— O que houve? – perguntei à mulher ao meu lado, que reconheci como uma vizinha.
– Houve um pequeno incêndio em um dos apartamentos, mas não podemos entrar em casa até que os bombeiros nos liberem – ela esclareceu, eu não podia acreditar naquilo, teria que procurar uma livraria ou ... Tive uma ideia melhor.
— Helena, Bom dia. Desculpe ligar logo assim pela manhã, mas, por acaso, você sabe o nome da editora de Samuel Zargo? – indaguei de maneira dissimuladamente casual.
— Pensei que você não gostasse desse tipo de livro, Diana.
— Não, só curiosidade, pensei em comprar outros livros dele.
— Posso pesquisar para você, estou de frente para o meu computador.
— Por favor, faça isso.
Esperei alguns segundos.
— Está aqui. Nos caminhos para o Oriente. – Pensei que o n
— Como? Não sei como fazer isso.— Vou ajudá-la, Diana. – Não tinha ideia de como ele poderia me ajudar ou o que eu precisaria fazer, mas tinha que tentar, porém, algo me ocorreu.— Onde está o Senhor do Oriente? Ele é o pai de Gabriel, poderá nos ajudar?— Diana, lembra da estátua que está no seu museu, a do deus dourado?— Sim, claro que me lembro.— Ele é o Senhor do Oriente. Seu pai o transformou em uma estátua, antes da guerra e a escondeu por anos, até ser colocada em um museu, doada por ele próprio. Era uma isca para Gabriel, mas por algum motivo, eles a trouxeram para aqui —revelou com pesar, eu não podia acreditar que aquela estátua era o pai de Gabriel, mas isso explicava tudo, a presença de Hélio como guardião, o reforço na segurança do museu, quando so
Comecei meu treinamento, em uma clareira, no meio do bosque, junto à casa de Samuel. Primeiro foi arco e flecha, tinha que acertar um alvo a certa distância, mal conseguia puxar a corda, porém Samuel me ajudou e para minha própria admiração foi fácil, cada vez mais minha performance melhorava, era como se tivesse feito aquilo por toda minha vida.— Uaol! Não posso acreditar! – exclamei, quando acertei o centro do alvo pela quinta vez seguida.— Eu falei que você iria se lembrar – Samuel também estava entusiasmado. – Essas flechas são especiais, quando você tira uma da sua aljava, outra aparecerá no lugar, elas não matarão quem você acertar, seus alvos apenas desaparecerão para renascer mais tarde. Afinal não podemos nos dar o luxo de nos matarmos, pois somos uma espéci
— Gabriel, há quanto tempo não nos vemos, desde que deixou minha casa tão repentinamente, há alguns séculos atrás – Sua voz era calma e firme, acima de tudo charmosa e confiante. – Fico feliz que tenha aceitado o convite do meu filho Hélio e a nossa hospitalidade, mais uma vez – disse, olhando para minha direção.— Foi um convite irrecusável – Gabriel rebateu, com ironia.— Então vou lhe dar tempo para pensar na minha proposta de aliança. Enquanto, isso ficará na minha casa como hóspede, espero que não seja descortês como da outra vez, e não tente fugir. Lembre-se, infelizmente, minha filha não está mais aqui para ajudá-lo.Naquele momento em que ouvia e via pelos ouvidos e olhos do meu irmão Hélio, tentei obser
Acabei encontrando Suzana, na sala da estátua do Deus Dourado, não pude evitar em parar na frente dele e admirá-lo, aquela perfeição toda era por ele ser real, o Senhor do Oriente, An, que meu pai biológico, o Senhor do Ocidente, seja lá o nome dele, transformou em uma estátua, durante a guerra entre seus povos, porém, o que mais me afligiu foi sua semelhança com Gabriel e por saber que ele estaria em perigo. Suzana estava lá com um técnico, que tentava resolver um problema com a iluminação.— Diana, que bom que você veio. Isso aqui está uma loucura. Hélio desapareceu, teve que resolver um problema de família – Suzana parecia aliviada, quando me viu aproximar-me.— Desculpe, Suzana, mas eu vim lhe dizer que não poderei ficar, pois preciso fazer uma viagem urgente – notifi
— Quando chegarmos em Milão alugarei um carro no aeroporto, depois iremos direto para a cidade de Como, seu pai mora em Balaio, uma cidade vizinha – Samuel me dava as coordenadas. – Lá, em Como, ficaremos na casa de uma amiga, será mais discreto. E por falar em discrição, tenho um presente para você – dizendo isso, retirou do bolso do casaco, um pacote. – Isso é para você.— Um presente para mim! O que é isso?— Um gorro para você usar assim chegarmos.— Por quê?— Para esconder o seu cabelo, ele chama muita atenção – explicou, pensei em protestar, mas considerei achando que, realmente, seria melhor não chamar atenção.O avião aterrissou em Roma, fiquei agitada.— Estou louca para fugir e conhecer a cidade, sempre foi um dos meus sonhos – confessei a Samuel.
Despertei na cama do quarto, que ocupava na casa de Lilith, senti uma leve brisa fria que entrava pela janela, que achei que a tivesse fechado antes de me deitar, então, levantei para fechá-la, mas parei admirando a lua cheia que refletia sobre as plácidas águas do lago, surgiu em mim uma vontade incontrolável de ir até lá.Desci as escadas como se voasse, mal tocando o chão, e cheguei à beira do lago, suas margens estavam desertas, as pequenas pedras de cascalho incomodavam os meus pés descalços, mesmo assim caminhei em direção da água, que para minha surpresa estava deliciosamente tépida, tirei minha roupa e entrei lentamente, deixando me envolver por ela. Relaxada, me larguei de costa e boiei, a água morna em suaves marolas, acariciava a minha pele nua como mil mãos delicadas. Olhei para o céu e vi a lua brilhante ser e
Ninguém respondeu, mesmo assim ele puxou a cadeira vazia e se sentou, cruzou as pernas, tirou o chapéu e começou a se abanar com ele, pude ver seus cabelos castanhos escuros com as têmporas grisalhas, o rosto levemente dourado pelo sol, fazia uma bela figura.— O que deseja, Senhor? – Lilith perguntou, em um tom sério.— Não sejamos tão formais, Lilith, me chame de Salvatore – e continuou olhando para mim. – Um pai não pode querer rever sua filha pródiga. – Tinha que reconhecer que ele era bem charmoso.— Uma filha que ele mandou para o Esquecimento – Lilith respondeu, rispidamente.— Isso foi há muito tempo atrás, tudo está diferente agora, o mundo é outro, a situação está mudada, vivemos muito por isso podemos mudar de ideia. – Ele era muito convincente, era um tremendo político
— Não se atreva! – retruquei entre os dentes, ele me devolveu um sorriso travesso.A sala de jantar era tão esplendorosa como o resto da casa, uma enorme e requintada mesa dominava o ambiente, Salvatore puxou a cadeira para Cila se sentar e Hélio fez o mesmo comigo, era bem-educados, acostumados a viver em um mundo de poder e sofisticação e, com um sútil gesto, o dono da casa se deu início ao jantar. Os pratos eram servidos em louças finas inglesas, em estilo italiano, primeiro o antepasto, com um vinho específico para acompanhar, a conversa fluía superficialmente, falamos de Como, do vinho e da comida, quando um dos empregados se aproximou e cochichou algo no ouvido de Salvatore, que não devia ter sido nada agradável, pois sua feição demonstrou isso, ele sacudiu a cabeça afirmativamente para o criado, que se retirou, e ele comunicou:— Teremos mai