No sábado, dia 17, despertou às oito horas, com olheiras e sentindo uma ligeira dor de cabeça.
Sentou-se na cama e passou as mãos nos cabelos. Mais uma dorzinha chata, para sua coleção. Arre! Lembrou-se do pesadelo que tivera, com a loira Sheila querendo matá-lo. A faca! As espetadas! Putz! Doideira total! Era a primeira vez que tinha um sonho assim. Isso significaria dizer que Sheila era uma espécie de maluca, de gata esquizofrênica e que precisava se afastar dela?
— Jamais — murmurou, enfático.
Sheila não demonstrava ter esse perfil. Parecia ser bem-humorada, esclarecida, meiga e inteligente. Maluca? Nem um pouco. Além do mais, decidiu que não iria desistir desse amor. Não mesmo. Com certeza receberia a carta dela nos pr&o
Pediu bife acebolado com fritas, arroz e salada, no “Gument Bar”, mais uma garrafa de cerveja. O local estava quase lotado, com a música ambiente (MPB da cantora Ana Calcanhoto) dando-lhe um charme contagiante. Avistou várias mulheres bonitas, duas loiras, inclusive. Chegou a encará-las, na tentativa de um flerte, mas sem deixar de pensar na sua gatinha Sheila. Nenhuma delas sequer notou sua presença. Tudo bem. Tanto faz, refletiu. Jantou e retornou para a casa 14. Passou na frente na casa da Sheila, mas a referida estava fechada e às escuras. Teclou e viu TV. Estava quase dormindo quando, perto da meia-noite, ouviu o toque do celular, anunciando a chegada de um torpedo. Era o tradicional “boa-noite” de Patrícia, num horário inusitado. Provavelmente estaria numa pizzaria, com a tia e os familiares
Era uma carta dramática e objetiva, que forçaria a gatinha Sheila a tomar uma decisão. Se ela pedisse a foto, enviaria? Claro que sim. Na pior das hipóteses, ser rejeitado por carta seria menos doloroso que pessoalmente. Pelo menos estaria livre para continuar procurando sua “loira da faísca”. Pelo menos não viveria dias de angústia, em que o silêncio da bela Sheila era mais terrível que sua rejeição. Sem dúvida. Sem pensar mais no assunto, subscritou a carta nos moldes de sempre, com o nome “Sandra” como remetente, lacrou o envelope e o deixou sobre a mesinha-de-centro. Às 21h20min, saiu, no Uno, rumo ao shopping. Patrícia estava linda e sexy, num vestido verde-claro, com os tradicionais b
A quarta-feira, dia 21, foi chuvosa. No banco, surpreendeu-se com a beleza de sua nova colega de trabalho, a Keyla. Era uma loira linda, de 35 anos de idade. Alta, cabelos dourados e olhos verdes, possuía o corpo cheio, parecido com o da Patrícia. Os seios eram do mesmo tamanho, assim como o bumbum. Foi apresentada a todos, às nove horas, onde revelou sua idade, estado civil (casada, com dois filhos adolescentes), bairro onde residia etc. Era do tipo sorridente e logo conquistou a simpatia da turma. Aproximou-se dele, antes das dez, para conversar. — Olá. Como é teu nome? — ela perguntou. — Macto — respondeu, tentando não olhar para o decote dela, que o vestido não ocultava totalmente. Que seios suculentos! Arre! Meio que constrangido, concentrou-se em separar as cédulas, colocando cada uma
Saiu da casa às 21h30min. Havia uma mulher gorda (uns 90, 100 quilos), que abria o portão pequeno da casa número 12. Usava short jeans e blusa rosa. De tez clara e cerca de 1,70m, era bonita de rosto. Teria entre 20 e 30 anos. Apesar de gorda, possuía curvas e pernas grossas, convidativas, além de um bumbum grande e firme. — Boa noite — ela disse, sorrindo. — Boa noite — respondeu, retribuindo o sorriso. Abria justamente a porta do Uno, quando ela, após se aproximar, perguntou: — Como você se chama? Surpreso, sentou-se no banco do veículo e respondeu, na expectativa de analisar o que essa garota pretendia: — Macto. E você?
Por que a pergunta? O que se passaria naquela cabeça vertiginosa? Naquela mente curiosa? Ela teria desconfiado de algo? O que deveria responder? Sentiu, naquele instante, muita vontade de dizer que era ateu e que nem Deus nem Alá nem outros deuses existiam, que a estória de Jesus Cristo não passava de uma lenda maluca criada por diversas civilizações, que a Bíblia era um livro preconceituoso e mentiroso (por ter sido escrito por psicopatas machistas, insanos, preconceituosos e mentirosos, segundo sua ótica) e que o Natal não passava de mais um feriado, onde as pessoas aproveitavam para comer, beber e confraternizar. Além disso, sabia que não fazia diferença vestir branco ou preto ou vermelho; não fazia diferença rezar ou blasfemar; e, acima de tudo, não fazia a menor diferença adorar deuses inexistentes.
Teve uma semana agitada. A segunda-feira, dia 26, foi tranquila, com todos relatando os detalhes de suas respectivas festas natalinas. Keyla o cumprimentou, emitindo um “Feliz Natal” caloroso, parecendo disposta a preservar a amizade que tinha com ele. Teria ficado encantada com sua timidez compulsiva? Seus colegas de trabalho pareciam felizes, como que subjugados pelo clima de harmonia e fraternidade. Até os clientes pareciam eufóricos, o que deixou a manhã agradável e contagiante. No intervalo, não quis ir aos Correios, para não quebrar o suspense. A tarde também foi bacana. À noite, recebeu o torpedo de “boa noite” de Patrícia, que adorou. Retribuiu. Dormiu bem. Sem pesadelos nem angústias. A terça-feira, dia 27, não teve nenhum contratempo. Não quis ir aos Corr
SEGUNDA PARTEHOMEM AZARADO Estava vazia! Terrivelmente vazia! Angustiantemente vazia! Num átimo de segundo, a compreensão invadiu seus neurônios, clareando suas ideias e dando-lhe a exata noção do que estava acontecendo. Tudo ficou muito claro! — Merda! — vociferou, baixinho, tentando a controlar a raiva, que consumia seu corpo como se fosse um ácido diabólico. Teria sido ignorado? Desrespeitado? Rejeitado??? Controlando a ira, que dominava seu cérebro e sua capacidade de raciocinar, não quis analisar, naquele moment
Era um olhar realmente hostil, de alguém acostumado a brigar. Seria adepto de algum tipo de luta? Seria do tipo nervoso? Capcioso? Curioso? Protetor? A pergunta que fez, segundo sua ótica, foi incoerente, fora da lógica. Como poderia achar que sua irmã tenha feito algo errado? Seria Sheila uma garota birrenta e mimada? Ou do tipo que aprontava todas? Já o irmão dela demonstrava ser do tipo esnobe, atleta, o maioral da escola, o cara que estava por cima da carne seca, irresistível e imbatível, que sempre protegia a irmã de possíveis abusadores. Sinistro, sinistro. — Oh, não. É apenas sobre um trabalho. Rotina, entende? — Ah, sim. Como é seu nome? — Macto. — Um minuto.&nbs