A voz dele veio baixa, carregada de um poder bruto que a fez prender a respiração.Antes que ela pudesse reagir, ele a puxou novamente contra si.Dessa vez, o beijo não era apenas intenso.Era domínio.Era um Alfa reivindicando sua companheira.Roric não pediu permissão. Tomou o que já era dele.Ele pressionou seu corpo contra o dela, fazendo-a sentir sua força, sua posse. Ele não
O sol mal havia surgido no horizonte, e no Norte, a rotina dos Alphas já começava. Bran, Roric e Kaelen acordaram cedo, como de costume. Após tomarem banho e se vestirem, desceram para a grande sala de jantar da mansão, onde um café reforçado os aguardava. Enquanto os três se sentavam à mesa, o cheiro de café forte e pão quente preenchia o ambiente. Os únicos ainda dormindo eram Stefan, Scott e as meninas. Roric pegou sua xícara de café, levou aos lábios e lançou um olhar despreocupado para os irmãos antes de soltar a bomba: — Lyra tentou fugir ontem à noite. Bran e Kaelen pararam de comer instantaneamente. Bran arqueou uma sobrancelha, largando o garfo no prato. — O quê? Kaelen, que já sorria de canto, parecia se divertir com a notícia. — Eu sabia que ela ia tentar alguma coisa. — Ele riu, pegando um pedaço de pão. — E o que você fez? Roric deu um gole no café antes de responder, a expressão calma e segura. — Eu a impedi. Bran cruzou os braços, observando o i
Enquanto os Alphas do Norte e do Sul tomavam café e trocavam provocações, uma voz animada ecoou pela mansão.Isadora descia as escadas cantarolando, esquecendo completamente que não estava mais em casa.Quando chegou ao final da escada e viu todos os olhos voltados para ela na mesa, ficou paralisada.Seus olhos encontraram Bran primeiro, e ela ficou tímida na hora, baixando um pouco o olhar antes de sorrir para ele.— Bom dia… — disse, sua voz mais suave agora.Bran sorriu de volta, sentindo o coração acelerar ao vê-la assim tão natural.Mas antes que pudesse responder, Stefan arqueou a sobrancelha e perguntou brincando:— Eita, pelo jeito alguém acordou feliz hoje.Scott riu, mas logo resmungou:— E mais importante… você não está sentindo frio?!Isadora olhou para os irmãos e balançou a cabeça.— Não, o frio tá bem fraquinho.Scott arregalou os olhos.— Fraquinho?! — Ele apontou para a lareira. — A gente tá quase DENTRO do fogo e ainda tá congelando!Kaelen riu alto.— Talvez seja p
Lyra ficou parada por um instante, sentindo o olhar intenso de Roric sobre ela.Mas em vez de responder à provocação, manteve a expressão neutra e repetiu, firme:— Com licença.Roric sorriu de canto, mas não disse nada.Depois de alguns segundos de tensão, ele deu um pequeno passo para o lado, abrindo caminho.Lyra passou rapidamente, sem olhar para trás, sentindo seu coração bater mais forte do que queria admitir.Lá fora, o clima era completamente diferente.Isadora olhava ao redor, os olhos brilhando de encantamento.O território do Norte era vasto, coberto por neve reluzente e árvores imponentes.— Uau! Isso é tão lindo! — Ela exclamou, animada.Ela girou no próprio eixo, admirando a paisagem gelada, os flocos de neve caindo suavemente.Sem perceber, seus olhos encontraram os de Bran.E de repente, toda aquela animação virou timidez.Ela desviou o olhar rapidamente, as bochechas corando levemente.Bran, que observava tudo com um pequeno sorriso, achou aquilo adorável.Stefan e S
A lua cheia brilhava forte no céu, iluminando a mansão com um brilho prateado.Era a noite da marcação.No quarto, Lyra observava Isadora se arrumando com um misto de inquietação e descrença.— Você parece feliz… — Lyra murmurou, cruzando os braços.Isadora sorriu suavemente, ajeitando os cabelos.— A Deusa da Lua nos uniu por um motivo. Eu aceito meu destino, Lyra.Mas Lyra apertou os punhos, sentindo o coração apertado.Ela não queria isso.Não queria pertencer a Roric.Seu pensamento voava até Alastor, mas sua loba, Isis, rugia dentro dela, ansiosa, impaciente.Do outro lado da mansão, Bran e Roric estavam se preparando.Os irmãos ajeitavam suas roupas, os olhos brilhando com a certeza do que aconteceria naquela noite.Seus lobos rugiam dentro deles, sedentos para reivindicar suas companheiras.Kaelen riu, encostado na parede.— Vocês estão parecendo dois predadores famintos.Bran ajustou a gola da roupa, rindo baixo.— É exatamente isso que somos.Roric não sorriu.Ele pensava em
A noite estava clara, com a lua cheia brilhando intensa no céu.A floresta estava iluminada por uma enorme fogueira, lançando sombras dançantes sobre as árvores.Toda a matilha estava reunida ali, lobos e lobas observando com olhos atentos e cheios de expectativa.No centro, havia um lugar elevado onde Bran e Roric se posicionavam, visíveis para todos.Do outro lado, Stefan e Scott observavam em silêncio, seus rostos sérios e fechados.Bran ergueu as mãos, chamando a atenção da matilha.— Hoje é um dia especial. — Sua voz ecoou forte e firme.Roric cruzou os braços, com o olhar intenso, percorrendo os presentes antes de continuar.— Hoje, a Deusa da Lua abençoa essa noite com a união de suas escolhidas a nós.Gritos e uivos ecoaram pela multidão, lobos vibrando com o momento.Mas enquanto todos celebravam, Lyra permanecia em silêncio, com os olhos fixos no chão, sentindo o peso daquela noite sobre ela.Ao seu lado, Isadora estava ansiosa, suas mãos tremendo levemente, mas um pequeno