POV: AIRYS— O que foi aquilo?! — Gritei, recuperando o fôlego enquanto socava o chão. Meu corpo tremia, não sabia se era pelo medo ou pela raiva. Me levantei bruscamente, os olhos varrendo o ambiente. — O que vocês fizeram comigo? Onde eu estava?!As mulheres se entreolharam, mas nenhuma respondeu. Seus olhares recaíram sobre Daimon, que permanecia impassível, como se minha fúria não fosse nada além de um incômodo menor.— Você! — Avancei em sua direção, o sangue fervendo em minhas veias. Daimon não se moveu. Mantinha as mãos nos bolsos, a postura relaxada, mas seu olhar seguia cada um dos meus passos. Como se já soubesse exatamente o que eu faria.Levantei o dedo, apontando para ele.— Acha que pode me caçar, me jogar naquele inferno com uma fera e brincar comigo?!Seus olhos desceram lentamente para meu dedo erguido. Seu cenho franziu levemente e uma sobrancelha arqueou, a expressão carregada de um aviso silencioso.— Eu não vou ser sua presa! — Continuei sentindo a adrenalina alim
POV: AIRYSA voz do beta rompeu o silêncio, e eu me virei para ele.— O Alfa me alertou que você estava analisando cada caminho por onde passava. A mansão foi construída para ser impenetrável.Eles haviam percebido minhas intenções.— Estão tentando evitar que alguém entre... ou saia? — Me aproximei do seu lado.— Você é astuta. — Symon comentou enquanto dobrava um corredor estreito, escolhendo um caminho diferente. Franzi o cenho, confusa com a mudança de rota.— A segunda opção é a mais adequada. — Ele continuou, sem me olhar. — Deve saber das histórias sobre o novo Lycan Supremo.Engoli em seco.— Sei que sua fera é instável. Na noite do Solstício Sombrio, Daimon foi consumido por seu lobo, Fenrir. Ele perdeu o controle, tomado pela sede de sangue e guerra... e isso levou à morte de seu próprio irmão. — Minha voz vacilou ao lembrar da história que o antigo Alfa da minha alcateia, o pai de Malik, contava com tanto temor. — É isso que estão tentando conter?Symon permaneceu em silênc
POV: AIRYSMeu corpo estava tenso. Controlei a respiração, tentando não demonstrar o medo que sempre surgia quando ele se aproximava. Se Daimon quisesse me matar, bastaria um único movimento. Eu não teria chance.— Vai manter o mistério ou pretende me contar por que ainda estou viva? — Arqueei uma sobrancelha, em um desafio perigoso.Inclinei-me para frente, reunindo uma coragem que eu fingia ter. Meus dedos deslizaram lentamente por sua camisa, ousados demais para alguém na minha posição.Daimon permaneceu imóvel, observando cada movimento, seus olhos terrosos me analisando com atenção afiada.Minhas mãos pararam nos botões abertos de sua camisa. O tecido se afastou levemente quando toquei sua pele quente, revelando as tatuagens marcadas em traços profundos.— Os quatro pilares do equilíbrio lupino… — murmurei, reconhecendo as inscrições e símbolos.Passei os dedos pelas marcas, sentindo a textura da tinta e da pele sob eles.— O que mais suas tatuagens contam, Rei Alfa?Daimon não r
POV: AYRIS— Eu não entendo. — Sussurrei contra o seu rosto, respirando de forma lenta e irregular. Meu coração martelava no peito, minha pele formigava com sua proximidade sufocante. — Você quer que eu lute para me livrar de você?Daimon soltou um riso baixo, rouco, carregado de um sarcasmo que fez meu estômago se contrair. Sua mão deslizou para os meus cabelos, os dedos afundando com uma possessividade que me fez estremecer.— Pequena humana, você não é tão fraca quanto pensa. — Sua voz era grave, cada palavra carregada de uma certeza assustadora.Minha respiração vacilou quando seus dedos se moveram em minha nuca, massageando suavemente, um contraste perigoso com a brutalidade que exalava. Um arrepio subiu por minha espinha, meu corpo reagindo contra minha vontade. Daimon percebeu. Seus olhos predatórios brilharam, e antes que pudesse me afastar, ele tirou a mão, deixando-a suspensa ao lado do meu rosto, como se testasse meus limites.— O que você sabe sobre sua linhagem?Minha men
POV: AIRYSMinhas pernas vacilaram.Uma única lágrima escorreu pelo canto do meu olho antes que eu pudesse evitar. O aperto no peito veio forte, esmagador. Meus lábios estremeceram.Fiquei em silêncio, sem coragem de encará-lo.“Como ele sabe?”“Como consegue sentir isso?”Desde que minha mãe morreu ou melhor, foi assassinada, nunca me senti verdadeiramente amada. Sempre fui um erro. Sempre fui... apenas a humana.Engoli a dor respirando fundo, tentando me recompor.— Eu já terminei minha refeição, Alfa. Posso me recolher? — Era tudo o que conseguia dizer.Daimon deslizou o polegar por minha bochecha, limpando a trilha úmida da lágrima. Seu toque era quente, áspero e impiedoso.— Me olhe. — Sua voz saiu baixa predatória e fria, seguida por uma autoridade que não permitia questionamentos.Relutei, mas fiz o que ele ordenou, abaixando levemente a cabeça até que nossos olhares se alinhassem.— A dor nos torna mais fortes. — Seu tom era direto, impassível. — Pegue o que sente e sobreviva.
POV: AIRYSSoltei uma risada seca, balançando a cabeça.— Com dois médicos nesta alcateia, uma enfermeira e outra que mal sabe andar pelos corredores, eu discordo.Antes que pudesse continuar, sentir uma pressão forte sobre a ferida.Grunhi, rangendo os dentes pela dor que pulsava e queimava em minha pele.A médica sorriu de canto, as mãos ainda sobre o machucado, aplicando mais força desnecessária.Meu olhar se estreitou.— Se fizer isso de novo, vou costurar seus olhos.Minha ameaça fez a mulher soltar uma risada debochada.— Seria um prazer ver você tentar. — Ela pigarreou e terminou o curativo com eficiência. — Pronto, novinha em folha.Revirei os olhos.— Tenho minhas dúvidas.Levantei-me e soltei a camisola, pegando minha blusa para vestir. Enquanto a puxava sobre a cabeça, notei o beta desviando o olhar para o teto, evitando me encarar.Franzi o cenho.Era incomum para um lobo desviar o contato. Afinal, mutações não permitiam que roupas ficassem intactas, e a nudez era algo co
POV: DAIMON“Ela nos desafia.” Fenrir rugiu em minha mente, sua voz grave reverberando dentro de mim.— É uma humana. Não se subjuga facilmente diante do poder Lycan. — Rosnei por entre as presas, caminhando a passos pesados pela alcateia.A raiva queimava no peito. Minha respiração era irregular, a fúria pulsando em cada fibra do meu corpo. Eu precisava descarregar essa energia, acalmar a fera que rugia dentro de mim. Olhei para o beta que aguardava do lado de fora, inclinando a cabeça, ele já estava ciente do que precisava ser feito!“Deveríamos ensiná-la a se ajoelhar em nossos pés.” Fenrir intensificou, rosnando em minha mente. “A nos obedecer.”Meus punhos cerraram.— Se quer que ela sobreviva aos testes, não devemos assustá-la. — Bufei, a impaciência me corroendo. Passei por um dos pilares e acertei um soco direto, sentindo a pedra ceder sob minha força. Minha respiração ficou pesada. Fenrir estava próximo demais da superfície. — Airys é a escolhida. Esperamos por ela há décadas
POV: AIRYSMeus olhos estavam arregalados, ardendo com as lágrimas que se acumulavam na linha fina das pálpebras. Minhas pernas falhavam, o estômago revirava e um frio rastejava por minhas veias, me deixando tonta.— O que... o que você disse? — Minha voz saiu fraca, quase inaudível.— Você me ouviu, pequena. Mate-o! — Daimon rosnou, impiedoso, enquanto tocava meu queixo com os dedos sujos de sangue, manchando minha pele com aquele líquido viscoso e quente.Meu corpo se contraiu. O cheiro metálico se misturava ao aroma bruto e denso que emanava dele.— O que foi? — Zombou, os olhos terrosos cintilando em nuances de desejo por sangue. — Não tem coragem?Eu tentei engolir, mas minha garganta estava fechada.— Eu... — As palavras tropeçaram, presas em nós de desespero. — Eu não sou uma assassina! Não tiro vidas... eu as salvo!Daimon soltou um riso baixo e descrente, inclinando a cabeça.— Salvará muitas vidas se livrar o mundo desse verme. — Ele estalou a língua, o olhar impiedoso me pe