Alana:Olhei em volta da casa. Os papéis de parede rosê com detalhes de flores, os azulejos, a lareira com porta-retratos de família e o velho piano de madeira, tudo continuava praticamente igual, exceto pela grande foto de formatura da Amanda, e as minhas poucas fotos que ficam expostas em lugares com pouca luz na casa, até mesmo essas haviam sumido.Era uma típica casa de família, mas aquela não era a minha casa, estando aqui novamente, eu finalmente conseguia entender que aquela nunca havia sido minha casa.As lembranças da pequena Alana Wayne sorrindo, toda animada colocando um porta-retrato com fotos de si mesma procurando pelo canto perfeito da sala, enquanto rodopiava alegremente, para logo em seguida, a alegria dar espaço para mais uma decepção.— Alana, já disse a você que o centro está reservado para a foto de formatura da Amanda! — mamãe disse segurando o porta-retrato na mão — Por que você é tão teimosa?— Mas, é a minha foto de formatura do jardim, mamãe! — contei.— Exce
Alana:Os olhos de Amanda transmitiam a mais pura e genuína irritação.— Está me chamando de gorda? — ela questionou.— Eu? — perguntei com um sorriso, fingindo inocência — Jamais, apenas disse que você deve se preocupar mais com a balança, já que sempre adorou exibir o corpo como um troféu a ser conquistado.Ela soltou os talheres sobre o prato e segurou a taça de vinho com força.— Calma, querida! — minha mãe pediu a ela em um tom de voz baixo e aparentemente calmo — Não vamos estragar o reencontro da nossa família.— Prove a polenta, filha! — meu pai sugeriu me servindo um pouco — Você adorava comer isso, lembra?Enchi uma colherada e levei aos lábios, saboreando o sabor caseira tão familiar.— O que achou? — ele perguntou ansioso.— Maravilhoso! — respondi — Você sempre cozinhou muito bem, pai!— Fico feliz que tenha gostado! — ele sorriu satisfeito.Amanda:Vivi dezessete anos a sombra daquela mosca morta. E quando eu finalmente achei que havia me livrado dela, aquela maldita cid
Alana:Martha Wayne arregalou os olhos para mim, assustada.— Sua...— Chega Martha! — meu pai gritou com o semblante fechado — A Alana não é o seu saco de pancadas, onde você pode descontar as suas frustrações, ela é uma pessoa. Eu sempre me perguntei se ela voltaria um dia, mas você é o motivo por ela não voltar. Eu errei com ela, eu sei, eu fui omisso e não protegi a minha garotinha, mas você, você é má e crua com ela, você era a pessoa que deveria protegê-la de toda a maldade do mundo, mas ao contrário disso, você era o único mal no mundo dela.Pisquei várias vezes seguidas, tentando absorver as palavras dele. Pela primeira vez na vida ele estava me defendendo contra a minha mãe?Qual era o propósito de tudo isso?— Está gritando comigo por causa dessa ingrata? — ela questionou.— Ingrata? — Adam sorriu indignado — Ingrata é você mãe, que nunca soube retribuir o amor que a Alana dedicou a você. Eu também odiaria você se fosse ela. Também não gostaria de estar perto de você. Você
Connor:Joguei o saco de ração sobre os ombros e o levei até a parte traseira da caminhonete.— Sinceramente, não sei por que você faz o trabalho pesado se temos empregados para isso! — Lisa Margolin comentou — Você é humilde demais, ou apenas gosta de mostrar para o povo desta cidade o quanto você é forte?— Nenhum dos dois! — respondi ao colocar o último saco na traseira da caminhonete — Acho que não gosto de ficar parado, apenas olhando enquanto fazem o trabalho.— Entendi! — ela sorriu — Igualzinho a uma pessoa que eu conheço muito bem.— Quem? — questionei — O seu adorável Adam?— Não! — ela se apressou em negar — Talvez a versão feminina e mais jovem dele. E não vamos esquecer dos cabelos vermelhos.— Está me comparando a aquela sua amiga metida que sempre me olha com o nariz torcido? — sorri — Não deve me comparar a ela, sou apenas um cowboy sem eira nem beira, que ganha a vida na labuta e no sol quente, e ainda cheiro a estrume, como ela mesma já observou, enquanto a dondoca u
Connor: Eu não sabia por que, mas por alguns instantes me pareceu divertido vê-la perder totalmente a voz e a pose de rainha do gelo. Isso provava que por debaixo daquela couraça de megera arrogante talvez ainda havia um coração pulsante, bombeando sangue quente para suas artérias. Não. Não era possível que aquela garota feliz e cheia de vida, que amava tudo a sua volta, tinha sonhos pequenos e uma idéia de felicidade simples, havia se perdido para sempre no abismo da vida de CEO de uma grande revista. Ou será que era? Sendo ou não possível, eu preferia acreditar que não era. Eu me recusava a aceitar que a veria sorrir novamente de forma tão genuína como no passado. — Me desculpa! — ela disse ao encontrar novamente a sua voz — Eu não sabia. — Não tem que se desculpar por isso, não dá para culpar alguém ou tentar controlar a vida e a morte. — declarei — Meus pais viveram mais do que muitas pessoas, e eu pude aproveitar casa segundo ao lado deles. Isso em si já é um gran
Connor:— Hey, você não é a irmã do Adam? — questionei, tentando não parecer um maluco.— Conhece meu irmão? — ela questionou como se nunca tivesse visto antes, o que era normal, já que ela estava sempre focada nos estudos — Se você é amigo dele, me ajude a sair daqui, por favor!— Eu não sei se isso é uma boa idéia! — ela queria sair dali comigo? Do nada? — O Adam não vai gostar se eu...— Eu estou desesperada! — ela disse segurando firme minha mão — Me ajude, por favor!Aquilo realmente não parecia uma boa idéia. Sem contar que talvez o Adam ficasse furioso se soubesse, mas, o que eu poderia fazer, se ela estava me olhando com aqueles olhos marejados, como se sua vida dependesse disso.Pouco tempo atrás ela está brilhando tanto quanto o sol, e do nada ela estava na minha frente, como se tivesse perdido totalmente o chão. O que a havia deixado tão mal assim?— Entra! — falei apontando para a caminhonete.Caminhando a passos firmes, ela me seguiu até o carro, se sentando ao meu lado e
Connor:Há nove anos atrás, quando eu acordei manhã seguinte, completamente sozinho na cama, percebi que ela havia fugido depois de ter a sua primeira vez comigo.Era óbvio que ela iria fugir, depois de dormir com um quase estranho, por mais que eu a conhecesse bem, ela não me conhecia, ela nem sequer se lembrava de que eu era o melhor amigo de seu irmão mais velho, assim, eu era um estranho para ela.Soltei um longo suspiro, me deixando cair novamente sobre a cama.O cheiro dele ainda estava impregnado nos lençóis e travesseiros, me fazendo voltar no tempo e me lembrar de como foi ser o primeiro homem a tocá-la tão intimamente. Uma boa garota, que sempre teve objetivos certos na vida, acabou fazendo amor comigo, um cowboy sem eira nem beira.O que fez uma garota que sempre pensava antes de agir, ser imprudente tão derrepente?Não importava o motivo, eu deveria tomar a responsabilidade para mim, já que, por mais que ela tivesse feito o convite e me provocado, ela estava desestabilizad
Alana:Havia uma interrogação enorme em seu rosto. As sobrancelhas curvadas e os lábios entre abertos evidenciavam isso.Quem aquele cowboy chucro pensava que era para se achar no direito de se sentar na minha mesa, interromper a minha refeição e ainda perturbar a minha pouca paz?Connor Mackenzie, por mais que eu não me recordasse de seu nome, de uma certa forma ele me parecia estranhamente familiar. Quem era na verdade esse cara? E por que a presença dele me incomodava tanto?— Além de ser um burro chucro, você também é surdo? — questionei cruzando os braços.— Nossa, você é mesmo uma pessoa franca e direta! — ele observou — Como pode dizer essas coisas assim, sem nem mudar o rosto? Já parou para pensar que as suas palavras podem machucar verdadeiramente alguém?— Não! — neguei sem pensar duas vezes — Enfeitar, florear ou tentar deixar algo mais fácil de dizer para alguém pode tornar a vida dela mais difícil no futuro, já que o mundo a nossa volta bão perdoa nunca e está sempre de o