Era um olhar realmente hostil, de alguém acostumado a brigar. Seria adepto de algum tipo de luta? Seria do tipo nervoso? Capcioso? Curioso? Protetor? A pergunta que fez, segundo sua ótica, foi incoerente, fora da lógica. Como poderia achar que sua irmã tenha feito algo errado? Seria Sheila uma garota birrenta e mimada? Ou do tipo que aprontava todas? Já o irmão dela demonstrava ser do tipo esnobe, atleta, o maioral da escola, o cara que estava por cima da carne seca, irresistível e imbatível, que sempre protegia a irmã de possíveis abusadores. Sinistro, sinistro.
— Oh, não. É apenas sobre um trabalho. Rotina, entende?
— Ah, sim. Como é seu nome?
— Macto.
— Um minuto.
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Piedade?!? Essa… essa… menina estaria com pena dele? Pensaria ser ele um pobre-coitado, tímido, carente e solitário? Pensaria ser ele um retardado mental, que preferia utilizar cartas piégas para tentar conquistar adolescentes desconhecidas? Estaria ela pensando que ele fazia isso com todas as garotas? Escondendo a ira, fez o caminho de volta (sem olhar para trás) e, antes de abrir o portão pequeno da casa 14, aí, sim, deu uma olhada na direção da casa nove. Torceu para que ela estivesse parada, perto do murinho, encarando-o de forma carinhosa, talvez alimentando a hipótese de mudar de ideia. Leda ilusão. Sheila já tinha entrado. Ignorou-o por completo. Ignorou-o de forma brutal! Uma vez dentro da casa, sentou-se no sofá, ligou a luz, a TV e o ventilador e começou
Nossa! Por que não tinha pensando nisso antes? Sheila! A loirinha Sheila, sua deusa do amor eterno! Onde ela estaria? Estaria, naquele momento, sozinha na casa, vendo TV ou estudando ou teclando? Poderia entrar na casa dela em segurança, sem o risco de esbarrar no irmão dela ou em outro parente qualquer? E agora? Pegar a “coroa” ou pegar a loirinha? O que seria mais fácil? Ou menos difícil? Suspirou e passou a mão direita no cabelo. Então, eis que tomou sua decisão. Decidiu arriscar. Colocando-a em prática, ligou o Uno e saiu do local, em ritmo acelerado, voltando para o bairro “FT-3.42”. Minutos depois, entrou na rua Péricles Avron com as m&atild
Num primeiro momento não soube o que dizer. Aqueles olhos azuis tinham o incrível poder de embebedá-lo de desejo e paixão. O poder de mexer com seu coração, com sua libido, com sua loucura. Oh, como era linda! Parecia feita de mármore, como uma deusa do paraíso ignescente! Maravilhosa! Perfeita! Oh, como desejava aquele corpo. Sim, sim. Queria aquele corpo! Queria e iria obtê-lo, custe o que custasse. — Não vi teu irmão — respondeu, convicto. Ergueu o cano da pistola e o apontou para ela. — Deve ter saído. Levante as mãos. Você precisa vir comigo. LEVANTE AS MÃOS, SHEILA! Ela rapidamente levantou as mãos. Parecia em pânico. Tentava entender o que aquele homem queria com ela, mas não conseguia. Beleza! Ok, ok. Tudo parecia sob cont
Levantou-se e apontou a pistola. — Sente-se, Patrícia. Sente-se, senão irei atirar. Vamos! — Mas… por que, Macto? O que eu f-fiz de errado? — Não p-pretendo matá-la. Por favor, sente-se. Quero apenas desabafar. VAMOS! OBEDEÇA, GATA! Patrícia, os olhos marejados, sentou-se. Estava pálida e as mãos tremiam. Olhava para ele, incrédula. — Eu te amo, Macto — ela revelou, emocionada. — Não sei quem você é, nem o que fez, mas te amo. Amei desde a primeira vez em que coloquei os olhos em cima de você, no restaurante. De pé, olhava para ela. Uma lágrima desceu por sua face, sem que pudesse evit
JODERYMA TORRES A LOIRA DA FAÍSCA "A LOIRA DA FAÍSCA", de Joderyma Torres. Publicado no excelente site BUENOVELA
Notícias publicadas no jornal “Verdade Suprema”, o maior da cidade praiana chamada de “FT”: Dia três de agosto — ESTUPRO E ASSASSINATO: foi encontrado, na tarde de ontem, num terreno baldio do bairro “FT-7.1”, zona noroeste, o corpo da estudante Adriana Perude Hausth, de 16 anos. O cadáver estava nu e evidenciava sinais de ter sido estuprado. Segundo o investigador Rodrigo, responsável pelo caso, o agressor, de modo cruel, primeiro dopou a garota com clorofórmio; depois, a arrastou para o terreno; em seguida, a estuprou; por fim, a matou com um tiro de pistola na nuca. Nada foi roubado, da vítima. Ninguém foi preso, até a presente data. A polícia prometeu intensificar as investigações. Dia cinco de setembro — GAROTA ENCONTRADA MORT
Saiu de casa às duas horas da madrugada do sábado, dia três. Vestia uma camisa de algodão, de mangas curtas, calça de brim, meias e um par de sapatos de couro. Todos pretos! Quem o visse, naquele instante, poderia pensar tratar-se de um emo ou gótico, aqueles sujeitos malucos e afeminados que costumavam sair na noite, à procura de prazeres bizarros e proibidos. Que assim pensassem! Não se importava com isso. Despertaria os olhares curiosos, obviamente, porém não olhares desconfiados, o que era essencial para o êxito de sua missão. Decidido, abriu a porta da garagem e depositou a mochila preta no banco do lado do Uno vermelho-sangue, de duas portas, seu “amigo” de longas datas. Era um carro usado, velho até, sem som e ar-condicionado, mas que possuía um ótimo motor e a potência suficiente para n&a
— Tô estourando, compadre. Rá, rá, rá! — Tu é foda, meu! Eh, eh, eh! Avistou dois garotos, ambos na faixa dos 17 aos 20 anos. Um era alto, loiro e magro; o outro, moreno, baixo e também magro. O mais alto segurava uma lata de cerveja. Os dois se posicionaram, cambaleantes, de frente para a parede da loja, a dois metros da calçada, e começaram a mexer nos zíperes de suas calças. Ao mesmo tempo, conversavam, soltando piadas sem graça e dando risadas esganiçadas, enquanto passavam a lata de um para o outro. De repente, o mais alto, sem deixar de urinar, parou de falar e olhou para os fundos do terreno. Teria ouvido algum ruído? Naquele instante, seu pescoço fino girava a cabeça cabeluda e seus olhos asquerosos v