Fez o caminho de volta, levando o saco com as coisas que acabara de comprar. Ao passar pelas garotas, nada disse. Manteve-se no meio da rua, um pouco mais longe do trio. Mas encarou a garota. Fixamente! Notou que ela também o encarou, sorrindo. Num impulso, balançou a cabeça, afirmativamente. Sheila percebeu e soltou uma risada alta, olhando para o céu. Parecia estar se divertindo. Sorriu também e passou por elas. Ao abrir o portão pequeno, da casa 14, notou que as três garotas olhavam na sua direção. Levantou a mão direita e acenou, dando um “tchau!”. Para sua alegria, Sheila (somente ela) também levantou sua mão direita e retribuiu o aceno, sorrindo. Incrível! Sensacional! Não tinha mais dúvida. Era ela! Era ela! Ou tinha? Ao entrar na casa, sentiu seu coração pulsar, em ritmo acelerado. Pulsava forte, co
Continuou seu discurso, descrevendo tudo o que leu, a respeito do assunto. Fingiu prestar atenção à lenga-lenga do colega, enquanto murmurava palavras como “horrível”, “lamentável” e “horripilante”. No fundo, estava enfastiado com o assunto, não querendo mais saber de um troço do qual fora o protagonista. Havia sofrido na pele a angústia de quase ter sido preso! Tudo por causa do maldito casal. Pare de falar, Fábio, seu ridículo, pensou. Mal via a hora de concluir a refeição, o que ocorreu, minutos depois. Despediu-se de Fábio (um alívio!) e foi até uma das agências da VIVO, onde atualizou o endereço, fins recebimento do boleto da internet sem fio. Depois, saiu e entrou na praça “Lírio Doce”. Sentou-se num dos bancos de
Começaram a conversar. Evitando olhar para o decote libidinoso (para não ter uma ereção), conduziu o diálogo para a vida pessoal dela. Patrícia não hesitou em se abrir. Disse que tinha 32 anos, casara aos 16, tivera uma filha aos 17, e, após 15 anos de um casamento tumultuado, havia, enfim, se separado. Estava separada a um ano e meio e sua filha, que se chamava Bárbara, acabara de completar 15. Morava com ela num confortável apartamento, no oitavo andar de um prédio de 12, no centro da cidade. Era dona de uma loja de confecções, católica não praticante, gostava de dançar, praia, shopping, tomar vinho e namorar bastante. Não pensava em casar de novo, fins não sofrer outra desilusão, outro sofrimento. Estava no restaurante com sua melhor amiga, de nome Gabriela (ou Gabi, como costumava chamá-la; a mulata ri
Alguém disse isso, às suas costas. Não teve tempo de se virar. Viu-se abraçado por trás, por mãos sedosas, que percorreram carinhosamente sua barriga. Ela beijou seu pescoço. De imediato teve uma ereção. Virou-se. Beijou-a na boca. — Bom-dia — respondeu, sorrindo. Sem perder tempo, conduziu-a para a cama. Fizeram amor. Beijos. Sexo oral de ambas as partes. Meteu nela, minutos depois, sem camisinha. Gozou dentro, ela de quatro, emitindo murmúrios obscenos. Depois permaneceram deitados, juntinhos, a mão direita dele no mamilo esquerdo dela, olhando para o teto. — Não estou conseguindo lembrar de como viemos parar aqui — confessou. — Sério?&n
Passou o dia trabalhando, animado, feliz, embora ainda sonolento, da noite quente e insone que havia encarado. Pensava na loirinha Sheila e nos dias vindouros. Pensava também na morena Patrícia. O cheiro de Patrícia, o corpo de Patrícia, suas carícias, ocupavam sua mente de modo contínuo e reverberante. A sexy morena era realmente uma potranca, uma fêmea ardente e sedutora. Gostou da aventura e mal via a hora de repeti-la. Talvez pudesse usufruir daquele corpo por um bom tempo. Tinha que ser, até porque era obrigado a ficar quieto, enquanto o escândalo dos assassinatos no terreno não esfriava. Os policiais o caçavam e não iriam desistir tão cedo. Otários! Ao almoçar com Fábio não quis citar o encontro que tivera. Não citou Patrícia
Acordou disposto, na quarta-feira, dia sete de dezembro. A chuva persistia, chata, fina e contínua. Seguiu para o banco, levando a carta e os boletos. Trabalhou normalmente, sem maiores contratempos. Às 11h30min saiu para almoçar com Fábio. Comeram bife com fritas, arroz e salada, enquanto a chuva fina caía, lá fora. Dessa vez ele não tocou no assunto dos crimes. Apreensivo, revelou que Ana, sua esposa, estava doente e que tudo indicava que havia alguma coisa errada com seu apêndice. Ela iria fazer um exame ainda esta semana. Desejou-lhe boa sorte. Ele agradeceu. Após o almoço, foi aos Correios, onde comprou os selos e depositou a carta na caixa coletora. Acreditava que Sheila a receberia dentro de três, quatro dias. Agora restava-lhe esperar, torcendo para que tudo desse certo. Foi, em seguida, at&eacut
No sábado, dia 10, acordou às nove horas, aproveitando a folga. O dia foi chuvoso, melancólico, repleto de raios e trovões. Comprou o jornal e vibrou de alegria, ao ver que havia apenas uma nota pequena, tratando sobre os crimes do terreno. A polícia continuava perdida, sem pistas do assassino. O bom é que o velho afeminado não apareceu, para depor. Provavelmente por ser gay enrustido. Talvez fosse casado com uma mulher e mantinha uma vida dupla. Isso o impediria de se expor na mídia. Ótimo, pensou. Continue assim, velhinho. Estava tendo sorte. Animado, feliz, almoçou fígado acebolado no “Gument Bar”, também localizado na rua Kleber Grosk, o que o tornava concorrente dos restaurantes “Pirilo Conte” e “Fiteboy”. Apesar de mais caro que os outros dois, servia uma comida com excelente sabor.
Linda e exuberante, numa blusa amarela e short jeans, sensual. Os cabelos, presos no estilo de penteado chamado de “rabo-de-cavalo”, davam-lhe um etéreo charme. Encontrava-se sentada com as costas voltadas para o murinho. Duas amigas estavam do seu lado esquerdo; a outra, do lado direito, perfazendo um semicírculo. Ao passar na frente delas, com o coração repleto de paixão, fixou os olhos em sua amada. Ela retribuiu o olhar. No entanto, estava séria e seus olhos emitiam um brilho esquisito. O que seria? Apesar desse detalhe desagradável, sorriu e balançou a cabeça afirmativamente, cumprimentando-a. Ela não retribuiu. Olhou-o por dois segundos e logo baixou a cabeça. Não conseguiu desvendar o mistério daquele brilho. Daria tudo para saber o que estaria pensando. Teria deduzido ser ele o grandioso “Lo
No sábado, dia 17, despertou às oito horas, com olheiras e sentindo uma ligeira dor de cabeça. Sentou-se na cama e passou as mãos nos cabelos. Mais uma dorzinha chata, para sua coleção. Arre! Lembrou-se do pesadelo que tivera, com a loira Sheila querendo matá-lo. A faca! As espetadas! Putz! Doideira total! Era a primeira vez que tinha um sonho assim. Isso significaria dizer que Sheila era uma espécie de maluca, de gata esquizofrênica e que precisava se afastar dela? — Jamais — murmurou, enfático. Sheila não demonstrava ter esse perfil. Parecia ser bem-humorada, esclarecida, meiga e inteligente. Maluca? Nem um pouco. Além do mais, decidiu que não iria desistir desse amor. Não mesmo. Com certeza receberia a carta dela nos pr&o