CLAIRE
— Você está bem? — Foi a primeira coisa que eu ouvi saindo daqueles lábios rosados, o corpo dele se agachando para ficar na mesma altura que o meu estava, — aqui… você precisa mais do que eu.
O loiro me entregou um lenço branco depois de dizer, um que tinha bordados nas bordas, junto a um 'G'.
— Obrigada… — agradeci depois de pegar o lenço, para logo me sentir culpada por manchar aquilo com o meu rímel, — me… desculpa por isso…
— Tudo bem, tem mais uns… vinte desses em casa. — Ele falou com simplicidade, — mas… o que te fez chorar? Coração partido?
Suspirei.
— Como adivinhou? — questionei antes de assoar o meu nariz.
— Foi apenas um chute. — Ele deu de ombros, — quer desabafar? Eu juro que sou um ótimo ouvinte, e eu também não espalho.
Dei de ombros.
O que eu tinha a perder naquele ponto?
— Eu fui corna. — Falei sem filtro algum, já não ligando muito para as minhas aulas de etiqueta, ou os modos que eu sempre precisava ter em sociedade.
Afinal, convenhamos… eu estava com a maquiagem borrada, com lágrimas escorrendo, e com o meu vestido completamente espalhado pelo chão — o chão do jardim!
— Você? — O loiro me olhou de cima a baixo, um sorriso incrédulo brotando em seus lábios, — a pessoa que estava com você, realmente não devia ser muito inteligente.
— Talvez. — Eu soltei, um suspiro escapando de meus pulmões, — mas… eu também não dei muita atenção a ele, aparentemente, e isso arruinou o nosso relacionamento.
— Foi essa a desculpa esfarrapada que ele deu? — Ele riu com claro debocha, — minha cara… se ele realmente quisesse manter o relacionamento de vocês, ele teria iso te procurar, ou dado um jeito para vocês terem tempo, não?
— Eu não sei… — bufei, — ele só jogou tudo isso na minha cara, sabe? Mas o que garante que foi isso mesmo? Sério! Ele sabia que eu tinha os meus planos, as minhas ambições e ele não ligou para nada disso enquanto foi fuder a minha amiga!
— Céus, isso está ficando cada vez mais clichê. — Ele zombou, — era a sua melhor amiga, ou só amiga mesmo? Só uma dúvida.
— Tenho cara de alguém que tem melhores amigas? — Eu enfiei o meu rosto em minhas próprias mãos, — e na verdade, acho que eu não tenho ninguém.
Merda.
Eu estava sentindo aquilo de novo.
Aquele vazio no peito, e aquele pensamento de que eu não tinha ninguém para contar, e que ninguém na minha vida… estava realmente lá por mim.
— Isso é algo triste de se dizer… — Ele pareceu angustiado ao dizer, como se realmente estivesse sentindo empatia pelo meu ser (por algum motivo desconhecido), — mas sabe… isso sempre pode mudar?
— Pode? — Eu ri, — bom, não importa no fim das contas, eu sou uma LeBlanc, certo? Eu só preciso de mim mesma, e do dinheiro que um dia… vai ser apenas meu.
— Isso continua solitário e triste. — Ele parecia querer reforçar aquela ideia de certa forma, — seres humanos são seres sociais, sabia?
— Está falando isso por experiência própria? — Eu acabei falando ao olhar para ele, aqueles olhos dourados parecendo brilhar em meio aquela noite.
— E se for, huh? — Ele me perguntou, — você não deveria escutar a voz da experiência?
As mãos dele vieram em direção ao meu rosto — provavelmente por eu ter finalmente parado de chorar — limpando as minhas lágrimas que provavelmente estavam negras; a sua mão fazendo isso com certa leveza, delicadeza.
Porra… ele era realmente muito bonito.
Porque ele tinha que ter esse rosto delicado, maxilar levemente marcado e… esses olhos, olhos felinos como os de um gato, e um sorriso que… céus…
Quer saber? Se George pode… eu também posso.
Eu ia foder com esse loiro.
— Você… não quer continuar essa conversa em um lugar mais privado? — perguntei ao me levantar, a minha mão se estendendo para ajudar ele a se levantar, — temos uma casa inteira para isso.
— Como quiser. — Ele pareceu falar de forma inocente, como se nem soubesse o que o esperava, a minha mão o guiando até o meu quarto (que eu sabia que ninguém viria até o final da noite).
E assim que entramos dentro dele? Eu o beijei.
O beijei o colocando contra a parede, e quando eu achei que ele iria me afastar? O loiro me puxou para mais perto, suas mãos deslizando pelas minhas costas, pelo meu quadril…
— Espera… — ele falou com a respiração ofegante, — você… tem certeza disso?
Fofo.
Ele provavelmente estava perguntando isso por saber o estado em que eu estava, por saber que eu estava frágil, além de… ser o arrependimento de alguém depois do sexo? Deveria ser deprimente.
Contudo, eu não iria me arrepender.
Eu queria ele, e não era apenas porque eu tinha levado chifre, não… era porque agora eu podia.
— Querido… eu não sou burra o suficiente para te usar como um remendo para o meu coração partido. — Falei junto aos meus olhos que estavam fixos nos dele, as minhas mãos indo até os botões da camisa dele, — e você? Vai me negar?
ALEXIS
Engoli em seco.
Como ela conseguia me perguntar aquilo? Ainda mais com aqueles olhos cinzentos me encarando com puro desejo, como se me questionasse se eu seria um monstro e a negaria.
E agora? O rosto dela não estava mais manchado por conta da maquiagem borrada, e por conta da luz do abajur que ainda estava acesa, eu conseguia ver aquele rosto delicado, aquela boca carnuda que parecia a de uma boneca, o pescoço pequeno, as clavículas marcadas.
Puta que pariu.
Como eu vim me meter aqui?
— Você está demorando muito para responder, acho que isso é um 'não'... — ela afastou as próprias mãos, o seu corpo se distanciando.
Mas naquele olhar? Não havia tristeza por conta da rejeição, não… tinha um ar ardiloso, como o de uma raposa.
E isso fez com que eu não conseguisse mais me segurar, o meu corpo a colocando contra a parede, os meus lábios se selando aos dela, a minha língua invadindo a sua boca, o coração dela ficando acelerado enquanto as suas mãos vinham em direção a minha nuca, o meu cabelo.
Antes que eu pudesse notar, as minhas mãos estavam tirando o seu vestido, e ela? Estava desfazendo os botões da minha camisa, os meus lábios descendo pelo seu pescoço, indo até os seus seios que agora? Estavam expostos.
A minha boca começou a lamber o seu peito, a minha mão com isso apertando o outro, gemidos podendo ser escutados.
Aquilo me deixou ainda mais excitado, e quando o corpo dela começou a se mover em minha direção parecendo que queria ainda mais? Foi quando eu perdi a cabeça de vez.
Eu queria ela.
Eu queria Claire LeBlanc perdendo toda a postura que ela teve enquanto descia aquelas escadas.
CLAIRE Aquela boca quente estava chupando o meu peito, os meus dedos se entrelaçando a aqueles fios loiros, o meu corpo se arqueando por querer mais dele enquanto a minha respiração ficava ainda mais ofegante.Porra…Por que aquilo era tão bom? O meu corpo já tinha se arrepiado por completo, e a minha buceta? Ela estava tão molhada, que eu conseguia sentir a minha calcinha encharcada. E quando os dedos dele começaram a brincar comigo, apenas contornando a minha buceta, ameaçando entrar, ameaçando estimular o meu clitóris… eu quase chorei de frustração.— Pare de… me torturar… — falei entre gemidos, apenas para ele trazer o rosto dele até o meu, um sorriso de canto brotando em seu semblante, repleto de malícia.— Eu deveria? — Ele soltou, virando o meu corpo para a parede, — o que eu ganharia com isso? — a voz dele estava próxima a minha orelha naquele momento, beijos começando a serem depositados em minhas costas, uma de suas mãos continuando em meu seio.— Por favor… — choraminguei.
ALEXISAssim que eu despertei, eu apenas senti aquela luz bater nos meus olhos de forma completamente cruel, o meu corpo se virando enquanto eu espreguiçava os braços, a minha mão procurando por aquele corpo delicado, pálido.Mas… não havia ninguém ali.Basicamente, sem sinal de Claire LeBlanc.— Eu fui deixado? — Eu me questionei com puro ultraje tomando conta do meu ser, — logo… eu? — Eu tentava confirmar aquilo comigo mesmo, olhando em volta, vendo se eu não escutava nenhum barulho de chuveiro, contudo… novamente, não tinha nada dela.Pelo menos… até eu ver um recado, que havia escrito com uma letra excessivamente… perfeita.Ele havia sido dobrado ao meio para ficar em pé naquela mesa de cabeceira, a parte da frente com as palavras: “Para o meu querido estranho.” Escrito nele.E sim, eu ainda me encontrava revoltado por ter sido abandonado, mas ao mesmo tempo? Eu não podia negar que aquilo foi um tanto… fofo.— Querido estranho, peço que por favor use a parte dos fundos para ir emb
CLAIRE— Você o que?? — Ethan soltou, o que fez várias pessoas a nossa volta, olhar em direção a nossa mesa, — eu não tô acreditando nisso, eu saio por um tempo dá sua vida e você se mete em um noivado com o merda do Collins, e depois dorme com um loiro qualquer?— Eu fui corna, tá bom? O que você esperava que eu fizesse? — Eu bufei ao dizer, os meus olhos se revirando enquanto eu pegava o meu frapuccino, — ele era loiro, bonito e… tinha aqueles olhos dourados que… céus…— Okay, okay, eu já entendi, não precisa ir muito fundo na sua descrição de rotina, — ele falou com certo mau humor, a sua mão indo até o próprio rosto, — da última vez que você começou com essa, eu descobri até o tamanho do pau do ser humano.Eu dei um sorriso travesso, e Ethan já parecia saber o que o esperava.— Claire, eu te amo, mas… tem coisas que eu não preciso saber, se eu não vou pegar, não me importa. — Ele foi completamente honesto, e eu apenas suspirei.— É difícil quando você não tem o mesmo gosto que o m
Claire LeBlanc Eu estava rindo junto de Ethan quando entramos na minha casa, mas assim que eu vi aqueles cabelos loiros e olhos dourados, — sentado bem no meu sofá…, — a minha cara fechou de modo instantâneo. — Princesinha, seja bem-vinda! — Meu pai dizia entre risos, mesmo com os meus olhos não se desviando daquele loiro em momento algum, — e você também, Ethan. Essa casa ficou vazia sem você. — Eu sei, eu sei. — Ethan falou com aquele tom arrogante, e começou a ir em direção às escadas, — também é bom te ver, mas agora… eu preciso fazer algo que eu sinto muita falta de fazer, que é assaltar o frigobar da Claire. Eu o fuzilei com os olhos, porque além do fato de eu saber que ele realmente não deixaria nada sobrando no meu frigobar, ele também estava me deixando sozinha, por muito provavelmente, ter notado como eu olhei para o ser que estava sentado bem em minha frente. — Você realmente não muda, garoto. — Meu pai logo respondeu, — venha comer conosco depois, está bem?— Sim senho
ALEXIS GALLAGHER Eu continuei conversando com o pai de Claire depois daquele incidente — do qual ela apenas fugiu de mim, e foi até o próprio quarto —, e por mais que eu estivesse conseguindo continuar e até ser coerente naquele diálogo… a minha mente, não saia das expressões de Claire LeBlanc. Aquele rosto corando, me fazia ter que conter o meu sorriso, e a surpresa em seus olhos assim que me viu? Foi algo impagável, junto de claro, a reação que ela teve ao descobrir que eu moraria aqui temporariamente. A minha vida agora… parecia estar tomando mais cor. — Bom, creio que você esteja cansado de olhar para todos esses relatórios, e também de me escutar falando por horas, — o senhor LeBlanc me disse com um bom-humor que era invejável, e também um que eu queria perguntar muito, como ele conseguia adquirir, — venha, eu vou te mostrar o seu quarto de hóspedes, e sobre as suas coisas,,, quer que eu peça para alguém ir buscar as suas malas em sua casa?— Por favor, não precisa se incomoda
George Collins Eu fiquei encarando o meu celular por horas, para ver se Claire tinha a decência de me responder. — Ela não pode me ignorar por tanto tempo! — Fiquei batendo o meu pé repetidas vezes no chão, os meus braços cruzados sobre o peito. — Querido, pare de olhar tanto para esse celular… — Vanessa falou ao pé do meu ouvido, as mãos deslizando pelo meu peito, pelo meu ombro, — isso quer dizer que você está finalmente livre para ficar comigo, isso não é ótimo?Arqueei uma das minhas sobrancelhas ao olhar para aquele rosto que agora estava sem maquiagem nenhuma, com os cabelos ainda bagunçados da noite anterior. — Minha cara, nós já conversamos sobre isso. — Esfreguei o meu rosto com uma das mãos, sentindo estresse tomar conta de mim, — o que temos é um caso que logo acabaria assim que eu casasse com a Claire. — Ah, claro! Porque você acredita mesmo que ela teria mais tempo para você quando se casasse? Pelo amor de deus, George… — ela bufou, — Claire nunca te colocaria em pri
Claire LeBlanc Depois de todo aquele show que George havia feito no jantar, eu me sentei novamente à mesa, sentindo os olhos do meu pai me encarando, como se estivesse esperando a hora certa para perguntar sobre o que tinha sido tudo aquilo, todo aquele alvoroço. A fome quase me abandonou por conta daquilo, porque tudo o que eu conseguia pensar era: como eu vou explicar isso para o meu pai? Se George realmente sentia algo por mim, como pode nem mesmo se perguntar o quão humilhante seria dizer a todos sobre a traição? Ou ele esperava que eu mentisse? Encobrisse? Se ele me questionasse, eu falaria o que? “Então papi, eu fui corna e eu não queria ver o George nem pintado de ouro na minha frente, porque ele ainda me chifrou com a Vanessa, acredita?” Ou “pai, eu posso explicar, é que… eu não estou mais noiva, e o motivo foi um tanto engraçado, sabe, eu vi o George com a minha amiga, cada coisa, né?” Por mais que uma mínima esperança tenha me invadido quando o jantar enfim se encerrou,
Claire LeBlanc Acordei com a minha cabeça latejando por conta das lágrimas que eu tinha derramado antes de dormir, e os meus olhos estavam tão inchados, que até mesmo parecia que eu havia tomado um porre. Eu precisava de água, de muita água. Mas antes, me levantei para ir até o espelho para escovar os dentes, também para ver o estrago em que o meu rosto se encontrava. — Que caminhão te atropelou? — Falei assim que vi o meu reflexo, um que eu mal conseguia reconhecer, — se Ethan descobrir isso, ele com toda certeza vai querer dar na minha cara… Eu já conseguia escutá-lo dizer: “eu não acredito que você chorou a noite inteira por conta desse merda!” Mas… o que eu poderia fazer? Eu deixei tudo ir para fora quando o meu pai foi me consolar, foi me ouvir. Claro, tudo exceto a parte em que eu transei com o cara com quem ele pretendia fechar negócios. Deus. Era melhor que ele não soubesse disso, afinal, tudo aquilo não passava de um caso de uma noite. Não era relevante. Não era algo