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O familiar homem da foto

Alana:

Connor Mackenzie?

O amigo de infância do Adam? Seria ele mesmo?

Aquele homem vestia uma camisa xadrez com os botões totalmente abertos, em sua cabeça estava um chapéu, e em seu ombro estava pendurada uma cela.

— E aí? — Ramona perguntou ansiosa — Ele não é um espetáculo?

— Temos modelos mais bonitos aqui na CG Magazine! — declarei desviando os olhos da página do calendário.

— Não é desse tipo de beleza que estamos falando, Alana! — Ramona negou — Os nossos modelos tem uma beleza padrão, influenciada pela carreira, produtos de beleza e maquiagem. Não são como esses homens rústicos do calendário, eles tem uma beleza exótica, um charme que não dá para ser encontrado em nenhum homem de New York.

— Talvez ele seja razoável! — falei.

— Ouça, temos que fazer um ensaio com esse homem! — ela disse — Vai ser fabuloso, um estouro se esse homem rústico e extremamente sexy for capa da CG Magazine.

— Ele não é o padrão dessa revista! — argumentei — Somos uma revista de moda, não de produtos agrícolas.

— Aí como você é chata, eu só queria ter a chance de ver esse homem sem camisa bem de perto! — ela lamentou — Só um pouquinho.

— Eu me pergunto o que o senhor Howard pensaria se te ouvisse falar assim. — fiz uma pausa de alguns segundos pensando nas possíveis reações do marido da presidente da empresa — Acho que ele não ficaria muito feliz.

— Você é mesmo uma megera! — ela bufou se levantando — De qualquer modo, vá para o casamento do seu irmão e lhe dê um presente de casamento bem significativo.

Colocando os óculos escuros novamente, Ramona lançou-me um beijinho no ar e deixou a minha sala.

— Não babe no meu homem rústico! — ela advertiu com uma piscadela antes de bater a porta.

Afinal ela era mesmo Ramona Howard, falava o que queria e vivia conforme seus princípios, não tinha medo de nada e nem de ninguém, não pensava duas vezes em falar boas verdades na cara de quem quer que fosse, e apesar de implacável, me recebeu com carinho na CG Magazine e mesmo eu sendo inexperiente, me auxíliou e fez de mim a mulher que eu era hoje. Forte e corajosa, e assim como ela, uma força da natureza. E era por isso que ela era alguém que eu admirava tanto.

Ela me tratava melhor do que a minha mãe jamais havia me tratado durante os dezoito anos em que estive ao seu lado. E agora, Ramona Howard era o verdadeiro exemplo de mãe que eu tinha.

Lancei um olhar rápido para a foto do calendário sobre a minha mesa. Por que aquele homem me parecia tão familiar?

Talvez eu estivesse apenas pensando demais sobre isso, mas esse cara da foto realmente estava me deixando intrigada.

Eu estava pensando demais, com certeza era isso, afinal, quantos Colins ou Connors de sei lá o que deveriam existir pelo mundo? E cowboys não eram todos iguais?

Com certeza o nome dele e o fato dele ser da mesma cidade que eu, era uma simples coincidência, aquele cara não era mesmo o melhor amigo do Adam.

Encerrei esse assunto abrindo a gaveta da minha mesa e guardando aquele calendário.

Tirei o telefone do gancho e disquei o ramal da minha secretária.

— Sim, senhorita Wayne? — Louise disse ao atender.

— Prepare todos os documentos para a reunião das dez da manhã! — ordenei — Quero tudo impecável.

— Sim, senhorita Wayne! — eu lá concordou — Farei como a senhorita gosta.

Pelo cansaço e desânimo em sua voz, quase dava para ouvir seus pensamentos gritando "megera" do outro lado da linha.

— Sabe o que acontece se algo estiver faltando, não é? — provoquei.

— Farei o impossível para deixar tudo impecável.

— Excelente! — exclamei — Ah, e Louise, reserve uma passagem para o sábado à noite para o Tenessee.

— Sim, senhorita! — desta vez ela realmente pareceu surpresa com o que eu falei.

Também, até eu estava surpresa por voltar a Erwin depois de nove anos longe da minha cidade natal.

Encerrei a ligação e deixei que o meu corpo prendesse para trás, recostando-me sobre a poltrona acolchoada, soltei um longo suspiro.

Erwin, a cidade que enforcou um elefante, e me fez sofrer a maior decepção de toda a minha vida...

— Mal posso esperar para rever todos os meus amigos e familiares! — resmunguei em um misto de desanimação e frustração.

O portão de desembarque do aeroporto de Knoxville foi aberto, e eu deixei o lugar puxando a minha mala.

Olhei para o telão do aeroporto, exibindo a capa de janeiro da revista e soltei um longo suspiro ao me lembrar das doces palavras de Ramona Howard no dia anterior.

"Eu quero aquele cowboy na capa da CG Magazine e nas primeiras páginas, não importa se é uma revista de moda, ou como o Thomas vai reagir, eu quero aquele cowboy Mackenzie na capa de fevereiro da CG Magazine e você vai fazer isso acontecer."

Ela conseguia ser ainda pior do que eu quando queria, e agora, além de estar na minha cidade natal, que tinha poucas boas lembranças, eu ainda teria de convencer um homem chucro a posar para uma revista de moda, e ainda fazer isso parecer elegante.

Ah Tenessee, como era horrível estar de volta.

E para completar, ele não estava me esperando no aeroporto.

— Adam Wayne, seu desgraçado maldito! — resmunguei baixinho — Por sua causa eu voltei para esse fim de mundo, e agora você nem sequer chega a tempo para me pegar.

Soltei um suspiro resignado e caminhei até a entrada do aeroporto para pegar um táxi até Erwin.

— Olha só, se não é a filha pródiga retornando ao lar! — uma voz masculina grave ecôou, fazendo os pêlos do meu corpo se eriçarem — Como vai, Alana Wayne?

Por que aquela voz era tão familiar?

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