Passando uma semana chegando à quinta feira à tarde quando o sol estava indo embora, Vanessa começava seu tratamento psiquiátrico. Segredos mais íntimos seriam revelados. Ela precisava tirar um peso dos seus ombros pela tensão que sofria, e a pressão psicológica era enorme, pela necessidade em poder desabafar com alguém.
Era muito amiga de sua vizinha, e sócia Gisele. Mas não confiava segredos como aqueles que só ela guardava. A partir do momento em que ela colocasse pra fora algo que estava atormentando a sua vida, certamente não seria mais a mesma.
Após de ter descido para estacionamento entrando em seu carro indo para a clínica psiquiátrica de Cristóvão Cruz com quem ela faria suas sessões todas as quinta-feira à tardinha sendo sempre às seis horas da tarde. Olhou para trás e disse:
“Boa sorte menina".
Ao chegar à clínica minutos antes da hora marcada motivo? Se sentia sufocada por não confiar em ninguém. Os dois estavam em busca da verdade, psiquiatra e paciente uma união que podia dar certo, ela estava em busca da verdadeira identidade. E ele estava em busca de justiça pela morte do seu filho. Embora não sabendo que ela tinha a chave do mistério, que envolvia a morte do seu filho. Assim quis o destino colocar frente a frente a vítima e a causadora do sofrimento. Ela entrou no consultório, e deitou-se sobre a poltrona maca perto da janela que dava vista para o mar.
E do lado da poltrona havia outra em que Cristóvão Cruz costumava ficar sentado, e ouvia os relatos de seus pacientes. Após deixar seus pacientes bem relaxados e confortáveis para se sentir mais confiante a responder perguntas sobre seus dramas pessoais, e psicológicos.
— Então... Vanessa está calma para responder às perguntas que eu vou fazer?
— Estou sim, Doutor!
— Então... Vamos começar. Em primeiro lugar quero dizer o que disser aqui ficará só entre nós, entretanto conte toda a verdade, nada mais que a verdade, não tenha medo, e nem vergonha. Seja lá o que for, só assim poderei te ajudar, está bem?
— Sim, Doutor!
— Então... Responda-me! Qual é seu nome?
— Meu nome é Yasmim!
— Yasmim? Você não se chama Vanessa?
— É uma longa história que mais adiante o senhor ficará sabendo!
— Você tem mãe?
— Sim!
— E como ela se chama?
— Claudete.
— Tem pai?
— Sim, tenho, mas não a conheço!
— Como assim?
— Bom. A minha mãe conheceu um homem, namorou ele acreditando que ele era solteiro, mas na verdade era casado, e acabou engravidando a minha a mãe, e covardemente - o abandonou!
— E o que aconteceu depois?
— Depois... Ela conheceu meu padrasto.
— Quantos anos você tinha quando sua mãe conheceu seu padrasto?
— Eu tinha quatro anos quando os dois foram morar juntos!
— Tem irmão?
— Sim, ele se chama Lucas, seis anos mais novo do que eu!
— Como se chama seu padrasto?
— Jandir!
— E como era seu padrasto? — Vanessa fez uma pausa, e respirou fundo, e soltou o verbo.
— Bom… Pra começar! Ele foi o melhor pai que uma filha pode sonhar em ter na sua vida, era perfeito como pai pra mim, e pro meu irmão, e bom marido para minha mãe, como homem, e como pessoa, batalhador, e honesto.
Um cidadão acima de qualquer suspeita, trabalhava como engenheiro agrônomo, dono de um laboratório de pesquisas de produtos agrícolas, profissão independente. E tinha seu empreendimento próprio.
Prestava serviços para as cooperativas agrícolas no qual era contratado para fazer análise no plantio de soja, milho, feijão, fumo, hortaliças, trigo, arroz. Entre outros produtos agrícolas. Além de ter suas lavouras.
— E, marido de sua mãe, como ele era? — Vanessa fez mais uma pausa.
— Como marido! Bom... Ele sempre foi atencioso, carinhoso, fiel, e leal, e como pessoa não tinha vícios, não fumava não bebia, entre aspas, bebia sim, mas socialmente só um drinque antes do jantar, e nada mais.
O seu único defeito era ser careta, e religioso, que ia todos os domingos a Igreja Católica. E como padrasto foi melhor pai, sempre me deu atenção, me pegava no colo, e contava histórias infantis, me levava para cama e fazia dormir, e apagava as luzes do meu quarto.
E sempre foi assim desde criança, tinha muita paciência comigo, na verdade ele me mimou demais.
— E o que a sua mãe achava disso tudo?
— Maravilhoso, e orgulhosa do marido que tinha, e convenhamos minha mãe era uma mulher de sorte!
— Como assim mulher de sorte? O que quer dizer?
— Porque além dele ser fiel, trabalhador, honesto, sem vícios e apaixonado por ela. Era um homem bonito, alto moreno, olhos castanhos, claros, cabelo preto liso que caia sobre o rosto, musculoso, não era gordo e nem magro! Um dos homens mais bonito que já conheci, quase perfeito!
— Como assim?
— O único defeito, que se preocupava muito com a opinião dos outros!
— E a sua relação com seu irmão?
— Nós brigávamos muito por ciúmes, porque eu queria atenção do meu padrasto só pra mim, eu fazia arte e colocava culpa nele só pra ver o Jandir brigar com ele. Como filha eu era muito ciumenta, mas ai um dia as coisas mudaram!
— Como assim? Perguntou Cristóvão Cruz!
— Bom... Mais uma pausa, Vanessa sentiu-se emocionada, e lágrimas desciam dos olhos, ao lembrar-se da infância. Respirou fundo, e fechou os olhos, desculpe Doutor.
— Tudo bem, mas prossiga!
— Bom! Até os meus dez anos, eu tinha um amor de filha, quando completei doze anos era saudável, e uma saúde de sobra. Me tornei uma moça quando tive a primeira menstruação, foi me transformando, e cresci precocemente, tinha lindas pernas seios fartos! Cristóvão arregalou os olhos.
— Não, Dr. Não é isso que o senhor está pensando, não vai tirar conclusões precipitadas!
— Calma, não falei nada!
— Com a boca não, mas com os olhos sim! Disse ela rindo.
— Está bem, conclua!
— Bom... Vanessa olhou o teto do consultório cruzando os dedos com dificuldade em responder certas perguntas.
— Relaxe; não precisa ter vergonha! Dissera Cristóvão Cruz.
— Meu padrasto: costumava viajar muito para a fronteira do Estado fazer análise nas plantações, e ficava uma semana, ou até um mês longe de casa, e quando chegava não tinha hora certa pra chegar; a maioria das vezes chegava à noite!
Eu queestudava, e gostava de jogar vôlei com as minhascolegas de aula, e suava muito. E quando chegava em casa ia direto para o chuveiro. Me sentia livresozinha em casa, porque a minha mãe estavasempre trabalhando. Ou estava lavando roupas no tanque porque naquela época não havia máquinade lavar, e meu irmão quase todo dia na casa dos amiguinhos jogando futebol.Vanessa tossiu... E um dia destes fui surpreendida! — Como assim? Perguntou Cristóvão Cruz. — Eu nua achando que estava sozinha em casa, equando fui abrir a cortina do chuveiro estava lá o meu padrasto tomando banho, imagina a cena? — O que foi que aconteceu? — Ele
Eu era disputada por todos os rapazes do colégio, não só do colégio, mas também na vizinhança. Eles me achavam a mais bonita do bairro, todosqueriam me namorar, mas nenhum deles fazia meu tipo. E quando eu tentava me interessar por um deles vinha aquele corpo moreno do meu padrasto naminha mente, bati no rosto e dizendo: pra mim mesma. “Crie vergonha nessa cara, esquece esse homem,ele não te pertence". — Mas não adiantava, então pensei, se eu passasse uma noite com ele, quem sabe esqueceriae que tudo não passava de um capricho meu, entãofui à luta! — E o que você fez? Perguntou Cristóvão Cruz. — Bom, comecei a estudar, e mergulhei a minha cabeça nosestudos e
— O que? Por exemplo, — perguntou Cristóvão Cruz. — Ela fazia todas as vontades dele, assim comodeixar o chimarrão pronto antes do jantar e o drinque depois, isso ela fazia, mas não alcançar atoalha depois dele sair do banho, e isso eu fiz. Bom, quando ele saiu do banho, eu gentilmente alcancei a toalha, ele me agradeceu, depois do banho tomado sentou sobre o sofá da sala pra tomar seu chimarrão. Eu me sentei de frente deleem outro sofá. E toda vez que eu enchia a cuia dechimarrão, eu tinha que me abaixar para pegar achaleira, que no interior naquela época ainda não havia garrafa térmica, e neste caso fazia aparecer meus seios, e de vez em quando, eu cruzava as minhaspernas. E os olhos dele percorriam os meusmovimentos, e co
— E depois que vocês viajaram, o que aconteceu? — Quando estávamos dentro da picape seguimosdestino a Uruguaiana. Sentei perto dele de minisaia colegial e ficava levantando as pernas pra cimatoda hora, e abaixava seguidamente deixando ele nervoso, que quase bateu o carro numa árvore porficar olhando as minhas pernas! Vanessa olhou para ao lado colocando a mão sobrea boca rindo ao lembrar-se da cena. — Porque está rindo? Perguntou Cristóvão Cruz. — É que, era engraçado ver a cara dele, um homem sério e conservador ficar vermelho quandoeu levantava e abaixava as pernas, é claro que hoje penso diferente, mas como estava dizendo: ao chegarmos a cidade de Uruguaiana fomos para uma casa que&nbs
Os policiais torceram o nariz ao ouvir as durascríticas de Dalton, e Júlio viu a expressão de descontentamento, embora sendo seu amigo não quisesse que sua equipe fosse alvo de críticas, ele levantou e disse: — Então seu sabe tudo, não é porque trabalha numpaís de primeiro mundo, que acha tem o direito dechegar aqui criticando nosso trabalho!— Dalton balançou a cabeça olhando no rosto de todos, principalmente a de Júlio e disse: — Perdoe-me Júlio se está ofendido com as minhascríticas, mas se quiser ouvir elogios façam pormerecer, e depois eu não vim por oferecido, vimporque me chamou, mas se já que está insatisfeito com a minha presença, estou indo embora, quetenho mais o que fazer, tem bandidos perigosospra eu colocar atrás das grades. E não vou ficar aquiperdendo o meu tem
— E como vai fazer, vamos intimar que elasvenham até aqui na delegacia? Perguntou Júlio. — Não, eu mesmo vou até a casa dos familiares, providencie um computador pra eu analisar todasas informações que eu receber dos familiares e um carro, isso é possível? — É claro, que sim! Dissera Júlio: pode contarcom a nossa ajuda, desde que, este mistério seresolva o quanto antes! — Está bem, prometo empenho nesta investigação,vou estar no cangote deste psicopata, não voudeixar ele em paz! — Dalton foi até o hotel onde se hospedava, Júlio providenciou um computador e um binóculo e umcarro pra que ele fizesse suas investigaçõesparticulares com ajuda de Júlio.
Aochegar ao prédio da clínica de Cristóvão Cruz chamava atenção pela sua elegância, cada sessãousava um vestido de cor diferente, e na terceirasessão usou um vestido vermelho, despertando curiosidade em todos que frequentavam a clínica. — Boa tarde Doutor! — Boa tarde! A Senhorita está bonita hoje, parece estar bem melhor do que nas últimas sessões! — Estou me sentindo bem melhor! — Que bom, deite-se e procure relaxar, a propósitoestá mais calma hoje? — Sim, estou Doutor! — Bom, na última sessão, deixa me ver se euanotei! Há está aqui, você di
— Admira-me você ter uma mãe que é uma santa em compensação a filha é! — Veja bem o que vai dizer? Sou uma mulher apaixonada, não tenho culpa do que aconteceu comigo! — Você não sentiu remorso vendo seu padrasto setorturando daquele jeito? Perguntou Cristóvão cruz. — Não! Eu estava adorando! Naquela época, eu erauma jovem egoísta e individualista que só pensava em mim, e em mais ninguém, e não estava nem aipra ele, o que eu queria era passar uma noite com ele pra me livrar daquela obsessão que estava melevando à loucura. — E o que foi que aconteceu depois? — Depois de ter se torturado vendo aquele monumento de mulher