Alana:Caminhamos pelas ruas da cidade sentindo a brisa da noite e ar puro preenchendo nossos pulmões.Eu tinha me esquecido de como a vida em Erwin era mais sossegada, mesmo quando se estava na cidade e não na fazenda.— Está sentindo o cheiro de grama verde? — Adam questionou — Não é agradável?— Sinto cheiro de estrume! — resmunguei — Isso é agradável para você?— Por que voltou se odeia tanto Erwin? — ele questionou.— Por sua causa! — respondi simples e direta — Achei que deveria estar presente no seu casamento.— Bem, então eu tenho que te agradecer! — ele sorriu animado.— É bom que saiba disso! — sorri — Já posso retornar para o hotel? Tenho trabalho a fazer!— Trabalhar? — ele questionou surpreso — Não veio para o meu casamento?— O meu trabalho não acaba só porque eu viajo! — contei — Vamos indo!Antes que eu me virasse para sair ele segurou meu braço e me arrastou em direção a adega do cowboy.— Para onde está me levando? — questionei.— Antes de você retornar ao hotel, vam
Alana:— Você de novo! — resmunguei bebendo um gole grande da cerveja — Veio me dar as boas vindas também, ou me torrar a paciência?— Torrar sua paciência! — ele declarou com um sorriso irônico — Desce um cerveja, Teddy.— Certo, então por que não torra a paciência de outra pessoa? — perguntei — O salão está cheio de pessoas, encontre um novo alvo.— Essas pessoas estão aqui por você, princesa exigente! — ele disse ao receber a caneca de cerveja — Não vai falar com elas?— Eu estou com cara de quem quer socializar? — perguntei.— Não, não está! — respondeu sorrindo — Pobrezinho do Adam, preparou essa festa de boas vindas e você está aí, irritada igual a uma mula brava.Nossa, que bela comparação, ele deveria ser um poeta. Também, o que eu deveria esperar de um caipira chucro?Aquele imbecil, só havíamos nos visto duas vezes desde que pisei em Erwin, mas ele parecia ter o poder de me irritar.— Você não gosta de mim, não é? — ele perguntou em meio a um sorriso sarcástico.— O que você
Connor:Olhei para aquela mulher rabugenta sentada no balcão.Os cabelos ruivos caindo em cascata pelos ombros, a expressão séria de quem estava odiando estar ali, rodeada por tantas pessoas.Ela havia mudado completamente, não era mais aquela menina alegre e cheia de vida que brilhava como o próprio sol, em seu lugar estava uma mulher rígida, fria e arrogante.Será que ela não se lembrava mesmo de mim ou estava apenas fingindo não se lembrar?O mais incrível em tudo aquilo era que quanto mais ela me tratava mal, mais eu ficava curioso sobre ela.— Seus olhos vão cair, Connor! — Adam disse se sentando na mesa comigo — Ou então vai acabar fazendo a Alana ficar desidratada.— Do que está falando? — questionei confuso.— Eu sei que você é doidinho pela Alana! — ele disse — Não sei quando isso começou, mas você é tão transparente.— Não sei do que você está falando! — tentei me esquivar do assunto bebendo um gole da cerveja.— Fala sério Connor, eu tentei agir como se não soubesse de nada
Alana:Caminhei em direção ao restaurante do hotel enquanto bocejava.Avistei o homem de cabelos grisalhos me esperando em uma mesa.Por que ele estava ali tão cedo?— Alana! — ele sorriu para mim.Puxei a cadeira e me sentei à sua frente.Antes de ouvir qualquer coisa que ele pudesse me dizer, acenei para o garçom e pedi um café preto, sem açúcar .Demorou alguns minutos, mas ele finalmente retornou trazendo minha bebida dos deuses.Beberiquei um gole da bebida fumegante e então a cuspi em seguida.— Mas que merda é essa? — questionei furiosa.— Algum problema, senhorita Wayne? — o garçom questionou.— Essa porcaria não é de hoje! — afirmei.— Como é? — ele perguntou confuso.— Está faltando grãos de café na cozinha desse hotel? — questionei ainda mais irritada.— Não, senhorita! — ele negou.— Então, por que me serviu a droga de um café dormido? — perguntei olhando em seus olhos.— Pe... Pe... Pe... Perdão, senhorita Way... Wayne. — ele gaguejou — Vou mandar fazer outro imediatament
Adam:Papai saiu cedo de casa, bem cedo.Não disse a ninguém para onde ia, apenas saiu com uma expressão preocupada e melancólica no rosto. Mas retornou, cerca de duas horas depois, com as feições suavizadas, e agora até estava sorrindo.Quando chegou em casa, trazia varia sacolas de compras.Se apressou em lavar as mãos, vestiu o avental e começou a cozinhar.Era estranho, já que o papai não cozinhava há mais de cinco anos.Agora, ele de repente estava com as panelas no fogo e descascando batatas, cantarolando.Era bom ver novamente um sorriso em seu rosto.— Parece animado, pai. E até está cozinhando! — observei enquanto também vestia o avental — Você não sorri assim desde que Alana nos deixou. — Eu fui vê-la, Adam! — ele contou com um sorriso no rosto — Ela está me dando uma segunda chance para ser o pai que ela merece.— Que bom, pai! — falei dando um tapinha em seu ombro.Eu esperava que agora ele cuidasse bem dela. Em breve eu não estaria mais em casa, e o remorso poderia tomar
Alana:Almoço de domingo em casa, será que eu estava fazendo o certo de aceitar aquele convite nada agradável de se imaginar? Certa? Certamente eu deveria estar ficando maluca de retornar a aquela casa.Depois de tanto tempo tentando ser mais forte e menos fácil de dobrar, me esforçando para ser a megera que eu era agora, ainda assim, bastou um olhar melancólico do meu pai, para que eu aceitasse voltar a aquele lugar que eu nem sequer sabia se ainda poderia chamar de "meu lar".Se é que um dia já tivesse sido.Mirei a minha imagem refletida no espelho e soltei um longo suspiro.Agora não havia mais o que fazer, eu já havia aceitado, precisava ir.Desci as escadarias do hotel e segui em direção a recepção.— Olá, senhorita Wayne! — o recepcionista sorriu nervosamente — Em que posso ajudá-la?— Chame um táxi para mim! — ordenei.— Um táxi? — ele questionou abobalhado e surpreso.— É, você ouviu bem! — declarei impaciente — Um táxi! Para hoje.— Entendi! — ele disse em meio a uma risada
Alana:Olhei em volta da casa. Os papéis de parede rosê com detalhes de flores, os azulejos, a lareira com porta-retratos de família e o velho piano de madeira, tudo continuava praticamente igual, exceto pela grande foto de formatura da Amanda, e as minhas poucas fotos que ficam expostas em lugares com pouca luz na casa, até mesmo essas haviam sumido.Era uma típica casa de família, mas aquela não era a minha casa, estando aqui novamente, eu finalmente conseguia entender que aquela nunca havia sido minha casa.As lembranças da pequena Alana Wayne sorrindo, toda animada colocando um porta-retrato com fotos de si mesma procurando pelo canto perfeito da sala, enquanto rodopiava alegremente, para logo em seguida, a alegria dar espaço para mais uma decepção.— Alana, já disse a você que o centro está reservado para a foto de formatura da Amanda! — mamãe disse segurando o porta-retrato na mão — Por que você é tão teimosa?— Mas, é a minha foto de formatura do jardim, mamãe! — contei.— Exce
Alana:Os olhos de Amanda transmitiam a mais pura e genuína irritação.— Está me chamando de gorda? — ela questionou.— Eu? — perguntei com um sorriso, fingindo inocência — Jamais, apenas disse que você deve se preocupar mais com a balança, já que sempre adorou exibir o corpo como um troféu a ser conquistado.Ela soltou os talheres sobre o prato e segurou a taça de vinho com força.— Calma, querida! — minha mãe pediu a ela em um tom de voz baixo e aparentemente calmo — Não vamos estragar o reencontro da nossa família.— Prove a polenta, filha! — meu pai sugeriu me servindo um pouco — Você adorava comer isso, lembra?Enchi uma colherada e levei aos lábios, saboreando o sabor caseira tão familiar.— O que achou? — ele perguntou ansioso.— Maravilhoso! — respondi — Você sempre cozinhou muito bem, pai!— Fico feliz que tenha gostado! — ele sorriu satisfeito.Amanda:Vivi dezessete anos a sombra daquela mosca morta. E quando eu finalmente achei que havia me livrado dela, aquela maldita cid