Capítulo 2

CLAIRE

— Você está bem? — Foi a primeira coisa que eu ouvi saindo daqueles lábios rosados, o corpo dele se agachando para ficar na mesma altura que o meu estava, — aqui… você precisa mais do que eu.

O loiro me entregou um lenço branco depois de dizer, um que tinha bordados nas bordas, junto a um 'G'.

— Obrigada… — agradeci depois de pegar o lenço, para logo me sentir culpada por manchar aquilo com o meu rímel, — me… desculpa por isso…

— Tudo bem, tem mais uns… vinte desses em casa. — Ele falou com simplicidade, — mas… o que te fez chorar? Coração partido?

Suspirei.

— Como adivinhou? — questionei antes de assoar o meu nariz.

— Foi apenas um chute. — Ele deu de ombros, — quer desabafar? Eu juro que sou um ótimo ouvinte, e eu também não espalho.

Dei de ombros.

O que eu tinha a perder naquele ponto?

— Eu fui corna. — Falei sem filtro algum, já não ligando muito para as minhas aulas de etiqueta, ou os modos que eu sempre precisava ter em sociedade.

Afinal, convenhamos… eu estava com a maquiagem borrada, com lágrimas escorrendo, e com o meu vestido completamente espalhado pelo chão — o chão do jardim!

— Você? — O loiro me olhou de cima a baixo, um sorriso incrédulo brotando em seus lábios, — a pessoa que estava com você, realmente não devia ser muito inteligente.

— Talvez. — Eu soltei, um suspiro escapando de meus pulmões, — mas… eu também não dei muita atenção a ele, aparentemente, e isso arruinou o nosso relacionamento.

— Foi essa a desculpa esfarrapada que ele deu? — Ele riu com claro debocha, — minha cara… se ele realmente quisesse manter o relacionamento de vocês, ele teria iso te procurar, ou dado um jeito para vocês terem tempo, não?

— Eu não sei… — bufei, — ele só jogou tudo isso na minha cara, sabe? Mas o que garante que foi isso mesmo? Sério! Ele sabia que eu tinha os meus planos, as minhas ambições e ele não ligou para nada disso enquanto foi fuder a minha amiga!

— Céus, isso está ficando cada vez mais clichê. — Ele zombou, — era a sua melhor amiga, ou só amiga mesmo? Só uma dúvida.

— Tenho cara de alguém que tem melhores amigas? — Eu enfiei o meu rosto em minhas próprias mãos, — e na verdade, acho que eu não tenho ninguém.

Merda.

Eu estava sentindo aquilo de novo.

Aquele vazio no peito, e aquele pensamento de que eu não tinha ninguém para contar, e que ninguém na minha vida… estava realmente lá por mim.

— Isso é algo triste de se dizer… — Ele pareceu angustiado ao dizer, como se realmente estivesse sentindo empatia pelo meu ser (por algum motivo desconhecido), — mas sabe… isso sempre pode mudar?

— Pode? — Eu ri, — bom, não importa no fim das contas, eu sou uma LeBlanc, certo? Eu só preciso de mim mesma, e do dinheiro que um dia… vai ser apenas meu.

— Isso continua solitário e triste. — Ele parecia querer reforçar aquela ideia de certa forma, — seres humanos são seres sociais, sabia?

— Está falando isso por experiência própria? — Eu acabei falando ao olhar para ele, aqueles olhos dourados parecendo brilhar em meio aquela noite.

— E se for, huh? — Ele me perguntou, — você não deveria escutar a voz da experiência?

As mãos dele vieram em direção ao meu rosto — provavelmente por eu ter finalmente parado de chorar — limpando as minhas lágrimas que provavelmente estavam negras; a sua mão fazendo isso com certa leveza, delicadeza.

Porra… ele era realmente muito bonito.

Porque ele tinha que ter esse rosto delicado, maxilar levemente marcado e… esses olhos, olhos felinos como os de um gato, e um sorriso que… céus…

Quer saber? Se George pode… eu também posso.

Eu ia foder com esse loiro.

— Você… não quer continuar essa conversa em um lugar mais privado? — perguntei ao me levantar, a minha mão se estendendo para ajudar ele a se levantar, — temos uma casa inteira para isso.

— Como quiser. — Ele pareceu falar de forma inocente, como se nem soubesse o que o esperava, a minha mão o guiando até o meu quarto (que eu sabia que ninguém viria até o final da noite).

E assim que entramos dentro dele? Eu o beijei.

O beijei o colocando contra a parede, e quando eu achei que ele iria me afastar? O loiro me puxou para mais perto, suas mãos deslizando pelas minhas costas, pelo meu quadril…

— Espera… — ele falou com a respiração ofegante, — você… tem certeza disso?

Fofo.

Ele provavelmente estava perguntando isso por saber o estado em que eu estava, por saber que eu estava frágil, além de… ser o arrependimento de alguém depois do sexo? Deveria ser deprimente.

Contudo, eu não iria me arrepender.

Eu queria ele, e não era apenas porque eu tinha levado chifre, não… era porque agora eu podia.

— Querido… eu não sou burra o suficiente para te usar como um remendo para o meu coração partido. — Falei junto aos meus olhos que estavam fixos nos dele, as minhas mãos indo até os botões da camisa dele, — e você? Vai me negar?

ALEXIS

Engoli em seco.

Como ela conseguia me perguntar aquilo? Ainda mais com aqueles olhos cinzentos me encarando com puro desejo, como se me questionasse se eu seria um monstro e a negaria.

E agora? O rosto dela não estava mais manchado por conta da maquiagem borrada, e por conta da luz do abajur que ainda estava acesa, eu conseguia ver aquele rosto delicado, aquela boca carnuda que parecia a de uma boneca, o pescoço pequeno, as clavículas marcadas.

Puta que pariu.

Como eu vim me meter aqui?

— Você está demorando muito para responder, acho que isso é um 'não'... — ela afastou as próprias mãos, o seu corpo se distanciando.

Mas naquele olhar? Não havia tristeza por conta da rejeição, não… tinha um ar ardiloso, como o de uma raposa.

E isso fez com que eu não conseguisse mais me segurar, o meu corpo a colocando contra a parede, os meus lábios se selando aos dela, a minha língua invadindo a sua boca, o coração dela ficando acelerado enquanto as suas mãos vinham em direção a minha nuca, o meu cabelo.

Antes que eu pudesse notar, as minhas mãos estavam tirando o seu vestido, e ela? Estava desfazendo os botões da minha camisa, os meus lábios descendo pelo seu pescoço, indo até os seus seios que agora? Estavam expostos.

A minha boca começou a lamber o seu peito, a minha mão com isso apertando o outro, gemidos podendo ser escutados.

Aquilo me deixou ainda mais excitado, e quando o corpo dela começou a se mover em minha direção parecendo que queria ainda mais? Foi quando eu perdi a cabeça de vez.

Eu queria ela.

Eu queria Claire LeBlanc perdendo toda a postura que ela teve enquanto descia aquelas escadas.

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