Alana:
O mundo parou. Meu corpo ficou rígido, como se meu sistema nervoso tivesse sido desligado de repente. O vestiário masculino, antes apenas um pano de fundo sem importância, agora parecia uma cena de pesadelo. O cheiro de desodorante misturado ao suor dos atletas, os armários metálicos alinhados contra a parede, o som distante das comemorações no ginásio... tudo se tornou um borrão indistinto. O que estava nítido, absurdamente nítido, era a visão do meu namorado, Jack Gardner, e da minha irmã mais nova, Amanda, se beijando como se fossem os únicos no mundo. As mãos dele, que tantas vezes seguraram as minhas, agora percorriam o corpo dela com a mesma intimidade com que já me tocaram. Os lábios que me prometeram amor eterno estavam devorando os dela. O buquê de girassóis escorregou dos meus dedos, despencando em câmera lenta até o chão. As pétalas amarelas se espalharam sobre o piso de azulejos frios, como um símbolo da ruína dos meus sonhos. Minha mente se recusava a processar. Aquilo não fazia sentido. Não podia ser real. — Alana... — a voz de Adam chegou até mim como um eco distante, cheia de confusão e preocupação. Jack e Amanda se afastaram no mesmo instante, como se tivessem sido atingidos por um raio. O rosto de Amanda estava corado, os olhos arregalados de culpa. Jack, por outro lado, pareceu congelar no lugar. Ele piscou algumas vezes, a boca abrindo e fechando como se buscasse uma desculpa plausível. Mas que desculpa poderia apagar o que eu acabara de ver? Meu coração batia tão forte que parecia reverberar em cada parte do meu corpo. Fechei os olhos por um instante e, como uma defesa involuntária, minha mente me arrastou para minutos antes, para o momento em que eu estava radiante no palco, pronunciando meu discurso de formatura. O ginásio do colégio Temple Hill Elementary School estava lotado, as vozes se misturando em um burburinho excitante. A cidade inteira parecia ter se reunido ali, testemunhando um rito de passagem que marcaria nossas vidas para sempre. O diretor Sheldon McCarthy falava com entusiasmo, seus olhos brilhando com orgulho enquanto exaltava as conquistas da turma de formandos de 2016. Seu discurso era encorajador, recheado de esperança e desafios para o futuro. Quando ele terminou, ajeitou a gravata e sorriu antes de anunciar: — Vamos chamar para subir ao palco e fazer o discurso de formatura a presidente do grêmio estudantil e oradora da turma, Alana Wayne! O som do meu nome ecoou no ginásio e um misto de emoção e nervosismo percorreu meu corpo. Respirei fundo e me levantei, recebendo incentivos dos meus colegas. Ao atravessar o espaço até o palco, minhas pernas tremiam um pouco, mas eu mantinha a expressão confiante. Sentada entre os bons amigos que tinha na pequena cidade de Erwin, eu , Alana Wayne respirei fundo antes de me levantar e seguir em direção ao pequeno palco de madeira. Ajeitando o chapéu de formatura, parei em frente ao microfone, unindo as duas mãos que começavam a suar de nervosismo. — Vai, Alana! — uma voz conhecida gritou do meio da multidão, fazendo-me sorrir. Posicionei-me em frente ao microfone e juntei as mãos, que estavam suadas. O calor da iluminação se misturava ao da adrenalina. — Para quem não me conhece, meu nome é Alana Wayne e serei a oradora desta noite! — Boa noite a todos! — Gostaria de agradecer pelo privilégio de ser a oradora de nossa turma nesse momento tão importante. Em nome dos formandos gostaria de agradecer a presença de todos que estão aqui, todos aqueles que se disponibilizaram para participar desta ocasião tão especial. — Aos nossos queridos colegas e professores, obrigada. Obrigada por todas as lições que aprendemos juntos e por todas as memórias aqui compartilhadas. Nunca nos esqueceremos uns dos outros. O ano de dois mil e dezesseis marcou o fim das nossas vidas escolares e se tornou também o pontapé inicial para a nossa próxima jornada rumo a realização dos nossos sonhos. — Estamos reunidos aqui para celebrar não apenas nossas conquistas acadêmicas, mas também para expressar nossa profunda gratidão a todos que nos apoiaram ao longo desta jornada. Dizem que juntos somos mais fortes , então que todos os momentos felizes e tristes que compartilhamos juntos nos tornem imbatíveis. Que venha a nossa vida universitária. E lembrem-se, o sucesso é uma jornada, não um destino. — Tenha fé em sua capacidade! Os aplausos explodiram ao meu redor e todo ginásio sente a explosão de energia.. Ao retornar ao meu lugar, Jack Gardner, o meu namorado, pegou minha mão e a apertou, seus olhos azuis brilhando de orgulho. — Você foi incrível! — ele sussurrou, beijando minha testa. Sorri, sentindo-me flutuar. Jack e eu compartilhávamos sonhos simples, mas perfeitos. Eu seguiria os passos do meu pai na veterinária, e ele construiria sua carreira como engenheiro. Nos casaríamos, teríamos filhos. Nossa história já estava escrita. O diretor começou a chamar os alunos para receberem os seus diplomas. Quando ouvi meu nome, minha pele formigou de excitação. Subi ao palco, recebi meu diploma e, ao ergê-lo para os colegas, senti-me radiante. Teria sido a cerimônia perfeita, se meus pais, Martha e Vincent, não estivessem ocupados demais para aparecer e parabenizar a filha que havia se formado com honras e sido aceita nas melhores universidades do país. Findada a cerimônia, Adam Wayne, meu irmão mais velho, veio ao meu encontro e me envolveu em um abraço apertado. — Você veio! — sorri feliz ao ver o meu irmão depois de quase um ano — Se lembrou da minha formatura . — Como eu poderia me esquecer disso? — Adam questionou ao se afastar de mim , então, me estendeu um buquê de girassóis — Parabéns pela sua formatura , irmãzinha. — Obrigada por vir! — falei ao receber as flores — Significa muito para mim. — Eu sei, papai e mãe estão ocupados demais para vir te dar os parabéns! — Adam apertou gentilmente minha bochecha — Mas eu não vim sozinho, a Amanda veio comigo, só que em algum momento ela desapareceu do meu campo de visão. — Onde está aquele cara de quem você tanto fala? — Jack? — Sorri. — Você vai adorar conhecê-lo! — Se ele te faz sorrir assim, já sou fã dele! Meus olhos vagaram pelo ginásio até encontrá-lo caminhando para o vestiário masculino. — Venha! — puxei Adam pela mão e fomos até lá…Alana:O buquê de girassóis deslizou das minhas mãos, caindo no chão e levando junto os meus sonhos para o futuro.Jack olhou para mim assustado e se afastou rapidamente de Amanda.— Alana, eu posso explicar...— Aposto que sim! — Adam sibilou irritado — Então, era com esse idiota que você estava fazendo planos, Alana?— Há quanto tempo? — questionei limpando as lágrimas do meu rosto — Há quanto tempo estão fazendo isso pelas minhas costas?— Meu amor, Alana, me escuta, não é bem assim que...— Há quanto tempo? — gritei furiosa — Há quanto tempo você e a minha irmã mais nova estão me traindo?— Alana, eu...— Quatro meses! — Amanda respondeu despreocupadamente — Estamos saindo há quatro meses .— Quatro meses? — senti como se uma flecha perfurasse meu peito — Quando você me pediu para te dar cobertura para sair com um cara meses atrás, era com ele que estava saindo?— Sim! — ela respondeu simples e direta — E sim, fizemos mais do que dar uns amassos.— Amanda, você não tem vergonha? —
Alana:Toquei o lugar onde ardia na minha face e senti meus olhos lacrimejarem novamente, mas desta vez eu não deixaria que as lágrimas caíssem, nunca mais eu iria chorar por uma traição novamente.— Como ousa falar assim da sua irmã mais nova? — ela interrogou irritada — Você não tem o mínimo de decência?Como sempre, ela estava do lado da Amanda, sua filha favorita.Sorri amargamente ao perceber que ela nunca olharia para mim como olhava para ela, que nunca me defenderia como defendia ela, que sempre fecharia os olhos para os erros da minha irmã mais nova.— Mas que droga de mãe é você? — questionei furiosa a olhando nos olhos — Como pode continuar favorecendo a Amanda, mesmo quando ela está errada?— O que? — ela perguntou confusa e atordoada por me ouvir respondê-la.Normalmente eu não faria algo assim, eu nunca fazia ou falava nada, nunca, eu apenas ficava em silêncio, aguentando tudo, mesmo sabendo como era injusta a forma distinta com que ela nos tratava.— Eu acabei de dizer
Alana:— Coloquem ela mais alto! — ordenei enquanto suspendiam a modelo pelo fio — Tudo bem. Assim está ótimo.Me aproximei do fotógrafo e olhei bem para a lente de sua câmera.— Ajeite o ângulo, quero a foto perfeita! — ordenei — Ela deve parecer um anjo, mesmo que esteja despencando do céu.— Mas, quem caiu do céu foi Lúcifer! — ele disse me encarando.— E eu te perguntei alguma coisa sobre o diabo? — cruzei os braços e franzi o cenho.— Não senhora! — ele respondeu um pouco nervoso.— Concentre-se no seu trabalho! — ordenei.A Megera, era assim que eles me chamavam quando eu não estava olhando, mas corriam como gatinhos assustada quando eu dava uma ordem.Ser a megera da CG Magazine não era tão ruim, além do medo que causava neles, eu era a CEO da revista, a presidente adorava meu trabalho e eu sempre recebia um salário grande, que me permitia viver uma vida confortável e bem luxuosa em Manhattan.Era quase o paraíso.Eu era boa no meu trabalho, mais do que boa, era a melhor, insub
Alana:Connor Mackenzie?O amigo de infância do Adam? Seria ele mesmo?Aquele homem vestia uma camisa xadrez com os botões totalmente abertos, em sua cabeça estava um chapéu, e em seu ombro estava pendurada uma cela.— E aí? — Ramona perguntou ansiosa — Ele não é um espetáculo?— Temos modelos mais bonitos aqui na CG Magazine! — declarei desviando os olhos da página do calendário. — Não é desse tipo de beleza que estamos falando, Alana! — Ramona negou — Os nossos modelos tem uma beleza padrão, influenciada pela carreira, produtos de beleza e maquiagem. Não são como esses homens rústicos do calendário, eles tem uma beleza exótica, um charme que não dá para ser encontrado em nenhum homem de New York.— Talvez ele seja razoável! — falei.— Ouça, temos que fazer um ensaio com esse homem! — ela disse — Vai ser fabuloso, um estouro se esse homem rústico e extremamente sexy for capa da CG Magazine.— Ele não é o padrão dessa revista! — argumentei — Somos uma revista de moda, não de produtos