Por que a pergunta? O que se passaria naquela cabeça vertiginosa? Naquela mente curiosa? Ela teria desconfiado de algo? O que deveria responder? Sentiu, naquele instante, muita vontade de dizer que era ateu e que nem Deus nem Alá nem outros deuses existiam, que a estória de Jesus Cristo não passava de uma lenda maluca criada por diversas civilizações, que a Bíblia era um livro preconceituoso e mentiroso (por ter sido escrito por psicopatas machistas, insanos, preconceituosos e mentirosos, segundo sua ótica) e que o Natal não passava de mais um feriado, onde as pessoas aproveitavam para comer, beber e confraternizar.
Além disso, sabia que não fazia diferença vestir branco ou preto ou vermelho; não fazia diferença rezar ou blasfemar; e, acima de tudo, não fazia a menor diferença adorar deuses inexistentes.
Teve uma semana agitada. A segunda-feira, dia 26, foi tranquila, com todos relatando os detalhes de suas respectivas festas natalinas. Keyla o cumprimentou, emitindo um “Feliz Natal” caloroso, parecendo disposta a preservar a amizade que tinha com ele. Teria ficado encantada com sua timidez compulsiva? Seus colegas de trabalho pareciam felizes, como que subjugados pelo clima de harmonia e fraternidade. Até os clientes pareciam eufóricos, o que deixou a manhã agradável e contagiante. No intervalo, não quis ir aos Correios, para não quebrar o suspense. A tarde também foi bacana. À noite, recebeu o torpedo de “boa noite” de Patrícia, que adorou. Retribuiu. Dormiu bem. Sem pesadelos nem angústias. A terça-feira, dia 27, não teve nenhum contratempo. Não quis ir aos Corr
SEGUNDA PARTEHOMEM AZARADO Estava vazia! Terrivelmente vazia! Angustiantemente vazia! Num átimo de segundo, a compreensão invadiu seus neurônios, clareando suas ideias e dando-lhe a exata noção do que estava acontecendo. Tudo ficou muito claro! — Merda! — vociferou, baixinho, tentando a controlar a raiva, que consumia seu corpo como se fosse um ácido diabólico. Teria sido ignorado? Desrespeitado? Rejeitado??? Controlando a ira, que dominava seu cérebro e sua capacidade de raciocinar, não quis analisar, naquele moment
Era um olhar realmente hostil, de alguém acostumado a brigar. Seria adepto de algum tipo de luta? Seria do tipo nervoso? Capcioso? Curioso? Protetor? A pergunta que fez, segundo sua ótica, foi incoerente, fora da lógica. Como poderia achar que sua irmã tenha feito algo errado? Seria Sheila uma garota birrenta e mimada? Ou do tipo que aprontava todas? Já o irmão dela demonstrava ser do tipo esnobe, atleta, o maioral da escola, o cara que estava por cima da carne seca, irresistível e imbatível, que sempre protegia a irmã de possíveis abusadores. Sinistro, sinistro. — Oh, não. É apenas sobre um trabalho. Rotina, entende? — Ah, sim. Como é seu nome? — Macto. — Um minuto.&nbs
Piedade?!? Essa… essa… menina estaria com pena dele? Pensaria ser ele um pobre-coitado, tímido, carente e solitário? Pensaria ser ele um retardado mental, que preferia utilizar cartas piégas para tentar conquistar adolescentes desconhecidas? Estaria ela pensando que ele fazia isso com todas as garotas? Escondendo a ira, fez o caminho de volta (sem olhar para trás) e, antes de abrir o portão pequeno da casa 14, aí, sim, deu uma olhada na direção da casa nove. Torceu para que ela estivesse parada, perto do murinho, encarando-o de forma carinhosa, talvez alimentando a hipótese de mudar de ideia. Leda ilusão. Sheila já tinha entrado. Ignorou-o por completo. Ignorou-o de forma brutal! Uma vez dentro da casa, sentou-se no sofá, ligou a luz, a TV e o ventilador e começou
Nossa! Por que não tinha pensando nisso antes? Sheila! A loirinha Sheila, sua deusa do amor eterno! Onde ela estaria? Estaria, naquele momento, sozinha na casa, vendo TV ou estudando ou teclando? Poderia entrar na casa dela em segurança, sem o risco de esbarrar no irmão dela ou em outro parente qualquer? E agora? Pegar a “coroa” ou pegar a loirinha? O que seria mais fácil? Ou menos difícil? Suspirou e passou a mão direita no cabelo. Então, eis que tomou sua decisão. Decidiu arriscar. Colocando-a em prática, ligou o Uno e saiu do local, em ritmo acelerado, voltando para o bairro “FT-3.42”. Minutos depois, entrou na rua Péricles Avron com as m&atild
Num primeiro momento não soube o que dizer. Aqueles olhos azuis tinham o incrível poder de embebedá-lo de desejo e paixão. O poder de mexer com seu coração, com sua libido, com sua loucura. Oh, como era linda! Parecia feita de mármore, como uma deusa do paraíso ignescente! Maravilhosa! Perfeita! Oh, como desejava aquele corpo. Sim, sim. Queria aquele corpo! Queria e iria obtê-lo, custe o que custasse. — Não vi teu irmão — respondeu, convicto. Ergueu o cano da pistola e o apontou para ela. — Deve ter saído. Levante as mãos. Você precisa vir comigo. LEVANTE AS MÃOS, SHEILA! Ela rapidamente levantou as mãos. Parecia em pânico. Tentava entender o que aquele homem queria com ela, mas não conseguia. Beleza! Ok, ok. Tudo parecia sob cont
Levantou-se e apontou a pistola. — Sente-se, Patrícia. Sente-se, senão irei atirar. Vamos! — Mas… por que, Macto? O que eu f-fiz de errado? — Não p-pretendo matá-la. Por favor, sente-se. Quero apenas desabafar. VAMOS! OBEDEÇA, GATA! Patrícia, os olhos marejados, sentou-se. Estava pálida e as mãos tremiam. Olhava para ele, incrédula. — Eu te amo, Macto — ela revelou, emocionada. — Não sei quem você é, nem o que fez, mas te amo. Amei desde a primeira vez em que coloquei os olhos em cima de você, no restaurante. De pé, olhava para ela. Uma lágrima desceu por sua face, sem que pudesse evit
JODERYMA TORRES A LOIRA DA FAÍSCA "A LOIRA DA FAÍSCA", de Joderyma Torres. Publicado no excelente site BUENOVELA