Blém, blém!
Acordou assustado, os olhos arregalados, sem saber onde se encontrava. Estaria num buraco, repleto de sombras sinistras por todos os lados? Preso por correntes? Que barulho era aquele? Seria o chamado do demônio? Ou o som da perdição? Sua desorientação durou alguns segundos.
Depois, reconheceu os contornos do quarto (seu aconchegante quarto!) e se acalmou. Não havia buraco nem sombras sinistras. Não havia demônios! Sentou-se na cama de casal e esticou os braços, espreguiçando-se. Bocejou. Olhou o visor do relógio: 7h55min.
Blém, blém!
Novamente a campainha. Seria a polícia? Estariam os malditos policiais ali, prontos para levá-lo? Impossível,
O trânsito estava tranquilo, naquela manhã de sol. Era um sábado realmente agradável. Mesmo assim, levou quase uma hora para chegar a seu destino. Manteve velocidade moderada, de modo a facilitar as coisas para o sujeito de bigode, que o seguia, lá atrás, no comando do caminhão-baú. Percorreu várias ruas, rotatórias e avenidas, até alcançar a ponte Tex Wint, de 120 metros de extensão, sobre o rio Buril. Deixou a ponte para trás, percorreu 200 metros da larga avenida Dézio Khisp e virou à direita, entrando na rua Alípio Tunner. Rua esta que possuía um aclive inicial de 20 metros, para depois ficar plana. Seguiu em frente e virou à direita, entrando na segunda rua, a rua Péricles Avron. A sua rua! Seu novo e maravilhoso lar! Era uma rua alta, estreita e sem saída,
Atônito, não soube o que dizer. Pegou o papel e olhou para o setor que o garçom apontava. Alimentou o sonho e a esperança de ser a loira, a autora da ousadia. A loira, a deusa do amor eterno, havia entrado em contato? Tomara a iniciativa, oferecendo sua paixão incontida? Será? Infelizmente não era a loira e, sim, uma morena, que estava sentada do outro lado do restaurante, também a 20 metros dele. Empolgado com a loira, só tinha olhado uma vez, naquela direção, quando de seu reconhecimento visual e superficial do ambiente. A morena, que se encontrava sentada de frente para ele, estava acompanhada de uma mulata baixinha. Quando fixou os olhos nela, percebeu que ela sorriu, confiante, além de erguer seu copo de cerveja, como se fosse um convite. Incrível! Teve que sorrir, ante o inu
Dizia o texto: RELATÓRIO “A LOIRA DA FAÍSCA” O QUE É A FAÍSCA?De modo resumido, para não me alongar no assunto, “faísca” é a palavra que encontrei para denominar “paixão”. Sentir a “faísca” é estar apaixonado, é desejar inte
Continuação do relatório. Macto estava concentrado, apesar de já ter lido tudo aquilo mil vezes.5.4. OBSERVAÇÃO:Caso um dia alguém leia o conteúdo desse relatório, após a minha morte, poderá achar o perfil acima descrito como esdrúxulo e profundamente incoerente. Tudo bem. Talvez seja. No entanto, tenho esperanças de encontrar uma garota que se encaixe em pelo menos 80% dos itens por mim idealizados. De resto, é apenas uma questão de diálogo e adequação. Além do mais, na medida em que vou envelhecendo, vou ficando mais maleável, mais tolerante. Sei que o mundo também está mudando, principalmente nas ideologias e no comportamento social dos seres humanos. Por isso, não
Fez o caminho de volta, levando o saco com as coisas que acabara de comprar. Ao passar pelas garotas, nada disse. Manteve-se no meio da rua, um pouco mais longe do trio. Mas encarou a garota. Fixamente! Notou que ela também o encarou, sorrindo. Num impulso, balançou a cabeça, afirmativamente. Sheila percebeu e soltou uma risada alta, olhando para o céu. Parecia estar se divertindo. Sorriu também e passou por elas. Ao abrir o portão pequeno, da casa 14, notou que as três garotas olhavam na sua direção. Levantou a mão direita e acenou, dando um “tchau!”. Para sua alegria, Sheila (somente ela) também levantou sua mão direita e retribuiu o aceno, sorrindo. Incrível! Sensacional! Não tinha mais dúvida. Era ela! Era ela! Ou tinha? Ao entrar na casa, sentiu seu coração pulsar, em ritmo acelerado. Pulsava forte, co
Continuou seu discurso, descrevendo tudo o que leu, a respeito do assunto. Fingiu prestar atenção à lenga-lenga do colega, enquanto murmurava palavras como “horrível”, “lamentável” e “horripilante”. No fundo, estava enfastiado com o assunto, não querendo mais saber de um troço do qual fora o protagonista. Havia sofrido na pele a angústia de quase ter sido preso! Tudo por causa do maldito casal. Pare de falar, Fábio, seu ridículo, pensou. Mal via a hora de concluir a refeição, o que ocorreu, minutos depois. Despediu-se de Fábio (um alívio!) e foi até uma das agências da VIVO, onde atualizou o endereço, fins recebimento do boleto da internet sem fio. Depois, saiu e entrou na praça “Lírio Doce”. Sentou-se num dos bancos de
Começaram a conversar. Evitando olhar para o decote libidinoso (para não ter uma ereção), conduziu o diálogo para a vida pessoal dela. Patrícia não hesitou em se abrir. Disse que tinha 32 anos, casara aos 16, tivera uma filha aos 17, e, após 15 anos de um casamento tumultuado, havia, enfim, se separado. Estava separada a um ano e meio e sua filha, que se chamava Bárbara, acabara de completar 15. Morava com ela num confortável apartamento, no oitavo andar de um prédio de 12, no centro da cidade. Era dona de uma loja de confecções, católica não praticante, gostava de dançar, praia, shopping, tomar vinho e namorar bastante. Não pensava em casar de novo, fins não sofrer outra desilusão, outro sofrimento. Estava no restaurante com sua melhor amiga, de nome Gabriela (ou Gabi, como costumava chamá-la; a mulata ri
Alguém disse isso, às suas costas. Não teve tempo de se virar. Viu-se abraçado por trás, por mãos sedosas, que percorreram carinhosamente sua barriga. Ela beijou seu pescoço. De imediato teve uma ereção. Virou-se. Beijou-a na boca. — Bom-dia — respondeu, sorrindo. Sem perder tempo, conduziu-a para a cama. Fizeram amor. Beijos. Sexo oral de ambas as partes. Meteu nela, minutos depois, sem camisinha. Gozou dentro, ela de quatro, emitindo murmúrios obscenos. Depois permaneceram deitados, juntinhos, a mão direita dele no mamilo esquerdo dela, olhando para o teto. — Não estou conseguindo lembrar de como viemos parar aqui — confessou. — Sério?&n