Angel Camille
04 de março de 2021 – 05h30
O que quer que Agnes e “Lice” tenham injetado em mim, me proporcionou uma noite, ou pelo menos algumas horas, de um sono profundo e maravilhoso, sem sonhos, sem pesadelos, apenas eu no vazio, como deve ser.
Apesar de estar completamente descansada, de uma forma que não me sinto há dias, talvez anos, a maca onde estou deitada não é muito confortável. Então, quando tento me virar para o lado, sinto dores por todo o meu corpo, causadas pelo tempo que passei deitada imóvel aqui.
Estou prestes a tentar me virar novamente, querendo desesperadamente arrumar uma posição mais confortável do que essa para continuar dormindo, uma que amenize minhas dores, quando a fincada dolorida de uma agulha em minha mão esquerda me faz percebe
Angel Camille04 de março de 2021 – 13h- Devagar, Camille. - Agnes me repreende enquanto, com sua ajuda, tento me sentar na cama de hospital. Embora não esteja 100% e meu corpo ainda estar dolorido, me sinto muito melhor agora que estou acordada, nem um pouco sonolenta e livre do soro, o que possibilita que eu, pelo menos, mecha minha mão boa. - Está tudo bem. - Minto, pois, percebo agora, meu corpo está doendo pra caramba, mais do que eu imaginava quando ainda estava deitada. Assim que finalmente consigo me sentar, faço uma pausa, olhando para o teto, piscando rapidamente para disfarçar as lágrimas causadas pelo esforço que começam a marejar meus olhos, respirando com força, tentando acalmar meu coração, que ameaça sair pela minha boca a qualquer momento, e meu corpo, que nã
Angel Camille04 de março de 2021 – 14h30min- Senhorita Camille? - Uma mão delicada e hesitante toca meu ombro, acordando-me de um sonho muito maluco onde eu conseguia voar entre as nuvens. - O que foi? O que aconteceu? - Olho para os lados, tentando me situar e lembrar onde eu estou. Não estou mais tão sonolenta, o que é um alívio, mas a longa viajem de carro do hospital para o apartamento de Andres, que durou mais de uma hora devido o trânsito, me pareceu uma oportunidade de tirar um cochilo boa demais para se ignorar, então aproveitei. - Chegamos, senhorita. - Assinto com a cabeça, tentando organizar meus pensamentos enquanto Taigor aguarda pacientemente por mim do lado de fora do carro, posicionado em frente as portas de vidro do prédio de Andre
Andres04 de fevereiro de 2021 – 16h30min- Achou alguma coisa? - Pergunto para Taigor, entrando na sala apressado, já tirando meu paletó e jogando-o na guarda a cadeira atrás da minha mesa. Estou esgotado, acabo de sair de uma reunião horrível com Natália que durou horas. Cinco, para ser mais exato. E ela ficou apenas falando sem parar sobre porque ela acha que Martinelli não deveria ficar se metendo tanto nos assuntos da máfia do oeste, visto que, apesar de seu o poderoso chefão, ele também não deixa de ser o don da máfia do sul. Aproximo-me de Taigor, que está parado em uma mesa de oito lugares colocada no canto de meu escritório apenas para que possamos espalhar os documentos referentes à nossa pequena pesquisa.<
Andres 04 de março de 2021 – 16h45min Se tivessem me perguntado meses atrás, antes de eu conhecer Camille, qual a sensação de sentir seu mundo todo balançar com tanta força que é como se você sentisse que partes dele estão se rachando, eu não saberia a resposta. Mas agora, agachado no chão do meu apartamento, olhando para a mulher dos meus sonhos, a mulher da minha vida, e vendo que ela simplesmente recusa-se a olhar para mim, vendo ela chorando e tentando se afastar de mim e do que somos um para o outro, sei tão bem como é essa sensação que mal consigo respirar. É uma dor muito intensa, um desespero muito grande que ameaça sair por minha garganta, ultrapassando a barreira de meus lábios, na forma de um grito de inconformidade, de desespero, da mais profunda, desesperada e avassaladora dor. Antes de Angel Camille entrar em minha vida, eu não me importava muito com nada, vivia meus dias com o único objetivo de fazer com que a máfia do oeste ficasse cada dia mais r
Angel Camille03 de abril de 2021 - 10h45min Circulo um anúncio de oferta de emprego no jornal, provavelmente o décimo do dia e o com quase cem por cento de certeza o milionésimo do último mês, minha mente alternando entre a esperança de conseguir um novo emprego depois de ter perdido o que tinha na boate e a desilusão de saber que, por mais que eu queira muito isso, não sou sequer qualificada para ser secretária de um escritório médico. Desde que, no calor do momento e guiada pela raiva e pelo ódio, me demiti da Tavern 69, Monalisa, minha grande amiga e chefe no Le Petit Café, tem feito o possível e o praticamente impossível para me ajudar sem deixa totalmente na cara que sente pena de mim. Agora não trabalho mais no turno da tarde, trabalho pela manhã, das sete horas da manhã às dezesseis horas da tarde, e não sou mais garçonete, sou barista e auxilio ela no caixa quando estamos com muito movimento e Mona precisa ir para a cozinha. Além de ter mudado meu horário de
Lucas Martinelli03 de abril de 2021 - 10h45minEncosto o rosto contra a janela fria do carro, sentindo o ar gelado do ar condicionado acariciar minhas bochechas, me proporcionando um alívio muito bem vindo que não sinto desde o décimo quinto ou décimo oitavo copo de whisky que bebi na noite de ontem. Sei que não deveria ter feito isso, tenho noção de que já não sou mais um adolescente, que já tenho meus trinta e oito anos e muitas responsabilidades, mais do que eu consigo contar nos dedos, mas depois de tudo o que eu descobri... - O senhor está bem? - Noah de La Rosa, meu motorista desde que eu assumi como don da máfia do sul, está me encarando pelo espelho retrovisor, o cenho franzido. Por mais que eu não conte meus segredos para Noah, visto que não os conto realmente para ninguém, ele me conhece bem demais, conhece minhas expressões e sabe que apenas alguma coisa muito séria me levaria a beber tanto em plena sexta-feira, sabendo que tenho uma reunião no sábado, o
Lucas Martinelli 04 de janeiro de 2021 - 02h Assim que chego ao meu apartamento no centro, vou direto para a mesa cheia de bebidas que fica em um canto, ansiando pelo estupor que apenas o álcool correndo solto por meu organismo é capaz de me proporcionar nesse momento. Depois do meu terceiro copo de whisky puro, porém, percebo que as coisas talvez não sejam assim tão fáceis de ignorar, ou pelo menos não essas coisas com as quais estou lidando agora. O susto de talvez ser pai de Angel Camille foi rapidamente substituído pelo medo, mas mais rapidamente ainda foi substituído pela alegria de ser pai de um ser tão maravilhoso que, além de tudo, é parte de Ingrid Santana, a única mulher que eu já amei em toda a minha vida. No entanto, assim que sai do velório de Ariel Campbell, assim que passei por Angel, que obviamente estava abraçada em Andres, e ela sorriu para mim... Tudo mudou, tudo o que eu sentia e pensava mudou, talvez apenas superficialmente, pois ainda sinto
Lucas Martinelli 04 de janeiro de 2021 - 05h15min O carro mal estaciona junto ao meio fio e já estou abrindo a porta e praticamente correndo pela calçada em direção à pequena casa onde Agnes Martins e Angel Camille Dalavia moram. A casa não tem nada de excepcional, muito pelo contrário, na verdade. Ela é pequena e, ao observar as diversas marcas de umidade e outras causadas pelo tempo visíveis pelas paredes externas mesmo à meia luz do amanhecer, constata-se que é muito velha, quase caindo aos pedaços. É estranho pensar, é praticamente uma tortura, imaginar que eu tenho rios de dinheiro e que a minha filha... Que Angel Camille que talvez, e apenas talvez, seja minha filha, mora em um casebre desses. Ignorando completamente o horário e sol recém nascendo no horizonte a leste, bato na porta com força, impaciente, querendo tirar toda essa história a limpo de uma vez por todas, antes que eu enlouqueça ou algo pior. Bato na porta uma segunda vez, com um pouco m